ARTILHARIA DA F TERRESTRE
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Re: ARTILHARIA DA F TERRESTRE
AS CAPACIDADES DO RADAR SABER M200 MULTIMISSÃO NO LEVANTAMENTO DE ALVOS EM APOIO A ARTILHARIA DE CAMPANHA
Cap Art CARLOS EDUARDO DE FARIA GUIMARÃES
https://bdex.eb.mil.br/jspui/bitstream/ ... maraes.pdf
Alguém tinha que dar a ideia.
Cap Art CARLOS EDUARDO DE FARIA GUIMARÃES
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- Strike91
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Re: ARTILHARIA DA F TERRESTRE
Mais uma viagem de uma delegação do EB para China, a fim de conhecer e testar equipamentos bélicos chineses... Somado com as recentes visitas das delegações chinesas ao próprio EB mês passado e a atual ao comando da marinha em Brasília, será que finalmente teremos algum equipamento de origem chinesa nas Forças armadas brasileiras nos próximos anos?!
- FCarvalho
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Re: ARTILHARIA DA F TERRESTRE
Pode ser que sim, pode ser que não. Depende.Strike91 escreveu: Sex Jun 23, 2023 4:08 pm
Mais uma viagem de uma delegação do EB para China, a fim de conhecer e testar equipamentos bélicos chineses... Somado com as recentes visitas das delegações chinesas ao próprio EB mês passado e a atual ao comando da marinha em Brasília, será que finalmente teremos algum equipamento de origem chinesa nas Forças armadas brasileiras nos próximos anos?!
Essa visita focou apenas em sistemas de artilharia, no caso, visando os projetos da AAe e VBCOAP SR. Todo mundo sabe que os chineses estão oferecendo seus produtos para estes projetos. Nada demais até aí. Visita de praxe que faz parte do processo, como na VBC CAV.
Não sei se percebestes, mas tudo que os chineses oferecem para nós vem da NORINCO, e de nenhuma outra empresa do país, até onde eu sei. Notar que esta empresa é uma organização gigantesca que absorveu várias outras e fundiu suas atividades debaixo de uma única gestão. E faz tempo ela tem construído no país relações com a BIDS e outras indústrias de forma bem discreta.
O SH-15, como outros sistemas chineses, pode ser entregue dentro dos padrões OTAN que o EB adota, tanto no campo da logística como operacional, já que o obuseiro é em 155\52. A Imbel é uma das empresas com qual a NORINCO mais conversou por aqui nos últimos anos. Assim como vários sistemas ocidentais, o modelo chinês também pode ser montado em qualquer veículo pesado nacional, tal como dispõe os requisitos da viatura.
Os chineses com certeza tem conhecimento do ROB\RTLI da VBCOAP SR. E como parece este ano sai um resultado para este obuseiro, o EB está olhando de perto o que se pode conseguir de fato entre os potenciais fornecedores. Entre as empresas que apareceram como interessadas há gente muito conhecida e alguns novatas tentado a sorte no mercado brasileiro.
Esta compra com certeza vai mirar na melhor relação custo x benefício. Em termos de custos os chineses podem oferecer várias opções, de acordo com que o EB conseguir prover a si em termos de capacidade de aquisição. E como o governo federal anda falando muito em botar o dólar de lado, é bom ficar de olho.
E nada demais lembrar, a mesma NORINCO também dispõe do obuseiro AH-4 também de 155mm, o qual emprestou seu tubo\canhão e mecanismo de disparo para o desenvolvimento do SH-15.
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- gogogas
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Re: ARTILHARIA DA F TERRESTRE
Acredito que se algum equipamento chinês nas forças armadas , só se for goela abaixo como foi o caso do AH-2 Sabre
Gogogas !
