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Re: Ucrânia

Enviado: Sex Mar 14, 2014 11:52 am
por FOXTROT
pt escreveu:
FOXTROT escreveu:http://portuguese.ruvr.ru/2014_03_14/pr ... meia-6414/
Analise interessante sobre os fatos na região, não é muito diferente da realidade!
Saudações
Claro, que não.
Só que não é o presidente da Sérvia, é o presidente da Republika Srpska.
E se considerarmos que quem dá a opinião é um senhor, que sucedeu na presidência da Republika Srpska a este senhor:
Imagem
Então ficamos completamente descansados com a qualidade da análise.
Prefiro a analise dele às suas! :wink:

Saudações

Re: Ucrânia

Enviado: Sex Mar 14, 2014 12:00 pm
por Túlio
BOURNE, por curiosidade apenas, restauraram a (para mim) falecida URSS e ninguém me disse? Pois fiquei sem saber quem são os tales de "soviéticos"... [085] [085] [085] [085]

Re: Ucrânia

Enviado: Sex Mar 14, 2014 12:43 pm
por LeandroGCard
pt escreveu:Há uma opção militar que permite não disparar um tiro e deixar os russos pendurados: Fechar o Bósforo. Se houvesse um presidente mais belicoso, seria isso que eles convenceriam os turcos a fazer.
Certo.

E então a pedido dos EUA os turcos estariam comprando uma guerra com a Rússia (na qual aliás só teriam a perder) em benefício da UE (porque para os EUA tanto faz o que acontece na Ucrânia). A mesma UE que os esnobou solenemente, impondo-lhes uma enorme humilhação.

Tão tá então :roll: .


Leandro G. Card

Re: Ucrânia

Enviado: Sex Mar 14, 2014 1:07 pm
por FOXTROT
Russia já conta com 10 Su-27 na Bielorrússia, mais 3 aviões de transporte!

http://www.cavok.com.br/blog/?p=75661


Saudações

Re: Ucrânia

Enviado: Sex Mar 14, 2014 1:09 pm
por pt
LeandroGCard escreveu:E então a pedido dos EUA os turcos estariam comprando uma guerra com a Rússia (na qual aliás só teriam a perder) em benefício da UE (porque para os EUA tanto faz o que acontece na Ucrânia). A mesma UE que os esnobou solenemente, impondo-lhes uma enorme humilhação.
Eu apenas expliquei que essa opção militar existe, e que está na mão de um dos países da NATO.
O que a Turquia pensa ou deixa de pensar, nem você nem eu sabemos.

O que sabemos, é que existe um acordo internacional, que diz que em caso de guerra, a Turquia pode encerrar a passagem dos estreitos às potências beligerantes e que caso a Turquia se sinta ameaçada, pode encerrar os estreitos a quem quiser.

E isso é um facto, não é uma interpretação subjetiva.
Eu lembro por exemplo, que os Tartaros, muçulmanos diretamente ligados à Turquia foram massacrados pelos russos.

Eu lembro-lhe apenas isto:
Os extremistas russos que controlaram a Crimeia, não fizeram nada para garantir a segurança dos ucranianos e de nenhuma outra étnia.
Mas declararam que garantiam os direitos dos Tártaros e que protegeriam a lingua dos tártaros.

Os Russos não estão nem preocupados com o que a Turquia pensa ...

Tão tá então :roll:

Cumprimentos

Re: Ucrânia

Enviado: Sex Mar 14, 2014 1:22 pm
por pt
Túlio escreveu:BOURNE, por curiosidade apenas, restauraram a (para mim) falecida URSS e ninguém me disse? Pois fiquei sem saber quem são os tales de "soviéticos"... [085] [085] [085] [085]
Não me sendo dirigida a pergunta aproveito para lembrar que infelizmente, já se tornou há bastantes anos, mais que evidente, que a chamada União Soviética, foi apenas mais uma das designações que se deu ao império criado a partir do principado de Novgorod, depois Grão Ducado da Moscóvia, Russia e depois Império ou Czarinado Russo com Ivan IV e mais tarde só Império Russo com Pedro o Grande.

O comportamento dos seus líderes e a politica que desenvolvem, continua a ser uma politica imperial, de imposição pela força bruta da vontade dos governantes dentro da fortalezas mandadas erguer por Ivan Vassilevich (Ivan III) em Moscovo.
Em russo, fortaleza diz-se Kremlin.

