Immortal Horgh escreveu:Marino, em sua opinião hoje a França com o Scórpene é a favorita para levar os subs? A Alemanha que já dava como certa a vitória, parece que está vendo escorrer entre os dedos o contrato. Segundo sites estrangeiros, os russos voltarão a carga oferecendo a classe Amur novamente. Temos também o problema dos torpedos: a fora irá padronizar-se com o uso do MK 48 adcap?
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Immortal Horgh, o torpedo que a MB está comprando nos EUA não é o MK48 Mod 6 AdCap (Advanced Capacity) e sim o Mk48 Mod 6AT (Advanced Technology).
Quem me garantiu isso foi um oficial da MB, ligado à ForS e que teve e tem ligação com vários itens relacionados ao programa de submarinos da MB. Tive oportunidade de almoçar com esse oficial e ele me esclareceu em definitivo os motivos da recusa da MB em negociar com os russos o AMUR. Esse oficial tomou parte na delegação que foi à Moscou e São Peterburgo, conhecer o projeto do Amur. Passou 13 dias por lá.
Segundo ele, o atendimento por parte dos russos não foi bem aquilo que eu havia informado. Eles foram até muito atenciosos e tiveram muito cuidado em responder a todas as dúvidas da comitiva brasileira em relação ao submarino deles, mas realmente restringiram algumas respostas (o russo que ninguém sabia quem era e que "ditava" as respostas estava lá, isso ele confirmou). Até aí, normal... Mas o que ele disse foi que eles se enrolaram mesmo foi nas questões comerciais (financiamento, prazos de entrega, contrato, etc). Fizeram muito burburinho e não souberam responder nada.
E ele não sentiu muita "firmeza" na questão da assessoria que podia ser prestada no projeto de um sub brasileiro. Neste quesito, os franceses da Scorpene foram muito mais abertos (SIC!!!!) e, com isso, ganharam muitos pontos com a MB.
Ele disse ainda que, por causa disso e outros motivos, que citarei a seguir, a coisa no que se refere ao IKL 214 degringolou pros alemães. Ele disse que os alemães estavam exagerando nos preços de peças de reposição para os subs. O que era comprado via comissão, na Europa, saía por menos do que a metade do preço que a empresa representante do consórcio Ferrostaal cobrava pelas peças no Brasil. Isso foi denunciado pela MB, que ficou muito irritada.
Ele disse que os dois projetos são excelentes e que ele gosta muitos do IKL, mas que não pensou duas vezes em alertar os alemães de que, na construção do sexto sub, se eles não mudassem de postura, seriam prejudicados.
Assim, o "esfriamento" da compra do IKL 214 foi manobra da MB para fazer com que os alemães mudassem de postura. Não mudaram e, agora, ainda retaliaram, oferecendo assessoria ao Asmar na manutenção dos IKL, coisa que antes só visualizavam o AMRJ para a tarefa. Se isso vai ser bom para o ASMAR, o tempo dirá. Acredito que sim. Não duvido da capacidade técnica deles.
Ele me disse, ainda, que o cancelamento do contrato do TP 2000 teve como causa, além da falta de garantia dos suecos da integração do torpedo com o sistema de combate alemão, a cobrança de um valor absurdo pelos alemães para preparar os tubos para a arma, pois esse torpedo usa como propelente o HPT (o mesmo propelente do torpedo que explodiu no Kursk). Para usar essa arma nos Tupi, os tubos precisavam ser modificados e os alemães cobraram um valor absurdo à Bofors Underwater Systems para fazer o serviço, além de não passarem o Know-How sobre como fazer a adaptação. Com isso, os suecos não conseguiram cumprir prazos, nem garantias.
Eles pagaram as multas contratuais e a MB saiu à caça de outro torpedo.
Segundo ele o Mk48 Mod 6 AT é excelente, só perdendo para o Mod 7, que a US Navy não vende de jeito nenhum, ou ficaria muito mais fácil que nós pudéssemos afundar os SSN da US Navy...
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De todo modo, mesmo que vendessem o Mod 7, duvido muito que alguém afunde um SSN americano com um torpedo fabricado por eles.... Como tenho dúvidas que alguém acerte um Exocet num navio francês. Mas acredito que o Mod 6 AT seja um bom torpedo mesmo.