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Re: ARTILHARIA DA F TERRESTRE
Os chineses são pragmáticos, e também costumam aprender rápido, como os israelenses fizeram ao compreender como a banda toca por estes lados, e qual o caminho das pedras para vender seus produtos para as ffaa's. Os frutos estão sendo colhidos agora.gogogas escreveu: Sáb Jun 24, 2023 8:09 am Acredito que se algum equipamento chinês nas forças armadas , só se for goela abaixo como foi o caso do AH-2 Sabre
Neste aspecto, a China não tem pressa, urgência ou necessidade de botar seus produtos nas ffaa's brasileiras amanhã.
Será, se ocorrer no curto e médio prazo, mais por uma questão de oportunidade do que de planejamento.
O pessoal por aqui está sempre muito mais preocupado em não perder as vagas que recebem para cursos, palestras e passeios nos USA e Europa do que com a operacionalidade objetiva das tropas.
Como eu digo, comprar ou não da China é menos uma escolha técnica do que uma escolha política de Estado.
Mas funciona assim para qualquer tipo de coisa que fazemos em relação, também, a USA e Europa, ou qualquer outro país.
Resta saber se vamos saber aproveitar as oportunidades que surgirem no campo de defesa com os chineses.
A ver.
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Re: ARTILHARIA DA F TERRESTRE
Gen. Paixão (Brasil): "O obuseiro auto-propulsado sobre rodas é inédito no Exército Brasileiro".
https://www.infodefensa.com/texto-diari ... brasileiro
E o que não é inédito para o exército que não seja comprado novo no último quarto de século
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E o que não é inédito para o exército que não seja comprado novo no último quarto de século
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- FCarvalho
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Re: ARTILHARIA DA F TERRESTRE
A decisão pelo fornecedor da VBCOAP SR irá definir, também, o substituto dos M-114, que como dito na matéria acima, existem 6 GAC atualmente em operação, o que equivale dizer, os grupos relativos às 3 AD operacionais. Neste aspecto, são poucas as empresas no mundo que oferecem obuseiros do mesmo modelo tanto auto rebocado como auto propulsado, o que ajuda bastante na questão da diminuição de custos e na logística de apoio e manutenção.
Entrementes, pelo que se argumentou do projeto do novo obuseiro auto propulsado é que ao menos um dos GAC AD sejam equipados com eles, para a exploração doutrinária, de forma a permitir no futuro uma decisão final sobre a sua utilização a nível da AD ou se avança na compra de modelos auto rebocados a fim de substituir os M-114. Se do mesmo modelo ou não das VBCOAP SR é algo a decidir.
Pelo que me lembro, além dos 6 GAC AR das AD, existem outros 3 GAC AR AD equipados com M-109A3, o que torna a reorganização\redistribuição destas OM algo também a ser pensado quando da decisão da VBCOAP SR. Se for assim, temos que responder quantos GAC AD afinal, se 6 ou 9, serão equipados com aqueles obuseiros AP ou se seguem com o modelo atual de composição com modelos AR. Notar, novamente, que o manual dos GAC AD dispõe 2 grupos de artilharia a cada AD, sem mencionar modelos\tipos a serem utilizados.
Ainda notar que as DE 2, DE 6 e DE 7 não possuem qualquer artilharia divisionária ligadas a si, o que é mais um dos muitos furos operacionais existentes no exército. Neste sentido, seria possível verificar a possibilidade de distribuir ao menos 2 dos 3 GAC AP das AD atuais para compor um daqueles grandes comandos. Ou mesmo adotar uma solução minimalista de dispor 1 GAC AP para cada uma daquelas divisões de exército a título de "manutenção de doutrina" como é de costume.
Não é preciso dizer que a opção por manter obuseiros AR 155 na artilharia divisionária é mais palatável e acessível ao orçamento de investimento e custeio que se pode manter na realidade orçamentária atual e futura. Neste aspecto, esta decisão me parece ser a mais sensata se formos levar apenas em conta questões de custos. Mas a escolha não se limita apenas a essa questão. E nem poderia. De qualquer forma, se 6 ou 9 GAC, a adoção de obuseiros AR simplifica tudo e nos permitiria focar nos GAC das bdas de inf e cav mecanizadas, para as quais se tem uma demanda teórica de 8 GAC a serem equipados com as VBCOAP SR.
