Marinha de Portugal
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Re: Marinha de Portugal
Dados do próprio concurso:
[/quote]
OPV Dimensional limits
The OPV must comply with the following main dimensions and dimensional limits:
a. Length overall 83.10 m
b. Length on waterline 76.80 m
c. Breath on waterline 12.26 m
d. Breath maximum 12.95 m
e. Scantling draught < 4.5 m
f. Depth (Main deck) 6.90 m
g. Depth (Deck 01) 9.60 m
2.3 Speed
The OPV must be able to operate in the following speeds:
a. Maximum speed maintained over 20 knots;
b. Cruise speed/operation speed between 13 and 15 knots;
c. Minimum continuous speed below 2 knots.
Operational Speed Profile
The OPV and its systems must be designed to comply with the following operational speed profile:
a. Speeds smaller than 13 knots 30% of operation time;
b. Speeds between 13 and 15 knots 50% of operation time;
c. Speeds between 15 knots and maximum sustained speed 10% of operation time;
d. Maximum sustained speed 10% of operation time.
Autonomy
The OPV and its systems must be able to remain on mission at sea for periods of up to 30 days (complement of 67) or 20 days (complement of 112), with drinking water production. The OPV must have a fuel autonomy of up to 14 days traveling at a speed of 15 knots (5000 nautical miles) maintaining a margin of fuel of 20%.
Manoeuvrability
The OPV must comply with all IMO MSC 137(76) - Standards for Ship Manoeuvrability, when navigating in Sea state 2 Douglas scale, wind force 2 Beaufort scale and depths over 110 meters, and the following additional requirements:
a. The OPV must be able to perform a turning cycle manoeuvre at 20 knots, with a tactical diameter smaller than 5 x length and an advance smaller than 4.5 x length;
b. The OPV must be able to perform crash stop manoeuvre within 4 x length;
c. The OPV must be able to turn 360º about a fixed point;
d. The OPV must be able to move sideways without advance;
e. The OPV must have manoeuvring capability with speeds lower than 2 knots.
[/quote]
OPV Dimensional limits
The OPV must comply with the following main dimensions and dimensional limits:
a. Length overall 83.10 m
b. Length on waterline 76.80 m
c. Breath on waterline 12.26 m
d. Breath maximum 12.95 m
e. Scantling draught < 4.5 m
f. Depth (Main deck) 6.90 m
g. Depth (Deck 01) 9.60 m
2.3 Speed
The OPV must be able to operate in the following speeds:
a. Maximum speed maintained over 20 knots;
b. Cruise speed/operation speed between 13 and 15 knots;
c. Minimum continuous speed below 2 knots.
Operational Speed Profile
The OPV and its systems must be designed to comply with the following operational speed profile:
a. Speeds smaller than 13 knots 30% of operation time;
b. Speeds between 13 and 15 knots 50% of operation time;
c. Speeds between 15 knots and maximum sustained speed 10% of operation time;
d. Maximum sustained speed 10% of operation time.
Autonomy
The OPV and its systems must be able to remain on mission at sea for periods of up to 30 days (complement of 67) or 20 days (complement of 112), with drinking water production. The OPV must have a fuel autonomy of up to 14 days traveling at a speed of 15 knots (5000 nautical miles) maintaining a margin of fuel of 20%.
Manoeuvrability
The OPV must comply with all IMO MSC 137(76) - Standards for Ship Manoeuvrability, when navigating in Sea state 2 Douglas scale, wind force 2 Beaufort scale and depths over 110 meters, and the following additional requirements:
a. The OPV must be able to perform a turning cycle manoeuvre at 20 knots, with a tactical diameter smaller than 5 x length and an advance smaller than 4.5 x length;
b. The OPV must be able to perform crash stop manoeuvre within 4 x length;
c. The OPV must be able to turn 360º about a fixed point;
d. The OPV must be able to move sideways without advance;
e. The OPV must have manoeuvring capability with speeds lower than 2 knots.
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Re: Marinha de Portugal
Por acaso a mim dá-me alguma esperança. Sim eu sou daqueles que ainda acredita nisto tudo.
Lendo a entrevista ao Gouveia e Melo dá para perceber que há uma linha orientadora disto tudo.
1 - Querem mais 2 submarinos;
2 - Querem NPO devidamente equipados e armados para guerra anti-submarina;
3 - Querem que as futuras Fragatas sejam feitas com base nas experiências que irão realizar no D. João II (testar conceitos, testar equipamentos, testar TTP).
4- Querem mais navios de forma a nunca ficarem na mão em caso de algum ficar inop por causa da acção do IN, manutenção, avarias.
O primeiro ponto está a ser transmitido publicamente à já algum tempo e não tenho visto grandes anticorpos da parte da classe politica à dita pretenção da Marinha.
O segundo ponto já está a ser cumprido, tendo já sido assinado o contrato.
O terceiro ponto também já está a ser transmitido transmitido publicamente à já algum tempo e penso que é perfeitamente ajustável à nossa realidade.
O primeiro caso relativo ao quarto ponto será a assinatura do contrato para os dois Navios Reabastecedores. Ninguém pensava sequer nessa possibilidade antes do CEMA dizer numa entrevista que era isso que a Marinha estava a tentar realizar e que inclusive, estavam em diálogo directo com dois grandes estaleiros para a construção dos mesmos.
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Re: Marinha de Portugal
Gouveia e Melo: “Se a Europa for atacada e a NATO nos exigir, vamos morrer onde tivermos de morrer para a defender”
Regressado da missão do submarino 'Arpão' no Ártico, o almirante Gouveia e Melo assinala maior “tensão” nas operações navais e o impacto da guerra na Ucrânia na segurança europeia. Chefe do Estado-Maior da Armada desde 2021, defende um serviço militar que mobilize rapidamente os jovens, se necessário.
No atual contexto internacional, estando em maio de 2024, é mais correto dizer que é possível ou que é provável ter militares e meios navais da Marinha envolvidos em combate nos próximos tempos?
Ouvimos declarações suas recentes em que alertou para a possibilidade de a Marinha poder vir a entrar em operações reais...As operações reais não significa que sejam operações de combate. São operações que podem incluir ações de dissuasão, pequenas ações, eventualmente escaramuças e, no último caso, ações de combate. Estamos perante uma iminência de um problema muito sério na Europa. A invasão que a Federação Russa fez a um país independente, que é a Ucrânia, veio mudar o comportamento internacional. Essa mudança pode ser de tal forma estruturante que pode destruir as bases que temos hoje. Destruindo essas bases, tudo o que hoje consideramos como garantido, que é a segurança na Europa, a NATO, a União Europeia, que são pilares essenciais para a nossa segurança e para a nossa prosperidade, podem ser postos em causa. Sendo postos em causa, num mundo muito conturbado, não é inimaginável, como era há uns anos atrás, que possamos ter de alinhar em conjunto, porque fazemos parte de uma aliança.
Mas tirando a parte dos combates, em que é que isso é diferente do dia a dia normal de uma atividade operacional da Marinha de Guerra? Porque a Marinha já está empenhada em missões internacionais, onde esse risco de escaramuças, pelo menos, existe, não é?
Mas até recentemente esse risco era distante. Porque havia um consenso internacional de não escalar. Por exemplo, se dois navios se encontrassem no mar e houvesse algum problema entre os dois navios, normalmente a ação seguinte era mitigar a situação, reduzir a tensão. Hoje isso não acontece. E dessa atividade que está a acontecer no mundo inteiro, mas mais na Europa e no Atlântico, pode acontecer é escalar-se para uma situação que não é nada confortável e para a qual temos de estar preparados a, para não sermos apanhados desprevenidos.
Nas vossas missões já tiveram algum sinal disso? Já houve algum momento com essa tensão?
Sim, houve momentos de tensão, de atos que não eram praticados nunca antes e que agora começam a ser praticados. Claro que ainda estamos numa fase controlada, mas essa fase controlada tem muito a ver com a perspetiva da evolução da Ucrânia também e do modelo, depois ou não, da confrontação que se vai seguir dentro da própria Europa, com ou sem a participação da NATO.
A Marinha tem noticiado o acompanhamento de navios russos que atravessam as nossas águas . Que tipo de informação é que tem sido recolhida?
Sempre existiram, mas numa quantidade completamente diferente. Para ter ideia, há três anos o número de acompanhamentos que fazíamos era inferior a uma dezena por ano. Só no ano passado fizemos 46 e já neste ano fizemos 14. Esses navios da Federação Russa, que podem ser militares ou mercantes mas com atividade militar conhecida, podem transitar nas nossas águas no sentido de irem da posição A para a posição B ou então podem ter interesses nas nossas águas. E as duas coisas acontecem simultaneamente. O que fazemos é vigiá-los, inibir que façam operações nas nossas áreas e estarmos em presença constante enquanto eles estão nas nossas águas. Imagine que está a fazer uma vigilância só eletrónica do navio e começa a perceber que o navio reduziu a velocidade. E quando percebe que o navio reduziu a velocidade, pergunta-se porque é que ele reduziu a velocidade? Se calhar vai meter um aparelho de prospeção para saber onde estão os nossos cabos submarinos ou se calhar muito mais do que isso, além de meter o aparelho, vai meter uma carga explosiva que pode ser ativada mais tarde em caso de necessidade. Se não estivermos presentes, não conseguimos inibir essa ação, nem prejudicar essa ação, nem nos apercebermos dessa ação. Poderíamos ter a suspeita que houve ali qualquer coisa, mas a vigilância aérea também não é permanente, a vigilância satélite não é permanente. Além disso, estamos a recolher informação, como eles recolhem de nós, para termos atualizadas as nossas bases de dados, caso a situação escale para uma situação pré-confronto ou de confronto num futuro próximo ou a médio prazo.