Hoje, os ultra-nacionalistas russos revêm-se na gloria da Russia Soviética e desfilam nas ruas da cidade dos Czares, com bandeiras alusivas aos Czares e a Estaline.

Na verdade não é no ocidente, que se mantém a ligação entre Império Soviético e Império Russo.
São os russos, que defendem essa continuidade.

Nós, nos países democráticos, acreditámos durante algum tempo que tinha morrido o comunismo.
O comunismo morreu, mas a estrutura que o mantinha, continuou lá.

O que como já disse anteriormente, deixa um problema grave por resolver:
O comunismo falhou porque era comunismo, ou falhou porque foi implementado no império russo ?

Re: Ucrânia

Enviado: Sex Mar 14, 2014 1:41 pm
por hades767676
LeandroGCard escreveu:
pt escreveu:Há uma opção militar que permite não disparar um tiro e deixar os russos pendurados: Fechar o Bósforo. Se houvesse um presidente mais belicoso, seria isso que eles convenceriam os turcos a fazer.
Certo.

E então a pedido dos EUA os turcos estariam comprando uma guerra com a Rússia (na qual aliás só teriam a perder) em benefício da UE (porque para os EUA tanto faz o que acontece na Ucrânia). A mesma UE que os esnobou solenemente, impondo-lhes uma enorme humilhação.

Tão tá então :roll: .


Leandro G. Card
Concordo, Turquia nunca bateria de frente com a Rússia por causa de Ucrânia. O "poderoso" exército turco deu pra trás ao saber que estaria "sozinho" se enfrentasse a Síria, o que dirá se enfrentar um exército poderoso como a russo.

Re: Ucrânia

Enviado: Sex Mar 14, 2014 2:59 pm
por cabeça de martelo
Quatro antigos países da Europa Central assinam pacto militar


Quatro antigos países comunistas da Europa Central assinaram hoje um acordo que visa a coordenação de estratégias de defesa e a criação de uma unidade de combate comum no seio da NATO e da União Europeia (UE). O pacto assinado pela Polónia, Hungria, República Checa e Eslováquia, grupo designado como V4, surge em resposta à atual crise na Ucrânia. "A situação atual na Europa ilustra que infelizmente um conflito militar, impensável há pouco tempo, poderá ter lugar", disse o ministro da Defesa polaco, Tomasz Siemoniak, durante uma conferência de imprensa em Visegrad, uma cidade a 40 quilómetros a norte de Budapeste.

A crise na Ucrânia demonstrou a importância de "uma cooperação mais dinâmica" entre estes quatro países no âmbito da NATO e da UE, acrescentou o responsável.
A unidade de combate "V4-UE", com um efetivo total de 3.000 elementos, estará operacional a partir de 2016 e irá funcionar "como uma unidade regional no seio das operações da UE e da NATO", precisou o ministro da Defesa húngaro, Csaba Hende.

O acordo também prevê que os quatro países participem em exercícios militares conjuntos e coordenem os orçamentos ao nível da Defesa. O grupo V4 foi criado em 1991 na cidade húngara de Visegrad, para assegurar a cooperação institucional destes países durante o seu processo de adesão à UE, que seria concretizado em 2004.

Na quinta-feira, o chefe da diplomacia húngara, Janos Martonyi, afirmou que os países do V4 estavam particularmente "vulneráveis" face a situação ucraniana. Na mesma ocasião, o ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro disse esperar "solidariedade" por parte da UE caso estes países sejam afetados pelas eventuais sanções económicas contra a Rússia, em resposta à crise na república autónoma ucraniana da Crimeia (sul da Ucrânia).

Polónia, Eslováquia e Hungria fazem fronteira com a Ucrânia, onde residem minorias étnicas dos três países, principalmente na parte ocidental.