A organização básica do GAC AD é de 18 obuseiros a 3 bia. No caso dos GAC AD, temos uma demanda teórica de 108 peças para 6 GAC ou 162 peças no caso de se manter os atuais 9 GAC que equipam a artilharia divisionária.
No caso dos GAC AP das bdas mec a demanda é para até 144 peças se todas as brigadas forem equipadas igualmente.
Por fim, é preciso dizer que a seguir-se os manuais tal como estão escritos, a organização real das AD deveria ser de 12 grupos de artilharia. Organizar e manter tal quantidade me parece ser inviável para o EB em uma visão de longo prazo caso se adote vetores AP 155mm. Mas isto poderia ser equacionado no caso da adoção de novas peças AR, visto a diferença de custos entre ambas. Conquanto, a pergunta que me faço neste momento diante inclusive dos acontecimentos na Ucrânia é: a artilharia divisionária tal como está organizada no EB ainda é atual e atende os preceitos da guerra moderna
Por enquanto eu ainda não vi ninguém questionar isso. Mas pode ser que possamos começar por aqui.
Entrementes, pelo que se argumentou do projeto do novo obuseiro auto propulsado é que ao menos um dos GAC AD sejam equipados com eles, para a exploração doutrinária, de forma a permitir no futuro uma decisão final sobre a sua utilização a nível da AD ou se avança na compra de modelos auto rebocados a fim de substituir os M-114. Se do mesmo modelo ou não das VBCOAP SR é algo a decidir.
Pelo que me lembro, além dos 6 GAC AR das AD, existem outros 3 GAC AR AD equipados com M-109A3, o que torna a reorganização\redistribuição destas OM algo também a ser pensado quando da decisão da VBCOAP SR. Se for assim, temos que responder quantos GAC AD afinal, se 6 ou 9, serão equipados com aqueles obuseiros AP ou se seguem com o modelo atual de composição com modelos AR. Notar, novamente, que o manual dos GAC AD dispõe 2 grupos de artilharia a cada AD, sem mencionar modelos\tipos a serem utilizados.
Ainda notar que as DE 2, DE 6 e DE 7 não possuem qualquer artilharia divisionária ligadas a si, o que é mais um dos muitos furos operacionais existentes no exército. Neste sentido, seria possível verificar a possibilidade de distribuir ao menos 2 dos 3 GAC AP das AD atuais para compor um daqueles grandes comandos. Ou mesmo adotar uma solução minimalista de dispor 1 GAC AP para cada uma daquelas divisões de exército a título de "manutenção de doutrina" como é de costume.
Não é preciso dizer que a opção por manter obuseiros AR 155 na artilharia divisionária é mais palatável e acessível ao orçamento de investimento e custeio que se pode manter na realidade orçamentária atual e futura. Neste aspecto, esta decisão me parece ser a mais sensata se formos levar apenas em conta questões de custos. Mas a escolha não se limita apenas a essa questão. E nem poderia. De qualquer forma, se 6 ou 9 GAC, a adoção de obuseiros AR simplifica tudo e nos permitiria focar nos GAC das bdas de inf e cav mecanizadas, para as quais se tem uma demanda teórica de 8 GAC a serem equipados com as VBCOAP SR.
A organização básica do GAC AD é de 18 obuseiros a 3 bia. No caso dos GAC AD, temos uma demanda teórica de 108 peças para 6 GAC ou 162 peças no caso de se manter os atuais 9 GAC que equipam a artilharia divisionária.
No caso dos GAC AP das bdas mec a demanda é para até 144 peças se todas as brigadas forem equipadas igualmente.
Por fim, é preciso dizer que a seguir-se os manuais tal como estão escritos, a organização real das AD deveria ser de 12 grupos de artilharia. Organizar e manter tal quantidade me parece ser inviável para o EB em uma visão de longo prazo caso se adote vetores AP 155mm. Mas isto poderia ser equacionado no caso da adoção de novas peças AR, visto a diferença de custos entre ambas. Conquanto, a pergunta que me faço neste momento diante inclusive dos acontecimentos na Ucrânia é: a artilharia divisionária tal como está organizada no EB ainda é atual e atende os preceitos da guerra moderna
Por enquanto eu ainda não vi ninguém questionar isso. Mas pode ser que possamos começar por aqui.
