O que fazer da BMI?

Assuntos em discussão: Exército Brasileiro e exércitos estrangeiros, armamentos, equipamentos de exércitos em geral.

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O que fazer da BMI?

#1 Mensagem por JNSA » Qua Set 14, 2005 11:42 am

Gostava de saber o que é que os membros portugueses (e todos os outros se também quiserem, claro... :wink: ) acham do estado da maior unidade operacional do Exército Português.
:arrow: Justifica-se a sua existência nos moldes actuais?
:arrow: Deveria ser expandida ou reduzida?
:arrow: Que equipamento adquirir ou modernizar?

Apesar da probabilidade da ocorrência de um conflito convencional na Europa ter diminuido grandemente, acho que ainda faz sentido dispôr de uma unidade mecanizada. Mesmo em missões de manutenção de paz e de contra-insurreição, os blindados pesados ainda podem ser úteis, sobretudo quando o inimigo dispõe de RPG's e IED's em quantidade, como no Iraque.

No entanto, a BMI foi votada ao abandono (tal como boa parte do Exército), mas sofreu ainda mais com isso, porque por exemplo, ao contrário da BAI, cuja eficácia em combate depende sobretudo da qualidade e treino dos paraquedistas que a integram, na BMI o equipamento desempenha um papel primordial.

E é aqui que se atingiu a obsolescência em massa. Os M60A3 estão perfeitamente desfazados face aos padrões NATO, tal como os M113. Mas pior do que estes estão os meios de comando e controlo, vigilância do campo de batalha e artilharia anti-aérea. O único ponto em que a BMI está bem servida é na artilharia auto-propulsada.

Também percebo que é um desperdício pensar em grandes compras para a BMI, sobretudo quando há lacunas em practicamente todas as outras áreas das FA. Mas isso não quer dizer que, com (relativamente) pouco dinheiro, não se possa fazer muito.

Quanto aos carros de combate, acho que temos algumas alternativas relativamente baratas. Não acho que exista qualquer necessidade de tanques novos. Em segunda mão, só há um modelo disponível - os Leopard 2A4 ou A5 excedentários em algumas forças armadas europeias. Poderiam ser uma alternativa, mas só se viessem a preço de saldo... :wink: Em contrapartida, poderíamos nós próprios fazer um upgrade aos M60A3. Não seria assim tão complicado construir cá blindagem adicional (reactiva ou passiva), bem como instalar sistemas de navegação, controlo de fogo e observação melhorados. Não tenho dúvidas de que os israelitas não teriam qualquer problema em dar-nos (leia-se vender... :wink: ) assistência técnica e mesmo alguns componentes para fazermos algo como o Magach 7, ou, gastando mais, como o Sabra Mk I ou II.

Ainda outra alternativa seria pedinchar aos EUA torres de M1 (se se quisesse manter a peça de 105mm) ou de M1A1 (120mm) e depois construir algo do género do M60-2000.

Os M113 também estão gravemente desactualizados, mas nada que uma modernização não possa resolver. Claro que eu gostava de ver a BMI com CV90's, mas realisticamente, não precisamos deles nem os podemos pagar. Para além do mais, um upgrade como o do L-Vas fica em cerca de 75.000 dólares, o que o torna MUITO competitivo face a um IFV novo. Mais uma vez, poderíamos recorrer aos israelitas para modernizarem os M113 para o padrão Zelda 2 ou L-Vas. Como armamento, colocava-se uma OWS por forma a dar mais protecção ao artilheiro.

Até aqui, creio que não gastaríamos assim muito. Onde a situação se torna mais complicada é nos meios de comunicação, comando e controlo, radares e outros meios de vigilância, e ainda na artilharia anti-aérea. A maioria teria que ser adquirida no estrangeiro, e a preços não tão baixos como a gente gostaria.

Em relação à artilharia anti-aérea, gostaria de saber o que pensam sobre a substituição do Chaparral. Devemos apostar no sistema auto-propulsado, mais caro mas mais versátil e eficaz, ou em MANPADS, consideravelmente mais baratos mas também muito menos capazes? No primeiro caso, talvez se pudesse conseguir alguns Avenger a preços de amigo (embora eu não acredite muito na generosidade dos EUA) ou então alguns Gepard excedentários (se existirem), instalando-lhes lançadores para mísseis Stinger, como a KMW planeia fazer.