Lusa

Re: Ucrânia

Enviado: Sex Mar 14, 2014 3:24 pm
por P44
a partir do minuto 22:
http://www.rtp.pt/play/p1103/e146888/jornal-das-19

opinião de um analista português

Re: Ucrânia

Enviado: Sex Mar 14, 2014 3:42 pm
por FOXTROT
http://noticias.terra.com.br/mundo/euro ... aRCRD.html


Rússia "abate" drone norte americano sobre a Crimeia! :twisted:

Saudações

Re: Ucrânia

Enviado: Sex Mar 14, 2014 3:42 pm
por Marino
"Crimea significa más para Rusia que las Islas Malvinas para Gran Bretaña"

Así lo afirmó el ministro de Relaciones Exteriores de Putin, Serguei Lavrov, tras el encuentro con su par estadounidense, John Kerry. La reunión, que buscaba flexibilizar la posición de Moscú sobre la anexión de la península ucraniana, no logró avanzar. El domingo habrá referéndum y EEUU ya adelantó que no reconocerá el resultado


Crédito: AP
"Ésta es una cuestión que no puede analizarse fuera del contexto histórico. Todo el mundo se da cuenta de lo importante que es Crimea, lo que significa Crimea para los rusos...Significa muchísimo más que las islas Comoras para Francia y las Malvinas para Reino Unido", aseguró Lavrov en el cierre de la conferencia de prensa tras el encuentro con Kerry.

La Argentina mantiene un histórico reclamo por las Islas Malvinas. Exige que Reino Unido cumpla las resoluciones internacionales y se siente a negociar la soberanía. Sn embargo, Londres no quiere saber nada con la postura de Buenos Aires y niega cualquier tipo de diálogo. En cuanto a Comoras, Francia logró que la isla de Mayotte  permaneciera bajo su dominio como territorio de ultramar tras el referéndum de autodeterminación de 1976.

Tras varias horas de negociaciones con Kerry, secretario de Estado de Estados Unidos, Lavrov dijo que aún no se llegó una visión compartida con Occidente sobre Ucrania y que Rusia no necesitaba una estructura internacional para mediar con Kiev. "Vamos a respetar la expresión del deseo del pueblo de Crimea en el próximo referendo", insistió el ministro ruso a periodistas en la residencia del embajador de su país en Londres.

Kerry dijo que en seis horas de conversaciones presentó varias ideas a su colega ruso sobre cómo respetar la soberanía de Ucrania y tener en cuenta también las preocupaciones de Moscú, pero que Lavrov dejó claro que el presidente ruso, Vladimir Putin, no tomaría ninguna decisión hasta después de la consulta del domingo. "Queremos ver que los ucranianos y los rusos se comuniquen entre sí", agregó. "Y si no lo hacen entonces deberá haber consecuencias".

Esta ha sido la cuarta vez en una semana que los dos hombres, acostumbrados a las duras negociaciones en los casos iraní y sirio, se reunieron para tratar de encontrar una salida a la crisis ucraniana.

Kerry avisó que Estados Unidos y la Unión Europea están dispuestos a tomar "el lunes una serie de medidas muy serias" contra Moscú en respuesta al referéndum convocado este domingo en Crimea, paso previo a su reunificación con Rusia, a la que perteneció hasta 1954.

En paralelo, el primer ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, en una intervención ante el Consejo de Seguridad de Naciones Unidas, pidió a Moscú que retire a sus soldados enviados a la península e inicie negociaciones.

Rusia por su parte llamó el viernes a la Organización para la Seguridad y la Cooperación en Europa (OSCE) a enviar observadores para el referéndum previsto el domingo en Crimea.

La República Autónoma de Crimea, poblada mayoritariamente por rusohablantes y rusos étnicos, ha convocado un referéndum el próximo 16 de marzo sobre la anexión a Rusia, mientras tropas rusas sin distintivos avanzan en la toma del control de instalaciones estratégicas en la península. La zona es clave para Moscú, allí estña instala su base militar de Sebastopol y es un enclave propio en un Mar Negro cada vez más dominado por la OTAN (Rumania, Bulgaria, Turquí y Georgia),

Re: Ucrânia

Enviado: Sex Mar 14, 2014 3:52 pm
por Marino
Ucrânia: a teoria do caos

Os erros fatais das forças internas e externas que causaram a escalada das tensões na Ucrânia poderiam ser justificados se fosse um acontecimento único na história recente. Mas não é.

Nas últimas décadas, o Ocidente acumulou uma vasta experiência na facilitação da mudança de regimes “erradoS”. Por que é que então o apoio às forças da oposição ainda nunca levou a resultados positivos?