O tal risco das escaramuças pode acontecer nessas situações?
Claro que sim, já aconteceram situações desagradáveis nesses seguimentos.
O que é que quer dizer com situações desagradáveis?
Não vou aqui referir os assuntos operacionais concretos, mas não só connosco, mas com a própria Força Aérea também já aconteceram situações em que normalmente, nos períodos anteriores a este período de tensão, nunca aconteceriam e que nós consideramos que podem ser um escalar. E se não temos também o profissionalismo e o sangue-frio para não escalar uma situação dessas, pode criar um incidente internacional que pode inflamar uma situação que já por si não é boa.
Tendo em conta essa possibilidade de escalada, até que ponto é que a Marinha neste momento está melhor preparada do que estava, por exemplo, há dois anos?
A Marinha está mais pronta e mais preparada. A preparação tem a ver com o treino, a prontidão e os meios materiais. A Marinha tem cerca de 60% dos seus navios em estado operacional, o que é um valor bastante significativo.
Quanto era há dois anos?
Não lhe vou dar esses números. O que quero dizer é que 60% dos seus navios em estado operacional é um número muito elevado, mesmo para as Marinhas de referência. Portanto, conseguimos fazer alguma recuperação, não escondemos que temos problemas. Trabalhamos com duas Marinhas. Uma que está em renovação, que é uma Marinha mais moderna, e temos outra que ainda é uma Marinha antiga. A Marinha antiga está mais nas áreas de soberania e de fiscalização e a Marinha mais moderna está mais nas áreas da defesa propriamente dita. O que fazemos é tentar manter o melhor possível o estado dos equipamentos para operar. Muitas vezes temos de operar com limitações, porque a alternativa é não fazer a missão. E não fazer a missão é criar um vazio perigoso para o próprio Estado e para a própria aliança e até para o próprio Estado português dentro da aliança.
Sobre o NRP Mondego. Aquela sua intervenção a bordo do navio no Funchal resultou em quê? O que é que a Marinha e o país ganharam?
A intervenção foi muito relevante. Porque um conjunto de militares resolveu divulgar um ato de insubordinação. Um ato de insubordinação que tinha relevância nacional e internacional. Como qualquer ato de insubordinação, principalmente dentro das Forças Armadas - e haveria até, eventualmente, algum perigo de contágio desse ato de insubordinação - sendo público , tivemos de dizer de forma muito clara para dentro da organização e para o país que aquele ato não podia acontecer. Que era um ato condenável e que não podia acontecer. Foi isso que eu fui fazer. Fui muito criticado porque diziam que o meu ato foi dar um ralhete em público. Não dei ralhete nenhum em público. Se olharem para o meu discurso agora, passado quase um ano e tal, vão ver que não há nenhum ralhete. O que há são considerações, na altura feitas sobre um ato de insubordinação e sobre o significado desse ato de insubordinação, quer para dentro das Forças Armadas, quer para a Marinha, quer até em termos internacionais. E que esse ato tinha consequências. E que as pessoas que o tinham feito, que era lamentável terem-no feito, iriam ter as consequências normais que decorrem da própria lei.
E essa intervenção tornou melhor a vida dos militares, a vida na Marinha e tornou mais segura a Marinha à luz do país?
Tornou-a mais disciplinada. Foi um ato de clarificação. Sabe que muitas vezes quando o líder é titubeante nos momentos mais graves, acho que o sistema julga que tem mais espaço de manobra. E eu fui retirar o espaço de manobra. Fui dizer-lhes, e dizer em público, de forma veemente, que estes atos não são aceitáveis em nenhuma instituição militar em nenhum país. Não temos a tradição de fazer atos destes. Somos Forças Armadas democráticas, o poder político tutela as Forças Armadas, têm mecanismos para resolver problemas destes, não através de atos de insubordinação. Se forem admitidos atos de insubordinação nas Forças Armadas, as Forças Armadas acabarão no dia seguinte. Porque quando tivermos de combater, ninguém vai por prazer arriscar a sua vida ou de forma leve, a não ser um louco. Há atos muito difíceis de fazer nas Forças Armadas que requerem coragem e requerem disciplina. E é uma organização muito perfeita para evitar que as pessoas ponham em risco até os seus camaradas por atos de insubordinação. E, por isso, o que fiz foi dizer de forma muito clara que isto na Marinha é inaceitável e o país não deve aceitar uma coisa destas. E dizer que em termos internacionais isto não vai voltar a acontecer. Foi isso que fiz de forma muito veemente. As pessoas podem não estar habituadas a que um líder seja veemente, mas no meu modelo de liderança essa veemência é importante. Quando vou nomear um oficial para funções de comando costumo perguntar-lhe se ele é bandeira ou é vento. Eles ficam um bocado confusos no início. É porque se é vento, sigo eu, o senhor é que dirige o seu navio, mas se é bandeira, vai ser dirigido por uma massa informe que tem desejos estranhos e que podem não ser os desejos que o país necessita e que o país quer que sejam feitos.
Mas é uma pergunta com rasteira...
É, claro. Porque não estamos lá para nos divertirmos nem para andarmos a passear fardas, não é? Portanto, olho para a nossa função como uma missão. E a nossa missão exige muito espírito de sacrifício. Agora, esse espírito de sacrifício é compreendido pela maioria dos nossos militares. Este caso são 13 pessoas. Mas há seis mil militares. Há seis mil e tal pessoas que todos os dias, que são os outros militares todos da Marinha, são quase sete mil militares, que todos os dias cumprem missões muito difíceis, dos quais temos muito orgulho e a população tem de ter muito orgulho, porque cumprem missões em condições muito difíceis, muitas vezes em que o desejo de desistir, ou o desejo de ir pelo caminho mais rápido e mais simples nos ocorre. Só que temos de ter a força de vontade para não o fazer. E isso é o nosso juramento, isso é ser militar. Ser militar não é o emprego normal. Se fosse o emprego normal, era uma coisa completamente diferente.
Mas nesse caso o que estava em causa era os militares entenderem que havia risco para a sua segurança, dadas as condições do navio.
Provámos que não existia esse risco provámos que não existia. O navio não estava nas condições ideais, mas também aceitámos isso e já o declarámos diversas vezes. Esse risco é uma alegação que os militares fizeram e na nossa opinião, da organização, foi uma fuga para a frente para se defenderem. E eles têm o direito de defesa e o que quiserem alegar. No entanto, provámos isso e o navio continuou a navegar. Depois teve uma segunda avaria. Infelizmente para nós essa segunda avaria não teve nada a ver com as avarias anteriores. Foi um erro de procedimento que fez com que as válvulas de combustível que alimentavam os motores fossem fechadas numa determinada situação e os motores ficaram sem combustível e apagaram-se. Mas o que estes estes militares alegavam é que o navio ficaria em perigo se os motores parassem. E os motores pararam na semana seguinte e o navio não ficou em perigo, não morreu ninguém. Foram lá dois rebocadores, trouxeram o navio, porque estávamos numa operação com muita segurança. Tinha sido dito, que em caso de emergência se o comandante não se sentisse confortável, podia voltar para trás. A missão era importante e era relevante naquela altura e tínhamos de correr alguns riscos. Não eram riscos de vida, eram alguns riscos que foram corridos, mas nós militares corremos riscos. Faz parte da nossa missão.
O senhor almirante esteve há poucos dias a bordo do navio Arpão, debaixo do gelo do Ártico. O que é que tirou daqueles dias, para lá do gozo pessoal que teve, desta missão histórica de estar no Ártico com um submarino convencional?
Podemos ver a missão numa perspetiva quase romântica, não é? De um submarino convencional fazer um ato difícil, que é passar por baixo da calote polar. Mas vejo isto numa perspetiva muito mais pragmática e prática. Aquela zona é uma zona de saída de submarinos nucleares de potenciais adversários e se eles entrarem no Atlântico Norte, temos muita dificuldade em segui-los porque o Atlântico é imenso. E eles, para entrarem no Atlântico Norte, têm de passar em dois estreitos, muitos deles cobertos de gelo que os submarinos nucleares usam para se esconderem da deteção de meios aéreos e outros meios de deteção. E temos de conseguir bloqueá-los nessa saída. É estar à porta e bloqueá-los nesses tais estreitos. Para isso temos de conseguir operar debaixo do gelo. Como também temos de os conseguir bloquear, se for caso disso, no Atlântico Sul. No ano passado, testámos o nosso submarino no Atlântico Sul em águas muito quentes e provámos que conseguíamos operar o nosso submarino. Este ano fomos testar o nosso submarino nas condições extremas contrárias, a operar por baixo de uma placa de gelo, portanto, a calote polar. Isto é um sinal muito forte que damos não só aos nossos aliados, em termos da nossa capacidade, mas também a potenciais opositores, que em caso de necessidade temos capacidades, vontade e conhecimento para fazer operações onde mais lhes dói, que é precisamente nesses estreitos.
Informou os aliados deste feito?