Seria ainda necessário rever a frota de veículos de ligação e apoio logístico, e neste campo, é pena ver a capacidade que a indústria portuguesa perdeu nas últimas décadas... :(

E agora, gostaria de saber o que têm a dizer... :wink:




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#2 Mensagem por Spectral » Qua Set 14, 2005 4:15 pm

Epa, que post tão grande. Voçês advogados não sabem condensar melhor as coisas :mrgreen:


Vamos por partes (melhor dizendo, por ordem completamente aleatória :mrgreen:):

Apesar da probabilidade da ocorrência de um conflito convencional na Europa ter diminuido grandemente, acho que ainda faz sentido dispôr de uma unidade mecanizada. Mesmo em missões de manutenção de paz e de contra-insurreição, os blindados pesados ainda podem ser úteis, sobretudo quando o inimigo dispõe de RPG's e IED's em quantidade, como no Iraque.


Enquanto a BMI estiver equipada da actual forma, não tem a mínima hipótese de ser destacada no exterior como uma grande unidade de armas combinadas ( é para isso que serve). O máximo que se pode fazer é aprontar um batalhão de infantaria mecanizada com os M113s menos batidos, que é o que já foi feito algumas vezes. Mesmo assim este batalhão continua num nível tecnológico dos anos 70/80 e nada de novo/substancial traz às forças da NATO.

Não seria assim tão complicado construir cá blindagem adicional (reactiva ou passiva), bem como instalar sistemas de navegação, controlo de fogo e observação melhorados. Não tenho dúvidas de que os israelitas não teriam qualquer problema em dar-nos (leia-se vender... ) assistência técnica e mesmo alguns componentes para fazermos algo como o Magach 7, ou, gastando mais, como o Sabra Mk I ou II.


Os pacotes Sabra et al eram relativamente caros, e não temos a mínima experiência em integrar variado equipamento novo num veículo e obter um produto final viável. Aliás, quais foram as últimas modificações efectuadas a veículos efectuadas em Portugal. Nem de fabricar blindagem adicional ou outros equipamentos sexy, a base industrial pura e simplesmente não existe.


Os M113 também estão gravemente desactualizados, mas nada que uma modernização não possa resolver. Claro que eu gostava de ver a BMI com CV90's, mas realisticamente, não precisamos deles nem os podemos pagar. Para além do mais, um upgrade como o do L-Vas fica em cerca de 75.000 dólares, o que o torna MUITO competitivo face a um IFV novo. Mais uma vez, poderíamos recorrer aos israelitas para modernizarem os M113 para o padrão Zelda 2 ou L-Vas. Como armamento, colocava-se uma OWS por forma a dar mais protecção ao artilheiro.


O que é o L-VAS ? Uma OWS completa custa mais do que isso. E há sempre a questão do estado de conservação dos M113.


Em relação à artilharia anti-aérea, gostaria de saber o que pensam sobre a substituição do Chaparral. Devemos apostar no sistema auto-propulsado, mais caro mas mais versátil e eficaz, ou em MANPADS, consideravelmente mais baratos mas também muito menos capazes? No primeiro caso, talvez se pudesse conseguir alguns Avenger a preços de amigo (embora eu não acredite muito na generosidade dos EUA) ou então alguns Gepard excedentários (se existirem), instalando-lhes lançadores para mísseis Stinger, como a KMW planeia fazer.


Aqui há um ano atrás havia os rumores sobre a vinda eminente dos Avenger, mas entretanto nada. O Gepard não faz sentido, é outra plataforma (Leo1) a manter. Antes de adquirir Avenger, prefiria aumentar o número de lançadores/pelotões de Stinger no Exército em geral, que poderiam ser destacados para as várias brigadas em caso de operações.



Quanto ao que interessa realmente, tanques e IFVs :mrgreen:

Acho que se perdeu uma excelente ocasião em meados/finais dos anos 90 quando se podia ter adquirido Leo2A4 a preços de saldo no "cascading" da NATO. No clima político-económico actual não vejo possível a aquisição de tanques, mesmo que a um preço quase simbólico (veja-se a história dos submarinos).