A resposta é a incompetência óbvia e negligência flagrante de todos os envolvidos. Todas as mudanças de regime na última década ocorreram sem exceção em países “difíceis”, com profundas convulsões econômicas, sociais, étnicas e religiosas. E os planos de ajuda a esses países eram elaborados por grupos de especialistas mais diversos, tanto oficiais – advogados, diplomatas e economistas, como não totalmente oficiais – espiões e militares. No entanto, os regimes mudavam mas os problemas não só não eram resolvidos, como pioravam.

Mas mesmo em caso de derrubada de ditaduras em países altamente instáveis, os erros de seus próprios planos não eram explicados de forma alguma. Assim, na quarta-feira o comandante do contingente ocidental no Afeganistão, general Joseph Dunford, disse que, se as forças internacionais se retirarem completamente do país no final de 2014, a Al-Qaeda poderá realizar desde lá outro ataque contra o Ocidente. Treze anos de ajuda e nenhum resultado!

Agora, tendo abandonado os “projetos” fracassados, o Ocidente está tentando ajudar a Ucrânia. Lá não há um conflito armado aberto nem um ditador agressivo. O alvo da derrubada, o presidente Yanukovich, seguia inquestionavelmente o conselho do vice-presidente dos EUA Joe Biden sobre “a necessidade de exercer a máxima contenção”. No final de contas, recusando-se a lutar contra a oposição, ele até deixou o país. Todo o poder ficou nas mãos do “governo” leal ao Ocidente. Para uma vitória final e estabilização é precisa apenas a ajuda política e financeira prometida e conselhos de especialistas ocidentais sobre que erros não se podem cometer, e que medidas são absolutamente necessárias.

Tudo, como sabemos, aconteceu absolutamente ao contrário. Em vez de uma declaração de unidade do oeste e leste do país foi decidido revogar a lei sobre o estatuto da língua russa como regional. Como consequência, em vez de estabilização surgiu agitação no Sudeste e na Crimeia.

Além disso, nenhum dos conselheiros ocidentais aconselhou Kiev a acalmar os receios de Moscou sobre o destino de suas bases navais na Crimeia, onde estão 70% de toda a infraestrutura da Frota russa do mar Negro. As preocupações eram fundadas: todos os atuais dirigentes da Ucrânia, incluindo o “presidente” Alexander Turchinov, têm constantemente afirmado que a presença da Frota do mar Negro da Rússia em território ucraniano é contrário aos seus interesses nacionais. A oposição que agora chegou ao poder, em tempos afirmou diretamente que esse acordo de baseamento da Frota é contrário à Constituição da Ucrânia.

Para a Rússia era suficiente ter uma base naval em Sevastopol e excelentes relações com a população da Crimeia. Mas era possível prever a reação de Moscou a uma clara ameaça aos seus interesses? Como disse em entrevista à MSNBC o adido do antigo secretário de estado norte-americano Colin Powell, Lawrence Wilkerson, “Se eu fosse Putin, eu teria feito exatamente o que Putin fez, e quem diz que não podia prever isso – ou é tolo ou está mentindo”.

Palavras rudes, mas compreensíveis. No entanto, podemos não resistir à tentação e supor a existência no Ocidente de estratégias secretas de longo prazo. Mas só reconhecemos que seu objetivo é o caos.

Re: Ucrânia

Enviado: Sex Mar 14, 2014 3:57 pm
por Túlio
pt escreveu: O que como já disse anteriormente, deixa um problema grave por resolver:
O comunismo falhou porque era comunismo, ou falhou porque foi implementado no império russo ?

Em linhas gerais, tendo a concordar com a argumentação, tanto que deixo de repeti-la. A pergunta ao final não deixa de ser instigante: em minha opinião, o comunismo, socialismo ou qualquer coisa que suprima a própria individualidade humana, propondo que sejamos como abelhas ou formigas, não deu nem dará certo em lugar algum, seja na Rússia, seja onde for.

Naturalmente, apenas minha opinião. 8-]

Re: Ucrânia

Enviado: Sex Mar 14, 2014 4:09 pm
por angelogalvao
Túlio escreveu:
pt escreveu: O que como já disse anteriormente, deixa um problema grave por resolver:
O comunismo falhou porque era comunismo, ou falhou porque foi implementado no império russo ?

Em linhas gerais, tendo a concordar com a argumentação, tanto que deixo de repeti-la. A pergunta ao final não deixa de ser instigante: em minha opinião, o comunismo, socialismo ou qualquer coisa que suprima a própria individualidade humana, propondo que sejamos como abelhas ou formigas, não deu nem dará certo em lugar algum, seja na Rússia, seja onde for.