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Re: ARTILHARIA DA F TERRESTRE
Conforme disposto nas matérias acima, em entrevista com o atual cmte da artilharia do EB, só existem estes dois obuseiros leves AR 105mm disponíveis no mercado.
Em nenhum momento, até agora, o exército apelou para franceses ou turcos a fim de apresentarem seus respectivos obuseiros para análise e experimentação, ou sequer uma simples demonstração, no Brasil ou em seus países de origem, assim como seus respectivos custos reais.
A desculpa de que não existe verba para a aquisição de um e outro é no mínimo questionável, visto que os valores de tais sistemas não está acima do que o exército pode realizar do ponto de vista orçamentário caso queira de fato adotar um deles.
Os 5 GAC Lv hoje existentes no EB demandariam a si cerca de 90 peças a título de reequipamento. Considerando as escolas militares, caso recebam os mesmos 18 obuses orgânicos de um GAC, esta demanda sobe para 144 peças. Já é um número que no mínimo atrairia a atenção daquelas duas empresas.
Notar, novamente, que o EB na região norte, possui 6 bdas inf slv, sendo que apenas duas possuem seus GAC Lv Slv. Assim, ao menos no papel, existe a necessidade de obter mais 4 GAC Lv Sl, que demandariam a si 54 peças de 105mm. Conquanto, é importante frisar que os 2 GAC de selva operam somente com duas baterias de M-56, com a terceira sendo formada por morteiros 120mm nacionais, como forma de completar aquelas OM. Isto não constitui uma doutrina formada ou modo atuação diferenciada, e muito menos está nos manuais de artilharia, diga-se de passagem, mas é mais uma das muitas soluções de improviso aludidas como "formação de doutrina" para justificar a inépcia do EB em relação à sua capacidade de investir e custear a modernização de suas OM.
Além das OM acima citas, existe ainda 2 GAC das bdas inf mtz subordinadas ao CMNE, e outros 2 GAC subordinados ao CMO, quais sejam a 7a e 10a Bda Inf Mtz e as 13a Bda Inf Mtz e 18a Bda Inf Frt. Total de 4 GAC que operam hoje com os M-101 ainda. Não está prevista a mecanização de nenhuma destas GU, a priori, o que ao confirmar-se no médio e longo prazo, indica a necessidade de dispor-se de mais 72 peças de 105mm para seu reequipamento.
Em adendo, existe ainda o GAC da Bda Anf do CFN, que hoje opera com os M-118 de primeira geração, contando ao menos com uns vinte anos de uso consecutivos naquela OM.
Em resumo, podemos dispor da seguinte informação genérica sobre as necessidades de um novo obuseiro leve 105mm para EB e CFN:
6 GAC Lv Slv > 108 peças\105mm
1 GAC Lv Pqdt > 18 peças\105mm
1 GAC Lv Amv > 18 peças\105mm
1 GAC Lv Mth > 18 peças\105mm
2 GAC Lv > 36 peças\105mm (CMNE)
2 GAC Lv > 36 peças\105mm (CMO)
3 GAC Lv > 54 peças\105mm (AMAN\ESA\EscLogEx)
1 GAC Lv (CFN) > 18 peças\105mm
Total > 306 peças\105mm
Observar que no CMNE existem diversas OM sob comando direto da 6a RM e 10a RM que não obstante a sua condição de tropa operacional, não estão subordinadas a nenhuma brigada visto que o EB não criou até hoje este grande comando a fim de implementar seus recursos naquela região. Sendo o caso, há disposição para criar-se 2 novas brigadas no nordeste a fim de orientar o emprego operacional das tropas hoje sob a jurisdição das regiões militares acima. Diga-se de passagem que RM não tem caráter operacional, e sua destinação primárias é de apoiar e organizar a administração e logística nas áreas em que estão alocadas, ficando aquela missão debaixo do cobertor dos comandos militares de área. Não é o caso da região nordeste.