Dos IFVs uma situação semelhante, podia-se ter efectuado a meado dos anos 90 o upgrade dos M113 para o AIFV (como os holandeses tinham feito no final dos 80s), ou até adquirir veículos novos de fábrica da Turquia. Agora ? Não sei, li há pouco tempo no tanknet que os holandeses estão todos rebentados e já não correspondem às necessidades da guerra moderna ( mas isto podem eles dizer, que são ricos :mrgreen: ).
Várias vezes fiz as contas dos números de IFVs necessários para equipar uma BMI a 2/3 batalhões de infantaria, e os números eram muito baixos ( ~30 por batalhão para as esquadras de infantaria, todas missões de apoio ficam para os M113s).


Agora ? Não sei :wink:




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#3 Mensagem por Spectral » Dom Set 18, 2005 11:22 am

E então, não há respostas/mais contribuições ? :wink:




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#4 Mensagem por Miguel » Dom Set 18, 2005 12:15 pm

se fosse eu organizava a BMI assim

-1 Grupo CC com os actuais M60 a substituir quando possivél por LeopardII ou Abrams M1

-3 Batalhões Inf Mecanizada com os Novos PANDUR em todas versões

-1 Grupo Artilharia com os actuais M109

-1 Esq Reconhecimento com PANDUR torre de 105
-1 Cia Engenharia
-1 Bat AntiAérea com Chapparral a substituir por AVENGER
etc....

NOTA: a França Utiliza nas suas Brigadas Blindadas Regimentos de VAB para a Infantaria em complemento dos Leclerc para os CC
apenas existe 4 REG/BATALHOES com VCI AMX/VTT ( em reserva)
existe é Regimentos de AMX10RC com torre de 105 para reconhecimento em força
alias o futuro VCI VEXTRA e sobre RODAS :wink:




cumprimentos
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#5 Mensagem por Túlio » Dom Set 18, 2005 2:26 pm

Aí, pessoal, peço desculpas por um Brasileiro se meter em um tópico óbviamente português, mas... Canhões antiaéreos..? Aí na Europa, onde os sistemas de armas são ativados a dezenas de quilômetros dos alvos? Abater o quê com um Gepard ou congênere?
Não quero parecer presunçoso mas, note-se, por favor, que AQUI, na subdesenvolvidíssima América Latina, até metralhadoras .50 ainda são aceitáveis, eis que os meios aéreos empregados são infinitamente menos sofisticados que os daí...
Vós, portugueses, membros da OTAN, têm acesso fácil e - creio eu - subsidiado pelo FMS aos Stinger 2 que, racionalmente desdobrados no terreno, seriam um empecilho mil vezes mais capaz que umas peças antiaéreas de tubo, fixas ou autopropulsadas, tanto faz, já que sua localização por sensores modernos seria relativamente fácil...
Ressalto que pouco conheço de vossa realidade, daí estar possivelmente incidindo em grosseiro erro de apreciação mas, em sendo assim, muito me agradaria ser devidamente informado.
Abração.




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#6 Mensagem por JNSA » Seg Set 19, 2005 8:10 am

Spectral escreveu:Epa, que post tão grande. Voçês advogados não sabem condensar melhor as coisas :mrgreen:


Ossos do ofício. É para confundir os juízes... E os professores também... :mrgreen:

Spectral escreveu:Enquanto a BMI estiver equipada da actual forma, não tem a mínima hipótese de ser destacada no exterior como uma grande unidade de armas combinadas ( é para isso que serve). O máximo que se pode fazer é aprontar um batalhão de infantaria mecanizada com os M113s menos batidos, que é o que já foi feito algumas vezes. Mesmo assim este batalhão continua num nível tecnológico dos anos 70/80 e nada de novo/substancial traz às forças da NATO.


Completamente de acordo.


Spectral escreveu:Os pacotes Sabra et al eram relativamente caros, e não temos a mínima experiência em integrar variado equipamento novo num veículo e obter um produto final viável. Aliás, quais foram as últimas modificações efectuadas a veículos efectuadas em Portugal. Nem de fabricar blindagem adicional ou outros equipamentos sexy, a base industrial pura e simplesmente não existe.


