Se as tendências de mercado atuais se mantiverem, e não houverem muitas novidades em termos de novos modelos para concorrer com os atuais, o A321Neo deve ser consagrar como substituto dos 757 e também, em determinadas condições, de aviões mais antigos como os 767, A300/310 e jatos soviéticos de segunda e terceira geração que ainda sobrevivem por aí em rotas médias e longas mas com alta demanda de pax.
A Airbus já decidiu que vai inserir o substituto da família A320 a partir de 2035. Então, nos próximos 15 anos é o tempo que os russos - e a Boeing, claro - tem para lançar a família MS-21 por completo no mercado e ainda produzir novidades em termos de economia de combustível e motores mais sustentáveis que permitam que estes aviões sejam competitivos.
Neste sentido, o modelo MS21-400 com capacidade para até 250 pax pode ser uma grande aposta para competir diretamente com o A321Neo, desde que ele possa apresentar alcances e relação custo x benefícios atrativos e condizentes com o desempenho do jato europeu. Os sheiks do EAU aparentemente estão interessados em abrir uma linha de produção do -400 no país. Dinheiro e facilidades com certeza não faltarão. E os russos não são bobos e nem nada para não abraçar as oportunidades que lhes aparecem.
Com o alcance atual definido em 6 mil kms, o MS-21-400 (250 pax) chega bem perto do alcance do A-321Neo (244 pax), com o adendo de que pode levar mais passageiros, além de ser um projeto que oferece mais espaço e conforto a tripulação e pax.
A versão ER/LR dos modelos atuais já estão em estudo na Rússia, e penso é só questão de tempo agora definir-se os alcances que estes aviões terão. Vale ressaltar que o MS21-200 (165 pax) terá 6.500 kms de alcance, enquanto o modelo MS21-300 (211 pax) apresenta 6 mil kms de alcance.
Em termos de Brasil, o MS21-300 pode substituir sem maiores problemas tanto os Boeing 737-800 quanto os A320 das frotas atuais com vantagens. O atual alcance pode inclusive dispor rotas internacionais ligando, por exemplo, Recife a Quito-EQU ou MiamI a Brasília. Aliás, com este alcance é possível ligar Brasília a todas as capitais sul americanas e a outras cidades importantes da América Latina, na América Central. Com a volta da demanda normal dos voos comerciais, a utilização dos MS21-400 torna as operações internacionais das empresa muito mais interessante, e lucrativas, além da diminuição do custo/pax transportado.
Aliás, a família MS-21 com as versões ER/LR terá condições de oferecer custos abaixo da concorrência - que terão de ser comprovados, evidentemente - e um retorno financeiro muito atrativo por conseguinte. Imaginar estes aviões com alcances entre 6 e 8 mil kms a partir de novas tecnologias de propulsão e novos combustíveis é algo que pode e deve ser pensado para os anos vindouros. Trocar aviões wide body como A330 e 757/767, e mesmo versões as versões menores do 787, por narrow body mas mantendo a paridade de pax transportados na faixa de 200-250 é algo que está atraindo muitas empresas hoje. E as vendas do A321Neo são a mais clara prova desse empenho em diminuir custos sem oferecer menos assentos, além da possibilidade de diminuir, também, o preço das passagens, tornando viagens internacionais mais acessíveis a novos públicos.
Enfim, caso os russos consigam manter o sustentáculo de desenvolvimento não apenas do avião em si, como da propulsão e combustíveis, além do uso de novos materiais na construção deles, é bem possível que tenhamos um sério candidato a concorrer ombro a ombro como europeus e americanos nos próximos 15 anos. Nós até podemos participar dessa divertida concorrência sem precisar nos quebrar em um embate direto com as duas gigantes.
Imagino sempre o que as empresas aéreas aqui poderiam fazer dispondo da família do MS-21 e futuros derivados, com alcances que nos possibilitarão ir do nordeste aos USA, do México ao RS, ou de Manaus a Buenos Aires sem precisar parar uma, duas, três, quatro vezes para poder justificar economicamente os voos.
Sonhar ainda não nos custa nada, não é mesmo.
abs