Claro, foi imediatamente visível. Aliás, fizemos isto com o apoio de três aliados. Os Estados Unidos, o Canadá e a Dinamarca. Viram imediatamente a utilidade deste tipo de operações. Não fomos dar um passeio, andámos a testar táticas que serão úteis em caso de necessidade. E é isso que é o objetivo militar. Além disso, estivemos a fazer operações exatamente naquelas áreas que são os tais estreitos por onde os submarinos nucleares sairão para dentro do Atlântico. Os submarinos opositores, se for o caso disso.
E porque é que o chefe do Estado-Maior da Armada tinha de estar a bordo nesta missão?
Por diversos motivos. Porque era uma missão difícil, muito mais difícil até em termos psicológicos do que em termos de preparação. Porque sou o decano dos submarinos na Marinha Portuguesa, porque fui eu que dei a ordem. Esta ordem, esta missão era uma ideia minha há 14 anos atrás quando fui o comandante da Esquadrilha de Submarinos. Não gosto de dar ordens difíceis e não ter a vontade de me arriscar como os outros. Preferi estar lá com eles e dar-lhes também a confiança que sabia o que estava a fazer, estava consciente do que estava a fazer e que eles não estariam em nenhum risco especial porque tínhamo-nos preparado para a missão com todos os cuidados. As missões arriscadas preparam-se mitigando riscos e preparam-se com cuidado. Esta missão demorou. Estava há uns sete meses a ser preparada, mas já foi pensada há 14 anos.
O almirante acentua muitas vezes que o grau de sofisticação dos sistemas que são operados na Marinha é muito elevado. A modernização da Marinha de Guerra está a acompanhar as necessidades?
É claro que está a acompanhar. Temos dificuldades em pessoal, como se sabe. Os governos, e principalmente este governo, têm vontade de mitigar esse problema, ajudando ao recrutamento e à retenção, mas já é um problema que é geracional, é um problema que tem a ver com o número de jovens disponíveis na sociedade portuguesa, que tem a ver com muitos aspetos motivacionais. E o que temos de fazer é operar os marinheiros de silício com os marinheiros de carbono. Os marinheiros de carbono são os seres humanos e os marinheiros de silício são computadores com inteligência artificial, com capacidades extraordinárias que substituem em muito os seres humanos. Isso exige muita tecnologia. Sendo um país pequeno, com poucos recursos, é mais fácil investir nessa tecnologia para podermos cobrir as grandes áreas marítimas que temos com navios mais sofisticados que exigem menos pessoas, mas mais capazes até do que os navios anteriores com muito mais pessoas. Isso é um caminho que a Marinha está a fazer. Estamos a adquirir 17 navios novos, todos estes navios já são de uma nova geração, vão ter muito menos pessoas e são muito mais capazes de processar informação e de fazer ações quase em modo automático, o que evita usar uma grande componente humana no mar e com isso poupam-se recursos. As operações são mais sofisticadas, mas também mais seguras e, simultaneamente, mais capazes, porque os tais marinheiros de silício não se cansam, não precisa de comer e não se distraem e desde que bem ensinados com a ética certa, comportam-se de forma muito estável, mesmo em situações de stress, e têm capacidade de processamento muito superior ao do ser humano para determinadas tarefas. Enquanto o ser humano tem uma cognição superior, cansa-se com a repetição. Se tiver de fazer tarefas muito repetitivas, em que é exigida uma grande atenção, muito rapidamente se desgasta. Um computador nunca se desgasta, tem a capacidade de análise permanente, trata dados a uma velocidade extraordinária, faz comparações a uma velocidade extraordinária, tem uma memória gigantesca. Portanto, é esta conjugação que estamos a tentar encontrar nos novos meios.
Mas vai precisar cada vez mais de militares muito qualificados para operar todos estes sistemas, não é? Isso é difícil de conseguir nesta fase para a Marinha ou em geral para as Forças Armadas?
O que propomos à sociedade é um modelo em que trazemos jovens que se qualificam dentro das Forças Armadas. Não vamos buscar jovens já qualificados e agarramos nesses jovens e agora damos aqui um treino militar e o passam a ser um militar qualificado. Não. Nós trazemos jovens, qualificamo-los dentro das Forças Armadas através das nossas escolas de elevada qualidade e capacidade e, mais tarde, devolvemos à sociedade esses jovens muito mais qualificados. Alguns deles, por gosto, como aconteceu comigo e com outros, querem ficar nas Forças Armadas. É esse o modelo que devemos prosseguir para determinados sistemas em que a tal sofisticação é muito elevada. No entanto, há áreas em que o combate, apesar de ter elementos sofisticados, continua a depender muito de seres humanos. Portanto, não há uma solução típica para tudo. Se pensarem no que está a acontecer está na guerra das trincheiras entre a Ucrânia e a Rússia, há muita tecnologia, mas os soldados são seres humanos.
Qual é a sua estimativa de militares que precisa, tendo em conta a redução que a tecnologia proporciona?
Para uma Marinha equilibrada, precisávamos de cerca de 15 mil militares no modelo antigo e no modelo novo precisamos de cerca de 10 mil militares.
Portanto, ainda está abaixo.
Estamos muito abaixo disso. Por isso é que este modelo não é só com estes militares que vamos conseguir implementar. Agora, ao implementarmos, vai aliviar a carga sobre estes militares que temos, porque muitos destes militares trabalham num modelo antigo. Vou dar um exemplo: nos submarinos ninguém está na casa das máquinas, não é? Porque é vigiada à distância, tem sistemas de comando e controlo que estão permanentemente a verificar se as máquinas estão nos parâmetros normais. No navio antigo, quem vai lá medir os parâmetros é um homem que anda no meio da casa das máquinas a medir o manómetro de temperatura, o manómetro de pressão e tem de ir lá diversas vezes. E depois tem de ir mexer em válvulas, etc. Isso requer muito mais gente do que um sistema em que é um ser humano que está por trás de um computador, mas que esse computador já processa muita informação para o ser humano. E o ser humano toma decisões de alto nível, não está lá com as mãos, não é? Tem de ter dois ou três indivíduos que se for preciso mexer com as mãos, vão lá. Mas poupamos imenso. Para ter uma ideia, nos submarinos antigos a nossa guarnição era de 57 elementos. Nos submarinos novos são 33. É praticamente metade. E nos submarinos ainda mais recentes, se ainda for buscar tecnologia, se tiver os tais marinheiros de silício, se calhar precisa de 15 ou 16 militares e consegue ter uma capacidade ainda superior com menos militares. É esse o caminho.
Quando saem da Marinha, depois dessa formação, têm uma qualificação igual, menor ou superior a uma qualificação técnica obtida no ensino superior civil?
Em termos académicos têm uma qualificação igual. Em termos práticos, uma qualificação superior. Porque eles praticam a sua ciência todos os dias em sistemas sofisticados e em situações extremas. Uma coisa é o engenheiro que está a tomar conta de uma linha de montagem. Pode ser complexo, mas é muito regular. O engenheiro que está a tomar conta do navio faz N operações e o mar um dia está alteroso, no outro dia está calmo. A variabilidade do sistema obriga a que aquele engenheiro seja um indivíduo extraordinário em termos práticos. A Marinha está muito avançada na área da robotização e da inteligência artificial. Somos os líderes e não somos líderes só nacionais. Estive há um mês e pouco em Washington, a falar sobre estes temas, e no Pentágono disseram-me claramente que um exercício que fazemos (REP MUS) estava 10 anos avançado relativamente à média do que se está a fazer hoje. Admiram-nos. Somos os líderes nesta área. E nós tentamos contratar jovens e dizemos-lhes que se acabaram a licenciatura e se forem oficiais da Marinha ganham um ordenado razoável, damos-lhe alojamento e pagamos-lhes o mestrado. Também lhe prometemos que nunca vai combater, porque precisamos deles na retaguarda. E já temos jovens a fazer isso com muito sucesso. Temos um departamento de desenvolvimento de ciência aplicada, que chamamos de Centro de Experimentação Operacional e Desenvolvimento, que é uma referência internacional e da NATO.
Com essa atratividade não precisa do Serviço Militar Obrigatório, certamente. Lançou essa discussão e depois explicou que não era bem o Serviço Militar Obrigatório à antiga. Afinal o que defende?
Vou tentar fazer o resumo das minhas posições e explicar a minha posição. Estamos perante um momento difícil na Europa e não posso olhar para a área militar como se fosse uma pequena bolha, neste caso a Marinha, que é uma bolha muito tecnológica, e achar que a solução daquela pequena bolha é o paradigma de todas as soluções. Tenho de pensar de uma forma mais alargada. A Europa, os Estados Unidos e outros países, mas mais a Europa, criou um sistema de forças armadas profissionalizadas. Ao fazer isso, o que é que fez? Reduziu muito o conhecimento na sociedade do que são as atividades militares. Portanto, se houver 30 mil pessoas na sociedade portuguesa, atualmente, úteis para a defesa, se calhar é muito. Ao fazer isso, dificulta uma mobilização em caso de necessidade. Portanto, o que defendo é que temos de ter um modelo que permita uma mobilização rápida para os nossos jovens em caso de termos que nos defender. E esse modelo, isto não é na Marinha ou na Força Aérea, é um modelo muito mais alargado. Porquê? Porque se tivermos de nos defender, somos todos que temos de nos defender. Pergunto sempre às mães: preferem ter o seu filho a ser recrutado para uma defesa com uma semana de treino ou um filho que ao longo do tempo foi tendo conhecimentos e foi adquirindo experiência para, se um dia tiver de defender o país, possa fazê-lo com o mínimo de condições e com o mínimo de conhecimento? Imagine o seguinte: se tivermos de criar uma força de defesa nacional em caso de invasão, é nesse dia que vamos pensar nisso ou devemos preparar a nossa população para isso? Como é que organizamos a população? Organizamo-nos de uma forma de guerrilha? Não nos organizamos? Temos estruturas próprias de comando e controlo? Não temos? As pessoas sabem usá-las? Sabem comunicar? Portanto, não defendo o modelo do Serviço Militar Obrigatório antigo. O modelo que defendo é uma discussão pública para olharmos para o problema que está aqui à nossa frente e, olhando para esse problema, encontrarmos uma solução em conjunto, que tem de ser, claro, uma solução consensual. Não pode ser uma solução muito forçada, porque não há capacidade. Agora, não podemos é meter a cabeça debaixo da areia e dizer que isso não vai acontecer, porque estamos aqui neste cantinho e antes a Europa toda vai ser conquistada até chegarem cá. E quando chegarem cá já não vale a pena defender-nos, não é? Porque senão não somos aliados de nada. Quando digo defender o nosso país, não é o nosso país aqui em Portugal, o nosso país é o nosso espaço europeu. E podem ter certeza absoluta de que se a Europa for atacada e a NATO nos exigir, vamos morrer onde tivermos de morrer para defender a Europa, que é a nossa casa comum. Afinal, estamos a defender o nosso modo de vida, a democracia, os nossos sistemas, a nossa economia.