Isto posto, some-se as 306 peças acima outras possíveis 36 unidades que deveriam existir para o apoio de fogo destas 2 GU inexistente na região, totalizando uma demanda teórica para até 342 peças\105mm.
É possível verificar através desta análise primária e superficial que a demanda das ffaa's para novos obuseiros leves 105mm é mais que suficiente para apor uma disputa acirrada para o fornecimento de tais peças. A questão que fica é: qual a verdadeira importância que o EB emprega hoje a sua artilharia de campanha em termos de modernização quando vemos tais condições e quantidades?
Será mesmo que um país com um PIB na casa do trilhão de dólares é realmente incapaz de alocar recursos para que se possa fazer uma simples substituição de velhos obuseiros por novos sem que isso quebre ou ameace quebrar as contas públicas?
Sigo entendo que não. E se não vamos levar o Brasil à falência por causa de pouco mais de três centenas de obuseiros leves, por que não comprá-los de uma vez, tomando com princípio que nosso atraso e nossa procrastinação tornam sua compra cada vez mais urgente, e talvez até inviável, se viermos a precisar dos mesmos de forma intempestiva e inopinada?
A ver.
Em nenhum momento, até agora, o exército apelou para franceses ou turcos a fim de apresentarem seus respectivos obuseiros para análise e experimentação, ou sequer uma simples demonstração, no Brasil ou em seus países de origem, assim como seus respectivos custos reais.
A desculpa de que não existe verba para a aquisição de um e outro é no mínimo questionável, visto que os valores de tais sistemas não está acima do que o exército pode realizar do ponto de vista orçamentário caso queira de fato adotar um deles.
Os 5 GAC Lv hoje existentes no EB demandariam a si cerca de 90 peças a título de reequipamento. Considerando as escolas militares, caso recebam os mesmos 18 obuses orgânicos de um GAC, esta demanda sobe para 144 peças. Já é um número que no mínimo atrairia a atenção daquelas duas empresas.
Notar, novamente, que o EB na região norte, possui 6 bdas inf slv, sendo que apenas duas possuem seus GAC Lv Slv. Assim, ao menos no papel, existe a necessidade de obter mais 4 GAC Lv Sl, que demandariam a si 54 peças de 105mm. Conquanto, é importante frisar que os 2 GAC de selva operam somente com duas baterias de M-56, com a terceira sendo formada por morteiros 120mm nacionais, como forma de completar aquelas OM. Isto não constitui uma doutrina formada ou modo atuação diferenciada, e muito menos está nos manuais de artilharia, diga-se de passagem, mas é mais uma das muitas soluções de improviso aludidas como "formação de doutrina" para justificar a inépcia do EB em relação à sua capacidade de investir e custear a modernização de suas OM.
Além das OM acima citas, existe ainda 2 GAC das bdas inf mtz subordinadas ao CMNE, e outros 2 GAC subordinados ao CMO, quais sejam a 7a e 10a Bda Inf Mtz e as 13a Bda Inf Mtz e 18a Bda Inf Frt. Total de 4 GAC que operam hoje com os M-101 ainda. Não está prevista a mecanização de nenhuma destas GU, a priori, o que ao confirmar-se no médio e longo prazo, indica a necessidade de dispor-se de mais 72 peças de 105mm para seu reequipamento.
Em adendo, existe ainda o GAC da Bda Anf do CFN, que hoje opera com os M-118 de primeira geração, contando ao menos com uns vinte anos de uso consecutivos naquela OM.
