Túlio escreveu: ↑Sex Nov 11, 2022 1:01 pm
FCarvalho escreveu: ↑Sex Nov 11, 2022 11:23 am
Eu não acompanho com frequência o noticiário político faz muito tempo. Tenho zelo pela minha saúde mental.
No caso, a última que ouvi falar, é de que o novo governo está tentando emplacar um rombo no orçamento de cerca de 200 bilhões via PEC no congresso. Como o trabalho de cooptação de apoio político já começou por lá, vamos ver de onde eles vão tirar dinheiro público para restabelecer os números pré-acordados do KC-390, e porque não dizer, de todos os programas e projetos da FAB que em 13 anos de governo não conseguiram tirar do ostracismo e da irrelevância de sempre do tratamento da Defesa.
Mas onde que eu falei de POLÍTICA? Aqui não é o SMEoS, onde "isso" tá liberado, aqui é tópico-fulcro; claro, impossível dissociar totalmente do tema Defesa, e é o que tu e eu fizemos, tocar no tema mas com o escopo apenas no que interessa.
No teu caso são enxames de caças importados, apenas montados aqui (o Meteor também era, BTW), azar se isso prejudicar - como está - Programas Nacionais; no meu é priorizar estes últimos, pois para mim apenas os oito Gripen F produzidos na SAAB e vetorando cada um uns quatro UCAVs furtivos a jato, desenvolvidos e produzidos na EMBRAER, gerariam um poder de destruição/dissuasão muito maior do que todo o atual lote de Gripen E/F (36).
E de resto mesmo 28 KC-390 não dão nem para a saída na defesa de um País com 8,5M km², tinha que ser muito mais, e com STOUT para suprir PEF e outras unidades desdobradas em pontos específicos para determinada Missão, estas caracterizadas pela constante mobilidade. Lembres da trabalheira que os ianques tiveram para abastecer minimamente os "Lurps" no Vietnam, o que tinha que ser feito pelo ar num TO mais ou menos do tamanho de Santa Catarina (a parte do então Vietnã do Sul que estava em disputa, com foco especialmente na chamada "Trilha Ho Chi Minh"); entregar suprimentos, fazer EVAM, CAS etc era sodas, e isso com o maior Poder Aéreo do mundo à disposição.
Agora imagines sem isso e numa área dúzias de vezes maior...
Eu vejo que a logística é o nosso maior "calcanhar de Aquiles", mas isso não é apenas uma deficiência particular do Brasil, mas ela é fato em todo o TO sul americano, e diria, latino americano. Para resolver isso, temos que investir em diferentes vetores em quantidades e qualidade que sabemos a FAB jamais terá condições de alcançar a bem da falta de vontade de se investir em defesa no país.
Em todo caso, basta-nos reativar o projeto do STOUT e\ou aproveitar os da DESAER, porque isso também é investimento em defesa, para oferecer aos 6 ETA uma capacidade bem maior do que eles tem com a frota atual. E aí depende do que a FAB entende como sendo necessário, e possível, de ser sustentado pelo orçamento que recebe. Com 12 aeronaves em cada ETA já seria uma encomenda fixa para 72 aviões. Mas este e qualquer outro governo tem vontade e intencionalidade de tirar do bolso mais de US 100 milhões para desenvolver o avião da Embraer do zero e pagar mais US 500 milhões, por baixo, para comprar aquela quantidade de STOUT, ATL-100 ou qualquer outro
Eu duvido que tão cedo veremos algo neste sentido, por mais benéfico que isso seja para nós.
O problema não é a FAB ter ou não ter 28 KC-390, mas se ela consegue manter dentro dos níveis de exigências cobrados à aviação de transporte, com o orçamento que tem, os custos de operar tais aviões. Pelo que temos visto, novamente, uma decisão do comando da aeronáutica, e não apenas do seu comandante, afirma que do jeito que está, financeiramente é impossível à FAB conseguir pagar anualmente a encomenda dos números originais do projeto, e pari passu, operar tais quantidades. Não porque a instituição não queira, mas porque o poder público (diga-se político) não oferece e não tem interesse em aportar os recursos necessários para tal. Simples assim. Ou tu achas mesmo que os brigadeiros não iriam querer uma frota bem maior do que os 28 inicialmente adquiridos se pudessem
E diante disso, temos aqui também a questão da frota de aviões para a Avex e Aviação Naval, que a FAB faz vista grossa, ou no mínimo, desaprova qualquer tipo de investimento sem antes passar pelo seu crivo, que não por acaso, só seria dado se ela mesma recebesse os recursos de que precisa para operar uma frota de aviões de transporte dentro do que entende ser necessário a si. Mas isso também é uma questão de decisão política que começa pelo MD, que como se sabe, não manda em nada e ninguém nos projetos e decisões das ffaa's.
Por fim, na seara dos helos vemos até hoje como o projeto HX-BR enfiado goela abaixo e à revelia do desejo das forças sofreu anos com repetidos cortes de verba, entregas e operação dos helos, que sabemos, são 50 unidades que irão demorar quase vinte anos para serem totalmente dispostas. Hoje FAB e MB trocaram 3 ou 4 unidades dos H225M para poder receber H125 em troca porque o poder público simplesmente se negou a resolver um problema simples de comprar um helo leve para treinamento. E isso tem quase dez anos que está na pauta da MB, e agora da FAB. Há, mais 50 helos é muita coisa para as forças armadas... diria que não, tanto que eles seguem querendo arrumar mais BH de qualquer jeito. Mas os investimentos em helos por aqui também segue o mesmo dilema dos Gripen, que é termos qualidade mas não quantidade, porque alguém no planalto central acha que não precisamos...
A Avex tem os mesmos 4 Bavex de 40 anos atrás quando foi criada. A MB idem com os seus HU, FAB do mesmo jeito, e nem por isso estas OM tem suas dotações na íntegra até hoje, seja por falta de investimento, seja por falta de vontade de quem por obrigação deveria resolver isso. Mas não quer.
Enfim, temos aqui algumas possibilidades de resolver os nossos muitos problemas com logística militar, ainda que a preços nada amigáveis. Mas não vi, e não vejo, vontade e disposição de ninguém em resolver isto a partir de soluções endógenas, mesmo que beneficiando a BID. Se não fazemos nem o básico que é ter uma logística decente, vamos dizer o que da defesa aérea que nunca tivemos.