Naturalmente, apenas minha opinião. 8-]
7 erros que você comete quando fala em Comunismo e Capitalismo
Por que você está equivocado sobre o comunismo: 7 grandes erros que as pessoas cometem sobre ele –e sobre o capitalismo


Por Jesse Myerson, em Salon Tradução e adaptação: Cynara Menezes
1. Somente as economias comunistas se apoiam em violência de Estado.
Obviamente, nenhum ricaço quer abrir mão de parte de sua fortuna, e qualquer tentativa de obter justiça econômica (como os impostos sobre grandes fortunas) sofrerá uma oposição ferrenha das classes mais altas. Mas a violência estatal (como a tributação) é inerente a todo conjunto de direitos sobre a propriedade que um governo pode adotar –inclusive aqueles que permitiram ao hipotético barão amealhar sua fortuna.
No capitalismo, as reivindicações de propriedade autorizam o Estado a usar a violência para excluir todos, menos um reclamante. Se eu reivindico a mansão de alguém, por mais libertário que seja, ele vai recorrer ao governo e às suas armas para me colocar no devido lugar. Ele possui aquela mansão porque o Estado diz que possui e tentará prender qualquer um que discorde. Se não houver um Estado, quem tem o poder mais violento determina quem possui as coisas, seja a máfia ou um bando de cowboys no velho Oeste. Seja por vigilantes ou pelo Estado, os direitos de propriedade se apoiam em violência.
Isto é verdadeiro para objetos pessoais e para a propriedade privada, mas é importante não confundi-los. Propriedade implica em ter um título. Quando marxistas falam em propriedade coletiva de terras ou meios de produção, estamos no campo das propriedades; quando apresentadores da Fox falam em confiscar minha gravata, estamos no campo dos objetos pessoais. O comunismo necessariamente distribui a propriedade universalmente, mas não quer tomar seu smartphone, falou?
2. As economias capitalistas são baseadas em livre comércio.
O oposto do mito do “comunismo opressivo” é o “capitalismo libertador”. A ideia de que todos estamos fazendo escolhas livres todo o tempo é claramente desmentida pela experiência de centenas de milhões de pessoas. A maioria de nós nos encontramos atrelados às pressões da competição. Estamos estressados, exaustos, sozinhos, em busca de significado para a vida –como se não estivéssemos no controle dela.
E não estamos; o mercado está. Se você não concorda, tente deixar “o mercado”.A origem do capitalismo foi tirar de camponeses britânicos o acesso à terra e com isso seus meios de subsistência, fazendo-os dependentes do mercado para sobreviver. Uma vez sem propriedades, eles eram forçados a tomar o rumo da sujeira, bebida e doenças das cidades rodeadas de miséria para vender a única coisa que tinham –sua capacidade de usar cérebros e músculos para trabalhar –ou morrer. Como eles, a maioria das pessoas hoje é privada dos recursos que necessitam para prosperar, apesar de eles existirem em abundância, e é forçada a trabalhar para um chefe que está tentando ficar rico nos pagando menos e nos fazendo trabalhar mais.
Mas mesmo este chefe (o aparente vencedor no “livre mercado”) não é livre: o mercado impõe à classe proprietária o imperativo de acumular riqueza incansavelmente ou então fracassar. Os capitalistas são compelidos a apoiar regimes opressores e a arruinar o planeta por uma questão de negócios.
O tipo particular de capitalismo dos EUA demandou exterminar todo um continente de povos indígenas e escravizar milhões de africanos sequestrados. E toda a indústria capitalista só foi possível porque mulheres brancas, consideradas propriedades de seus pais e maridos, estiveram dedicadas ao papel invisível de criar filhos e arrumar a casa sem remuneração. Três brindes ao livre comércio.
3. O comunismo matou 110 milhões* de pessoas por resistir ao fim da propriedade privada.
*Este número é um total chute
Greg Gutfeld, um dos apresentadores da Fox News, recentemente disse que “somente a ameaça de morte pode sustentar o sonho de esquerda, porque ninguém em sã consciência se alistaria voluntariamente em uma porcaria dessas. Portanto, 110 milhões de mortos”. Ao dizer isso, Gutfeld e sua laia insultam o sofrimento de milhões de pessoas que morreram sob Stalin, Mao e outros ditadores comunistas do século 20. Pegar um número grande de mortos e atribuir suas mortes a algum abstrato “comunismo” não é uma maneira de mostrar preocupação humanista com vítimas de atentados aos direitos humanos.