Em resumo, podemos dispor da seguinte informação genérica sobre as necessidades de um novo obuseiro leve 105mm para EB e CFN:
6 GAC Lv Slv > 108 peças\105mm
1 GAC Lv Pqdt > 18 peças\105mm
1 GAC Lv Amv > 18 peças\105mm
1 GAC Lv Mth > 18 peças\105mm
2 GAC Lv > 36 peças\105mm (CMNE)
2 GAC Lv > 36 peças\105mm (CMO)
3 GAC Lv > 54 peças\105mm (AMAN\ESA\EscLogEx)
1 GAC Lv (CFN) > 18 peças\105mm
Total > 306 peças\105mm
Observar que no CMNE existem diversas OM sob comando direto da 6a RM e 10a RM que não obstante a sua condição de tropa operacional, não estão subordinadas a nenhuma brigada visto que o EB não criou até hoje este grande comando a fim de implementar seus recursos naquela região. Sendo o caso, há disposição para criar-se 2 novas brigadas no nordeste a fim de orientar o emprego operacional das tropas hoje sob a jurisdição das regiões militares acima. Diga-se de passagem que RM não tem caráter operacional, e sua destinação primárias é de apoiar e organizar a administração e logística nas áreas em que estão alocadas, ficando aquela missão debaixo do cobertor dos comandos militares de área. Não é o caso da região nordeste.
Isto posto, some-se as 306 peças acima outras possíveis 36 unidades que deveriam existir para o apoio de fogo destas 2 GU inexistente na região, totalizando uma demanda teórica para até 342 peças\105mm.
É possível verificar através desta análise primária e superficial que a demanda das ffaa's para novos obuseiros leves 105mm é mais que suficiente para apor uma disputa acirrada para o fornecimento de tais peças. A questão que fica é: qual a verdadeira importância que o EB emprega hoje a sua artilharia de campanha em termos de modernização quando vemos tais condições e quantidades?
Será mesmo que um país com um PIB na casa do trilhão de dólares é realmente incapaz de alocar recursos para que se possa fazer uma simples substituição de velhos obuseiros por novos sem que isso quebre ou ameace quebrar as contas públicas?
Sigo entendo que não. E se não vamos levar o Brasil à falência por causa de pouco mais de três centenas de obuseiros leves, por que não comprá-los de uma vez, tomando com princípio que nosso atraso e nossa procrastinação tornam sua compra cada vez mais urgente, e talvez até inviável, se viermos a precisar dos mesmos de forma intempestiva e inopinada?
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Re: ARTILHARIA DA F TERRESTRE
Um adendo, na verdade uma correção, ao post acima em relação as bdas que operam GAC Lv. Acabei me esquecendo que na região sul existem duas GU a nível bda que são a 14a Inf Mtz e a 8a Inf Mtz, respectivamente em Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Até o presente momento, dentro do que está planejado para a mecanização da infantaria, estas OM não estão cotadas para serem transformadas, permanecendo seus GAC tal com são hoje equipados com os obuseiros M-101. Apenas a 15 bda inf mec foi transformada, estando no estado do Paraná.
Se nada mudar nos planos do EB, o que é pouco provável, podemos acrescer outras duas OM a nível de artilharia leve para serem equipadas. São, portanto, mais 36 obuseiros que se somam as 306 peças aludidas anteriormente, totalizando 342 unidades.
Temos assim um total em demanda para equipamento de 19 GAC Lv de acordo com as respectivas brigadas existentes hoje no EB.
Como epitáfio, o planejamento do EB dispôs ao CMA\CMN um total de 8 bda inf slv, faltando 2 a serem criadas ou movidas para a região norte. Desconheço se tal planejamento ainda se mantém de pé ou foi modificado. Junto as duas GU da região nordeste que não contam com seus comandos a nível bda, seriam mais 2 GAC Lv. Total 4 GAC Lv que não existem apesar do planejamento e organização atual admitirem a sua existência. Com os 19 GAC Lv somariam 23 unidades de artilharia leve. Se todas fossem equipadas com os obuseiros apontados, teríamos um mercado potencial para cerca de 414 peças de 105mm.