Isto que esteve a dizer nos últimos minutos e aquilo que vai acontecer nos próximos dias em Aveiro, é o que a Marinha tem para mostrar à população? É mostrar que há aqui algo mais do que ser militar?
Sim. A Marinha é muito mais do que a parte militar. Nós temos a autoridade marítima e dentro da própria Marinha há uma conceptualização que devemos ser um catalisador da economia do mar. O mar é um novo domínio, um novo desafio. Como nós, quando fizemos os nossos descobrimentos, foi um desafio enorme para o país e o país conseguiu vencê-lo. Há neste momento um novo desafio, há uma nova fronteira. E essa fronteira é ir viver para o mar e explorar o mar de forma sustentável, porque tem de ser, mas explorar o mar, porque são dois terços do planeta. A Marinha tem de ajudar nesse processo e tem de ser um dos pilares básicos desse processo. Somos um pilar básico na defesa, na proteção da propriedade, entre aspas, mas também na estruturação da segurança dessa propriedade com a autoridade marítima e até no estudo científico desse meio, com o Instituto Hidrográfico, e catalisando uma nova indústria, uma nova industrialização para o país, que é a industrialização que tem a ver com a informática, com as tecnologias de informação, mas com a robotização. Com todo um conjunto de tecnologias que vamos precisar para operar e viver no mar, sustentarmo-nos no mar de forma inteligente. Isso vai mudar a geografia, a geopolítica, a geoestratégia e a geoeconomia. Portanto, estamos perante um novo mundo, um novo desafio e a Marinha acha, e eu acho que acha muito bem, que deve ajudar o país a olhar para esse novo desafio.
Sentem interesse pelo Dia da Marinha?
Sim, os dias da Marinha são importantes, internamente também, porque há uma autoimagem que esses dias transmitem, mas há uma imagem posterior que também beneficia muito o recrutamento e a própria retenção também, nessa imagem interior. De qualquer forma, o Dia da Marinha não é uma festa, é uma missão que temos uma vez por ano, que é mostrar à sociedade que paga para qualquer coisa que é útil. E essa coisa útil chama-se Marinha de Guerra Portuguesa, com todas as suas outras componentes, como a Autoridade Marítima e todas as outras componentes que tem, científicas, etc. Quando o Estado precisa de atuar no mar, tem um instrumento chamado Marinha, militar ou não militar. Por razões óbvias de racionalidade económica, essa Marinha deve ter uma logística e uma base comum. Por isso é que chamamos de Marinha. Se não tivermos cuidado, andamos a desperdiçar recursos em pequenas marinhas sem capacidade, nunca constituindo uma Marinha com capacidade para ser o Estado no mar, o Estado em todas as suas necessidades.
Sendo que a Marinha tem o duplo uso...
Este é o modelo que defendemos, é a tal Marinha duplo uso. Faz tudo o que é militar e não militar com os mesmos meios e com as mesmas capacidades. O que é muito racional em termos económicos e é essa vantagem que andamos sempre a defender há muito tempo. Aliás, há um escritor inglês que diz que este tipo de Marinha, como a nossa, são as pós-modernas, porque as outras são as modernas à antiga, que têm cegueira seletiva. Quando vão para o mar, só veem cinzento. Só que no mar há todo o tipo de atores e todo o tipo de atividades. O mar não tem fronteiras, elas estavam muito separadas, agora estão muito unidas. A Federação Russa e outros países diferentes dizem o seguinte: para quem só vê cinzento, baralhamos as cores. Usamos a droga, a poluição, tudo o que puder afetar o outro Estado faz parte dos instrumentos de poder. Isso chama-se guerra híbrida. E quem tem Marinhas muito cinzentas não consegue perceber as ligações de todos estes fenómenos. E nós não. Nisso somos uns privilegiados. O nosso modelo é mesmo muito bom e mostramos na NATO e noutras operações que quando fazemos essas operações, porque temos esse modelo e porque estamos treinados a ver as outras coisas, conseguimos ver mais coisas que os outros não conseguem ver.
Mas sabe a quantas portas é que tem de bater para convencer algumas pessoas a ter essa Marinha e não as Marinhas?
Bato sempre à mesma porta, que é da minha tutela a quem explico as coisas, e da opinião pública, como é evidente, quando me pedem para explicar porque é que defendemos este modelo. De forma pública, defendemos este modelo e é um modelo que tem servido Portugal há muitos anos. Somos a Marinha com mais anos enquanto estrutura. Temos mais de setecentos anos. Fizemos muitos erros, mas aprendemos muita coisa. Agora não podemos é repetir erros. Quem tem poucos recursos vai dividir os recursos todos, tipo migalhas, para atuar num espaço gigantesco que é o espaço português. O espaço português marítimo, não sei se o público tem esta noção, mas é do tamanho da Europa. O país é uma migalha na Europa e está aqui isolado no canto sudoeste, mas no mar é central. É central à NATO, é central ao espaço europeu, porque no nosso mar passam quase todos os produtos da economia europeia. Agora, podemos abdicar disso e dizer que não temos interesse nenhum e que venha alguém que tome conta disto. E nesse dia perdemos independência.
Olhando para a atualidade, para o atual contexto político, sente falta de alguma task force em alguma área específica?
Se me permitir, não quero comentar política, porque a política é dos políticos, eu sou militar. Como cidadão, julgo que o nosso país tem muitos problemas que tem de resolver. E muitas vezes, quando temos muitos problemas, ficamos confusos, em termos das prioridades. Agora, não vejo nenhum outro método que não seja um método democrático. O que é perigoso é simplificação de soluções. É haver certas forças políticas que advogam soluções muito simplificadas e que podem ser muito atraentes em termos mediáticos, mas que podem ser perigosas depois em termos de execução. Julgo que o equilíbrio está ao centro. O centro deve ser forte e deve encontrar soluções dentro do que é a democracia. E neste momento também não vejo partidos que queiram subverter a democracia no sistema político português. O resto é política. E à política os políticos. Eu sou militar.
Já agora, queria que nos fizesse um ponto da situação em relação a alguns custos e investimentos que estão a ser feitos e que têm a ver, por exemplo, com o programa dos navios patrulha oceânicos, com o navio polivalente, com a capacidade de combate de algumas das unidades especiais da Marinha. Está tudo dentro dos prazos?
Sim. Felizmente temos um programa para adquirirmos 17 navios. A maior parte deles já foi contratada e em tempo. No primeiro semestre, quando muito, passando um a dois meses no segundo semestre, vamos contratar os outros navios. E depois isto é um processo contínuo de renovação e felizmente os governos perceberam a necessidade e na LPM estão vertidas as verbas necessárias. Ora, esta é uma renovação de uma Marinha que foi planeada num determinado contexto. Estamos num contexto muito mais gravoso neste momento e em democracia é o poder político que decide essas coisas. Isso tem de ser equacionado em termos do risco de estarmos desfasados em termos de capacidades e perigos.
O sr. almirante defende a aceleração?
Defendo a aceleração, mas não sou político.
“Não gosto de dar ordens difíceis e não ter a vontade de me arriscar como os outros”.
https://www.dn.pt/7223405403/gouveia-e- ... -defender/
Regressado da missão do submarino 'Arpão' no Ártico, o almirante Gouveia e Melo assinala maior “tensão” nas operações navais e o impacto da guerra na Ucrânia na segurança europeia. Chefe do Estado-Maior da Armada desde 2021, defende um serviço militar que mobilize rapidamente os jovens, se necessário.
No atual contexto internacional, estando em maio de 2024, é mais correto dizer que é possível ou que é provável ter militares e meios navais da Marinha envolvidos em combate nos próximos tempos?
Ouvimos declarações suas recentes em que alertou para a possibilidade de a Marinha poder vir a entrar em operações reais...As operações reais não significa que sejam operações de combate. São operações que podem incluir ações de dissuasão, pequenas ações, eventualmente escaramuças e, no último caso, ações de combate. Estamos perante uma iminência de um problema muito sério na Europa. A invasão que a Federação Russa fez a um país independente, que é a Ucrânia, veio mudar o comportamento internacional. Essa mudança pode ser de tal forma estruturante que pode destruir as bases que temos hoje. Destruindo essas bases, tudo o que hoje consideramos como garantido, que é a segurança na Europa, a NATO, a União Europeia, que são pilares essenciais para a nossa segurança e para a nossa prosperidade, podem ser postos em causa. Sendo postos em causa, num mundo muito conturbado, não é inimaginável, como era há uns anos atrás, que possamos ter de alinhar em conjunto, porque fazemos parte de uma aliança.
