vilmarmoccelin escreveu:Não é o Mi-35 não??? To perguntando por conta do canhão...
Não, esse é o Mi-24 msm.
O Mi-35M tem o canhão diferente.
Abs.
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Governo afirma poupar verbas com atraso na entrega de helis
alfredo cunha
Frota do Estado para combater incêndios conta, para já, com quatro dos dez helicópteros adquiridos
Inês Cardoso
A multa a pagar pela empresa Heliportugal, devido a atrasos na entrega dos helicópteros para combate a incêndios comprados pelo Estado, situa-se neste momento em "perto de um milhão de euros". Este valor junta-se à "poupança" de cerca de 14 milhões que estavam orçamentados para suportar custos de operação e manutenção dessas aeronaves e a soma é utilizada pelo Ministério da Administração Interna (MAI) para argumentar que o aluguer de meios alternativos, por ajuste directo, "irá custar bastante menos".
As contas finais, contudo, não são clarificadas pelo subsecretário de Estado da Administração Interna. Em declarações ao JN, Rocha Andrade escuda-se na "complexidade dos contratos" uma parte do preço a pagar pelos quatro helicópteros alugados até 15 de Setembro está dependente do número de horas efectivamente voadas até àquela data.
A "novela" dos meios aéreos e da constituição da empresa pública que tem a missão de os gerir levou ontem o ministro Rui Pereira ao Parlamento, chamado de urgência pelo CDS-PP. Contudo, dificilmente alguém poderá ter saído esclarecido da demorada audição. Rui Pereira contornou várias questões objectivas, como o atraso na celebração de contratos com os pilotos da Empresa de Meios Aéreos (ver destaque ao lado). E começou a sua intervenção declarando-se "estupefacto" por a comissão eventual que acompanha as políticas de defesa da floresta contra incêndios não estar a "celebrar as boas práticas" do Governo - comentário prontamente contestado pelo deputado Pereira Coelho (PSD).
Mal preparados
Do lado da Oposição, por seu turno, cometeram-se erros que denunciaram alguma falta de preparação no "trabalho de casa". Hélder Amaral (CDS-PP) começou por referir-se, no requerimento ao Governo, a dez helicópteros Kamov adquiridos, quando na realidade foram apenas seis. O deputado comunista João Oliveira confundiu a certificação europeia dos aparelhos com a certificação da EMA pelo Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC).
Tentando responder ao que na comissão eventual ficou por perceber, Rocha Andrade afirma não haver qualquer atraso na entrada em funcionamento da Empresa de Meios Aéreos (EMA). "Procedimentos da área das Finanças, como o registo comercial, levam o seu tempo", afirmou. A demora no pedido de autorização para voar - que deu entrada no INAC apenas no passado dia 22 - é justificada com os atrasos na entrega dos helicópteros "A EMA só poderia iniciar esse licenciamento depois de ter aeronaves".
Os primeiros helicópteros da EMA - quatro Ecureil - foram formalmente aceites nos primeiros dias de Agosto. Quanto aos Kamov, os primeiros três chegaram desmontados e por isso o processo de aceitação, iniciado no passado dia 8, ainda não terminou.
Menos lineares são, contudo, as explicações para a necessidade de se recorrer a ajuste directo para aluguer, até 15 de Setembro, de quatro helicópteros. Contratualmente, a Heliportugal apenas está obrigada a apresentar seis helicópteros de substituição. Por que não os dez? "Essas obrigações foram estabelecidas quando foi feito o caderno de encargos, ou seja, em Outubro de 2005. Portanto, foram pensados à luz do dispositivo da altura", argumenta Rocha Andrade. A Heliportugal não terá, portanto, de suportar o aluguer de meios alternativos, mas apenas as multas por atrasos nas entregas.
Quanto ao concurso de aquisição de meios pesados, está em fase final de preparação e poderá ser lançado em Setembro.