A organização básica dos GAC Lv do exército e CFN com base nas OM existentes seria a seguinte:
6 GAC Lv Slv > 108 peças\105mm
1 GAC Lv Pqdt > 18 peças\105mm
1 GAC Lv Amv > 18 peças\105mm
1 GAC Lv Mth > 18 peças\105mm
2 GAC Lv > 36 peças\105mm (CMNE)
2 GAC Lv > 36 peças\105mm (CMO)
2 GAC Lv > 36 peças\105mm (CMS)
3 GAC Lv > 54 peças\105mm (AMAN\ESA\EscLogEx)
1 GAC Lv (CFN) > 18 peças\105mm
Total > 342 peças\105mm
Quero crer que um dia chegaremos a bom termos no sentido de obter tais recursos materiais. Espero sinceramente que seja por bem, por prevenção, por consciência, por responsabilidade, planejamento, já que sabidamente nos custará bem caro frente ao paupérrimo orçamento atual da defesa para investimento. Por outro lado, mais caro ainda deverá ser o investimento que seremos forçados a fazer no caso de deixarmos para justificar de última hora a sua aquisição frente a qualquer intempérie não prevista na sofreguidão nacional. Mas aí teremos dois problemas para resolver: um, pagar mais caro ainda para termos uma solução de pronta entrega, e tentar convencer os dois únicos fornecedores a nos venderem o seu produto, se lhes interessar o negócio. Afinal, não sabemos se os seus interesses casam com os nossos todo o tempo. E a depender da fonte e do(s) motivo(s) da intempérie, bem, não há nenhuma garantia de que possamos obter qualquer um dos modelos disponíveis.
A ver
Até o presente momento, dentro do que está planejado para a mecanização da infantaria, estas OM não estão cotadas para serem transformadas, permanecendo seus GAC tal com são hoje equipados com os obuseiros M-101. Apenas a 15 bda inf mec foi transformada, estando no estado do Paraná.
Se nada mudar nos planos do EB, o que é pouco provável, podemos acrescer outras duas OM a nível de artilharia leve para serem equipadas. São, portanto, mais 36 obuseiros que se somam as 306 peças aludidas anteriormente, totalizando 342 unidades.
Temos assim um total em demanda para equipamento de 19 GAC Lv de acordo com as respectivas brigadas existentes hoje no EB.
Como epitáfio, o planejamento do EB dispôs ao CMA\CMN um total de 8 bda inf slv, faltando 2 a serem criadas ou movidas para a região norte. Desconheço se tal planejamento ainda se mantém de pé ou foi modificado. Junto as duas GU da região nordeste que não contam com seus comandos a nível bda, seriam mais 2 GAC Lv. Total 4 GAC Lv que não existem apesar do planejamento e organização atual admitirem a sua existência. Com os 19 GAC Lv somariam 23 unidades de artilharia leve. Se todas fossem equipadas com os obuseiros apontados, teríamos um mercado potencial para cerca de 414 peças de 105mm.
A organização básica dos GAC Lv do exército e CFN com base nas OM existentes seria a seguinte:
6 GAC Lv Slv > 108 peças\105mm
1 GAC Lv Pqdt > 18 peças\105mm
1 GAC Lv Amv > 18 peças\105mm
1 GAC Lv Mth > 18 peças\105mm
2 GAC Lv > 36 peças\105mm (CMNE)
2 GAC Lv > 36 peças\105mm (CMO)
2 GAC Lv > 36 peças\105mm (CMS)
3 GAC Lv > 54 peças\105mm (AMAN\ESA\EscLogEx)
1 GAC Lv (CFN) > 18 peças\105mm
Total > 342 peças\105mm
Quero crer que um dia chegaremos a bom termos no sentido de obter tais recursos materiais. Espero sinceramente que seja por bem, por prevenção, por consciência, por responsabilidade, planejamento, já que sabidamente nos custará bem caro frente ao paupérrimo orçamento atual da defesa para investimento. Por outro lado, mais caro ainda deverá ser o investimento que seremos forçados a fazer no caso de deixarmos para justificar de última hora a sua aquisição frente a qualquer intempérie não prevista na sofreguidão nacional. Mas aí teremos dois problemas para resolver: um, pagar mais caro ainda para termos uma solução de pronta entrega, e tentar convencer os dois únicos fornecedores a nos venderem o seu produto, se lhes interessar o negócio. Afinal, não sabemos se os seus interesses casam com os nossos todo o tempo. E a depender da fonte e do(s) motivo(s) da intempérie, bem, não há nenhuma garantia de que possamos obter qualquer um dos modelos disponíveis.