Por isso é que eu falei na necessidade de assistência técnica e mesmo da compra de alguns componentes. Se virmos bem, a moderna blindagem passiva adicional é constituída por camadas de diferentes metais (das mais complexas ligas ao tradicional aço), cerâmicas e outros materiais sintéticos. Ora Portugal tem capacidade industrial para produzir cada um destes componentes individualmente. Precisaria isso sim do "know-how" israelita ou de outro qualquer país, que estivesse disponível para vender-nos os planos da blindagem desejada (se estão disponíveis para venda no estrangeiro, também o estão para fabrico no estrangeiro - é só uma questão de negociação).

Ou então fazemos à maneira chinesa - compramos um exemplar e fazemos cópias... :mrgreen:

Quanto ao preço de um Magach ou de um Sabra, é uma questão de custo-benefício - se pudermos adquirir um Leopard 2 por um preço inferior, então o upgrade não faz sentido... Mas como o Spectral disse, há cada vez menos Leos no mercado, e a procura parece estar a crescer, o que pode tornar outras alternativas mais atraentes.

Spectral escreveu:O que é o L-VAS ? Uma OWS completa custa mais do que isso. E há sempre a questão do estado de conservação dos M113.


O L-Vas é um dos novos modelos de M113 melhorados proposto pelos israelitas, e custa efectivamente cerca de 75.000 dólares por unidade.
http://www.israeli-weapons.com/weapons/vehicles/armored_personnel_carriers/m-113/L-Vas.htm
Em relação às OWS, existem diversas versões disponíveis, com ou sem estabilização e diversos tipos de ópticas, e como tal, o custo varia. Em último caso, também podemos sempre improvisar uns escudos a la M113 ACAV...
:wink:

Spectral escreveu:Aqui há um ano atrás havia os rumores sobre a vinda eminente dos Avenger, mas entretanto nada. O Gepard não faz sentido, é outra plataforma (Leo1) a manter. Antes de adquirir Avenger, prefiria aumentar o número de lançadores/pelotões de Stinger no Exército em geral, que poderiam ser destacados para as várias brigadas em caso de operações.


Não creio que a incorporação do Gepard fosse um problema logístico. Afinal, seria um número de unidades relativamente reduzido. E o Avenger também seria uma nova plataforma a manter, apesar de já termos alguns Humvee. Falei do Gepard como exemplo, visto que com o upgrade previsto (integração de Stingers), torna-se bastante mais eficaz e tem como vantagem sobre o Avenger o facto de ter a mesma mobilidade táctica que o resto da brigada (o Avenger só seria melhor em estradas), bem como maior nível de protecção balística.

Mas como digo, qualquer um destes modelos seria um avanço face aos Chaparral.




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#7 Mensagem por JNSA » Seg Set 19, 2005 8:17 am

Miguel escreveu:-3 Batalhões Inf Mecanizada com os Novos PANDUR em todas versões

(...)

NOTA: a França Utiliza nas suas Brigadas Blindadas Regimentos de VAB para a Infantaria em complemento dos Leclerc para os CC
apenas existe 4 REG/BATALHOES com VCI AMX/VTT ( em reserva)
existe é Regimentos de AMX10RC com torre de 105 para reconhecimento em força
alias o futuro VCI VEXTRA e sobre RODAS :wink:


Miguel, já vamos comprar os Pandur para a BLI. Na minha opinião seria errado atribuí-los também à BMI. É uma mistura de conceitos e uma descaracterização da unidade. Para além do mais, a França é dos poucos países com exércitos modernos e forças mecanizadas relevantes que sistematicamente mistura blindados de rodas com blindados de lagartas - a maioria faz a separação desses dois tipos.

Também não me parecem necessários 3 Batalhões de Infantaria Mecanizada. Dois Batalhões mais o GCC são mais do que suficientes para o nosso quadro de missões. Mesmo esses já são muito difíceis de manter em condições de operacionalidade, e sobretudo, de colocar no teatro de conflito.




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#8 Mensagem por JNSA » Seg Set 19, 2005 8:23 am

tulio escreveu:Aí, pessoal, peço desculpas por um Brasileiro se meter em um tópico óbviamente português, mas... Canhões antiaéreos..? Aí na Europa, onde os sistemas de armas são ativados a dezenas de quilômetros dos alvos? Abater o quê com um Gepard ou congênere?
Não quero parecer presunçoso mas, note-se, por favor, que AQUI, na subdesenvolvidíssima América Latina, até metralhadoras .50 ainda são aceitáveis, eis que os meios aéreos empregados são infinitamente menos sofisticados que os daí...
Vós, portugueses, membros da OTAN, têm acesso fácil e - creio eu - subsidiado pelo FMS aos Stinger 2 que, racionalmente desdobrados no terreno, seriam um empecilho mil vezes mais capaz que umas peças antiaéreas de tubo, fixas ou autopropulsadas, tanto faz, já que sua localização por sensores modernos seria relativamente fácil...
Ressalto que pouco conheço de vossa realidade, daí estar possivelmente incidindo em grosseiro erro de apreciação mas, em sendo assim, muito me agradaria ser devidamente informado.
Abração.


