Esqueci de argumentar algo que me chamou a atenção, Poti.Aliás, os Mi-28 foram testados pela Avex na versão NE, e eles conhecem bem a máquina. Com certeza devem ter tido acesso também a dados sobre manutenção, operação e custos de aquisição e manutenção, horas de voo, etc. Assim, não se pode dizer que o exército seja neófito em termos de helos russos.
Da mesma forma que a FAB bateu pé a fim de que os russos dispusessem obrigatoriamente toda a logística de apoio dos Mi-35 para o padrão OTAN/Stanag - o trabalho feito na IAS é consequência direta disso - e que é o único aceito pelas 3 forças, então é mister entender que o EB/Avex também não abriria mão do mesmo padrão para receber e operar qualquer helo russo.
Horas, os russos afirmam via Rosobonoexport que eles são capazes de desenvolver e entregar qualquer tipo de seus sistema de armas nos padrões ocidentais e/ou russos, a depender das demandas do cliente. Mas é muito raro ver os russos fazerem isso tendo em vista que também é raro encontrar entre seus clientes tradicionais quem faça esta opção. E mesmo quando ela existe, os custos apresentados, que com certeza não devem ser baratos, também, são aceitos e pagos sem a menor reclamação.
Se o Brasil quer mesmo operar e manter material russos de primeira sob os auspícios dos padrões OTAN/Stanag tem que aceitar o fato de que isso irá custar caro, e que a depender das demandas solicitadas, pode se tornar um negócio inviável no médio e longo prazo, ou simplesmente possui uma péssima relação custo/benefício. Esta parece ter sido o caso dos Mi-35. Querer que 12 helos sejam mantidos e operados tendo como referências helos como o Black Hawk e/ou H225M é simplesmente desconhecer a realidade - que não é o caso da FAB - ou no mínimo fruto de uma decisão errônea, destemperada e indiferente as necessidades da força aérea. Este foi o tipo de decisão que gerou a aquisição dos helos russos.
Caso o EB resolva adquirir helos russos com certeza eles terão que ser oferecidos nos mesmos moldes que a FAB os ajuizou por aqui. E sem isso, é praticamente impossível a Avex operar helos russos a depender única e exclusivamente dela mesma.
Mas para não dizer que isso é impossível, o Mi-38 e o Ansat, que são os helos mais recentes da indústria russa, hoje estão hoje sendo oferecidos no mercado internacional obedecendo todos os padrões e regras de projeto, segurança, engenharia e operacionalidade ocidentais. E sem precisar trocar todos os parafusos para isso. Inclusive podem ser obtidos com sistemas ocidentais sob demanda do cliente. Como fizemos com os H225M e sua eletrônica israelense. Mas claro, todas essas mudanças tem um custo. Mas nem por isso eles deixam de ser excelentes máquinas se operadas apenas com insumos oriundos da indústria de seu país. É uma questão de escolha. No caso de versões militares, de uma escolha mais político-estratégica do que apenas militar.
Quem sabe os russos tenham aprendido com a FAB e os seus Mi-35 como se deve fazer negócios em Defesa por aqui se quiserem vender no Brasil e serem mais do meros objeto de estranheza e curiosidade, da mesma forma como muito provavelmente eles ainda nos veem.
Há sim, se vamos comprar helos de ataque de verdade, vamos precisar de muito mais que apenas 36 undes como quer a Avex para nos darmos o luxo de pedir mundos e fundos de qualquer vendedor. Mas aí já entramos em um outro nível decisório que não costuma contar quantos helos a FAB, o EB ou a MB tem, a não ser quando lhe interessa o bolso, ou a candidatura.