Ucrânia solicita caças Gripen da Suécia, mas recebe um ‘não’
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Um dado interessante foi divulgado esta semana quanto à solicitação oficial da Ucrânia por caças Gripen C\D junto ao governo sueco, que se negou a enviar os seus caças, menos por falta de interesse, do que pela alegada falta de caças na frota da sua força aérea. Segundo os suecos, existem "apenas" cerca de 90 caças Gripen C\D no inventário da força aérea, e ceder mesmo que 12 aeronaves é considerado pelos militares um problema sério para a defesa da Suécia. O máximo que seria disposto no momento é de 4 aeronaves, que é o mesmo que nada.
Considerando que bem mais de uma centena destes modelos foram produzidos, entre eles os 28 alugados para Rep Checa e Hungria, a força aérea sueca ainda possui dezenas de modelos A\B em seus estoques, estes mais complicados de serem enviados para a Ucrânia em virtude das muitas modificações, e o tempo que levaria, para serem feitas a fim de torná-los compatíveis com o padrão OTAN.
O Gripen E ainda é um modelo em fase inicial de operação e não teria até o momento o IOC na força aérea sueca. O mesmo se poderia dizer os Gripen E da FAB, com apenas 5 unidades entregues até agora. O programa está atrasado em seu cronograma devido as interjeições financeiras no projeto pelos governos brasileiros até o momento. Em 2023 estão previstos serem entregues 6 unidades. O modelo biplace F ainda não voou, e a expectativa é que o faça apenas no final deste ano ou no primeiro semestre de 2024.
O Gripen E\F seria uma alternativa crível e viável para a força aérea ucraniana, mas é difícil admitir que eles possam receber tal modelo quando os suecos lhes negam mesmo os modelos atuais, preocupados que estão com a ameaça russa em suas próprias fronteiras, além da reconhecida fragilidade do seu sistema de defesa. E ainda tem o problema de quem iria pagar por estes caças. Diz-se que a SAAB possui capacidade para produzir em larga escala até 24 Gripen E por ano, considerando a sua linha de produção na Suécia. Mesmo assim, entre o aceite do pedido, e o início da produção e as primeiras entregas, há de admitir-se que seriam necessários pelo menos 18 a 24 meses. Até lá, o cenário na guerra ucraniana pode ter mudado por completo. Não se sabe qual seria a capacidade instalada na Embraer de produção dos Gripen E\F. E se ela seria autorizada pelo governo brasileiro a produzir caças para a força aérea ucraniana.
Considerando que os ucranianos andaram falando em 180 caças pelo menos para poder enfrentar, e vencer, os russos nos céus do país nesta guerra, talvez fosse o caso de pensar uma suposta encomenda do Gripen E\F no longo prazo, pois mesmo no meio militar russo hoje se diz a boca pequena que esta guerra não será vencida totalmente em menos de 2 a 3 anos. Se eles estão certos em suas perspectivas, a ver. Da mesma forma OTAN e USA jogam nesta expectativa de que tanto russos como ucranianos não tem por agora como resolver no curto prazo, ou seja, este ano ainda, as suas diferenças no campo de batalha.
Para quem precisa praticamente reconstruir a sua força aérea do zero, a partir de novos referenciais no padrão ocidental, eu acredito que é o caso dos suecos unirem a fome com a vontade de comer dos ucranianos, e deles, e arrumar uma forma de permitir que a força aérea ucraniana receba o Gripen E\F como seu caça padrão ainda em tempo de usá-los nesta guerra, até que a situação possa ser resolvida em outros termos que não a luta fraticida com os russos. Como fazer isso eu não sei, mas ao menos do ponto de vista industrial e financeiro, é possível. Se com a colaboração da Embraer, já é uma outra história. Sobra os políticos resolverem fazer a parte deles.
A esta altura dos acontecimentos é mais fácil os Suecos dobrarem o número de Gripen E para si, e engatar uma quinta marcha nas linhas de produção da SAAB do que vender o caça para os ucranianos.
A ver o que acontece.