60 anos da Força Expedicionária Brasileira

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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#46 Mensagem por Guerra » Sáb Nov 05, 2005 12:07 am

Patton escreveu:Aqui nos EUA todo mundo respeito muito nossas forcas armadas porque foi eles que defendiam nossa liberdade e maneira de vida, eles nunca eram responsaveis por opressao.

Obrigao por ter me-ajudado entender isso.


Não foram responsaveis por opressão por quem tinha quem fizesse isso por eles. O exército americano durante a guerra fria cometeu tantos excessos quanto o exército brasileiro. Um no contexto nacional, o outro no mundial. Mas eu respeito seu ponto de vista e ate acho que isso é uma lição para muita gente aqui no Brasil.




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#47 Mensagem por VICTOR » Sáb Nov 05, 2005 12:22 am

Acho que ele estava se referindo a opressão contra a própria população, não?




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#48 Mensagem por Guerra » Sáb Nov 05, 2005 12:32 am

Bom, todo mundo só julga o lado politico, e eu concordo com todos porque se os militares pegaram o abacaxi tem mais que responder por isso mesmo, mas tem outro lado também, o operacional. Eu concordo que houve excessos, mas teve excessos e excessos.
A guerrilha no Brasil, queiram ou não, foi combatida com muita competencia. A centralização do comando foi a chave do sucesso, mas quando o exército permitiu que outros orgãos também combatesse a guerrilha o troço virou bagunça e foi dai que veio os excessos. Teve muita gente que tirou proveito desse "poder" e usava os miitares ate para cobrar divida de agiota. Mas repito, os orgãos que combateram a guerrilha agiram certo. Se hoje fosse necesario um combate desse no Brasil(credo em cruz ave maria...bato na madeira), não tenham duvida que sera se não do mesmo jeito, ate pior, porque o EB evoluiu muito de lá pra cá e com a Bda de Op Esp a paulada talvez seja bem maior.
Agora não me venham com essa historia de "o povo que deveira decidir e blá blá..." porque se a guerrilha não deu certo no Brasil, foi porque além de ter sido combatida com competencia NÃO HOUVE APOIO POPULAR...NÃO HOUVE APOIO POPULAR....porque se tivesse, a historia seria bem diferente e teriamos bombas de Nalpam explodiando nas nossas cabeças. E não foi só aqui, a guerrilha não deu certo na Bolivia (esse foi um exemplo classico de como não se deve fazer uma guerrilha) porque não teve apoio popular.




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#49 Mensagem por FinkenHeinle » Sáb Nov 05, 2005 12:32 am

VICTOR escreveu:Acho que ele estava se referindo a opressão contra a própria população, não?

Suspeito que sim...




Atte.
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#50 Mensagem por Guerra » Sáb Nov 05, 2005 12:40 am

VICTOR escreveu:Acho que ele estava se referindo a opressão contra a própria população, não?


Mas ninguem nos EUA foi perseguido por ser comunista? Foi o que eu disse. Se lá o exército americano não se queimou é porque estava fazendo o trabalho sujo fora de casa.
O que nós chamamos de opressão aqui, lá ele chama de luta pela liberdade e modo de vida, se é contra a populção ou não, se foi feita pelo exército ou não, o importante é que houve.




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#51 Mensagem por Moacir Barbosa de León » Sáb Nov 05, 2005 9:13 am

Cesar disse:

[b]Espero que isso mude. Algo que se deve elogiar nos americanos é que eles são Patriotas, e sentem um dever para com o bem estar de seu país. Um americano(e também os europeus) faz muitas coisas pelo bem de sua Nação, e não tanto pelo seu bem individual. Essa é a maior força deles, a unidade.
[/b]
Falou e disse!! É isso mesmo Cesar. A minha geração teve aulas de Educação Moral e Cívica. Esta disciplina foi abolida. Na minha infância cultuávamos a Pátria (sem integralismos!). Sentíamos orgulho de sermos brasileiros (mesmo conscientes de nossos problemas). Assim sendo, estávamos melhor preparados (moralmente) para defender nossos interesses. Durante o regime militar nosso poder aquisitivo era bem maior. Hoje o panorama é diferente. Falar em pátria parece ser brega. E os valores nacionais são omitidos, quando não são desmoralizados pela mídia. Nosso dever é cumprir o papel que cabe a cada um. REAGIR!!!




"Diga a seu chefe que assinaremos a paz com o Império com o sangue do primeiro invasor estrangeiro que atravessar a fronteira. Pois antes de tudo somos brasileiros”. David Canabarro (Comandante Farroupilha)
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FATOS...

#52 Mensagem por Raposa_do_Deserto » Sáb Nov 05, 2005 10:44 am

Bom tenho a uma CONTRA-VERSA sobre o comentario do Paisano sobre em relação no Ataque a Monte Castelo e tambem sobre a captura da Divisão 148° Alemã comentada pelo Vinicius(Pra ser exato mesmo no numeros de capturados eram 14.700 soldados alemaes alem de 2 Generais e 800 Oficiais).
A Invasão da FEB em Monte Castelo na qual foi feito CINCO ATAQUES sem grandes resultados e um deles foi um dia "Negro" pra FEB(Dia 29 do Mes de Novembro) aonde num relatorio de um medico dizia que o morro ao lado foi retomado pelos nazistas, que haviam expulsado as tropas americanas.A perda da posição deixaria os pracinhas brasileiros sob fogo cruzado.Ainda assim , as ordens foram mantidas.Sob chuva e em solo enlameado , mais uma vez os pracinhas atacaram.Foram massacrados ,ao todo 195 baixas.O Dia da Revanche(Dia 21 do Mes de Fevereiro).Desta vez o ataque foi bem planejado , com duas tropas diferentes atacando pelos flancos, contou com fogo da artilharia e foi realizado em paralelo a tomada de outros montes proximos pro forças americanas.As 17H20 , depois de 12H de COMBATE , o Monte Castelo caia em mãos BRASILEIRAS.

Resumindo os Cinco Ataques:
Dia 24 e 25 de Novembro
33 baixas...(O Total das Duas Investidas)
Os Soldados eram inexperientes sobre um Inimigo bem protegido e veterano.
Dia 29 de Novembro(O Dia Negro)
195 baixas.
Os Soldados Americanos deixaram os postos de defesas nos morros ao lados dificuldando o ataque a Monte Castelo que aonde os pracinhas estavam sobre fogo "CRUZADO".
Dia 12 de Dezembro
135 baixas
Essa batalha mesmo não durou muito por causa do desatre acabou meio-dia.
Dia 21 de Fevereiro(O Dia da Revanche)
Cai Monte Castelo nas maos BRASILEIRAS

Na tomada de Montese(426 baixas)e claro só os Pracinhas foram os Unicos a capturar uma Divisão Inteira Alemã naquele "FRONT".
No final ,a Bravura e Coragem das tropas brasileiras arrancou elogios ate mesmo das tropas germanicas, como quando um Capitão Alemão declarou a um Tenente Brasileiro capturado:
"Voces brasileiros são muitos bravos ou completamente loucos.Eu nunca vi ninguem avançar contra metralhadoras e posiçoes defendidas con tanto descaso pela propria VIDA.Voces são DEMONIOS!!!

Detalhe: Sobre a Invasão da Argentina ,seria todo Anexado o Brasil não somente na parte sul mas todo o seu contexto territorial.

Mas então tah certo não apoiar a Ditadura mais naquele tempo a Educação era BEM-SUPERIOR(mesmo sendo manipulada mas era muito boa comparando a de hj).O Brasil de tornou o 8° Pais com o PIB mais alto durante o Governo de Medici (Não tenho certeza se era esse) alem claro que de varias criaçoes de Metalurgicas e Industrias para o Sustento da Economia mas a GRANDE FALHA foi não investirem no PROBLEMA SOCIAL ou falando o portugues claro na Area da Sociedade que era calamidosa em pequenas partes do Brasil.




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Re: FATOS...

#53 Mensagem por Guerra » Seg Nov 07, 2005 1:28 pm

Raposa_do_Deserto escreveu:Bom tenho a uma CONTRA-VERSA sobre o comentario do Paisano sobre em relação no Ataque a Monte Castelo e tambem sobre a captura da Divisão 148° Alemã comentada pelo Vinicius(Pra ser exato mesmo no numeros de capturados eram 14.700 soldados alemaes alem de 2 Generais e 800 Oficiais).
A Invasão da FEB em Monte Castelo na qual foi feito CINCO ATAQUES sem grandes resultados e um deles foi um dia "Negro" pra FEB(Dia 29 do Mes de Novembro) aonde num relatorio de um medico dizia que o morro ao lado foi retomado pelos nazistas, que haviam expulsado as tropas americanas.A perda da posição deixaria os pracinhas brasileiros sob fogo cruzado.Ainda assim , as ordens foram mantidas.Sob chuva e em solo enlameado , mais uma vez os pracinhas atacaram.Foram massacrados ,ao todo 195 baixas.O Dia da Revanche(Dia 21 do Mes de Fevereiro).Desta vez o ataque foi bem planejado , com duas tropas diferentes atacando pelos flancos, contou com fogo da artilharia e foi realizado em paralelo a tomada de outros montes proximos pro forças americanas.As 17H20 , depois de 12H de COMBATE , o Monte Castelo caia em mãos BRASILEIRAS.