Tulio, neste caso estamos a discutir os meios de artilharia anti-aérea de uma unidade mecanizada, e como tal, os meios auto-propulsados são mais indicados que os MANPADS, o que não quer dizer que estes últimos também não devam estar disponíveis.

A minha sugestão dos Gepard partiu das seguintes bases:
-existência de unidades excedentárias no Exército Alemão
-eventual possibilidade de aquisição a baixo custo
-existência de um upgrade que combina os canhões com mísseis Stinger (como é óbvio, não acho que sistemas apenas com canhões anti-aéreos sejam a resposta às ameaças modernas)
-plataforma blindada e com mobilidade táctica equivalente aos restantes meios da brigada (M60, M113, M109)

Como o Spectral disse, se esta compra vier a ser feita nos próximos tempos (anos?), o candidato mais provável será o Avenger, pelo menos, acreditando nos boatos...




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#9 Mensagem por Spectral » Seg Set 19, 2005 1:39 pm

Ossos do ofício. É para confundir os juízes... E os professores também..


:mrgreen:
Eu já vejo isso pelo meu irmão, que também anda a estudar em Direito.
:mrgreen:


Ou então fazemos à maneira chinesa - compramos um exemplar e fazemos cópias...


E depois começamos a exportar sem pagar royalties :mrgreen:


O L-Vas é um dos novos modelos de M113 melhorados proposto pelos israelitas, e custa efectivamente cerca de 75.000 dólares por unidade.
http://www.israeli-weapons.com/weapons/ ... /L-Vas.htm


héla, mas isto é excelente! Com este pacote, uma OWS (se estivessemos a falar a sério com um canhão de 25mm) e uma revisão mecânica ao M113 ficávamos com um IFV por um preço ridiculamente baixo.


Miguel, já vamos comprar os Pandur para a BLI. Na minha opinião seria errado atribuí-los também à BMI. É uma mistura de conceitos e uma descaracterização da unidade. Para além do mais, a França é dos poucos países com exércitos modernos e forças mecanizadas relevantes que sistematicamente mistura blindados de rodas com blindados de lagartas - a maioria faz a separação desses dois tipos.


Além que o VCI VEXTRA está numa classe superior em relação aos Pandur, muito mais pesado e blindado.



Bom, bom eram uns Puma alemães :P

Imagem




Já agora aqui vai a organização da BMI, e de um BIMEC (recolhida no fórum armada, acho eu, há uns anos atrás):

BMI


GCC/ BMI• (Grupo de Carros de Combate/ Brigada Mecanizada Independente)

Comando
c/ 3 CC M60A3 e 2 VBPC M577A2

ECS (Esq. Comando e Serviços)
Pel. Sanitário, Pel. Reab. e Transportes, Pel. Manutenção, mais subunidades?
VB Pronto-socorro M-88A1, M113A1 versão ambulância?
outras VB logísticas? Viaturas de rodas? Atrelados de transporte de CC?

3 x ECC (Esq. de Carros de Combate)
cada um com
Comando c/ 2 CC M60A3
e 3 x Pel. Cc c/ 5 CC M60A3 cada

EApComb. (Esq. de Apoio de Combate)
Comando
Pel. Anticarro c/ 4 M901 ITV Improved TOW vehicle
Pel. Morteiros Pesados c/ 4 M-106A1/2? (com morteiros de 120mm? ou 107mm?)