Mas tirando a parte dos combates, em que é que isso é diferente do dia a dia normal de uma atividade operacional da Marinha de Guerra? Porque a Marinha já está empenhada em missões internacionais, onde esse risco de escaramuças, pelo menos, existe, não é?
Mas até recentemente esse risco era distante. Porque havia um consenso internacional de não escalar. Por exemplo, se dois navios se encontrassem no mar e houvesse algum problema entre os dois navios, normalmente a ação seguinte era mitigar a situação, reduzir a tensão. Hoje isso não acontece. E dessa atividade que está a acontecer no mundo inteiro, mas mais na Europa e no Atlântico, pode acontecer é escalar-se para uma situação que não é nada confortável e para a qual temos de estar preparados a, para não sermos apanhados desprevenidos.
Nas vossas missões já tiveram algum sinal disso? Já houve algum momento com essa tensão?
Sim, houve momentos de tensão, de atos que não eram praticados nunca antes e que agora começam a ser praticados. Claro que ainda estamos numa fase controlada, mas essa fase controlada tem muito a ver com a perspetiva da evolução da Ucrânia também e do modelo, depois ou não, da confrontação que se vai seguir dentro da própria Europa, com ou sem a participação da NATO.
A Marinha tem noticiado o acompanhamento de navios russos que atravessam as nossas águas . Que tipo de informação é que tem sido recolhida?
Sempre existiram, mas numa quantidade completamente diferente. Para ter ideia, há três anos o número de acompanhamentos que fazíamos era inferior a uma dezena por ano. Só no ano passado fizemos 46 e já neste ano fizemos 14. Esses navios da Federação Russa, que podem ser militares ou mercantes mas com atividade militar conhecida, podem transitar nas nossas águas no sentido de irem da posição A para a posição B ou então podem ter interesses nas nossas águas. E as duas coisas acontecem simultaneamente. O que fazemos é vigiá-los, inibir que façam operações nas nossas áreas e estarmos em presença constante enquanto eles estão nas nossas águas. Imagine que está a fazer uma vigilância só eletrónica do navio e começa a perceber que o navio reduziu a velocidade. E quando percebe que o navio reduziu a velocidade, pergunta-se porque é que ele reduziu a velocidade? Se calhar vai meter um aparelho de prospeção para saber onde estão os nossos cabos submarinos ou se calhar muito mais do que isso, além de meter o aparelho, vai meter uma carga explosiva que pode ser ativada mais tarde em caso de necessidade. Se não estivermos presentes, não conseguimos inibir essa ação, nem prejudicar essa ação, nem nos apercebermos dessa ação. Poderíamos ter a suspeita que houve ali qualquer coisa, mas a vigilância aérea também não é permanente, a vigilância satélite não é permanente. Além disso, estamos a recolher informação, como eles recolhem de nós, para termos atualizadas as nossas bases de dados, caso a situação escale para uma situação pré-confronto ou de confronto num futuro próximo ou a médio prazo.
O tal risco das escaramuças pode acontecer nessas situações?
Claro que sim, já aconteceram situações desagradáveis nesses seguimentos.
O que é que quer dizer com situações desagradáveis?
Não vou aqui referir os assuntos operacionais concretos, mas não só connosco, mas com a própria Força Aérea também já aconteceram situações em que normalmente, nos períodos anteriores a este período de tensão, nunca aconteceriam e que nós consideramos que podem ser um escalar. E se não temos também o profissionalismo e o sangue-frio para não escalar uma situação dessas, pode criar um incidente internacional que pode inflamar uma situação que já por si não é boa.
Tendo em conta essa possibilidade de escalada, até que ponto é que a Marinha neste momento está melhor preparada do que estava, por exemplo, há dois anos?
A Marinha está mais pronta e mais preparada. A preparação tem a ver com o treino, a prontidão e os meios materiais. A Marinha tem cerca de 60% dos seus navios em estado operacional, o que é um valor bastante significativo.
Quanto era há dois anos?
Não lhe vou dar esses números. O que quero dizer é que 60% dos seus navios em estado operacional é um número muito elevado, mesmo para as Marinhas de referência. Portanto, conseguimos fazer alguma recuperação, não escondemos que temos problemas. Trabalhamos com duas Marinhas. Uma que está em renovação, que é uma Marinha mais moderna, e temos outra que ainda é uma Marinha antiga. A Marinha antiga está mais nas áreas de soberania e de fiscalização e a Marinha mais moderna está mais nas áreas da defesa propriamente dita. O que fazemos é tentar manter o melhor possível o estado dos equipamentos para operar. Muitas vezes temos de operar com limitações, porque a alternativa é não fazer a missão. E não fazer a missão é criar um vazio perigoso para o próprio Estado e para a própria aliança e até para o próprio Estado português dentro da aliança.
Sobre o NRP Mondego. Aquela sua intervenção a bordo do navio no Funchal resultou em quê? O que é que a Marinha e o país ganharam?
A intervenção foi muito relevante. Porque um conjunto de militares resolveu divulgar um ato de insubordinação. Um ato de insubordinação que tinha relevância nacional e internacional. Como qualquer ato de insubordinação, principalmente dentro das Forças Armadas - e haveria até, eventualmente, algum perigo de contágio desse ato de insubordinação - sendo público , tivemos de dizer de forma muito clara para dentro da organização e para o país que aquele ato não podia acontecer. Que era um ato condenável e que não podia acontecer. Foi isso que eu fui fazer. Fui muito criticado porque diziam que o meu ato foi dar um ralhete em público. Não dei ralhete nenhum em público. Se olharem para o meu discurso agora, passado quase um ano e tal, vão ver que não há nenhum ralhete. O que há são considerações, na altura feitas sobre um ato de insubordinação e sobre o significado desse ato de insubordinação, quer para dentro das Forças Armadas, quer para a Marinha, quer até em termos internacionais. E que esse ato tinha consequências. E que as pessoas que o tinham feito, que era lamentável terem-no feito, iriam ter as consequências normais que decorrem da própria lei.
E essa intervenção tornou melhor a vida dos militares, a vida na Marinha e tornou mais segura a Marinha à luz do país?
Tornou-a mais disciplinada. Foi um ato de clarificação. Sabe que muitas vezes quando o líder é titubeante nos momentos mais graves, acho que o sistema julga que tem mais espaço de manobra. E eu fui retirar o espaço de manobra. Fui dizer-lhes, e dizer em público, de forma veemente, que estes atos não são aceitáveis em nenhuma instituição militar em nenhum país. Não temos a tradição de fazer atos destes. Somos Forças Armadas democráticas, o poder político tutela as Forças Armadas, têm mecanismos para resolver problemas destes, não através de atos de insubordinação. Se forem admitidos atos de insubordinação nas Forças Armadas, as Forças Armadas acabarão no dia seguinte. Porque quando tivermos de combater, ninguém vai por prazer arriscar a sua vida ou de forma leve, a não ser um louco. Há atos muito difíceis de fazer nas Forças Armadas que requerem coragem e requerem disciplina. E é uma organização muito perfeita para evitar que as pessoas ponham em risco até os seus camaradas por atos de insubordinação. E, por isso, o que fiz foi dizer de forma muito clara que isto na Marinha é inaceitável e o país não deve aceitar uma coisa destas. E dizer que em termos internacionais isto não vai voltar a acontecer. Foi isso que fiz de forma muito veemente. As pessoas podem não estar habituadas a que um líder seja veemente, mas no meu modelo de liderança essa veemência é importante. Quando vou nomear um oficial para funções de comando costumo perguntar-lhe se ele é bandeira ou é vento. Eles ficam um bocado confusos no início. É porque se é vento, sigo eu, o senhor é que dirige o seu navio, mas se é bandeira, vai ser dirigido por uma massa informe que tem desejos estranhos e que podem não ser os desejos que o país necessita e que o país quer que sejam feitos.
Mas é uma pergunta com rasteira...
É, claro. Porque não estamos lá para nos divertirmos nem para andarmos a passear fardas, não é? Portanto, olho para a nossa função como uma missão. E a nossa missão exige muito espírito de sacrifício. Agora, esse espírito de sacrifício é compreendido pela maioria dos nossos militares. Este caso são 13 pessoas. Mas há seis mil militares. Há seis mil e tal pessoas que todos os dias, que são os outros militares todos da Marinha, são quase sete mil militares, que todos os dias cumprem missões muito difíceis, dos quais temos muito orgulho e a população tem de ter muito orgulho, porque cumprem missões em condições muito difíceis, muitas vezes em que o desejo de desistir, ou o desejo de ir pelo caminho mais rápido e mais simples nos ocorre. Só que temos de ter a força de vontade para não o fazer. E isso é o nosso juramento, isso é ser militar. Ser militar não é o emprego normal. Se fosse o emprego normal, era uma coisa completamente diferente.
Mas nesse caso o que estava em causa era os militares entenderem que havia risco para a sua segurança, dadas as condições do navio.
