#17542
Mensagem
por FCarvalho » Seg Nov 06, 2023 5:46 pm
Relendo o texto da entrevista do Alte Olsen, é possível ver a situação atual de obsolescência em bloco da MB sob duas perspectivas. A primeira é a da oportunidade, enquanto a segunda é a da desistência.
A primeira visão diz respeito a olhar estes números e pensar que temos neles a oportunidade de atribuir à substituição de tantos meios da marinha uma fonte de investimento e, também, de recursos para o erário público, levando em consideração que a contratação e construção de todos os navios necessários para isto trará inevitavelmente consigo nova escalada ascendente para a indústria de construção naval no Brasil. E por tabela, a BIDS junto.
No caso da segunda visão, é olhar o que está acontecendo, e no máximo nos dispormos, como sempre, lamentar-se e procurar alguém para culpar e apontar o dedo e, em consequência, jogar a toalha e abrir mão de quaisquer alternativas outras que não condenar a MB e a indústria naval do país ao ostracismo e a submissão a interesses que não os nossos. É a visão pela saída mais rápida e sem maiores preocupações, típicas de países subdesenvolvidos.
Isto posto, se o projeto final do NaPa 500BR for tão modular quanto uma MEKO da vida, como se propõe neste momento os engenheiros da MB, temos em mãos a grande possibilidade de gerar a partir desta classe de navios quase todas as soluções para a substituição dos meios atuais a nível distrital, principalmente, senão vejamos.
Apenas para a versão de patrulha a MB aventou a construção de 26 unidades. Há ainda a necessidade de patrulhas fluviais na região norte e centro oeste, das quais se falou na construção de cerca de 15 unidades. A força de minagem e varredura que precisa substituir seus navios, com duas bases pelo menos a serem munidas destes meios em Salvador e Itaguaí. Ao menos 12 navios serão necessários. Como indicado, também precisaremos de navios balizadores, hidrográficos, apoio logístico, transporte, navios hospital, faroleiros, etc. Enfim, considerando os números propostos no planejamento e as demandas da realidade fática, temos em perspectiva de uma centena ou mais de navios a serem construídos a partir do desenho básico dos NaPa 500BR.
Lembrar ainda que o CPN nunca tirou do papel o projeto do NaPa 200 que deveria ser um vetor de patrulha para o 4o DN servindo como meio de patrulha tanto naval como fluvial. Se voltássemos a trabalhar em cima deste projeto de forma a torna-lo factível em termos de emprego diversos, tal o seu primo maior, então estamos diante, mais uma vez, de uma grande oportunidade de reaver os anos perdidos para a indústria naval militar do país. E a partir de produtos e soluções propostos pela engenharia nacional.
Com o atual planejamento indo até o distante ano de 2040, temos pela frente duas escolhas para a construção naval militar. Deixar como está, e morrer sem deixar saudades, ou investir o que for possível a partir dos modelos propostos de forma a reativar toda a cadeia produtiva envolvida na construção naval. Vamos ter que investir muito dinheiro, mas ao mesmo tempo o erário público será recompensado com o retorno através dos muitos impostos, taxas, e outras quinquilharias financeiras do complexo tributário nacional pelas quais irá obter os ganhos do seu investimento, além de, óbvio, e não menos importante, gerar emprego, renda e e mais investimentos no desenvolvimento tecnológico no país.
A ver qual a decisão é a melhor para nós. A mais fácil ou a mais difícil.
Carpe Diem