Abertura de concursos
Os dois concursos públicos internacionais para aquisição de helicópteros (seis médios e quatro ligeiros) foram lançados no final de 2005. A adjudicação decorreu em Maio de 2006 e ambos os concursos foram ganhos pela empresa Heliportugal - com os aparelhos Kamov (médios) e Ecureil (ligeiros).
Entregas atrasadas
Se os prazos contratuais tivessem sido cumpridos, dois helicópteros teriam sido entregues a 25 de Janeiro (um Ecureil e um Kamov). Em relação ao primeiro aparelho a situação está normalizada - os quatro foram entregues e formalmente aceites pela Empresa de Meios Aéreos. Mais complexa é a situação do modelo russo até agora apenas foram entregues três helicópteros, a 8 de Agosto, e ainda decorre o processo de aceitação. O contrato previa que, depois de Janeiro, fossem entregues mais dois a 25 de Julho, dois a 25 de Agosto e o último a 25 de Setembro.
Empresa pública
Em relação à constituição da Empresa de Meios Aéreos EP, os estudos de viabilidade decorreram entre Março e Dezembro de 2006. O decreto-lei que determina a sua criação foi publicado a 13 de Abril, mas só durante este mês ficaram concluídos os procedimentos de registo comercial e celebração de contratos com pilotos - assinados apenas no passado dia 24. Em Julho demitiu-se o presidente da administração.
Por que o Brasil precisa de defesa
Isto É 28 Agosto 2007 - Edição 1974
Depois de anos de descaso, governo prepara um plano para reaparelhar as
Forças Armadas com equipamentos e tecnologia nacionais.
Mas a prática de comprar "caixas-pretas" sobrevive
Por HUGO STUDART, CLÁUDIO CAMARGO
E ELIANE LOBATO
Nota Defesa@Net - O texto da Isto É contém algumas imprecisões. Aconselhamos a leitura com cuidado.
As duas decisões são estratégicas para o País, mas são contraditórias e a tendência do governo é aprovar as duas, esquizofrenicamente. Nos próximos dias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve convocar uma reunião secreta do Conselho de Defesa Nacional para examinar o Plano de Reaparelhamento das Forças Armadas. O projeto prevê investimentos de R$ 5,5 bilhões até 2011, só em equipamentos, a maior parte com tecnologia e produção nacionais. “Reaparelhamento não me parece o termo adequado; é aparelhamento”, diz o ministro da Defesa, Nelson Jobim. Ao Exército, serão destinados R$ 2 bilhões, principalmente para a compra de blindados sobre rodas.
A idéia é incentivar a criação de uma nova indústria de carros de combate, como a falecida Engesa dos anos 70 e 80. Para a Marinha, irá R$ 1,5 bilhão, destinado prioritariamente à construção de nosso primeiro submarino nuclear, a ser lançado em 2013. A Aeronáutica vai abocanhar outros R$ 2 bilhões para adquirir – e depois produzir aqui mesmo, em parceria com a Embraer –, caças de última geração, como o francês Rafale. Mas ao mesmo tempo, o governo vai comprar, por US$ 180 milhões, 12 helicópteros de ataque russos Mi-56 (Nota Defesa@Net Trata-se do helicóptero Mi-35). A compra deve ser assinada na próxima semana pelo comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Juniti Saito. Em troca, a Rússia comprará carne e frango do Brasil. A contradição está justamente nisso: não haverá nenhuma transferência de tecnologia para o Brasil.