Resumindo os Cinco Ataques:
Dia 24 e 25 de Novembro
33 baixas...(O Total das Duas Investidas)
Os Soldados eram inexperientes sobre um Inimigo bem protegido e veterano.
Dia 29 de Novembro(O Dia Negro)
195 baixas.
Os Soldados Americanos deixaram os postos de defesas nos morros ao lados dificuldando o ataque a Monte Castelo que aonde os pracinhas estavam sobre fogo "CRUZADO".
Dia 12 de Dezembro
135 baixas
Essa batalha mesmo não durou muito por causa do desatre acabou meio-dia.
Dia 21 de Fevereiro(O Dia da Revanche)
Cai Monte Castelo nas maos BRASILEIRAS

Na tomada de Montese(426 baixas)e claro só os Pracinhas foram os Unicos a capturar uma Divisão Inteira Alemã naquele "FRONT".
No final ,a Bravura e Coragem das tropas brasileiras arrancou elogios ate mesmo das tropas germanicas, como quando um Capitão Alemão declarou a um Tenente Brasileiro capturado:
"Voces brasileiros são muitos bravos ou completamente loucos.Eu nunca vi ninguem avançar contra metralhadoras e posiçoes defendidas con tanto descaso pela propria VIDA.Voces são DEMONIOS!!!

Detalhe: Sobre a Invasão da Argentina ,seria todo Anexado o Brasil não somente na parte sul mas todo o seu contexto territorial.

Mas então tah certo não apoiar a Ditadura mais naquele tempo a Educação era BEM-SUPERIOR(mesmo sendo manipulada mas era muito boa comparando a de hj).O Brasil de tornou o 8° Pais com o PIB mais alto durante o Governo de Medici (Não tenho certeza se era esse) alem claro que de varias criaçoes de Metalurgicas e Industrias para o Sustento da Economia mas a GRANDE FALHA foi não investirem no PROBLEMA SOCIAL ou falando o portugues claro na Area da Sociedade que era calamidosa em pequenas partes do Brasil.


So complementando, quem estava em monte castelo era a 232ª DI




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#54 Mensagem por Clermont » Seg Nov 21, 2005 10:56 pm

INSTANTÂNEOS DE UM TENENTE EM CAMPANHA

Túlio C. Campello de Souza, Capitão de Infantaria da Reserva. Nascido em São Bento do Sapucaí, Estado de São Paulo, 1920, CPOR ,1941. Estágio, 1942. Convocado, como 2o Tenente, em setembro de 1943, seguiu com o 6o RI, no 1o Escalão da FEB, como comandante de Pelotão de Fuzileiros. Promovido a 1o Tenente em fevereiro de 1945. Ferido num campo de minas, na cota 822, acima de Volpara, no Vale do Marano, na ofensiva de primavera e por isso reformado. Medalhas: Sangue do Brasil, Cruz de Combate de 1a Classe, de Campanha, e Guerra do Brasil. Croix de Guerre avec Palme (França). Bacharel em Direito.


O que vai nas páginas seguintes é um conjunto de relatos curtos referentes a fatos, pessoas e coisas da campanha da FEB na Itália. São memórias esparsas, lembranças de acontecimentos vistos e apreciados do ponto de vista pessoal e limitado de um ex-combatente de infantaria. Verifiquei que, de tudo o que sucede na guerra, agarram-se à memória lembranças de fatos aparentemente sem importância, pequenas coisas que parecem não ter nem ter tido nada em comum com a avalanche dos combates, dos tiros e da morte. Mas essas pequenas coisas são, na realidade, as que constituem a maior parte da guerra. Os combates, em relação ao tempo total da campanha, duram pouco tempo. O que toma a quase totalidade deste último são as caminhadas, os pequenos incidentes, a impaciência por ver tudo terminado, as complexas e importantes tarefas de alimentar-se, abrigar-se e escrever cartas.

Estes “instantâneos” desordenados não fornecerão a ninguém um quadro completo da campanha das tropas brasileiras na Itália. Tampouco poderão fazer ao leitor compreender como era aquela guerra. Mas talvez, juntos com muitos outros possam ajudar a formar um esboço compreensível para o leigo que chegar a ler este capítulo. Para os companheiros de campanha não há necessidade de explicar fatos e coisas que lhes são tão ou mais familiares do que a mim e, apesar disso, talvez seja exatamente para eles que escreva isto.

Duas coisas procuro destacar: uma é minha afeição à arma a que pertenci e ainda me considero pertencente e a outra são as críticas ao que me pareceu errado. Quanto àquela afeição pela arma em que se combate, encontrareis isso em todo o mundo e em todos os exércitos. O artilheiro crê profunda e sinceramente que a artilharia é a melhor e mais importante das armas; o soldado de engenharia acha que, sem esta última, não seria possível existir força combatente. Eu acho que todas as outras armas existem porque a infantaria existe e que é a esta que cabe a mais árdua, sórdida, difícil, sublime, cansativa, imunda e decisiva parte em ganhar uma guerra. E, ainda mais, cada homem está convencido de que a sua divisão e, dentro desta, o seu regimento e depois o seu batalhão, a sua subunidade, etc. são, cada um por si e em confronto com os outros, os melhores do Exército. Isto já foi constatado e dito por outra pessoa, pelo menos – Ernie Pyle, o estupendo correspondente de guerra norte-americano – mas não considero errado repetir tal afirmativa, visto ser uma verdade pura e simples.

Quanto às críticas que faço, quisera fazê-las mais analisadamente. E isso porque, respeitando e querendo bem o Exército Brasileiro, em que servi durante um largo período de minha vida, quisera muito mais que não houvesse motivos nem razões para tais críticas, por terem sido corrigidos os erros que as motivaram. Espero que aqueles jovens oficiais subalternos de 1944-45 saibam aproveitar-se da experiência que tiveram na FEB, e evitar as falhas que esta última apresentou ou esforçar-se por corrigi-las ou por eliminá-las de todo. O Exército do Brasil tem elementos, humanos e materiais, para ser tão bom quanto qualquer outro, tudo dependendo da ação pessoal daqueles que fazem cumprir os regulamentos em todos os escalões.

Outra coisa quero tornar clara: comandar (pelo menos no âmbito de um pelotão de fuzileiros), não é só dar ordens e mostrar-se mais forte e mais sábio do que os subordinados. Comandar é saber compreender os soldados como seres humanos, respeitá-los como tais, inspirar-lhes amizade e confiança. Com esta base, qualquer ordem será cumprida sem vacilação e o oficial será seguido, e mesmo precedido, em qualquer inferno de fogo e medo.

MUNDO PEQUENO.

Ao chegar à Itália, ficamos nos arredores de Nápoles por cerca de 2 semanas, acampados no que foi ou parecia ter sido a cratera de um vulcão. Naquele buraco imenso, que também serviu de parque de caça de personalidades reais (depois do vulcão, é claro) havia brasileiros, americanos e italianos, em grupos separados.

Das instalações daquele acampamento fazia parte um conjunto de chuveiros que, apesar de numerosos, não podiam atender a todos. Por isso, os banhos eram racionados; os brasileiros ocupavam os banheiros 3 vezes por semana, segundas, quartas e sextas, sendo os outros dias reservados para os norte-americanos e italianos.

Entretanto, o local era ultrapoeirento e estava-se no verão, motivo pelo qual todos ou quase todos ansiavam por banho diário. A habilidade imaginativa dos soldados entrou em ação e logo apareceram minúsculos chuveiros, feitos com latas de 2 ou 3 litros de capacidade, que eram penduradas nas árvores e possuíam um ou alguns furos na parte inferior. Um pedacinho de pau, roliço, tapava aqueles furos e permitia que se abrisse ou vedasse a passagem da água, conforme a necessidade. Simples, engenhoso, eficiente. Tomei vários banhos daquelas latinhas. É claro que, para tal, devia-se vestir o calção de banho, visto que o “banheiro” era absolutamente público e notório.

Algumas vezes, durante os dias em que os banheiros estavam vedados aos brasileiros, eu dirigia-me ao encarregado das instalações, que era um soldado americano. Usando meu então incipiente inglês travei conhecimento com ele e consegui assim “dar um jeitinho” e tomar vários banhos extras.

Muito tempo depois, num dia de 1945, estando eu já no Bushnell General Hospital, nos Estados Unidos, encontrei um rapaz a quem reconheci e que me reconheceu. Era o encarregado dos banheiros do bosque de Astrone (era esse o nome da cratera do vulcão) e a quem eu devia minhas abluções fora de racionamento. Mundo pequeno, não?


BOM SENSO E TRANSPORTE.

Há uma canção americana do tempo da guerra que diz:

“What do you do in infantry?
You march, you march, you march...”
(O que você faz na infantaria?
Você marcha, marcha e marcha...)

Verifiquei, entretanto, que os norte-americanos não marcham da maneira excessiva que a canção faz crer, nem muito menos sem necessidade. Na Itália eles usavam transporte motorizado para a infantaria, desde que as condições o permitissem e o bom senso assim o aconselhasse.

Os brasileiros também agiam assim mas somente depois de um certo período e alguma experiência. Experiência principalmente, para os pés dos soldados, da cansada e incansável infantaria.

