F-X is Dead - Long Life F-X
Nelson During
A data de, 10 de Novembro de 2003, marca a última reunião e troca de comunicados oficiais entre os representantes dos cinco ofertantes ao Programa F-X (Mirage 2000BR, Su-35, F-16C/D, MiG29 e Gripen), e algum membro do Governo Brasileiro. Inclui nestes contatos a Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC), Força Aérea Brasileira e Ministério de Defesa.
Um período de 14 (quatorze) meses de um completo mutismo e atitudes diversionistas e pirotécnicas (vide Comissão Interministerial de Avaliação do Programa criada pelo ex-ministro Viegas).
Porém, se o tempo medido pela ampulheta do governo Luiz Inácio segue leis próprias e únicas, para os participantes industriais do Programa F-X os grãos de areia da ampulheta fluíram de maneira diferente. Para alguns foi rápido demais e para outros, gostariam que o tempo permanecesse parado.
O irrealismo do processo saiu da virtualidade e entrou na dura realidade da sobrevivência industrial e comercial. Em 2004 acelerou-se o processo de realinhamento da indústria de defesa e aeroespacial mundial: Rússia, Estados Unidos, China, França, Reino Unido, Suécia, Itália, Índia, Japão, etc., tiveram importantes alterações e definições tanto em programas como em arranjos industriais e alinhamentos estratégicos.
O que vimos no Brasil? Um irrealismo total ou a plena execução da política do avestruz. Pedimos a permissão a Nero Moura, por usar o símbolo do glorioso "Senta a Pua", nessa forma.
Quando o tempo da ampulheta dos grupos industriais esgotou-se e começaram a mover-se, e gerou reações inusitadas em Brasília. Os participantes existem e ainda de forma difusa mostraram sua existência, em dezembro passado. Alertados por uma conexão aérea, indevida, feita sob as luzes dos holofotes. Qual a forma de que o governo responde? Agora começa a sentir-se acuado. O F-X atinge a sua maturidade, assim como o governo Luiz Inácio, ao ter pela frente uma crise real, na qual não há mais aliados ideológicos ou boa-vontade. Há sim negócios e acordos: políticos, industrias e estratégicos.
Nesses quatorze meses a FAB emitiu três documentos, dois para reafirmar que é ela que encaminha a escolha (P-3BR e F-X) , e um longo documento publicado em revista de aviação, em Abril de 2004, definindo os princípios técnicos que norteiam a escolha do caça. Nos três documentos dá continuidade, ou estabelece, um diálogo autofágico.
Porém o tempo é inflexível e o imbróglio diplomático, que foi gerado ao longo destes anos, transcende a simples questões técnicas. Hoje, os exportadores de carne já sofrem represálias pelo embargo russo à falta de uma definição sobre o caso. Seguirão o mesmo caminho: França USA, Suécia, UK e Espanha(P3BR)? Lembrar que o Primeiro Ministro Zapatarero visitará oficialmente o Brasil em Janeiro (23-25). E em DAVOS ( JAN 29) estará o Jacques Chirac a postos, mais os seguintes Chefes de Estado, esperando uma oportunidades para apresentar as suas propostas: Tony Blair, Goran Persson, Thabo Mbeki, Guy Verhofstadt, Jan Peter Balkenende sem esquecer o "friend" George Bush.
Doze caças não sustentam uma indústria, mas na guerra global e sem quartel pela sobrevivência industrial e tecnológica TUDO influi na balança.
http://www.defesanet.com.br/dn/07JAN05.htm