Provámos que não existia esse risco provámos que não existia. O navio não estava nas condições ideais, mas também aceitámos isso e já o declarámos diversas vezes. Esse risco é uma alegação que os militares fizeram e na nossa opinião, da organização, foi uma fuga para a frente para se defenderem. E eles têm o direito de defesa e o que quiserem alegar. No entanto, provámos isso e o navio continuou a navegar. Depois teve uma segunda avaria. Infelizmente para nós essa segunda avaria não teve nada a ver com as avarias anteriores. Foi um erro de procedimento que fez com que as válvulas de combustível que alimentavam os motores fossem fechadas numa determinada situação e os motores ficaram sem combustível e apagaram-se. Mas o que estes estes militares alegavam é que o navio ficaria em perigo se os motores parassem. E os motores pararam na semana seguinte e o navio não ficou em perigo, não morreu ninguém. Foram lá dois rebocadores, trouxeram o navio, porque estávamos numa operação com muita segurança. Tinha sido dito, que em caso de emergência se o comandante não se sentisse confortável, podia voltar para trás. A missão era importante e era relevante naquela altura e tínhamos de correr alguns riscos. Não eram riscos de vida, eram alguns riscos que foram corridos, mas nós militares corremos riscos. Faz parte da nossa missão.
O senhor almirante esteve há poucos dias a bordo do navio Arpão, debaixo do gelo do Ártico. O que é que tirou daqueles dias, para lá do gozo pessoal que teve, desta missão histórica de estar no Ártico com um submarino convencional?
Podemos ver a missão numa perspetiva quase romântica, não é? De um submarino convencional fazer um ato difícil, que é passar por baixo da calote polar. Mas vejo isto numa perspetiva muito mais pragmática e prática. Aquela zona é uma zona de saída de submarinos nucleares de potenciais adversários e se eles entrarem no Atlântico Norte, temos muita dificuldade em segui-los porque o Atlântico é imenso. E eles, para entrarem no Atlântico Norte, têm de passar em dois estreitos, muitos deles cobertos de gelo que os submarinos nucleares usam para se esconderem da deteção de meios aéreos e outros meios de deteção. E temos de conseguir bloqueá-los nessa saída. É estar à porta e bloqueá-los nesses tais estreitos. Para isso temos de conseguir operar debaixo do gelo. Como também temos de os conseguir bloquear, se for caso disso, no Atlântico Sul. No ano passado, testámos o nosso submarino no Atlântico Sul em águas muito quentes e provámos que conseguíamos operar o nosso submarino. Este ano fomos testar o nosso submarino nas condições extremas contrárias, a operar por baixo de uma placa de gelo, portanto, a calote polar. Isto é um sinal muito forte que damos não só aos nossos aliados, em termos da nossa capacidade, mas também a potenciais opositores, que em caso de necessidade temos capacidades, vontade e conhecimento para fazer operações onde mais lhes dói, que é precisamente nesses estreitos.
Informou os aliados deste feito?
Claro, foi imediatamente visível. Aliás, fizemos isto com o apoio de três aliados. Os Estados Unidos, o Canadá e a Dinamarca. Viram imediatamente a utilidade deste tipo de operações. Não fomos dar um passeio, andámos a testar táticas que serão úteis em caso de necessidade. E é isso que é o objetivo militar. Além disso, estivemos a fazer operações exatamente naquelas áreas que são os tais estreitos por onde os submarinos nucleares sairão para dentro do Atlântico. Os submarinos opositores, se for o caso disso.
E porque é que o chefe do Estado-Maior da Armada tinha de estar a bordo nesta missão?
Por diversos motivos. Porque era uma missão difícil, muito mais difícil até em termos psicológicos do que em termos de preparação. Porque sou o decano dos submarinos na Marinha Portuguesa, porque fui eu que dei a ordem. Esta ordem, esta missão era uma ideia minha há 14 anos atrás quando fui o comandante da Esquadrilha de Submarinos. Não gosto de dar ordens difíceis e não ter a vontade de me arriscar como os outros. Preferi estar lá com eles e dar-lhes também a confiança que sabia o que estava a fazer, estava consciente do que estava a fazer e que eles não estariam em nenhum risco especial porque tínhamo-nos preparado para a missão com todos os cuidados. As missões arriscadas preparam-se mitigando riscos e preparam-se com cuidado. Esta missão demorou. Estava há uns sete meses a ser preparada, mas já foi pensada há 14 anos.
O almirante acentua muitas vezes que o grau de sofisticação dos sistemas que são operados na Marinha é muito elevado. A modernização da Marinha de Guerra está a acompanhar as necessidades?
É claro que está a acompanhar. Temos dificuldades em pessoal, como se sabe. Os governos, e principalmente este governo, têm vontade de mitigar esse problema, ajudando ao recrutamento e à retenção, mas já é um problema que é geracional, é um problema que tem a ver com o número de jovens disponíveis na sociedade portuguesa, que tem a ver com muitos aspetos motivacionais. E o que temos de fazer é operar os marinheiros de silício com os marinheiros de carbono. Os marinheiros de carbono são os seres humanos e os marinheiros de silício são computadores com inteligência artificial, com capacidades extraordinárias que substituem em muito os seres humanos. Isso exige muita tecnologia. Sendo um país pequeno, com poucos recursos, é mais fácil investir nessa tecnologia para podermos cobrir as grandes áreas marítimas que temos com navios mais sofisticados que exigem menos pessoas, mas mais capazes até do que os navios anteriores com muito mais pessoas. Isso é um caminho que a Marinha está a fazer. Estamos a adquirir 17 navios novos, todos estes navios já são de uma nova geração, vão ter muito menos pessoas e são muito mais capazes de processar informação e de fazer ações quase em modo automático, o que evita usar uma grande componente humana no mar e com isso poupam-se recursos. As operações são mais sofisticadas, mas também mais seguras e, simultaneamente, mais capazes, porque os tais marinheiros de silício não se cansam, não precisa de comer e não se distraem e desde que bem ensinados com a ética certa, comportam-se de forma muito estável, mesmo em situações de stress, e têm capacidade de processamento muito superior ao do ser humano para determinadas tarefas. Enquanto o ser humano tem uma cognição superior, cansa-se com a repetição. Se tiver de fazer tarefas muito repetitivas, em que é exigida uma grande atenção, muito rapidamente se desgasta. Um computador nunca se desgasta, tem a capacidade de análise permanente, trata dados a uma velocidade extraordinária, faz comparações a uma velocidade extraordinária, tem uma memória gigantesca. Portanto, é esta conjugação que estamos a tentar encontrar nos novos meios.
Mas vai precisar cada vez mais de militares muito qualificados para operar todos estes sistemas, não é? Isso é difícil de conseguir nesta fase para a Marinha ou em geral para as Forças Armadas?
O que propomos à sociedade é um modelo em que trazemos jovens que se qualificam dentro das Forças Armadas. Não vamos buscar jovens já qualificados e agarramos nesses jovens e agora damos aqui um treino militar e o passam a ser um militar qualificado. Não. Nós trazemos jovens, qualificamo-los dentro das Forças Armadas através das nossas escolas de elevada qualidade e capacidade e, mais tarde, devolvemos à sociedade esses jovens muito mais qualificados. Alguns deles, por gosto, como aconteceu comigo e com outros, querem ficar nas Forças Armadas. É esse o modelo que devemos prosseguir para determinados sistemas em que a tal sofisticação é muito elevada. No entanto, há áreas em que o combate, apesar de ter elementos sofisticados, continua a depender muito de seres humanos. Portanto, não há uma solução típica para tudo. Se pensarem no que está a acontecer está na guerra das trincheiras entre a Ucrânia e a Rússia, há muita tecnologia, mas os soldados são seres humanos.
Qual é a sua estimativa de militares que precisa, tendo em conta a redução que a tecnologia proporciona?
Para uma Marinha equilibrada, precisávamos de cerca de 15 mil militares no modelo antigo e no modelo novo precisamos de cerca de 10 mil militares.
Portanto, ainda está abaixo.
Estamos muito abaixo disso. Por isso é que este modelo não é só com estes militares que vamos conseguir implementar. Agora, ao implementarmos, vai aliviar a carga sobre estes militares que temos, porque muitos destes militares trabalham num modelo antigo. Vou dar um exemplo: nos submarinos ninguém está na casa das máquinas, não é? Porque é vigiada à distância, tem sistemas de comando e controlo que estão permanentemente a verificar se as máquinas estão nos parâmetros normais. No navio antigo, quem vai lá medir os parâmetros é um homem que anda no meio da casa das máquinas a medir o manómetro de temperatura, o manómetro de pressão e tem de ir lá diversas vezes. E depois tem de ir mexer em válvulas, etc. Isso requer muito mais gente do que um sistema em que é um ser humano que está por trás de um computador, mas que esse computador já processa muita informação para o ser humano. E o ser humano toma decisões de alto nível, não está lá com as mãos, não é? Tem de ter dois ou três indivíduos que se for preciso mexer com as mãos, vão lá. Mas poupamos imenso. Para ter uma ideia, nos submarinos antigos a nossa guarnição era de 57 elementos. Nos submarinos novos são 33. É praticamente metade. E nos submarinos ainda mais recentes, se ainda for buscar tecnologia, se tiver os tais marinheiros de silício, se calhar precisa de 15 ou 16 militares e consegue ter uma capacidade ainda superior com menos militares. É esse o caminho.
Quando saem da Marinha, depois dessa formação, têm uma qualificação igual, menor ou superior a uma qualificação técnica obtida no ensino superior civil?