Quando a FEB realizou o primeiro desfile no Rio, houve uma marcha cuja finalidade única era a de servir de propaganda oficial. Após o desfile pela Avenida Rio Branco, mais ou menos às 4 horas da tarde, a tropa seguiu a pé para a Quinta da Boa-Vista onde jantou e descansou um pouco. Às 9 horas da noite foi reiniciada a marcha para a Vila Militar – cerca de 30 quilômetros – onde fomos chegar às 3 horas da manhã, com inúmeros estropiados e todos, sem exceção, exaustos. É verdade que nada havia nem estava previsto haver, em seguida, que pudesse ser prejudicado por esse cansaço da tropa. Já o mesmo não sucedeu doutra feita.

Em 14 de setembro de 1944, o III Batalhão do 6o Regimento de Infantaria deslocou-se do acampamento de Vada para a região de Ospedaleto, à vista da cidade de Pisa. No dia seguinte, 15 de setembro, o Regimento deslocou-se para entrar em ação no “front”. O I e o II Batalhões, tendo já missão de combate, deslocaram-se em caminhões providos pelo Serviço de Transportes da FEB. Quanto ao III Batalhão, tinha por missão constituir “reserva” do dois primeiros e, por isso, considerou-se altamente conveniente que se deslocasse por seus próprios meios, ou seja, a pé. E foi o que fizemos, os infantes do III Batalhão: fomos a pé de Ospedaleto a Vecchiano do outro lado do rio Arno e de Pisa. Em linha reta essa distância não é grande, mas acontecia que quase todas as vias de comunicação estavam minadas ou bloqueadas por entulho, pontes destruídas, etc., tendo o Batalhão que dar uma volta imensa para ir de uma orla à orla oposta da cidade. Tal deslocamento durou todo o dia de 15 de setembro. Foi uma marcha cansativa e inútil, tornada prejudicial e irritante pelas circunstâncias seguintes: 1) havia transporte motorizado; 2) as condições permitiam o emprego calmo desse transporte; 3) cerca de quatro dias antes tinham sido distribuídos borzeguins novos ao pessoal do Batalhão; esses borzeguins já vinham sendo reclamados com insistência pelas companhias desde algumas semanas atrás e destinavam-se a substituir os então em uso e que estavam imprestáveis. Não preciso dizer aqui da delícia que é uma longa marcha com borzeguins novos. Muitos soldados, com bolhas d’água e outros fenômenos congêneres, foram ficando pelo caminho. Chegamos à região de Vecchiano ainda com luz do dia mas cerca de 6 horas da tarde, tendo partido às 7 horas da manhã. E não chegamos ainda mais tarde porque, logo que a CPP III (Companhia de Petrechos Pesados do III Batalhão) chegou ao destino, o Comandante do Batalhão determinou que as suas viaturas voltassem e apanhassem o pessoal das companhias de fuzileiros para levá-los ao ponto final escolhido para estacionamento.

Inevitavelmente, o pessoal do III Batalhão estava cansado e, em contraposição ao que se dizia, não ficou em reserva mas sim, a 16 de setembro, tornou a deslocar-se e substituiu tropas americanas do 334o RI, entrando em ação. Felizmente essa ação limitou-se, nos primeiros dias, a caminhadas, sem interferência do inimigo. Mas, e se esse inimigo tivesse interferido? Não teriam o cansaço e as bolhas e os calos recentes prejudicado a atuação do infante?

Nunca soube ao certo quem foi o autor da “brilhante” idéia de que o III Batalhão do 6o de Infantaria se deslocasse a pé no dia 15 de setembro de 1944. Só sei com segurança que não foi idéia do Comandante desse Batalhão, Tenente-Coronel Silvino Castor da Nóbrega.

Mas seja quem for o dono daquela decisão genial, as suas orelhas devem ter ardido naquele dia, pois os comentários e pragas dos soldados a ele dirigidos não podem ser postos em letra de fôrma.

Mas... há males que vêm para bem. Naquela marcha de 15 de setembro – ainda me dói o pé só ao lembrá-la – um dos altos horários foi perto da catedral de Pisa. Num esforço suplementar consegui andar mais um pouco e visitar, ligeiramente embora, o Duomo, o “campanile” (a torre inclinada) e o batistério de Pisa, todos construídos formando um conjunto arquitetônico. Essa visita a monumentos de arte mundialmente famosos durou exatamente 20 minutos e valeu todo o cansaço que tive naquele dia. Nunca mais esqueci e nem esquecerei a perfeita afinação do eco que existe no batistério de Pisa; fechando-se a porta de entrada, quando alguém canta uma nota musical o eco responde com outras duas notas diferentes, uma em seguida à outra, formando todas elas um acorde perfeito. Por exemplo: se se canta a nota “dó” o eco responde mais abaixo na escala musical com as notas “sol” e “mi”. Maravilhoso, foi o que me pareceu.

Por isso prezo muito a recordação daquele “intermezzo” de 20 minutos, tanto mais quanto nunca tive outra oportunidade de passar por Pisa, quer de “jeep” ou .... a pé.


MEDALHAS E CITAÇÕES.

Até onde posso lembrar, o soldado do 6o RI, não se preocupava com citações, elogios, condecorações e outras coisas assim. Durante toda a viagem marítima e durante os primeiros meses de campanha aquele assunto jamais entrou nas nossas cogitações. A razão – assim me parece – é que o infante estava, a princípio, muito interessado em conhecer os lugares novos a que chegara bem como os seus habitantes e, mais tarde, já em campanha, as suas preocupações eram as seguintes, por ordem de importância: sobreviver, ter o que comer, encontrar um lugar seguro e seco onde dormir, não importando fosse uma casa, uma estrebaria ou um monte de palha.

Assim sendo, foi surpresa ler, no “Cruzeiro do Sul”, alguns relatos de façanhas impressionantes e citações de campanha feitas a componentes de outras unidades. Façanhas semelhantes tinham sido praticadas anteriormente pelos soldados do Regimento, mas passaram elas sem citação ou publicidade, mesmo porque ainda não havia jornal àquela época. A nossa oportunidade havia, assim passado. E pronto.

Mas a negligência continuou e, em maior amplitude, afetou toda a FEB. Tendo sido as condecorações criadas e regulamentadas por volta de agosto de 1944, não houve nenhuma providência no sentido de serem conferidas aos combatentes à medida que os fatos e ações em combate assim o impusessem, no próprio teatro italiano de operações. O soldado brasileiro passou toda a campanha sem ter-lhe sido conferida nenhuma medalha, (1)nenhum sinal que evidenciasse a sua ação em combate, contrastando com os norte-americanos que ostentavam no peito uma regular “salada de frutas” constituída por passadeiras diversas.

O efeito que uma medalha, uma citação, etc. tem sobre o moral do soldado é positivo, considerável e altamente desejável muito embora todos os condecorados afetem não dar importância às condecorações que ostentam. Nunca sucedeu que aqueles que vão ser condecorados deixassem de comparecer à cerimônia, cheios de nervosismo refreado.

O mais inteligente, portanto, teria sido fazer a entrega de medalhas de campanha e condecorar aqueles que se salientaram em combate ainda no próprio teatro de operações. Provar-se-ia a cada soldado, e principalmente ao infante, que a sua pessoa e os seus esforços não eram ignorados e esquecidos – segundo o que constituía a impressão pessoal do próprio infante. O resultado teria sido altamente compensador, elevando o moral do combatente e contribuindo, assim para o sucesso das operações de combate em geral.

(2)Entretanto foi o que se viu: só depois da chegada ao Brasil, quando a preocupação máxima de cada um era ir para casa, ir para casa, ir para casa, é que se começou a entregar as medalhas de campanha e, assim mesmo, na hora da refeição. O soldado entrava na fila do rancho e, junto com o pão ou a laranja, recebia uma medalha que, se tivesse sido entregue alguns meses antes, significaria muito mais para ele e, quem sabe, o teria levado a esforços e sacrifícios maiores do que aqueles que, simplesmente e sem fito de recompensa, ele praticou na Toscana e nos Apeninos.

O mesmo se poderá dizer daqueles feridos da FEB que, devido a providências tomadas com bom senso e boa vontade, foram enviados para hospitais nos Estados Unidos da América, para serem submetidos a tratamento especializado. Lá, durante mais de um ano de permanência, também não receberam eles as condecorações a que tinham direito. Vestidos com a farda cáqui americana – porque também não lhes foi fornecido nenhum uniforme brasileiro – ficavam eles atrapalhados para responder aos seus colegas ianques quando estes lhes indagavam se o Brasil não concedia medalhas aos seus soldados, nem mesmo feridos como estavam eles.

No Brasil, a Medalha de Guerra – que o carioca apelidou de “não sou de briga” – foi entregue com solenidades e pompa a algumas poucas pessoas de projeção. Teria sido muito mais justo e decente empregar solenidades – embora simples – para condecorar o soldado raso, aquele que fez a guerra e se deu todo a essa tarefa, pela dignidade de sua Pátria.

Temos, entretanto, um outro aspecto do caso das condecorações. Quero referir-me ao fato de que, até a presente data, (3) ainda são em grande número os expedicionários que esperam receber a sua modesta Medalha de Campanha, isso sem falar nas outras a que tenham feito jus. Em contraste com tal situação, o autor destas linhas sabe de exemplos em que a concepção do que seja “esforço de guerra” foi ampliada a limites bastante elásticos. Vi, em 1946, numa das seções do Ministério da Guerra, uma senhora ostentando a miniatura da passadeira da Medalha de Guerra. Essa senhora, cujo nome ignoro, é uma funcionária burocrática naquele Ministério. Qual teria sido o seu esforço de guerra ou contribuição “de modo direto ou efetivo para a organização da FEB” ou quais teriam sido seus serviços destacados de “assistência social aos componentes da FEB”, como estabelece o aviso ministerial N° 2.982, de 9 de novembro de 1945, em face de suas funções puramente burocráticas? Cumpre ainda acrescentar que o Diário Oficial da União publicou a concessão de outras medalhas de guerra a outras escreventes ou escriturárias do mesmo Ministério.