No caso de um BIMec, há alguns anos atrás obtive a informação de que o BIMec (na altura o único) tinha 89 VB M113A1 e seus derivados. Posso apenas adivinhar a distribuição de VB pelas subunidades.
Cmdo. Batalhão 2 VBPC M577A2
CCS, VB Amb. VB Pronto-socorro, VBTP M113

3 x CAtMec. Cada uma com:
Cmdo de Comp. c/ 1 VBPC M577A2
3 x Pel. At. Mec. cada um com 3 ou 4? VBTP M113 (a quarta no Cmd. de Pel.?)
1 Pel. Apoio c/ uma Secção c/ 3 M125A1 c/ Mort. 81mm
e uma secção ACarro c/ 2 VBAC TOW M113 e uma secção Recto. /metralhadoras c/ M113?





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#10 Mensagem por Rui Elias Maltez » Ter Set 20, 2005 8:04 am

JNSA:

Peço deculpa por não poder corresponder ao seu apelo para uma participação neste seu tópico bem interessante, mas versa matérias e conceitos que eu não domino minimamente.

No entanto, do seu texto inicial, ressalvo duas coisas:

1.
Que para mim e independentemente do dispositivo territorial do Exército poder ou não permanecer como está, concordo que haja uma Brigada vocacionada para a defesa pro-activa do território nacional, e com capacidade e formação para poder ser integradas em forças multinacionais em cenários de crise, desde que devidamente enquadradas por mandatos da ONU, e dentro da legalidade internacional.

E uma outra brigada essencialmente vocacionada para a defesa territorial do Portugal continental.

Para isso teriam que ser apontados 2 caminhos possíveis:

Aumentar a capacidade da FAP para em articulação estreita com o Exército poder prover a uma necessária movimentação de forças e para protecção aérea do espaço nacional, ou dotar o Exército dos meios em número suficiente para que essa Defesa fosse possivel.

Não discutiria agora se fazem sentido forças convencionais em quantidade para defender o território continental com 92.000 km quadrados que em poucos minutos podem ser devassados por potencais inimigos, por vias terrestres ou aéreas.

Por isso acho que essa brigada deveria estar essencialmente equipada com meios que lhe permitissem grande mobilidade por terra e aérea.

Por isso, noutros locais já defendi a necessidade para Portugal de um GALE alargado e dilatado relativamente ao que está previsto.

Um grande GALE que servisse essencialmente para transporte pelo ar de companhias inteiras e equipamentos diversos de região para região.

E aqui entra a ncessária enter-ligação com a FAP e com a sua falta de meios para assegurar uma supremacia e superioridade aérea que permitisse que essas movimentações de helis e terrestres das companhias e batalhões dessa grande brigada se pudesse deslocar e dividir no território em segurança.

2.
Ressalva às observações que o amigo JNSA aqui colocou:

Os nossos M-113 e os nossos M-60 estão obsoletos e eventualmente com uma taxa de operacionalidade baixa.

Se queremos ter umas forças terrestres em condições de elevada operacionalidade, teremos que investir em equipamentos novos.

E teremos que ter um sistema de defesa anti-aérea melhor e mais moderno que o vetusto Chaparral.

Precisariamos ainda de definir quais a ameças à nossa integridade territorial

Espanha já as definiu, apontando o Norte de África como o potencial inimigo a essa integridade territorial.

Se um dia Portugal definir essa ameaça será mais fácil configurar dispositivos e equipamentos para fazer face e essa ameaça previamente identificada, e adequar os equipamentos aos tipos e sistemas de armas desse potencial inimigo.

Mas insisto:

Para um país pequeno como o nosso, o êxito de uma força terrestre para defender minimamente certas parte do território, está na enorme mobilidade que só será garantida por uma grande e numerosa força de helis médios e pesados, e por viaturas de transporte de equipamentos e de infantaria.

Tudo devidamente defendido por uma força de aviões que permitam a efectiva segurança do nosso espaço aéreo, em qualidade e em quantidade suficiente.

Daí a minha insistência para a necessidade de termos pelo menos 3 esquadras de caças, e uma pequena esquadra de aviões de ataque, independentemente da força de helis de ataque que o GALE venha a ter futuramente.




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#11 Mensagem por JNSA » Ter Set 20, 2005 8:09 am

Spectral escreveu:
Ou então fazemos à maneira chinesa - compramos um exemplar e fazemos cópias...