Em termos académicos têm uma qualificação igual. Em termos práticos, uma qualificação superior. Porque eles praticam a sua ciência todos os dias em sistemas sofisticados e em situações extremas. Uma coisa é o engenheiro que está a tomar conta de uma linha de montagem. Pode ser complexo, mas é muito regular. O engenheiro que está a tomar conta do navio faz N operações e o mar um dia está alteroso, no outro dia está calmo. A variabilidade do sistema obriga a que aquele engenheiro seja um indivíduo extraordinário em termos práticos. A Marinha está muito avançada na área da robotização e da inteligência artificial. Somos os líderes e não somos líderes só nacionais. Estive há um mês e pouco em Washington, a falar sobre estes temas, e no Pentágono disseram-me claramente que um exercício que fazemos (REP MUS) estava 10 anos avançado relativamente à média do que se está a fazer hoje. Admiram-nos. Somos os líderes nesta área. E nós tentamos contratar jovens e dizemos-lhes que se acabaram a licenciatura e se forem oficiais da Marinha ganham um ordenado razoável, damos-lhe alojamento e pagamos-lhes o mestrado. Também lhe prometemos que nunca vai combater, porque precisamos deles na retaguarda. E já temos jovens a fazer isso com muito sucesso. Temos um departamento de desenvolvimento de ciência aplicada, que chamamos de Centro de Experimentação Operacional e Desenvolvimento, que é uma referência internacional e da NATO.
Com essa atratividade não precisa do Serviço Militar Obrigatório, certamente. Lançou essa discussão e depois explicou que não era bem o Serviço Militar Obrigatório à antiga. Afinal o que defende?
Vou tentar fazer o resumo das minhas posições e explicar a minha posição. Estamos perante um momento difícil na Europa e não posso olhar para a área militar como se fosse uma pequena bolha, neste caso a Marinha, que é uma bolha muito tecnológica, e achar que a solução daquela pequena bolha é o paradigma de todas as soluções. Tenho de pensar de uma forma mais alargada. A Europa, os Estados Unidos e outros países, mas mais a Europa, criou um sistema de forças armadas profissionalizadas. Ao fazer isso, o que é que fez? Reduziu muito o conhecimento na sociedade do que são as atividades militares. Portanto, se houver 30 mil pessoas na sociedade portuguesa, atualmente, úteis para a defesa, se calhar é muito. Ao fazer isso, dificulta uma mobilização em caso de necessidade. Portanto, o que defendo é que temos de ter um modelo que permita uma mobilização rápida para os nossos jovens em caso de termos que nos defender. E esse modelo, isto não é na Marinha ou na Força Aérea, é um modelo muito mais alargado. Porquê? Porque se tivermos de nos defender, somos todos que temos de nos defender. Pergunto sempre às mães: preferem ter o seu filho a ser recrutado para uma defesa com uma semana de treino ou um filho que ao longo do tempo foi tendo conhecimentos e foi adquirindo experiência para, se um dia tiver de defender o país, possa fazê-lo com o mínimo de condições e com o mínimo de conhecimento? Imagine o seguinte: se tivermos de criar uma força de defesa nacional em caso de invasão, é nesse dia que vamos pensar nisso ou devemos preparar a nossa população para isso? Como é que organizamos a população? Organizamo-nos de uma forma de guerrilha? Não nos organizamos? Temos estruturas próprias de comando e controlo? Não temos? As pessoas sabem usá-las? Sabem comunicar? Portanto, não defendo o modelo do Serviço Militar Obrigatório antigo. O modelo que defendo é uma discussão pública para olharmos para o problema que está aqui à nossa frente e, olhando para esse problema, encontrarmos uma solução em conjunto, que tem de ser, claro, uma solução consensual. Não pode ser uma solução muito forçada, porque não há capacidade. Agora, não podemos é meter a cabeça debaixo da areia e dizer que isso não vai acontecer, porque estamos aqui neste cantinho e antes a Europa toda vai ser conquistada até chegarem cá. E quando chegarem cá já não vale a pena defender-nos, não é? Porque senão não somos aliados de nada. Quando digo defender o nosso país, não é o nosso país aqui em Portugal, o nosso país é o nosso espaço europeu. E podem ter certeza absoluta de que se a Europa for atacada e a NATO nos exigir, vamos morrer onde tivermos de morrer para defender a Europa, que é a nossa casa comum. Afinal, estamos a defender o nosso modo de vida, a democracia, os nossos sistemas, a nossa economia.
Isto que esteve a dizer nos últimos minutos e aquilo que vai acontecer nos próximos dias em Aveiro, é o que a Marinha tem para mostrar à população? É mostrar que há aqui algo mais do que ser militar?
Sim. A Marinha é muito mais do que a parte militar. Nós temos a autoridade marítima e dentro da própria Marinha há uma conceptualização que devemos ser um catalisador da economia do mar. O mar é um novo domínio, um novo desafio. Como nós, quando fizemos os nossos descobrimentos, foi um desafio enorme para o país e o país conseguiu vencê-lo. Há neste momento um novo desafio, há uma nova fronteira. E essa fronteira é ir viver para o mar e explorar o mar de forma sustentável, porque tem de ser, mas explorar o mar, porque são dois terços do planeta. A Marinha tem de ajudar nesse processo e tem de ser um dos pilares básicos desse processo. Somos um pilar básico na defesa, na proteção da propriedade, entre aspas, mas também na estruturação da segurança dessa propriedade com a autoridade marítima e até no estudo científico desse meio, com o Instituto Hidrográfico, e catalisando uma nova indústria, uma nova industrialização para o país, que é a industrialização que tem a ver com a informática, com as tecnologias de informação, mas com a robotização. Com todo um conjunto de tecnologias que vamos precisar para operar e viver no mar, sustentarmo-nos no mar de forma inteligente. Isso vai mudar a geografia, a geopolítica, a geoestratégia e a geoeconomia. Portanto, estamos perante um novo mundo, um novo desafio e a Marinha acha, e eu acho que acha muito bem, que deve ajudar o país a olhar para esse novo desafio.
Sentem interesse pelo Dia da Marinha?
Sim, os dias da Marinha são importantes, internamente também, porque há uma autoimagem que esses dias transmitem, mas há uma imagem posterior que também beneficia muito o recrutamento e a própria retenção também, nessa imagem interior. De qualquer forma, o Dia da Marinha não é uma festa, é uma missão que temos uma vez por ano, que é mostrar à sociedade que paga para qualquer coisa que é útil. E essa coisa útil chama-se Marinha de Guerra Portuguesa, com todas as suas outras componentes, como a Autoridade Marítima e todas as outras componentes que tem, científicas, etc. Quando o Estado precisa de atuar no mar, tem um instrumento chamado Marinha, militar ou não militar. Por razões óbvias de racionalidade económica, essa Marinha deve ter uma logística e uma base comum. Por isso é que chamamos de Marinha. Se não tivermos cuidado, andamos a desperdiçar recursos em pequenas marinhas sem capacidade, nunca constituindo uma Marinha com capacidade para ser o Estado no mar, o Estado em todas as suas necessidades.
Sendo que a Marinha tem o duplo uso...
Este é o modelo que defendemos, é a tal Marinha duplo uso. Faz tudo o que é militar e não militar com os mesmos meios e com as mesmas capacidades. O que é muito racional em termos económicos e é essa vantagem que andamos sempre a defender há muito tempo. Aliás, há um escritor inglês que diz que este tipo de Marinha, como a nossa, são as pós-modernas, porque as outras são as modernas à antiga, que têm cegueira seletiva. Quando vão para o mar, só veem cinzento. Só que no mar há todo o tipo de atores e todo o tipo de atividades. O mar não tem fronteiras, elas estavam muito separadas, agora estão muito unidas. A Federação Russa e outros países diferentes dizem o seguinte: para quem só vê cinzento, baralhamos as cores. Usamos a droga, a poluição, tudo o que puder afetar o outro Estado faz parte dos instrumentos de poder. Isso chama-se guerra híbrida. E quem tem Marinhas muito cinzentas não consegue perceber as ligações de todos estes fenómenos. E nós não. Nisso somos uns privilegiados. O nosso modelo é mesmo muito bom e mostramos na NATO e noutras operações que quando fazemos essas operações, porque temos esse modelo e porque estamos treinados a ver as outras coisas, conseguimos ver mais coisas que os outros não conseguem ver.
Mas sabe a quantas portas é que tem de bater para convencer algumas pessoas a ter essa Marinha e não as Marinhas?
Bato sempre à mesma porta, que é da minha tutela a quem explico as coisas, e da opinião pública, como é evidente, quando me pedem para explicar porque é que defendemos este modelo. De forma pública, defendemos este modelo e é um modelo que tem servido Portugal há muitos anos. Somos a Marinha com mais anos enquanto estrutura. Temos mais de setecentos anos. Fizemos muitos erros, mas aprendemos muita coisa. Agora não podemos é repetir erros. Quem tem poucos recursos vai dividir os recursos todos, tipo migalhas, para atuar num espaço gigantesco que é o espaço português. O espaço português marítimo, não sei se o público tem esta noção, mas é do tamanho da Europa. O país é uma migalha na Europa e está aqui isolado no canto sudoeste, mas no mar é central. É central à NATO, é central ao espaço europeu, porque no nosso mar passam quase todos os produtos da economia europeia. Agora, podemos abdicar disso e dizer que não temos interesse nenhum e que venha alguém que tome conta disto. E nesse dia perdemos independência.
