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Mensagem
por FCarvalho » Sáb Nov 30, 2024 12:09 pm
Eu não sei os colegas, mas, me parece que seria sadio, e de bom alvitre, o almirantado olhar a possível venda dos 4 navios britânicos alardeados recentemente, tendo em vista a situação geopolítica de incerteza, ameaças e insegurança, no contexto sul americano recente.
Mesmo que não pareça, os militares tem se movido no Brasil no sentido de tentar prontificar suas forças da melhor maneira possível, tendo em vista uma eventual crise com a Venezuela. Como se sabe, não temos logística funcional, e muito menos capaz, de responder no curto prazo a qualquer maior imbróglio no TO norte. Assim, ao menos no que é possível ser feito com o que se tem em mãos, tenho visto diversas ações no sentido de tentar prover um mínimo de condições de resposta para isso.
No caso do CFN, os dois únicos navios disponíveis de fato hoje para apoiar a FFE são o NAe Atlântico e o Bahia, este recém saído de um longo PMG. Temos apenas um único navio tanque, e mesmo assim limitado em capacidades para dar conta de atender aqueles dois meios.
Bom, fato é que não temos condições de enviar por mar a lugar algum um simples unidade anfíbia de fuz nvs nucleada em 1 btl inf + elementos de apoio + aviação, como reza a doutrina do CFN. E para isso, seriam necessários bem mais do que apenas um remendo de meios que mal se sustentam sozinhos.
Em todo caso, a disponibilidade de mais 2 LPD e outros 2 navios reabastecimento podem minimizar esta situação, tendo em vista que ainda são meios com bons anos de vida operacional a oferecer, feitas as manutenções necessárias e impositivas junto aos britânicos.
Uma FT nucleada no NAe Atlântico transportando uma UAnf com base nos navios britânicos acima seria capaz de transportar mais de 2 mil elementos de tropa, entre combatentes e apoio ao combate. Número mais que suficiente para atender às necessidades desta OM a nível batalhão e torná-la efetiva enquanto força de combate.
Em que pese a questão dos meios navais de apoio ao CFN, é preciso dizer também que estes navios obrigatoriamente precisam das suas escoltas, o que, via de regra, significa que cada navio anfíbio e\ou apoio deve dispor a si, doutrinariamente, de pelo menos, 2 escoltas. Ou seja, no papel, a MB deveria dispor de muito mais fragatas do que possui hoje para fazer a escolta do NAe Atlântico e seus navios de apoio.
Nae Atlântico - 832 tropas
NDM Bahia - 450 tropas
LPD Classe Albion - 405 (705) > 810 (1.410)
Total: 2.092
Unidades Anfíbia - Btl Fz Nvs
1 Cmdo UAnf
1 Componente Combate Terrestre - Batalhão
1 Componente Apoio ao Combate - Eng, Com, Log, etc
1 Componente Apoio Aéreo
Vale destacar que o componente aéreo de uma Unidade Anfíbia poderia ser reforçado, também, com outros tipos de helos, como os Chinook que hora podem ser dispensados do serviço ativo pelos britânicos, em número de 14 unidades, e que a meu ver seriam muito bem vindos à aviação naval, já que a quantidade de UH-15 não será expandida em tempo algum, e não atende às necessidades do CFN e da MB.
O NAe Atlântico pode operar de 4 a 5 destes helos nos spots do convés de voo, enquanto que no deck inferior pode sustentar até 6 Chinook armazenados. No caso dos UH-15 o navio leva até 18 helos no hangar. Ou seja, sozinho o navio é capaz de levar mais helos do que a marinha possui deste modelo.
A classe Albion pode levar até 3 Merlin ou UH-15 em seu convés de voo e hangar, ou 2 Chinook. A classe Wave é capaz de operar com 1 Merlin ou UH-15. Ou dois, entre hangar e deck de voo, com o helo espotado. No caso do NDM Bahia, ele é capaz de operar com até 3 UH-15 ao mesmo tempo.
Entre os navios, caso os vasos britânicos fossem adicionados à esquadra, elevaria nossa capacidade de transporte em 8 helos de médio porte, no caso os UH-15. Somados aos dois existentes, poderíamos embarcar até 29 helos de médio porte. Ou mais, no caso do uso de aeronaves "espotadas" nos deck de voo, que todos os navios podem fazer. O emprego dos Chinook traria ao CFN uma capacidade gigantesca e até hoje inexistente na aviação naval em termos de suporte logístico e de apoio ao combate para a Esquadra.
Por fim, é preciso dizer que a capacidade de apoio de fogo ao CFN pela aviação naval está restrita até hoje aos pods de metralhadoras .50 e aos foguetes 70mm dos Esquilo, e que se encontram em fim de vida útil, e sem um substituto à altura para este fim. A compra de novos helos de ataque é outra necessidade que se faz sentir ao CFN mas que jamais encontrou viabilidade no planejamento naval, e não tem perspectivas até 2040. Talvez compras de oportunidade e\ou o recebimento de doações fortuitas possam vir a ser a solução.
É preciso pensar o futuro. E para nós, talvez ele chegue antes do esperado.
Carpe Diem