O cenário já é complicado, com a tradicional ZONA que parece ocorrer por lá só vão pegar o cara quando ele quiser.
abs
Operações Policiais Especiais Brasil
Moderadores: J.Ricardo, Conselho de Moderação
- gogogas
- Sênior
- Mensagens: 2203
- Registrado em: Dom Jun 14, 2009 5:48 pm
- Agradeceu: 52 vezes
- Agradeceram: 229 vezes
Re: Operações Policiais Especiais Brasil
Enfim a caçada terminou ! Lázaro parecendo peneira !
Gogogas !
- Viktor Reznov
- Sênior
- Mensagens: 6844
- Registrado em: Sex Jan 15, 2010 2:02 pm
- Agradeceu: 1974 vezes
- Agradeceram: 803 vezes
Re: Operações Policiais Especiais Brasil
Parece que a "vítima da sociedade" levou uns 38 tiros. Ouvi falar também que a Polícia Civil trabalha com uma linha de investigação que o fazendeiro preso por auxiliar Lázaro, teria o contratado pra matar aquela família assassinada em Ceilândia, aparentemente numa disputa envolvendo frigoríficos.
I know the weakness, I know the pain. I know the fear you do not name. And the one who comes to find me when my time is through. I know you, yeah I know you.
- gogogas
- Sênior
- Mensagens: 2203
- Registrado em: Dom Jun 14, 2009 5:48 pm
- Agradeceu: 52 vezes
- Agradeceram: 229 vezes
Re: Operações Policiais Especiais Brasil
A força tarefa ainda vai continuar , tem muita coisa escondida !
Gogogas !
- Frederico Vitor
- Sênior
- Mensagens: 2064
- Registrado em: Ter Ago 14, 2007 1:34 pm
- Localização: Goiás
- Agradeceu: 206 vezes
- Agradeceram: 270 vezes
Re: Operações Policiais Especiais Brasil
PM-GO perde 20% da tropa e até dobra salário com hora-extra
Levantamento feito pelo POPULAR mostra como a Polícia Militar se reconfigurou nos últimos quatro anos, com menor efetivo. Equipes estão mais enxutas, especializadas e sobrecarregadas. 76% dos policiais foram promovidos
Entre janeiro de 2019 e janeiro de 2023, a Polícia Militar do Estado de Goiás perdeu 20,7% do seu efetivo e alcançou um de seus menores patamares. Ao mesmo tempo, viu seu quadro de pessoal se espalhar por novas unidades, com as unidades especializadas sendo reforçadas e policiais ganhando mais do que o dobro em relação há quatro anos por causa do excesso de horas extras. Além disso, 76,7% dos policiais militares que se mantiveram na corporação foram promovidos pelo menos uma vez de patente.
Para driblar o baixo efetivo, o governo estadual apostou em uma tropa mais diversificada e qualificada para crimes de maior impacto e complexos, assim como mais proativa em abordagens. Isso foi possível sobrecarregando praças com excesso de horas extras e aumentando a frequência de promoções para estimular os policiais. Oficialmente, o resultado foi a manutenção da queda nos índices de criminalidade, algo que já ocorria desde 2018. Mas outra consequência foi o aumento no total de mortes de civis em ações policiais.
Estas informações foram levantadas pelo POPULAR com base em dados obtidos nas folhas de pagamento de servidores da corporação disponíveis no Portal de Transparência do Poder Executivo e em conversas com policiais militares, alguns com a condição de anonimato. As entrevistas corroboraram o que aparece nos números. O período analisado marca o primeiro mandato do governador Ronaldo Caiado (União).
“Como é que este efetivo está dando conta dos bons resultados? Especializando-se, sim, mas na base da remuneração extra. O policial abre mão da sua folga e fica sobrecarregado, adoece mais. Só que se acabar este extra, acaba essa potência da PM”, comentou um oficial. “A PM só consegue fazer o operacional hoje por causa das horas extras”, garantiu um praça. Já a corporação trata a hora extra como um benefício voluntário para o policial.
O governador anunciou no último dia 22 a convocação de 1.363 aprovados no concurso para a PM realizado em 2022. Com isso, a tropa volta a ter um efetivo similar ao verificado em 2021 (em torno de 11,9 mil), mas ainda longe do que havia no começo de 2019. Em média, o quadro perdeu neste período 693 policiais por ano. Uma associação representativa dos policiais diz que até maio 1,3 mil policiais ou foram para a reserva, ou morreram ou adoeceram, e que a expectativa é que este número chegue a 3 mil até o fim do ano.
Quando Caiado assumiu o governo, a PM de Goiás tinha 13.391 policiais, sendo 31,3% destes soldados com vencimento bruto médio de R$ 5,6 mil. Os batalhões não-especializados contavam com 5.862 policiais e as companhias independentes com mais 1.472. Já as unidades especializadas tinham, ao todo, 1.373 policiais. O custo com a folha, sem contar 13º e férias, em janeiro de 2019, estava em R$ 121,7 milhões – ou R$ 155,3 milhões, aplicando-se a correção monetária.