É público e notório a condecoração com a Medalha de Guerra do proprietário de uma alfaiataria militar do Rio de Janeiro. Que fez esse senhor que pudesse ser classificado como esforço de guerra? Teria criado um modelo novo de uniforme que melhor se adaptasse às necessidades do soldado que ia combater na Itália? Teria ele ampliado a sua organização para fardar a contento e em curto prazo os componentes da 1a DIE? Nada disso. As túnicas de gabardina tipo FEB para oficiais, confeccionadas pela sua organização, além, da demora em ficarem prontas, raramente assentavam no corpo dos seus portadores. Quanto ao uniforme de brim verde-oliva era de péssimo material e corte hediondo, donde o apelido de “Zé Carioca” que o mesmo granjeou. Após a primeira lavagem esse uniforme ficava reduzido a dois terços do tamanho, tolhendo os movimentos de seu dono, além de expô-lo ao ridículo. Onde descobrir contribuição “de modo direto e efetivo para a organização da FEB”, nessa transação comercial lucrativa para uma parte e mal assentada para outra?

Vi, no Ministério da Guerra, em meio à zombaria de uns e comentários amargos de outros, um requerimento, deferido, no qual o autor pedia a concessão da Medalha de Guerra por ter sido instrutor de um Tiro de Guerra em Santa Catarina em 1942 ou 1943 (4).

E, como esses, os exemplos se multiplicam. Aparentemente, a medalha “por esforço de guerra” continua sendo concedida a todos quantos a requeiram e mesmo àqueles que, não tendo protetores complacentes, consigam, por um esforço de dialética, enquadrar o seu caso e seus feitos dentro do elástico “ad infinitum” critério seguido para a condecoração com a medalha também apelidada “nem te ligo”.

Pergunta o autor: o soldado que deixou seu lar e família, que enjoou a bordo, que sentiu medo, frio, sono e fome, que tomou parte ativa nas operações de guerra, não teria ele “contribuído de modo direto e efetivo ( o que mais direto e efetivo do que sua presença e sua ação...) para a organização da FEB?” Uma conclusão se impõe: além de serem corrigidas as falhas na entrega de medalhas de campanha aos expedicionários, é dever de justiça condecorar todos eles – principalmente aqueles que tenham sido soldados rasos – com a Medalha de Guerra.

O SOLDADO BRASILEIRO.

Várias vezes tenho sido interrogado a respeito do comportamento do soldado brasileiro nesta guerra; se ele era corajoso, qual o seu grau em comparação com os americanos ou alemães, etc. A minha resposta, claro está, terá que ser generalizada, deixando de aplicar-se com justeza a inúmeros casos individuais. E essa resposta é a seguinte: o soldado brasileiro na campanha da Itália revelou-se muito acima das minhas expectativas e tenho absoluta certeza de que todos ou quase todos os oficiais pensam de maneira idêntica.

Em primeiro lugar tenho que dizer, algo rudemente, que constituindo o grosso do efetivo da FEB só foram aqueles que eu denominaria de “párias”, isto é, os rapazes das classes pobres, operários, lavradores, etc. Aquilo que se chamaria a “elite” do Brasil – as classes média e alta – enviou tão poucos elementos para representá-la que se poderia dizer ter brilhado pela ausência. A elite estudantil foi pródiga em discursos veementemente patrióticos em agosto de 1942 mas, logo a seguir, invadiu os CPOR do país, contando com os dois anos de curso e conseqüente permanência certa no Brasil. Mesmo vários dos seus elementos que foram convocados como soldados acharam jeito e meios de serem licenciados muito em tempo. Por isso, com honrosas exceções, só permaneceram na FEB aqueles que, por sua precária posição social, não tiveram jeito nem meios de serem licenciados do serviço ativo ou aqueles que, conscientes do seu dever e sua dignidade, não fizeram esforços para serem licenciados da FEB.

Desta circunstância decorrem, a meu ver, as demais características da maioria dos soldados brasileiros que foram à Itália.

1. Sendo esses soldados componentes das classes menos abastadas, o seu nível mental e sua instrução deixavam bastante a desejar. Por isso, a pouca e deficiente preparação moral dada ao soldado produziu ainda menos resultado do que aquele mínimo previsto. O soldado brasileiro não tinha noção clara daquilo por que ia lutar e, ao mesmo tempo, sabia que muitos outros, em melhores condições, físicas e mentais, tinham sido excluídos, por manobras nebulosas, do cumprimento daquele dever que lhe impunham.

2. Como conseqüência ainda do seu baixo padrão econômico de vida, a maioria dos soldados da FEB apresentava toda a sorte de deficiências físicas com as quais o exame médico de “seleção” se conformou ou deixou passar despercebidas, não sei porquê. A falta de muitos dentes era coisa bastante comum nos soldados, bem como a presença de pedaços e tocos de dentes estragados, que só contribuíam para piorar a mastigação e intoxicar os seus portadores, pela formação de focos infecciosos. A presença de doenças venéreas e de sífilis atingia uma considerável percentagem entre indivíduos “selecionados”. Quando o primeiro escalão da FEB chegou a Nápoles, essas doenças causaram a baixa imediata ao hospital de cerca de 200 brasileiros. Acrescente-se a isso a crônica falta de meios nas unidades militares logo após nossa chegada, para proporcionar tratamento e cura dessas moléstias.

Outras deficiências orgânicas havia, além das duas principais já citadas. Por exemplo, no meu pelotão havia um soldado cujo primeiro nome somente me ocorre, Gabriel, e que era – e ainda deve ser – um retardado mental. Pobre de corpo e de espírito, esse soldado fez toda a campanha da FEB num pelotão de fuzileiros, talvez sem nunca ter alcançado a compreender a razão da sua presença ali, sem nunca queixar-se nem baixar ao hospital, conformado e humilde. Era como uma criança grande; todos o confortavam e ajudavam. Esse soldado durante todo o tempo que serviu na caserna, ainda no Brasil – conheci-o pessoalmente desde 1942 no II Batalhão do 5o RI em Pindamonhangaba – nunca conseguiu acertar a cadência do passo ordinário. Mas foi julgado apto para a FEB.

Dois outros soldados do meu pelotão sofriam de hérnia e foram, por isso, operados quando prestavam o serviço militar no Brasil. Tal circunstância não os impediu de serem convocados para a FEB e, o que é pior, de serem classificados como aptos para a mesma. Após 2 ou 3 meses de campanha subindo e descendo ( principalmente subindo ) as encostas dos Apeninos, ambos baixaram o hospital e tiverem de ser recambiados para o Brasil. Seus nomes são: José Maria Conceição e Augusto Claro de Alvarenga.

3. Junte-se a esses fatores mais o meio físico estranho ao soldado brasileiro, as montanhas italianas cobertas de neve, o inverno europeu, a alimentação desconhecida. Tudo isso constitui um conjunto de elementos que explicariam e quase justificariam um fracasso por parte do nosso soldado. Ele não foi, é certo, o melhor e mais apto dos combatentes aliados, mas foi excelente. Sem nenhum treinamento especializado lutou nas montanhas, ao lado da 10a Divisão de Montanha norte-americana, que tivera nos EUA, 3 anos de instrução especializada e contínua para aquela espécie de campanha.

Só tendo tomado conhecimento do armamento com que ia lutar após sua chegada à Itália – o fornecimento e distribuição de armas ao 6o RI foram feitos em agosto de 1944 e o Regimento seguiu para o “front” em 13 de setembro de 1944 – o soldado brasileiro aprendeu o manejo das armas norte-americanas e usou-as com eficiência na luta.

O regime alimentar norte-americano causou estranheza mas, sendo infinitamente superior ao brasileiro, revelou-se ótimo e os soldados engordaram bastante. Também merece ser citada a adaptação dos soldados ao intenso frio europeu, sem nenhuma conseqüência má.

Com tantos defeitos e falhas, de que aliás não lhe cabe mínima culpa, é de admirar que o infante brasileiro tenha se portado tão bem e com tanto valor. Naturalmente, tendo eu sido comandante de um pelotão de fuzileiros, é do infante que me ocupo e é ele que me merece toda a atenção e, porque não dizê-lo, carinho também.

Tivemos, é claro, soldados que faltaram ao seu dever que cederam ao medo ou à sede de rapina. Mas esses foram exceções: a maioria absoluta dos nossos soldados soube vencer o medo físico da morte, combateu com valor e comportou-se decentemente.

O soldado brasileiro mostrou ter tantas qualidade de presença de espírito, de calma, de coragem de dedicação ao seu país e aos seus companheiros como qualquer outro soldado de qualquer outra nação.