Olhando para a atualidade, para o atual contexto político, sente falta de alguma task force em alguma área específica?
Se me permitir, não quero comentar política, porque a política é dos políticos, eu sou militar. Como cidadão, julgo que o nosso país tem muitos problemas que tem de resolver. E muitas vezes, quando temos muitos problemas, ficamos confusos, em termos das prioridades. Agora, não vejo nenhum outro método que não seja um método democrático. O que é perigoso é simplificação de soluções. É haver certas forças políticas que advogam soluções muito simplificadas e que podem ser muito atraentes em termos mediáticos, mas que podem ser perigosas depois em termos de execução. Julgo que o equilíbrio está ao centro. O centro deve ser forte e deve encontrar soluções dentro do que é a democracia. E neste momento também não vejo partidos que queiram subverter a democracia no sistema político português. O resto é política. E à política os políticos. Eu sou militar.
Já agora, queria que nos fizesse um ponto da situação em relação a alguns custos e investimentos que estão a ser feitos e que têm a ver, por exemplo, com o programa dos navios patrulha oceânicos, com o navio polivalente, com a capacidade de combate de algumas das unidades especiais da Marinha. Está tudo dentro dos prazos?
Sim. Felizmente temos um programa para adquirirmos 17 navios. A maior parte deles já foi contratada e em tempo. No primeiro semestre, quando muito, passando um a dois meses no segundo semestre, vamos contratar os outros navios. E depois isto é um processo contínuo de renovação e felizmente os governos perceberam a necessidade e na LPM estão vertidas as verbas necessárias. Ora, esta é uma renovação de uma Marinha que foi planeada num determinado contexto. Estamos num contexto muito mais gravoso neste momento e em democracia é o poder político que decide essas coisas. Isso tem de ser equacionado em termos do risco de estarmos desfasados em termos de capacidades e perigos.
O sr. almirante defende a aceleração?
Defendo a aceleração, mas não sou político.
“Não gosto de dar ordens difíceis e não ter a vontade de me arriscar como os outros”.
https://www.dn.pt/7223405403/gouveia-e- ... -defender/
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Re: Marinha de Portugal
O defensor dos navios desarmados, do fim das fragatas, das bimbys holisticas, com uma marinha em cacos, presa por arames, vem agora armado em galifão.
Nem 5 minutos durava contra os russos e anda armado em cão com pulgas.
Nem 5 minutos durava contra os russos e anda armado em cão com pulgas.
Triste sina ter nascido português
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Re: Marinha de Portugal
Claramente um cobarde...
Margem de erro: zero.
Nível de stresse: máximo.
Era preciso decidir rapidamente, com sangue-frio e de uma só vez. Tinha apenas 20 minutos para salvar o submarino e os homens, enquanto a água inundava o compartimento a um ritmo infernal. Assim que as máquinas fossem alagadas, o “Delfim” morria, tornava-se pesado e desaparecia para sempre no fundo do Mediterrâneo. Mandou os 53 homens da guarnição prepararem os procedimentos para abandonarem o navio e pediu para ficar sozinho na ré, a analisar o desastre. “Preparem-se e avisem Lisboa que estamos com um problema grave!” Fez uma marca para ver quanto tempo demorava a água a subir e calculou: eram só aqueles 20 minutos... Um engenheiro tinha mergulhado até à zona da fissura e concluído que as bombas já não tiravam água suficiente: “Não estamos a conseguir!” Com a tripulação instável, Henrique Gouveia e Melo, o comandante, tomou uma decisão interior que o acalmou. “Aconteça o que acontecer, não abandono o navio. Prefiro morrer aqui do que ter de viver para justificar a perda do submarino.” Ainda lhe atravessou o espírito a história de um comandante da Marinha portuguesa, que certa vez abandonou o posto e foi forçado a voltar para bordo porque o navio acabou por não afundar. Ele não passaria por vergonhas dessas.
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Re: Marinha de Portugal
Portanto temos:
NRP D. João II (já foi assinado o contracto de construção)
Navios Reabastecedores - 2 (o contracto de construção está para breve)
NavPol - 1
NPO 3ª série - 6 (já foi assinado o contracto de construção)
LF (antigas NPC?) - 6
O que perfaz os 16 navios que os responsáveis da Marinha estão sempre a falar.
O mais estranho é ver que oficialmente eles vão começar a mexer-se para a aquisição das novas Fragatas antes das LF, o que volta a baralhar os números.
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Re: Marinha de Portugal
A PNM portuguesa, sui generis.
Plataforma Naval Multifucional: el pequeño portaaeronaves que está haciendo Portugal
...
Este buque, diseñado bajo un nuevo concepto operativo, no tiene requisitos militares y no está armado... Es decir, que Portugal va a tener un pequeño portaaeronaves desarmado para labores científicas y de vigilancia.
...
https://www.outono.net/elentir/2023/05/ ... -portugal/
- cabeça de martelo
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Re: Marinha de Portugal
Características que a Marinha Portuguesa defende para as futuras "Plataformas Navais de Nova Geração". Antes do "desenho" final, a Marinha vai testar conceitos e capacidades através do NRP D. João II e de uma das Fragatas de Classe Vasco da Gama, que será "atualizada, com foco no comando e controlo e na projeção de força, por forma a servir como plataforma transportadora/lançadora de forças de fuzileiros e, se necessário, de navio de comando e controlo de operações navais"):
- Plataforma com cerca de 140 metros
- Pista rolante: No mínimo 80 m de comprimento e 6 de largura;
- A ponte, CO e CP terão uma proteção balística de nível 2;
- Propulsão elétrica, podendo ser combinado com turbinas a gás caso necessário para cumprir com os requisitos de velocidade;
- Velocidades superiores a 25 nós, bem como sustentar velocidades mínimas de 12 nós com até sea state 5;
- Combustível para 45 dias a 12 nós;
- Aguada e víveres (exceto frescos): para 45 dias;
- Radar 3 D rotativo (NS100/NS200/TRS-4D Rotator);
- Hangar capaz de albergar não só o helicóptero médio orgânico e aos sistemas não tripulados aéreos. Este terá ainda ligação interior à baía multipropósito.
- Baía multipropósito para soluções contentorizadas;
- Capacidade de transportar 1 FFZ e respectivas viaturas;
- Operar VENT aéreos de asa rotativa e de asa fixa (VTOL e STOL) capazes de efetuar tarefas de diversa natureza;
- Operação de UUV, AUV, USV, etc.;
- Um sistema de mísseis de médio e longo alcance com lançadores verticais;
- Uma peça de artilharia, que permitirá efetuar tiro antiaéreo e de superfície;
- Dois CIWS;
- Um sistema de mísseis antinavio e alvos terrestres de longo alcance;
- O CIWS deverá ter um modo de operação para a superfície;
- RWS de 12,7 mm que permitirão arcos de fogo de 360º em conjunto;
- lançamento de torpedos em ambos os bordos;
...
- Plataforma com cerca de 140 metros
- Pista rolante: No mínimo 80 m de comprimento e 6 de largura;
- A ponte, CO e CP terão uma proteção balística de nível 2;
- Propulsão elétrica, podendo ser combinado com turbinas a gás caso necessário para cumprir com os requisitos de velocidade;
- Velocidades superiores a 25 nós, bem como sustentar velocidades mínimas de 12 nós com até sea state 5;
- Combustível para 45 dias a 12 nós;
- Aguada e víveres (exceto frescos): para 45 dias;
- Radar 3 D rotativo (NS100/NS200/TRS-4D Rotator);
- Hangar capaz de albergar não só o helicóptero médio orgânico e aos sistemas não tripulados aéreos. Este terá ainda ligação interior à baía multipropósito.
- Baía multipropósito para soluções contentorizadas;
- Capacidade de transportar 1 FFZ e respectivas viaturas;
- Operar VENT aéreos de asa rotativa e de asa fixa (VTOL e STOL) capazes de efetuar tarefas de diversa natureza;
- Operação de UUV, AUV, USV, etc.;
- Um sistema de mísseis de médio e longo alcance com lançadores verticais;
- Uma peça de artilharia, que permitirá efetuar tiro antiaéreo e de superfície;
- Dois CIWS;
- Um sistema de mísseis antinavio e alvos terrestres de longo alcance;
- O CIWS deverá ter um modo de operação para a superfície;
- RWS de 12,7 mm que permitirão arcos de fogo de 360º em conjunto;
- lançamento de torpedos em ambos os bordos;
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Re: Marinha de Portugal
É um navio hidrográfico/cientifico, grande parte do orçamento para a construção do mesmo vem da UE.EduClau escreveu: ↑Dom Mai 19, 2024 1:11 pm A PNM portuguesa, sui generis.
Plataforma Naval Multifucional: el pequeño portaaeronaves que está haciendo Portugal
...
Este buque, diseñado bajo un nuevo concepto operativo, no tiene requisitos militares y no está armado... Es decir, que Portugal va a tener un pequeño portaaeronaves desarmado para labores científicas y de vigilancia.
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Re: Marinha de Portugal
A fragata NRP Bartolomeu Dias da @MarinhaPT chegou hoje à Base Naval de Lisboa, após ter participado na missão Akila. A missão insere-se no "European Carrier Group Interoperability Initiative", e contribui para o incremento da interoperabilidade e das capacidades combinadas.
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Re: Marinha de Portugal
O boneco holístico só faz passar vergonhas
Triste sina ter nascido português