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Re: ARTILHARIA DA F TERRESTRE
Ninguém viu o novo GT lá no Armored? Basicamente pra fazer viagem, é isso que está servindo esses GTs.
O Nova Couraça tem mais de 5 anos e membros aqui do fórum conseguiram realizar um trabalho melhor em menos de 1 mês!
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- gusmano
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Re: ARTILHARIA DA F TERRESTRE
Objetivos diferentes né Gabriel.
Um grupo (o daqui) apesar de não profissional se dedica e se esforçou no trabalho. O outro (De lá) apesar de profissional na prática tem outro objetivo apesar do discurso oficial....
Não dá para dizer que ambos não atingiram o objetivo.
abs
Um grupo (o daqui) apesar de não profissional se dedica e se esforçou no trabalho. O outro (De lá) apesar de profissional na prática tem outro objetivo apesar do discurso oficial....
Não dá para dizer que ambos não atingiram o objetivo.
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- FCarvalho
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Re: ARTILHARIA DA F TERRESTRE
http://www.32gac.eb.mil.br/index.php/1-bia-oA Bateria é composta por uma Seção de Comando, encarregada das atividades administrativas da SU; uma Seção de Reconhecimento, Comunicações e Observação, responsável pelas atividades que dão suporte à realização do tiro de artilharia; e uma Bateria de Tiro, que através da C Tir de bateria e da Linha de Fogo efetivamete realiza o apoio de fogo de artilharia à manobra da 3ª Bda Inf Mtz.
Para o @RobsonBCruz ou qualquer outro colega que se disponha a saber ou tenha conhecimento, de que maneira é organizada e com que tipo de material dispõe essa seção de Rec, Com e Obs da bateria de artilharia?
Grato.
Carpe Diem
- FCarvalho
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Re: ARTILHARIA DA F TERRESTRE
Eu procuro informações sobre como e o que o EB está fazendo no sentido de tirar estas baterias do papel, mas mesmo no google é quase impossível achar qualquer coisa sobre este tema que esteja atualizado nos últimos dez anos. Absolutamente nada, além de alguns poucos textos de análise ou manuais, como este.
Não me surpreendo mais que o EB ainda esteja há anos luz de chegar perto do estado mais avançado das tecnologias e doutrinas sobre este tipo de OM. Estamos literalmente parados no tempo. E pior, não estamos fazendo nada para modificar o status quo.
Tal como o EB não prioriza a troca dos seus vetustos obuseiros AR por novos, algo que a meu ver não é nenhuma panaceia, mesmo para o minguado orçamento que se tem, fica mais difícil ainda de aceitar que em pleno século XXI ainda não temos OM para orientar o tiro de artilharia modernas e antenadas com o que existe de melhor no mundo. Aliás, se entendi corretamente, elas sequer existem na prática.
O que o exército está esperando, não sei. Um milagre ou uma guerra, talvez?
Não me surpreendo mais que o EB ainda esteja há anos luz de chegar perto do estado mais avançado das tecnologias e doutrinas sobre este tipo de OM. Estamos literalmente parados no tempo. E pior, não estamos fazendo nada para modificar o status quo.
Tal como o EB não prioriza a troca dos seus vetustos obuseiros AR por novos, algo que a meu ver não é nenhuma panaceia, mesmo para o minguado orçamento que se tem, fica mais difícil ainda de aceitar que em pleno século XXI ainda não temos OM para orientar o tiro de artilharia modernas e antenadas com o que existe de melhor no mundo. Aliás, se entendi corretamente, elas sequer existem na prática.
O que o exército está esperando, não sei. Um milagre ou uma guerra, talvez?
Carpe Diem