LM escreveu: ↑Sáb Fev 19, 2022 11:40 am
Caríssimo... se os políticos aparecerem junto (pelo que sei) da maioria dos militares e/ou dos participantes do FD (e entusiastas da defesa PT) a defender o investimento no KC-390... são linchados.
Entre os que preferem 2 ou 3 A-400M e C-295M apenas e os que aceitam este segmento mas com o Hércules (usados que sejam - há onde investir e não é em aviões novos de transporte) muito poucos consideram a hipótese do KC-390 como a melhor; e com saída das fábricas de Évora da Embraer e a redução da compra da FAB ainda pior.
Projecto novo (potencialmente pode ter problemas), falta de interligação com parceiros militares, muito poucos aviões a serem produzidos (manutenção, etc), segmento errado, investimento alto... é só escolher.
Olá LM, vamos tentar responder.
Penso que quem defende o investimento no KC-390 em Portugal talvez esteja vendo além do avião e da compra em si, mas nas perspectivas que ele trás não somente do ponto de vista operacional como industrial, emprego e renda, além do tecnológico ao país.
Até onde sei o negócio de Évora não deixará as fábricas ao léu e sem ocupação, pelo contrário, o que se diz que o que há lá será mantido e a Embraer segue negociando com aquela unidade industrial, agora sob auspícios de outrem.
Não tenho como imaginar A400M na FAP, seja lá a quantidade que for, sem me perguntar se haveria necessariamente recursos regulares, e suficientes, para manter um avião tão problemático, e caríssimo, de comprar e manter como o Airbus. E é sempre bom lembrar que quanto menor uma frota de aviões, mais altos os custos de sua manutenção e operação, além da disponibilidade ir ladeira abaixo por óbvio com tão pequena quantidade. Isto com certeza imporia aos C-295M ainda maior uso, e desgastes, já que são bem menos custosos ao bolso da FAP.
O Hércules é sem dúvida um vetor inquestionável, novo ou usado, mas aí não tenho como argumentar sobre se efetivamente sua substituição é um dano assim tão imenso à FAP que não possa ser reparado no longo prazo pela aquisição dos KC-390 e as muitas capacidades, e possibilidades, que trará consigo. Neste aspecto penso que só o tempo dirá o quanto isto foi um bom negócio para vocês. E acredito nisto, até prova em contrário.
Por fim, quanto ao projeto ser novo, bem, se olhares de perto vais perceber que basicamente tudo nele em termos de projeto, estrutura e recursos pode ser encontrado em qualquer prateleira mundo afora, e isto foi um requisito da FAB desde o começo. Assim, o riscos e os custos dele são reconhecidamente muito baixos; tanto que a FAB já acumulou mais de 4100 horas de voo com apenas 4 aeronaves sem nenhum incidente sequer até hoje. Aliás, os problemas com a pandemia e todo aquele imbróglio aqui em Manaus ano passado e retrasado demonstraram cabalmente a maturidade do projeto, que aliás, mostrou-se ser muito melhor do que o esperado. Isto afirmado e reconhecido pela própria FAB, oficialmente.
Agora quanto à
"falta de interligação com parceiros militares, muito poucos aviões a serem produzidos (manutenção, etc), segmento errado, investimento alto", o avião ainda está entrando em operação na FAB, e tem em perspectiva boas razões para crer que além de Portugal e Hungria, muitos outros clientes ainda se juntarão ao clube. O contrato atual FAB e Embraer foi retificado para 22 aviões até 2034 (+ 12 anos de linhas de produção aberta) significa que além de termos tempo para repor as 6 unidades hora canceladas, ainda poderemos incluir outras 7 unidades conforme o mesmo. Ou seja, a FAB sozinha pode chegar apenas neste contrato até 35 undes, e além. O atual cmte deu a entender isso em entrevista. Se a economia ajudar e os políticos não atrapalharem. De certo que o avião da Embraer não será um Hércules do século XXI mas ele já deu o seu recado ao mercado militar e disse bem a que veio nas operações da FAB.
Por fim, como sempre digo por aqui, Defesa é um negócio caro, nunca foi barato, e nunca será. Tem quem quer, e quem pode. Há prós e contras entre investir e não investir nela. Claro, cada país com as suas prioridades. No que tange a FAP, não vejo o KC-390 como um mal investimento. Ele tende a se provar com o tempo, e até que tenhamos ele operando totalmente integrado ao escopo da FAP, poderemos afirmar com maior ou menor certeza se ele é de fato um bom ou mau investimento a vocês.