Durante a vida em campanha surgiram, entre os soldados ou entre soldados e seus superiores imediatos, laços de amizade, solidariedade, dedicação e fraternidade que constituíram, a meu ver, um aspecto superior e maravilhoso entre os quadros de horror e desolação da guerra, apesar da incongruência aparente que estas palavras possam ter. Esses vínculos afetivos ainda subsistem. Alegro-me em rever qualquer um daqueles que foram soldados no III Batalhão do 6o RI e, em especial, aqueles que fizeram parte da minha companhia e, mais ainda, aqueles que foram do pelotão que comandei. E entristece-me quando venho a saber que a vida não está sendo fácil nem justa para qualquer deles. Lastimo o fato de que agora, terminada a nossa tarefa na Itália, estejamos tão espalhados por este país afora e que as duras e mesquinhas circunstâncias da vida quotidiana – também chamada vida normal – não mais permitam a existência de sentimentos e atitudes morais sublimes que a presença da morte próxima mostrou existirem em homens que nós, das “classes cultas”, julgávamos inferiores.

DEVER DE JUSTIÇA.

Eis aqui uma tarefa difícil: esclarecer e procurar restabelecer as circunstâncias exatas de um fato sucedido há cerca de 5 anos. Trata-se da história da morte de José Soek e de Cesário de Aguiar. Ambos estes soldados faziam parte do pelotão que comandei desde quando cheguei ao 6o RI até a data em que fui ferido na Itália. Ambos eram magníficos soldados. José Soek, filho de polacos, natural de Araucária, Estado do Paraná, grande, de aparência rústica, olhos claros e cheios de honestidade, de natural calado e humilde. Voz e atitude mansas, trabalhador consciencioso e sempre cheio de boa vontade para tudo. Cesário Aguiar era alegre, falava pelos cotovelos, cantava sempre e fazia rir a todos. Era de Elias Fausto, na linha Sorocabana, Estado de São Paulo. Como o primeiro, era também ótimo soldado, disciplinado, valente, não recuando diante de nenhuma tarefa, querido por todos que o conheceram.

No dia 30 de setembro de 1944, ao longo da estrada que vai de Borgo a Mozzano e Bolognana, margeando o curso do rio Serchio, ia o 2o Pelotão como ponta da 8a Cia do III/6o RI. Devido aos caminhos e pontes destruídos, a alimentação não tinha chegado até nós naquele dia, sendo que no dia anterior só tivéramos uma refeição das abomináveis “scatolletas” (latinhas) com ração “C”. Mas a ordem era para avançar até “estabelecer contato” com o inimigo, estivéssemos de estômago vazio ou cheio. Por volta das 13 horas chegamos à localidade de Pian Della Rocca, deserta, com exceção de meia dúzia de pessoas de ar aturdido e amedrontado e maneiras furtivas. Prosseguimos à frente, guiados por um civil italiano. Passou por nós, alegremente pedalando uma bicicleta e com ar de estar bem alimentado, o 2o Tenente Eduardo Juvenal Schmidt, oficial de remuniciamento do III Batalhão. Cerca de um quarto de hora depois regressava este oficial; tinha ido até um ponto onde a estrada e uma ponte tinham sido bastante dinamitadas e não permitiam a passagem para diante. Disse-nos estar tudo deserto e sem sinal do inimigo(5). Cerca das 14 ou 15 horas chegamos àquele ponto atingido pelo Tenente Schmidt. A estrada fazia uma curva fechada para a esquerda e nesse ponto uma ponte ligava-a à localidade de Ponte Calavorno, à direita e do lado oposto do rio Serchio.

Alguns minutos depois de atingir esse lugar, o pelotão passou a receber fogo de metralhadoras, vindo de dois pontos: de um ponto à frente, nas elevações do lado oposto do rio, e de um local à direita, também em outras elevações na margem oposta do rio. Tínhamos diretamente à frente um enorme buraco, feito, feito por dinamite e que terminava nas águas do Serchio. À esquerda um barranco íngreme, protegido por uma parede de pedra e coberto por um bosque de castanheiros. À direita o rio Serchio. Estávamos numa estrada pavimentada à asfalto, incapaz de oferecer qualquer abrigo e, depois de algum tempo, passamos a receber também fogo de morteiros alemães.

A confusão causada por um ataque numa ratoeira como aquela – e como eram peritos nisso os alemães – é enorme. Consegui destacar alguns soldados para subir o barranco à esquerda e guardar aquele lado, por onde poderiam vir elementos inimigos. Com um Grupo de Combate respondendo ao fogo tratei de cobrir o pelotão e fazê-lo recuar daquele lugar tão precário.

Conseguimos recuar, tendo gasto bastante munição, com 6 homens feridos e um morto. O morto era José Soek, fuzileiro atirador do GC, que ficara cobrindo a retirada dos outros. Junto com o Sargento comandante do GC – Abrão Silveira Dias – esse soldado não parou de responder ao fogo inimigo, calmo, eficiente, bravo. O sargento Abrão foi ferido no joelho e na coxa. Chorou um pouco, de pura raiva, e não parou de atirar e dar ordens aos seus homens.

Tendo o resto do pelotão conseguido retirar-se, dei ordem aos 3 ou 4 homens do grupo do Sargento Abrão para também abandonarem aquele lugar. E nessa retirada, rastejando pelo asfalto daquele estrada italiana, é que José Soek foi atingido por tiros de metralhadora na espinha dorsal, que o paralisaram no pavimento e o tornaram alvo fácil para as balas que lhe perfuraram a cabeça . Morreu com todo o seu equipamento e ainda abraçando o seu BAR ( Browning Automatic Rifle ) que ele manejava tão bem e que sempre conservava cuidadosamente brilhante e bem lubrificado. A sua ação talvez não tenha apresentado nenhum rasgo de audácia ou gesto espetacular de heroísmo. Ele foi um fuzileiro atirador que ocupou a posição que lhe fôra designada e que cumpriu as ordens recebidas com estoicismo, atenção e calma no que fazia, vencendo o medo que gela o coração e paralisa os membros do infante debaixo de fogo. Todas as ações de Soek naqueles minutos penosos foram no sentido de cumprir as ordens recebidas ou para proceder de acordo com o que lhe fôra ensinado anteriormente.

Foi ele o primeiro morto do pelotão e sua morte calou fundo no espírito de todos nós, inexperientes ainda da total extensão do horror da guerra. Soek viveu e trabalhou sempre quietamente, com um bom humor perene, calmo e modesto. Morreu cumprindo o seu dever, também calma e modestamente.

No dia seguinte, 1o de outubro, voltando em pequena patrulha ao local do entrevero da véspera, fomos mais uma vez alvo das metralhadoras alemãs. O primeiro atingido foi o soldado Cesário Aguiar, que morreu a cerca de 5 metros à minha esquerda, sem ter tido tempo de disparar um só tiro contra os alemães.

Infelizmente, no serviço burocrático do Batalhão ou do RI, houve uma confusão com as partes enviadas pela 8a Cia sobre essas duas mortes. Lembro-me perfeitamente de ter lido, em 1o de outubro, a parte sobre José Soek e os elogios nela contidos, tudo escrito na bela e regular caligrafia do então Sargento Ananias Sousa e Silva, sargenteante da Cia. Provavelmente, as duas partes chegaram ao mesmo tempo ao PC do RI e tudo o que José Soek praticou foi atribuído a Cesário Aguiar.

Não quero dizer que Cesário não merecesse referências como as que foram dispensadas pelo Capitão João Augusto Los Reis, a José Soek, se ele estivesse dentro das mesmas circunstâncias que este último. Pelas suas qualidades, que pude observar e conhecer durante o tempo que foi de janeiro a setembro de 1944, sei que Cesário Aguiar era capaz de heroísmo igual ao de Soek. E, mesmo no dia 30 de setembro de 1944 – pouco antes da morte de Soek – Cesário fôra enviado ao PC da Cia, debaixo de fogo, para levar uma mensagem comunicando que necessitávamos de mais munição. Ele já sabia que o pelotão iria retirar-se daquele lugar e, mesmo assim, voltou, debaixo de tiros, para juntar-se aos seus companheiros. E eu sei também que tal ação exige muita firmeza de vontade, além de tocante solidariedade para com seus camaradas que estavam em perigo.

Eis aqui, talvez insuficientemente esclarecido, o que sucedeu naqueles dois dias aziagos de 1944. A um soldado, corajoso e bom, foi atribuído o feito de um outro e este foi esquecido pela crônica oficial do 6o RI e da FEB. Naturalmente, naquele guerra de movimento, tensão nervosa constante e sujeira, não pude vir a saber do equívoco havido senão muito mais tarde. E, mesmo então, não me foi possível, devido às circunstâncias quotidianas, procurar desfazer o mal-entendido. Só agora a iniciativa de publicar este livro torna possível minha tentativa de procurar reparar um esquecimento injusto. Faço aqui um apelo ao Sr. Ministro da Guerra no sentido de que sejam conferidas a José Soek a promoção post-mortem, as citações e condecorações conferidas a Cesário Aguiar, mas sem prejuízo daquelas conferidas a este último. Ambos esses soldados mereceram a admiração e amizade de todos os homens da 8a Cia e em particular daquele pelotão. Ambos foram dignos de quaisquer elogios e citações honrosas pela sua ação militar. E a memória de ambos deve ter a veneração das gerações jovens futuras, além da devoção e saudade daqueles que foram seus companheiros na guerra e entre os quais, orgulhosamente, me incluo.


VIDA EM FAMÍLIA.