E depois começamos a exportar sem pagar royalties :mrgreen:


Exactamente... O que é preciso é olho para o negócio... :mrgreen:


Spectral escreveu:
O L-Vas é um dos novos modelos de M113 melhorados proposto pelos israelitas, e custa efectivamente cerca de 75.000 dólares por unidade.
http://www.israeli-weapons.com/weapons/ ... /L-Vas.htm


héla, mas isto é excelente! Com este pacote, uma OWS (se estivessemos a falar a sério com um canhão de 25mm) e uma revisão mecânica ao M113 ficávamos com um IFV por um preço ridiculamente baixo.


Nem sequer era preciso um canhão em todos os M113 dos BIMecs. Seria perfeitamente exequível conjugar APC's (com MG's de 12,7mm ou 7,62mm, ou LG's de 40mm) com IFV's, e isso talvez até fosse preferível para missões em ambiente urbano. E claro, poupava-se algum dinheiro. :wink:

Spectral escreveu:Bom, bom eram uns Puma alemães :P

Imagem


Pois, isso também eu queria... :lol:
Se não existissem os actuais constrangimentos orçamentais, outra escolha que poderia ser muito interessante era a do SEP, com a versão de rodas para a BLI e a de lagartas para a BMI

http://www.army-technology.com/projects/sep/

E já agora, e tendo em conta que colocou esse TO&E da BMI, uma das alterações que para mim seria necessário fazer era acabar com os pelotões de 5 CC's (creio que na práctica já não são usados nestes moldes), e passá-los para 4 ou mesmo 3, criando em contrapartida mais um pelotão por cada ECC, ou mais um Esquadrão no GCC.




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#12 Mensagem por Guerra » Ter Set 20, 2005 12:06 pm

Miguel escreveu:se fosse eu organizava a BMI assim

-1 Grupo CC com os actuais M60 a substituir quando possivél por LeopardII ou Abrams M1

-3 Batalhões Inf Mecanizada com os Novos PANDUR em todas versões

-1 Grupo Artilharia com os actuais M109

-1 Esq Reconhecimento com PANDUR torre de 105
-1 Cia Engenharia
-1 Bat AntiAérea com Chapparral a substituir por AVENGER
etc....

NOTA: a França Utiliza nas suas Brigadas Blindadas Regimentos de VAB para a Infantaria em complemento dos Leclerc para os CC
apenas existe 4 REG/BATALHOES com VCI AMX/VTT ( em reserva)
existe é Regimentos de AMX10RC com torre de 105 para reconhecimento em força
alias o futuro VCI VEXTRA e sobre RODAS :wink:


O EB esta estruturando suas brigadas blindadas com dois batalhões de infantaria blindada e dois regimentos de carros de combate.
Uma cia de engenharia não é pouco para dar apoio a tanta unidade blindada?
As comunicações tem unidade separadas no exército portugues?




A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
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#13 Mensagem por Guerra » Ter Set 20, 2005 12:15 pm

Rui Elias Maltez escreveu:JNSA:

Mas insisto:
Para um país pequeno como o nosso, o êxito de uma força terrestre para defender minimamente certas parte do território, está na enorme mobilidade que só será garantida por uma grande e numerosa força de helis médios e pesados, e por viaturas de transporte de equipamentos e de infantaria.

.


Eu acredito que as FAs deve ter o tamanho das ambiçoes e de um pais.
Os EUA apostaram tudo em mobilidade, mas já estão revendo esses conceitos, porque ate mesmo para manter a mobilidade e preciso ter forças capazes de proteger essas tropas.




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#14 Mensagem por Túlio » Sex Set 23, 2005 2:49 am

Até porque, amigo Guerra, quanto mais se estica uma linha - vide US Army in Iraq, no início da ofensiva terrestre - mais frágil ela fica...
Abração.




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#15 Mensagem por JNSA » Sex Set 23, 2005 10:33 am

SGT GUERRA escreveu: O EB esta estruturando suas brigadas blindadas com dois batalhões de infantaria blindada e dois regimentos de carros de combate.
Uma cia de engenharia não é pouco para dar apoio a tanta unidade blindada?
As comunicações tem unidade separadas no exército portugues?


Não creio que uma companhia de engenharia seja insuficiente para apoiar uma brigada. E de qualquer modo, em caso de necessidade, temos ainda 2 Regimentos de Engenharia e a Escola Práctica desta arma.

Quanto às comunicações, o Exército Português dispõe de um Regimento de Transmissões e cada Brigada conta igualmente com uma Companhia de Transmissões.




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