A Força Aérea não queria os helicópteros russos, entre outras coisas porque eles não têm garantia de manutenção. A intenção da FAB era encomendar os novos helicópteros à indústria Helibrás, que já fabrica no País os Esquilo de uso civil, sob licença da Eurocopter. A Aeronáutica negociava com os europeus a transferência de tecnologia para a Helibrás produzir também o Cougar e o Pantera por aqui. Então por que o Brasil está comprando os Mi-56 russos? Porque, em fins do ano passado, o então ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, negociou um escambo comercial com o governo de Vladimir Putin. Os russos abriram o mercado para a importação de frango e carne brasileiros. Como contrapartida, Furlan comprometeu-se a comprar equipamentos militares russos. Originalmente, eram 40 helicópteros, 12 Mi-35, de ataque e 28 Mi-171, de transporte. O Planalto tentou empurrar o pacote para o Exército; não teve êxito e a Aeronáutica teve que ficar com o embrulho. Os militares ainda conseguiram barrar os de transporte e ficaram só com os de ataque. De qualquer forma, essa é uma decisão completamente oposta à idéia de reaparelhar as Forças Armadas através do fortalecimento da indústria bélica brasileira.
Exército, Marinha e Aeronáutica vivem uma situação de total incúria. Gastam pouco, gastam mal e o que têm está sucateado. No final da década de 80, o Brasil tinha uma das indústrias bélicas mais pujantes do mundo; hoje, algumas delas, como a Engesa – fabricante dos blindados Urutu e Cascavel –, faliram; outras não têm como atuar. A Mectron, fabricante dos mísseis Piranha, a Orbisat tem o protótipo de um dos mais modernos radares de baixa altura do mundo, mas, como não têm encomendas militares, vive a bisonha situação de sobreviver da fabricação de fechaduras e capacetes para empresas de segurança.
A Avibrás, pioneira na pesquisa espacial, hoje não tem recursos (nem encomendas) para tirar da prancheta os mísseis de precisão que seus engenheiros ainda concebem. Das primeiras indústrias militares, sobrou inteira somente a Embraer – mas porque pôde se reinventar na aviação comercial. E a Imbel, fabricante de armas leves, hoje vive de vender pistolas. Aguarda uma encomenda do Exército de 175 mil fuzis 5.56, que vão substituir os velhos FAL. “A Imbel, como as demais, tem que ser encarada como uma indústria estratégica”, diz o general Darke Nunes, chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército.
A modernização das Forças Armadas é necessária não porque exista algum inimigo do Brasil à espreita, mas porque é estratégico para nossas ambições futuras. Na maior parte dos países emergentes, gasta-se em média 8% do PIB com defesa. O Brasil, que já gastou 7%, hoje destina 1,8%, a menor porcentagem da América Latina. O Chile gasta 10%. “O orçamento do Exército brasileiro é menor do que o das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia)”, ironiza um oficial. Da parte que cabe ao Exército, nada menos que 82% são consumidos com salários; o resto é para custeio e investimentos. “Hoje não temos artilharia sequer para defender o complexo industrial de São Paulo ou nossas hidrelétricas”, lembra Nelsimar Vandelli, coordenador do Centro de Atividades Externas da Escola Superior de Guerra.
Estrategistas dizem que é temerário aferrar-se à velha tese de que somos um povo pacífico e não estamos sob ameaça – e que, portanto, não precisamos de Forças Armadas. Alguns lembram o rearmamento da Venezuela e o conflito com a Bolívia, mas a maioria vê ameaças mais sérias e menos evidentes. A Amazônia, que detém 20% da água potável do planeta e esconde outro tesouro sob a forma de minerais, já está sendo atacada de forma silenciosa por ONGs estrangeiras, que difundem a idéia da internacionalização da floresta. “Chegará o momento em que organismos internacionais vão construir a tese de que não sabemos cuidar da Amazônia e que, para o bem da humanidade, exércitos estrangeiros precisam intervir”, diz um membro do Alto Comando do Exército. Na plataforma continental, chamada de Amazônia Azul, a Marinha não consegue vigiar a pesca predatória estrangeira. “Também é no mar que estão 85% do nosso petróleo”, lembra Saturnino Braga, ex-presidente da Comissão de Defesa do Senado. E se as plataformas da Petrobras forem atacadas por terroristas? “Por isso é preciso ter Forças Armadas bem equipadas e treinadas.”