A vida de um pelotão de fuzileiros assume aspectos algo estranhos e talvez contrários aos regulamentos disciplinares algumas vezes. Em primeiro lugar, muito poucos terão sido os oficiais subalternos que, em tempo de paz no Brasil, comandaram um pelotão especificamente constituído, com um número mais ou menos constante de indivíduos determinados e com continuidade. As nossas unidades militares, em tempo de paz, não tinham, quase sempre, o efetivo previsto. Por isso, na FEB, cada “pica-fumo”, ao ser designado o seu pelotão para comandar, enchia-se de um senso de responsabilidade por aquele grupo de 40 homens e, nem que fosse no seu subconsciente, sonhava torná-lo o melhor e mais “batata” pelotão da Cia ou até do Regimento. É verdade ou não, senhores tenentes?

Entretanto, apesar daquele sentimento quase de propriedade do tenente para com sua subunidade, as coisas continuavam como prescreviam o RISG (Regulamento Interno e dos Serviços Gerais), o R.Cont (Regulamento das Continências), etc., etc., isto é, o tenente dava ordens ao seu pelotão em voz de comando, o sargento-auxiliar mandava o pelotão “Sentido”, “Descansar”, etc, e os soldados apresentavam-se assim: - “Soldado número 4208, Aníbal Ferreira, da 8a Cia....” – “Baixe a mão. Que é que você deseja? “ Até mesmo após nossa chegada à Itália as coisas continuavam por esse figurino, antes de entrarmos em ação. Mas mudaram.

Como os americanos, já mais experientes, nos dissessem que os “snipers” (atiradores de emboscada) inimigos caçavam com carinho aqueles que tinham a aparência de estar comandando os demais, na linha de frente nem o oficial usava suas estrelas ou os sargentos e cabos as suas divisas.

Não mais se via o pelotão “em forma” para nada, nem nenhum soldado se apresentava ao seu comandante imediato à rígida maneira militar.

O tenente integrava-se no pelotão, tornava-se conhecido e familiar aos homens e, por sua vez, conhecia intimamente cada um destes. Sem haver nenhuma quebra essencial da disciplina e do respeito básico, ficaram abandonadas aquelas fórmulas estritas entre oficial e praças. Estes últimos até mesmo chegavam a troçar bem humoradamente com o oficial, quando este, por um esforço hercúleo da vontade e do corpo, conseguia tomar um banho ou barbear-se.

Como o frio é igualmente frio para todos, o tenente e os soldados dormiam juntos. Considerando que três mantas constituem melhor abrigo do que uma só, sempre dormi junto com os dois mensageiros do pelotão. Tínhamos assim três mantas para cobrir-nos a todos e devo ser grato àqueles soldados por nunca terem se queixado de que ronco demais.

Nas conversas, durante períodos de inatividade, oficial e soldados expunham suas idéias e sentimentos como quaisquer seres humanos, paisanos, sem censura ou restrição. Também participei das queixas dos soldados contra o frio, contra o terreno difícil, as deficiências dos suprimentos para chegar à linha de frente, também critiquei e “meti o pau” (desculpem o calão) nos responsáveis mais altamente colocados na hierarquia da FEB, sem esquecer mesmo o General Willis Crittenberg, Comandante do IV Corpo do 5o Exército. Não há dúvida, praticávamos a democracia..

Não se pense que o fato de criticarmos o comando superior signifique que houvesse falta de disciplina ou moral baixo. Criticar e “descascar” as altas patentes era um fenômeno corrente e natural entre os soldados. Era uma espécie de válvula de escapamento para uma amálgama de emoções – tédio, medo, saudades do lar e da família, incerteza total sobre a vida durante a hora ou o minuto seguintes, falta de cartas de casa... Além disso, na nossa posição de fuzileiros não podíamos ter uma vista do conjunto da ação de toda a tropa, e, por isso, ordens baixadas do Alto Comando muitas vezes nos pareciam sem razão de ser e até mesmo erradas. Haja vista a informação que o IV Corpo obteve por meio de italianos, de que as posições à nossa frente tinham sido abandonadas pelos alemães, num dia de janeiro de 1945. Logicamente foram expedidas ordens a fim de que patrulhas escalassem as elevações à frente para verificar o que havia do “outro lado do morro”. Isso pareceu a nós, fuzileiros, estúpido porque ainda no dia anterior, como em todos os outros dias, tínhamos tido sinais indiscutíveis da presença do inimigo nas cotas 822, 882, etc. à nossa frente. Apesar disso, as patrulhas foram enviadas e verificou-se que nós, e não o IV Corpo, estávamos com a razão. As patrulhas foram hostilizadas com fogo de armas automáticas e houve um morto na patrulha enviada pela 9a Cia do III Batalhão.

De qualquer maneira, o soldado não pode deixar de fazer críticas aos seus superiores. Se não fizesse, isso seria um sinal infalível de que o infante está muito infeliz ou doente.

Coisas incongruentes também sucediam. Ernie Pyle, no seu livro “Brave Men”, conta de um soldado sentado na borda do seu “fox-hole”, limpando o fuzil em preparação para um ataque, e ostentando na cabeça, em vez do capacete de aço, uma cartola de seda, dessas que os elegantes de gerações passadas usavam para ir à ópera. Ele a tinha encontrado numa casa abandonada e tencionava usar aquele objeto durante o próximo ataque. Posso contar um fato semelhante durante o inverno 1944-45, em Affrico, o Sargento Alceu Carvalho de Faria, tendo ido fazer uma patrulha, trouxe de volta, entre outras coisas, um “renard”, isto é, uma dessas peles de raposa com que as senhoras envolvem o pescoço. Era um “renard” já meio velho mas ainda bastante peludo. O Sargento passou a usar o tal bicho para proteger o pescoço contra o frio e não deixou de fazer isso enquanto durou o inverno. Não posso deixar de rir à recordação daquele sargento de 1,90, com enorme capote, capacete de aço, “tommy gun” (submetralhadora Thompson .45) dependurada do ombro e um “renard” envolvendo-lhe aristocraticamente o pescoço.

Mais atrás dei a entender que tomar banho em campanha era uma façanha de monta. E era mesmo. Quando ainda estávamos estacionados em Vada ou Tarquínia, as companhias iam a pé ou em caminhões até algum rio ou até a praia – previamente limpa de minas – a fim de tomar banho. Fora disso, cada homem conseguia um ou dois capacetes cheios d’água e com tal quantidade – acreditem ou não – conseguia manter-se razoavelmente limpo e ainda lavar alguma peça de roupa. A água para beber ficava em um recipiente de lona, grande, com 4 pequenas torneiras. Esse recipiente era cheio de água tratada com compostos químicos e ficava pendurado numa armação de madeira, debaixo de uma árvore. Todos os homens da companhia dele se serviam de água para beber.

Quando em ação na linha de frente lembro-me de ter tomado no máximo 8 ou 9 banhos desde setembro de 1944 até março de 1945, banhos em rio, no capacete ou em bacias de rosto dos italianos. Estes, gente do campo, nunca possuíam banheiros ou bacias grandes; por isso, quando os acontecimentos de guerra davam uma folga e havia casas por perto ( e sempre as havia ) eu procurava arranjar um banho. Tomar banho em bacia de rosto é uma tarefa complexa e exige grande paciência; a limpeza do corpo faz-se a prestações, mudando-se a água da bacia quando a mesma atinge um certo grau de coloração entre o marrom e o preto. O tenente Clóvis Garcia da CPP III tem uma experiência interessante a contar: tendo ele pedido, para tomar banho, a maior vasilha da casas onde estava, os moradores italianos trouxeram-lhe, cheio de água quente, o tacho em que, no dia anterior, havia sido feita a polenta. Sim, ele tomou banho.

Aliás, a falta de limpeza torna-se hábito e a sujeira, depois de um certo tempo, parece não sujar mais. Quando fui a Florença, durante três dias de licença, fiquei hospedado num hotel luxuoso, o “Albergo Anglo-Americano”. Havia um banheiro completo no meu quarto, água quente, aquecimento, etc. Pois só tomei um banho completo nesse banheiro estupendo; sendo inverno não me pareceu necessário perder mais tempo dentro da água e, voltando ao front, passei mais de 30 dias sem banho e sem fazer a barba.

Havia uma espécie de rodízio para os soldados servirem-se das instalações para banho – aliás muito reduzidas em número – que havia no “Albergo delle Terme”, ocupado pelo QG Avançado da FEB. Cada pelotão enviava três soldados pela manhã, ainda escuro, porque do PC da Cia os jeeps tinham que sair e chegar a coberto da escuridão, a fim de não atrair tiros de artilharia ou morteiros. Os homens iam até a casa onde estava instalada a cozinha da Cia, mais para trás, onde os seus “sacos A” estavam guardados, tiravam deste a roupa limpa e iam para Porreta Terme, para o banho. No corredor em frente aos quartos de banho havia sempre uma fila de pacientes soldados segurando embrulhos de roupa e toalhas. Eles estavam habituados a ter paciência e, além disso, o banho de seres que tinham vindo do front era sempre um assunto sério e demorado. Que o digam os dois italianos que tinham por função limpar as banheiras após cada homem ter terminado a limpeza. Depois dessa façanha, os soldados ficavam banzando na cidadezinha de Porreta, procurando uma “signorina” ou uma garrafa de “grappa”, até a hora do jantar. Jantavam na cozinha da Cia e voltavam para as posições à noitinha, com os dois jeeps que iam carregados também com os gêneros e alimentos para o dia seguinte e as cartas (ai! as cartas), quando as havia.

