Túlio escreveu: Ter Jun 14, 2022 12:03 pm
FCarvalho escreveu: Ter Jun 14, 2022 11:28 am
Com os valores de venda por unidade do ATL-100 supostamente rondando a casa dos US 5,5 milhões, e sendo o STOUT uma proposta de um avião pouco maior que o proposto pela Desaer, o custo unitário dele já poderia ser estimado neste momento pela Embraer
E se sim, quanto um avião na categoria dele (EMB-120 Brasília\30 pax) pode valer a fim de ter custos competitivos com eventuais competidores na mesma linha de mercado
@Cassio essa é para ti.
A primeira pergunta a ser feita seria: QUAL MERCADO? Não sei se notaste mas estamos ainda no começo de uma tremenda borrasca na Economia mundial, e que vai durar ANOS! Talvez esta década inteira...
Quem vai ter orçamento para bancar isso? A faca vai pegar especialmente nos orçamentos militares (pelo menos de quem não está em guerra) e talvez ainda pior nas empresas de Aviação Comercial e Regional, o que nos leva à própria Indústria Aeronáutica, que vai ter mais é que ir tocando com o que tem, de repente irem dando uma melhoradinha aqui e ali e olhe lá.
Basta olhares os gráficos, as ações da EMBRAER e AIRBUS (e até LM, por enquanto, já que vive principalmente de contratos militares, logo, ou os EUA acham uma boa sarna pra se coçar ou ela entra em parafuso) ainda (AINDA) estão razoavelmente saudáveis mas em queda lenta e constante, enquanto que as da BOEING já se aproximam do preço de quando a crise do 737 cruzou com o Coronga Day, ou seja, não falta muito para que algo bem ruim lhe aconteça.
Quem vai sair torrando reservas preciosas (que podem fazer toda a diferença do mundo entre permanecerem abertas ou irem pro default) em novidades? Vão é seguir tocando com o que têm até a tempestade passar (e repito, pode durar anos ou até esta ser uma década inteira perdida).
A priori o projeto do STOUT é ou foi direcionado para a FAB e sua demanda por substituir em no máximo dez anos a frota de C-95\97\98, que hoje ronda a casa da centena de unidades. Mesmo com a modernização dos Bandeco, a hora de trocar a guarda se aproxima inexoravelmente, e junto com ela, a possibilidade, também, de substituir estes mesmos vetores no mercado norte americano, principalmente, onde ainda são muito usados.
Diria que é uma aposta de longo prazo, já que aqui na América do Sul as frotas de Caravan, Twin Otter, Let e outros do mesmo segmento estão com muitas horas contatadas e não possuem, via de regra, nenhum programa de melhoria para si. Ou seja, a solução para eles continua sendo, por hora, comprar mais do mesmo, só que novos a um preço pouco atrativo dado o retorno oferecido, o que pode não ser, entrementes, o desejável para as muitas forças aéreas latino americanas que usam massivamente estes modelos para emprego geral de transporte e principalmente para missões complementares, como chamam ACISO e MMI no Brasil.
Por hora, o que a Embraer está tentando fazer é o de praxe: identificar mercados potenciais, fora da FAB, e ver até onde e como estes mercados podem, e querem, absorver um novo projeto que substituta com vantagens os atuais modelos que se dispõe. Do ponto de vista militar, como expus acima, existe um mercado próprio em que o STOUT pode ser aproveitado, mas que depende essencialmente da capacidade, e da vontade, dos Estados latino americanos em prover esta solução para suas forças aéreas ao longo desta década, ou provisionar isto para o começo da próxima. Este é o time que a Embraer tem para saber se segue com o desenvolvimento buscando parcerias de risco para ele no mercado internacional, ou se deixa para mais o final dos anos 2020 para tomar uma decisão e focar na entrega desta solução quando a FAB resolver que não dá mais para sustentar a frota atual, seja por questões de economicidade ou operacionais. O que só deve acontecer, enquanto tomada de decisão, no final desta década, a fim de que a solução aventada possa começar a entrar nas linhas de voo no mínimo a partir de 2032.
Até lá, espera-se que a FAB tenha resolvido os seus muitos problemas de limitação orçamentária em investimento e pagamento de dívidas com o Gripen E e o KC-390 a fim de ter um alívio para prover outras necessidades que se impõe com relação aos demais vetores que possui hoje. Mas isso só o tempo irá dizer se vai funcionar, ou não.