Uma grande parcela das pessoas que morreram sob o comunismo soviético não eram os kulaks (camponeses ricos) com quem a direita quer se preocupar, maseram, eles mesmos, comunistas. Stalin, na sua crueldade paranoica, não somente executou líderes revolucionários russos, mas também exterminou partidos comunistas inteiros. Estas pessoas não estavam resistindo a ter sua propriedade coletivizada; eles estavam comprometidos com a coletivização de propriedades. Também é bom lembrar que os soviéticos tiveram que lutar uma guerra revolucionária –contra, entre outros, os EUA– que, como a revolução americana mostra, não se consiste majoritariamente em abraços grupais. Eles também enfrentaram (e historicamente derrotaram) os nazistas, que não estavam do outro lado do oceano, mas bem à sua porta.
Chega de URSS. O episódio mais horrível no comunismo oficial do século 20 foi aGrande Fome Chinesa, cujas mortes são difíceis de precisar, mas certamente foram dezenas de milhões. Muitos fatores evidentemente contribuíram para esta atrocidade, mas o principal foi o “Grande Salto Adiante” de Mao, uma combinação desastrosa de pseudociência aplicada e perseguição política pensada para transformar a China em uma superpotência industrial num piscar de olhos. Os resultados da experiência foram extremamente cruéis, mas dizer que as vítimas morreram porque, em são consciência, não quiseram ser voluntários de um “sonho de esquerda” é ridículo. A fome não é um problema unicamente da esquerda.
4. Governos capitalistas não cometem atentados aos direitos humanos.
Seja qual for a avaliação dos crimes cometidos pelos líderes comunistas, não é esperto por parte dos fãs do capitalismo brincar de contar corpos, porque se pessoas como eu têm de explicar os gulags e a Campanha das Quatro Pragas, eles precisam explicar o comércio de escravos, o extermínio indígena, os holocaustos do fim da era vitoriana e toda guerra, genocídio e massacres promovidos pelos EUA no esforço de combater o comunismo. Já que os pró-capitalistas se preocupam tão profundamente com o sofrimento das massas russas e chinesas, talvez queiram explicar os milhões de mortes resultantes da transição destes países ao capitalismo.
Deveria ser fácil perceber que o capitalismo, que glorifica o rápido crescimento em meio à competição cruel, iria produzir grandes atos de violência e privação, mas de alguma forma seus defensores estão convencidos de que ele é sempre, e em toda parte, uma força impulsionadora da justiça e da liberdade. Deixe-os convencer as dezenas de milhões de pessoas que morrem de desnutrição todo ano porque o livre mercado é incapaz de solucionar uma situação em que metade da comida do mundo é jogada fora.
As 100 milhões de mortes que talvez sejam mais importantes de enfocar agora são aquelas que a organização de direitos humanos DARA projeta que irão ocorrer por causa do clima entre 2012 e 2030. Outras 100 milhões de pessoas mais irão se seguir a estas e não vão levar 18 anos para morrer. Fome como a espécie humana nunca viu está nos rondando, porque o livre mercado não regula o carbono e as empresas capitalistas de petróleo, desde o colapso da URSS, se tornaramsoberanas. Os mais virulentos anti-comunistas têm uma forma muito útil, embora moralmente vergonhosa, de tratar esse evento de extinção em massa: eles negam que esteja acontecendo.
5. O comunismo americano do século 21 iria se assemelhar aos horrores soviéticos e chineses.
Antes de suas revoluções, a Rússia e a China eram sociedades agrícolas pré-industriais, com maioria analfabeta, e cujas massas eram camponeses espalhados sobre enormes vastidões de terra. Nos EUA de hoje, robôs fazem robôs, e menos de 2% da população trabalha na agricultura. Estes dois estados de coisas são enormemente díspares. A mera evocação do passado não tem valor como argumento sobre o futuro da economia americana.