Outro interessante aspecto da vida de um pelotão de fuzileiros naqueles Apeninos eram os impulsos de domesticidade revelados por alguns dos homens. Era talvez o desejo de possuir algum lugar abrigado do tempo e das bombas, onde fosse possível estar quieto por algum tempo, fosse esse lugar um castelo de nobres fugidos ou a casa de um “contadino” ou um “buco”. Se a permanência em um lugar qualquer era de um dois dias ou por poucas horas, aqueles impulsos não se manifestavam. Se fosse, porém, uma permanência prolongada, os soldados mais dotados do senso do conforto tratavam de instalar-se com requintes, surgindo também em cena a capacidade de invenção mais ativa de alguns deles. Assim, aproveitando uma vez as pilhas usadas do rádio de campanha, o mensageiro montou iluminação na sua barraca, no estacionamento de Vada.

Em Affrico, onde o inverno nos prendeu por mais de dois meses. A instalação foi completa. Na cantina da casa que pertencera a um padre foram instalados dois fogões de ferro, para cozinhar os gêneros que eram enviados todas as manhãs, de acordo com as diretrizes – bastante sensatas aliás – de fazer com que os homens tivessem refeições quentes e preparadas na hora. Depois vieram colchões e respectivos estrados de cama, uma grande prateleira para guardar os gêneros, um calorífero foi instalado com grande trabalho e estardalhaço pelo mensageiro, veio uma poltrona estofada, mesa para escrever e até mesmo um fio especial foi puxado desde o PC do Pelotão de Transmissões do Batalhão – onde havia um rádio – a fim de que nós tivéssemos um pouco de música. Com o tempo e um pouco de jeito cada Comandante de Pelotão procurava obter mais telefones do que aquele que lhe cabia. Alguns “libertavam” telefones. Outros recorriam à generosidade e boa vontade do Tenente Waldemar Dantas Borges, Comandante do Pelotão de Transmissões. Eu consegui ter 3 telefones no pelotão, um no PC e 2 com os GC mais afastados. E tal arranjo poupava bastante esforço e preocupação a mim, aos mensageiros e a todos mais.

No fim de algum tempo todas as Cias e pelotões do III Batalhão tinham fios ligando os seus telefones ao aparelho receptor do Pelotão de Transmissões e muitos soldados, quando de sentinela à noite, ouviam música. É claro que havia o perigo de, enquanto corria a música pelos fios, o soldado que estava de guarda num posto avançado não podia ser ouvido quando quisesse dar alarme ou então que uma ordem urgente não pudesse ser transmitida com a requerida rapidez. E muitos “galhos” houve por causa disso. Mas não há como negar que a música era uma grande coisa.

Havia ainda alguns soldados que empregavam requintes na construção de seus abrigos. O soldado José Elias de Resende, de Goiás, construiu em Affrico um abrigo perfeito para dormir e descansar. Cavado na contra-encosta, completamente livre de qualquer tiro – exceto aqueles que viessem da nossa própria artilharia – possuía uma entrada estreita com degraus e permitia ficassem as pessoas em pé no seu interior. Dentro, Resende instalou um estrado de cama com colchão, uma mesinha para escrever, cavou nichos nas paredes para colocar objetos e tinha uma lamparina. As paredes eram forradas de papelão grosso das caixas de ração. Quente, seco, confortável, seguro.

Outros soldados forravam seus “bucos” – menos perfeitos – com tábuas e começaram a usar as folhas das portas e armários existentes na igreja e na casa, os dois únicos edifícios de Affrico. Dentro em pouco nenhuma porta mais existia, o que provocou uma queixa tímida e velada de um dos padres quando subiu a Affrico uma vez.

A nossa estada em Affrico foi longa e sua característica principal era a monotonia e a nossa vontade de sair daquele morro, desde que não fosse em patrulhas. Patrulhas havia-as pelo menos todas as noites para a Cia e, revezando-se os pelotões, o nosso tinha uma patrulha de dois em dois dias. Quando entramos no front os homens queriam fazer patrulhas, mas com o decorrer do tempo e o aumento das experiências de cada um o número de voluntários foi diminuindo e em Affrico era necessário escalar quem iria em patrulha. Nunca ninguém recusou-se a ir, mas cada um estava perfeitamente convicto que seria tolice oferecer-se para ir sem ter sido indicado. Eu os compreendia muito bem, pois pensava e ainda penso de maneira idêntica.

A minha Cia tinha à direita a 9a Cia e à esquerda a 7a . Uma noite escura houve movimentos na frente da 9a , cujas sentinelas atiraram no que supunham ser uma patrulha inimiga. O fato foi comunicado ao PC do Batalhão e de lá para as outras Cias. Ficamos alerta e, com efeito, daí a pouco as sentinelas do meu pelotão deram o alarme e fizeram fogo sobre o quer que fosse que havia à frente. Daí a alguns minutos as sentinelas do 1o e 3o Pelotões que estavam à esquerda perceberam a aproximação daquele elemento inimigo que tínhamos afugentado a tiros e, como era de esperar, descarregaram-lhe em cima mais bala. No dia seguinte via-se, bem perto e à frente das posições do nosso pelotão, um capacete “tedesco”, de certo perdido numa fuga precipitada. E foi só mais tarde nesse dia que viemos a saber que o dono daquele capacete se havia entregado aos homens da 7a Cia, os únicos que o tinham recebido um pouco mais hospitaleiramente.

CASTIGO.

Em seu livro “Brave Men”, Ernie Pyle refere-se à “fabulosa infantaria” e descreve a espécie de vida que levavam os infantes em campanha. Nessa descrição feita por um americano sobre soldados americanos, qualquer brasileiro que tenha feito parte daquela arma reconhecer-se-à e aos seus companheiros. Pyle coloca em primeiro lugar na sua preferência, no seu respeito e admiração e nas suas palavras os homens que viviam na lama e na sujeira, perseguindo o inimigo morro acima, a pé, e desalojando-os dos seus abrigos e posições, cansados, com frio e com medo, vencedores com aspecto de vencidos.

Pyle acompanhou uma companhia de fuzileiros durante muitos meses na Itália, na França e acabou sendo morto, em abril de 1945, em Okinawa, em combate, entre os infantes que o consideravam seu maior amigo.

Eu, naturalmente, apóio sem reservas o ponto de vista de Ernie Pyle. Entretanto, desgosta-me lembrar que, durante a nossa campanha na Itália, havia pessoas com ponto de vista diametralmente oposto. Refiro-me ao seguinte: quando um soldado, ou graduado ou mesmo um oficial subalterno que fizesse parte do pessoal do QG, do Serviço de Transportes, Polícia Militar ou qualquer outra unidade localizada à retaguarda, cometia falta muito grave ou se indispunha com seus superiores, esse indivíduo, como castigo, era enviado para uma unidade de infantaria por um certo tempo. Assim é que, na minha Cia e no meu pelotão houve alguns soldados que passaram algum tempo conosco, na linha de frente, como “expiação” de alguma falta ou delito. Não sei se tal providência era tomada pelo Comando Superior em caráter oficial ou não oficial. Mas em qualquer dessas hipóteses tal maneira de castigar despertou minha repulsa e a de outros infantes também. Com efeito, um soldado que se embriagara e cometera desatinos em uma casa de italianos era enviado por 10 ou 15 dias para um pelotão de fuzileiros a fim de ser punido. Ou então aquele que saíra com um jeep sem licença e espatifara a viatura. Ou aquele que se insubordinou e respondeu mal a um oficial superior. Para todas essas infrações e muitas outras mais os regulamentos do Exército prevêem punições. Mas como se isso não fosse apropriado, criou-se a modalidade de enviar um infrator para viver com a infantaria durante certo tempo. Qual a finalidade disso? Talvez fazer com que aquele indivíduo, que vivera dentro de uma casa comendo refeições quentes com regularidade, livre de ter de sair em patrulhas e até mantendo algumas relações sociais femininas, viesse sofrer um pouco, só um pouco, dormindo em buracos frios e cheios de lama, comendo mal, cada dia mais sujo e cansado e amedrontado? Ou talvez para fazê-lo associar-se com indivíduos que, pelo seu gênero de vida, poderiam ser considerados menos dignos na escala social?

Seja como for, o fato é que tal praxe pareceu-me odiosa e injusta, não para com aquele a quem se castigava, mas sim para conosco. Cada pelotão ou Cia de Fuzileiros era, embora involuntariamente, equiparado a um presídio ou casa de correção, no qual o “castigado” comportava-se bem, não por ser um bom soldado, mas sim para que o tirassem logo daquele lugar desolado, frio, perigoso e o devolvessem ao conforto e pequenas amenidades de que a sua estultice o privara.

E o infante? Ah! esse continuava no morro, no “buco”. Se ele se embriagava ou cometia tolices, os seus companheiros e superiores imediatos compreendiam algumas das causas do seu procedimento errado e ele mesmo, por solidariedade, emendava-se. Ou então, havendo possibilidade de atritos futuros, esse homem era simplesmente transferido de pelotão ou de Cia. Para que puni-lo com prisão ou algo mais? Pois se ele continuava na frente, na infantaria...


CARTAS.

As cartas da família constituíam um dos mais destacados elementos no sustento do moral do combatente brasileiro. Soldado ou oficial, letrado ou simples, todos sentiam os efeitos benéficos daquela injeção de saudade, afeição e notícias de casa. Consequentemente, a correspondência para a FEB e desta para o Brasil deveria ser objeto do máximo desvelo e esforços por parte dos que a tinham sob sua responsabilidade.

Até um mês depois de nossa chegada à Itália continuamos sem comunicação com a Pátria. Tendo deixado o Rio em 2 de julho de 1944, até a segunda quinzena de agosto nada havia ainda chegado até às nossas mãos. Foi esse o primeiro defeito: falta de previsão em organizar devidamente e com antecedência bastante o serviço postal para a FEB ou demora em fazer esse serviço – quiçá já organizado – funcionar. Deve-se, é verdade, ter em consideração que, tratando-se de um serviço novo e inédito no Brasil, necessário se fez um período de ajustamento das atividades e remoção de obstáculos e pequenas dificuldades de ordem prática. Com efeito, engrenadas as coisas passamos a receber cartas e até mesmo alguns pacotes com certa regularidade. Entretanto, fez-se logo sentir o segundo defeito de nossa organização postal-guerreira: a censura. Do lado dos combatentes a censura postal era feita do seguinte modo: os oficiais de cada subunidade faziam uma censura sumária das cartas dos homens diretamente sob seu comando e as cartas dos oficiais eram censuradas pelos oficiais integrantes do Serviço Postal da FEB na Itália. O objetivo dessa censura era apenas evitar que os soldados consignassem em suas cartas indicações de unidades combatentes brasileiras ou aliadas e dos lugares por onde passávamos; fazia-se com facilidade e flexibilidade. Parece, porém, que os funcionários encarregados da censura destinada à FEB, aqui no Brasil, cheios de zelo, partiam da consideração inicial de que todos os remetentes e destinatários de cartas e encomendas eram elementos suspeitos de espionagem e sabotagem em favor do inimigo. Como conseqüência, a censura feita aqui no Brasil era calamitosa para o moral do soldado e poderia ser considerada até como ajuda ao inimigo, embora involuntária, não fosse ela produto evidente da ignorância e da estupidez. Esse assunto já foi explanado com maiores detalhes em outro capítulo deste livro, por isso dispenso-me outras considerações. Devo ainda consignar que chegou até nós a notícia de que, tendo sido notados outros erros e abusos, além do apontado, as autoridades competentes introduziram medidas corretivas dos mesmos aqui no Brasil, o que melhorou bastante os excessos cometidos pelos censores.

A correspondência ia do Brasil para a Itália por via aérea. Havia regularidade nesse transporte. Entretanto, surgiu a idéia “luminosa” de que – talvez para economizar alguns milhares de litros de gasolina de alta octana – se deveria aguardar a partida dos transportes dos últimos escalões da FEB e, assim, transportar um grande volume de correspondência. Resultado: desde fins de dezembro até começos de fevereiro – durante um mês ou mais – ficamos desprovidos de cartas da família. Não é necessário acentuar a irritação e depressão causadas nos combatentes pela ausência de notícias de suas famílias e o efeito pernicioso no seu moral pela falta das expressões de carinho e amor que viriam naquelas cartas. Com a chegada do barco transportando o último escalão vimo-nos inundados de cartas; eu recebi 22 de uma só vez. Foi uma grande alegria, não há dúvida, mas por que privar por tanto tempo os expedicionários de alegrias tão simples, genuínas e necessárias? Quem sabe quantos soldados morreram durante aquele período de falta de correspondência sem ter tido o conforto de uma missiva dos pais ou da esposa, sem um momento de felicidade que talvez tornasse a neve menos fria e mais suportável a sua sorte...

E qual a razão daquele lapso tão longo? Nenhuma ao que parece. Nem sequer tiveram a caridade de procurar explicar ou justificar aquela demora.


PACOTES.

O setor das encomendas representou para os expedicionários outro espetáculo de desapontamento e, até mesmo, revolta. Em primeiro lugar pude verificar que os americanos enviavam para suas famílias toda sorte de pacotes, encomendas com “souvenirs”, até mesmo estátuas de mármore. Os brasileiros não tinham nenhum serviço ou facilidade para enviar pacotes para o Brasil. Quanto a receber pacotes do Brasil, isso era outra história. Instruções foram publicadas pelo DCT e amplamente divulgadas, sobre o tamanho, formato, peso e demais características dos pacotes a serem enviados aos expedicionários. Tais instruções foram obedecidas, mas os pacotes chegados aos destinatários foram em proporção ínfima. Cheguei a receber 4 encomendas, nada mais. Regressando ao Brasil vim a saber que de meus pais, tios, primos e amigos, cerca de 15 encomendas haviam sido enviadas para mim. Onde foram as restantes parar? Dolorosa interrogação.

Por pessoas amigas e parentes que trabalharam em serviços de coleta e remessa de donativos para os expedicionários no Rio e em São Paulo vim a saber do seguinte: coletados os donativos eram eles postos em um grande monte, indiscriminadamente. Mesmo as encomendas enviadas por parentes ou amigos a certo e determinado combatente, perfeitamente acondicionadas, eram desfeitas e seu conteúdo junto discricionariamente ao depósito geral. Daí eram feitos pacotes de conteúdo “standard”. Resultado: uma “socialização” dos pacotes e conseqüente abaixamento do seu nível qualitativo. Sim, porque dos cigarros de boa marca, chocolates finos, meias e luvas de tricô feitas a mão, só recebi uma caixa de papelão vagabundo com dois pares de meias de lã ordinária e rala, uma escova, um tubo de dentifrício e maços de cigarros “Jangada”, “Yolanda”, etc., que nem os próprios mendigos italianos queriam fumar. Na minha companhia e batalhão todos receberam as mesmas “maravilhas”, o mesmo sucedendo nos outros dois batalhões do 6o RI, conforme foi publicado no jornal “...E a cobra fumou”. Não me lembro de qualquer referência sobre um pacote contendo coisas menos desanimadoras. O que foi feito das boas coisas enviadas aos expedicionários pelas suas famílias e pelos brasileiros que compreenderam o seu dever de solidariedade patriótica? É melhor não investigar. Ouvi, de pessoas merecedoras de confiança e que trabalharam nos serviços da LBA e outras organizações, histórias chocantes de gula, cobiça desenfreada, apropriação indébita e completo descaso por parte de brasileiros e brasileiras que, permanecendo no conforto de seus lares, não se pejavam de tirar para seu uso coisas que proporcionariam um prazer honesto e merecido àqueles que sofriam e lutavam para que os outros pudessem viver em paz, sossego e dignidade.


_______________________________


(1): medalhas do Brasil, já que alguns combatentes brasileiros receberam condecorações do Exército dos Estados Unidos)

(2): os sublinhados são do amigo de sempre, o Clermont...

(3): o livro “Depoimento dos Oficiais da Reserva é de 1949.

(4): aposto que um ou outro espertinho usou a posse da medalha – com o conseqüente diploma – para tentar conseguir a pensão de ex-combatente...

(5): o típico “amigo-da-onça”...




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#55 Mensagem por Carlos » Sáb Jun 24, 2006 1:11 am

Filme americano sobre a participação do Brasil na 2a.GGM.

http://www.youtube.com/watch?v=4QHh3ih7 ... =brazil%20




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#56 Mensagem por Paisano » Sáb Fev 24, 2007 11:12 pm

Pessoal,

Achei no Blog do Luis Nassif esse vídeo em homenagem a participação do Brasil na Campanha da Itália:

http://www.youtube.com/watch?v=8Un5MqflL_M

Um abraço a todos.




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#57 Mensagem por jauro » Dom Fev 25, 2007 10:40 am

Paisano escreveu:Pessoal,

Achei no Blog do Luis Nassif esse vídeo em homenagem a participação do Brasil na Campanha da Itália:

http://www.youtube.com/watch?v=8Un5MqflL_M

Um abraço a todos.


MUITO BOM!




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#58 Mensagem por jauro » Ter Fev 27, 2007 4:17 pm

.Um belo exemplo
Sargento ex-combatente Joaquim Saraiva da Silva

Imagem



O Sargento Joaquim Saraiva da Silva integrou a Força Expedicionária Brasileira, por ocasião da Segunda Guerra Mundial, como militar do então 11º Regimento de Infantaria (hoje 11º Batalhão de Infantaria de Montanha, São João del Rei-MG).

Atualmente, o Sargento Saraiva reside em Ponte Nova (MG) e, com grande entusiasmo, ministra palestras nos Tiros-de-Guerra da região sobre os feitos dos veteranos em combate.

É notável o entusiasmo dos atiradores quando o febiano relata acontecimentos e responde a perguntas sobre sua experiência de guerra, transmitindo de informações de grande importância para a formação cívica dos jovens militares.

Sessenta e um anos após seu regresso das frentes de combate da Itália, o Sargento Saraiva é um belo exemplo de patriotismo e atua como um grande divulgador das ações militares. CComSEx




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#59 Mensagem por Pasquale Catozzo » Qui Mar 01, 2007 3:33 pm

http://www.museo.comune.montese.mo.it/w ... o/SS05.htm

site do museu de Montese, onde tem um seção dedicada à FEB.




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Sgt. Max Wolff Filho....

#60 Mensagem por dbotura » Ter Mar 13, 2007 12:46 pm

Sempre imaginei um filme sobre o Sgt. Max, no estilo do soldado Ryan, ia ficar muito bom, será que mais ninguem nunca pensou nisto ? Um verdadeiro herói nacional.......




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