Para mim, comunismo é uma aspiração, não algo imediatamente conquistável. Isto, como a democracia e o libertarianismo, é utópico porque envolve um ideal, neste caso a não-propriedade de tudo e o tratamento de tudo –incluindo cultura, tempo das pessoas, o mero ato de cuidar, e coisas assim– de forma digna e intrinsecamente valorizada em vez de tratado como mercadorias que podem ser postas à venda. Etapas para esta condição não necessariamente incluem algo tão assustador quanto a completa e imediata abolição dos mercados (afinal, os mercados antecedem o capitalismo em vários milênios e comunistas adoram um bom mercado direto do produtor). Pelo contrário, eu defendo que podem até incluir reformas com o apoio obtido entre partidos divergentes ideologicamente.
Dados os avanços tecnológicos, materiais e sociais do último século, nós podemos esperar uma aproximação ao comunismo, aqui e agora, muito mais aberta, humana, democrática, participativa e igualitária do que as tentativas da Rússia e da China. Acho até que seria mais fácil atualmente do que antes construir o conjunto de relações sociais baseado em companheirismo e ajuda mútua (à diferença do capitalismo, que se caracteriza por competição e exclusão) que seria necessário para permitir o eventual “definhamento do Estado” que os libertários fetichizam, mas sem reproduzir a Idade Média (só que desta vez com drones e metadados).
6. O comunismo promove a uniformização.
Aparentemente, um monte de gente é incapaz de distinguir igualdade de homogeneidade. Talvez isso derive da tendência das pessoas em sociedades capitalistas de se enxergar primordialmente como consumidores: a fantasia distópica é um supermercado onde uma marca de comida fabricada pelo Estado está em todos os itens, e todos eles possuem embalagens vermelhas e letras amarelas.
Mas as pessoas fazem muito mais do que consumir. Uma coisa que fazemos enormemente é trabalhar (ou, para milhões de americanos desempregados, tentar e não conseguir). O comunismo prevê um tempo além do trabalho onde as pessoas são livres, como escreveu Marx, “para fazer uma coisa hoje e outra amanhã, caçar de manhã, pescar à tarde, cuidar do gado à noitinha, criticar depois do jantar… Sem nunca se tornar caçador, pescador pastor ou crítico”. Deste modo, o comunismo é baseado no oposto da uniformização: uma diversidade enorme não só entre as pessoas, mas até na “ocupação” de uma única pessoa.
Muitos grandes artistas e escritores que foram marxistas sugerem que a produção de cultura em uma sociedade como essa poderia alimentar uma tremenda individualidade e oferecer formas de expressão superiores. Estes artistas e escritores pensavam o comunismo como “uma associação em que o livre desenvolvimento de cada um é a condição para o livre desenvolvimento de todos”, mas você pode querer considerá-lo como uma instância real do acesso universal à vida, à liberdade e à busca da felicidade.
Você nem vai ligar para os pacotes vermelhos com letras amarelas!
7. O capitalismo promove a individualidade.
Em vez de permitir a todas as pessoas seguir seu espírito empreendedor em busca de desafios que os realizem, o capitalismo aplaude o pequeno número de empresários que conquistam largas fatias dos mercados de massa. Isto requer produzir coisas em escala, o que induz a uma dupla uniformização da sociedade: toneladas e toneladas de pessoas que compram os mesmos produtos e toneladas e toneladas de pessoas que fazem o mesmo trabalho. Uma individualidade que viceja dentro deste sistema é muitas vezes extremamente superficial.
Você já viu os condomínios que se constroem no país? Viu os cubículos cinza, banhados em luz fluorescente, em prédios de escritório tão semelhantes entre si que deixam a gente desorientado? Já viram as lojinhas e as áreas de serviço e os seriados da TV? A possibilidade de adquirir produtos de firmas capitalistas concorrentes não produziu uma sociedade interessante e variada.
Em realidade, a maior parte da arte aparecida sob o capitalismo veio de gente que foi oprimida e marginalizada (exemplos: blues, jazz, rock & roll e hip-hop). E então, graças ao capitalismo, é homogeneizada, comercializada e explorada em todo o seu valor por “empreendedores” sentados no topo da pilha, acariciando a pança e admirando a si mesmos por fazer todos abaixo deles acreditarem que somos livres.

Re: Ucrânia

Enviado: Sex Mar 14, 2014 4:14 pm
por angelogalvao
Só para esclarecer, o autor acima é americano.

Já que ninguém respeita "comunista", talvez respeita um "americano".

Mas desculpem por mudar o foco de Ucrânia!!!