Já o segundo mandato do governador começou com uma corporação de 10.618 policiais. É o pior início de ano desde 2010, com base nas informações do portal, e desde sempre, segundo oficiais mais antigos. “Em 1983 já tínhamos 13 mil policiais”, disse um. Agora, os soldados representam só 18,8% da tropa e perderam espaço para os segundos sargentos (23%). O vencimento médio dos soldados, entretanto, subiu 73%, indo para R$ 9,7 mil. Isso por causa das horas extras, chamadas de “serviço extraordinário”, quando no momento de folga, férias ou licença o policial exerce atividades operacionais, reforçando equipes defasadas.
Nestes quatro anos, os batalhões não-especializados e as companhias independentes foram as que mais perderam efetivo, respectivamente 29,5% e 27,2%. Ficam atrás apenas dos comandos regionais, que perderam 38,4%. Já as unidades especializadas não sentiram a debandada da tropa e ficaram 24,9% maiores, com 1.716 policiais ao todo em janeiro. Quando se considera apenas as unidades especializadas de reação, o aumento da tropa foi de 34,8%.
Militares ouvidos pelo POPULAR afirmam que o reforço dos grupos especializados, tanto os que atuam em áreas específicas (Rural, Trânsito, Escolar) como os capacitados para situações de confronto (Giro, Rotam, Choque, COD), é uma estratégia do governo para driblar a redução do efetivo e conseguir enfrentar de forma macro os problemas envolvendo violência, segurança e criminalidade. A própria PM admite isso.
Consequentemente, isso acaba tendo impacto também nas situações em que as abordagens resultam em mortes de civis, nos supostos confrontos em que as forças de segurança afirmam reagir a chamada “injusta agressão” do abordado. Entre 2019 e 2022, foram mortos 2.249 civis em ações policiais, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP). Nenhum policial militar foi morto em confronto neste período.
Pirâmide hierárquica chegou ao fim em 2021
Levantamento feito pelo POPULAR mostra que pela primeira vez, ao menos desde 2010, os soldados e cabos deixaram de ser maioria na tropa da Polícia Militar. A partir de 2021, o grupo majoritário da corporação é formado por sargentos. A convocação dos aprovados no concurso não vai mudar este quadro. Já o porcentual de oficiais em relação ao total do efetivo também é recorde, com destaque para o número de tenentes-coronéis.
A causa disso segundo militares ouvidos pelo jornal, é o excesso de promoções no atual governo, principalmente as por ato de bravura. Já em relação às consequências, os mesmos entrevistados ficam divididos entre uma confusão hierárquica, com policiais graduados fazendo função de patentes mais baixas, e uma nova visão do papel do policial, com todos fazendo de tudo, principalmente o operacional.
O presidente da Associação dos Oficiais da Reserva da Polícia Militar e dos Bombeiros Militares de Goiás (Aofmil-GO), tenente-coronel da reserva Luís Gonzaga Barro Carneiro, diz que a promoção representa uma satisfação ao policial e também uma “enganação”. Como o governo não faz concurso para repor o quadro, há uma bagunça na estrutura da PM sobre a função de cada um. “Agora o sargento virou o cabo e soldado, porque não tem, é pouquinho. Você vê uma equipe na rua, é sargento e subtenente. Subtenente que antes fazia reserva de armamento e almoxarifado, agora é tropa. Antes o sargento era quem fazia a ponte entre o soldado e o comando. E agora é tudo tropa, comandante hoje é exceção, oficial é tropa. Tem major fazendo o papel que era de capitão”, comentou.
O presidente da Associação dos Subtenentes e Sargentos do Estado de Goiás (Assego), sargento Paulo Sérgio de Souza, diz que há alguns anos a situação era desestimulante para o militar porque as promoções eram “muito discretas”, mas que agora o policial é estimulado porque tem um plano de carreira. Ele não acredita que isso provoque algum problema na organização da população. “O problema está na falta de concurso para repor a falta de soldados.”
Ainda segundo Paulo Sérgio, o perfil do policial mudou nos últimos anos, com uma visão de que todos devem estar capacitados e prontos para atuar na rua. “Somos agentes de segurança pública. Todo indivíduo é um soldado. Nossos coronéis estão prontos para ir à rua. Não tem nenhum prejuízo para a segurança ter dois sargentos numa viatura, por exemplo. A ideia da pirâmide deixa de fazer sentido se não tem ingresso de novos policiais.”
A análise em cima da folha de pagamento mostra que as promoções beneficiaram os mais graduados. Apenas 49,8% dos soldados que estavam na tropa em janeiro de 2019 conseguiram mudar de patente. Já entre os cabos, 3º sargentos e 2º sargentos, esse índice fica em torno de 98%. Entre os oficiais, os maiores beneficiados são os que eram 2º tenentes (97,7%) e capitães (84,2%) há quatro anos.
Além disso, os contracheques mostram que uma parcela da tropa - 314 policiais - conseguiu subir três patentes ou mais nos últimos quatro anos, como 12 cabos que agora são subtenentes e quatro 2º tenentes que atualmente são majores. Os tenentes-coronéis, que chegaram hoje a um recorde de 333 na tropa, sofrem com a limitação prevista em lei para número de coronéis, o que trava uma promoção.
Um oficial só pode ter uma promoção por ato de bravura na carreira, porém a legislação não impõe limitações para os praças, o que explicaria neste caso a situação dos cabos, sargentos e subtenentes, estes dois últimos com um perfil atualizado para atuações nas ruas.
Para o presidente da Aofmil, a tropa deveria ter pelo menos a metade de cabo e soldado, situação que se resolveria apenas com um concurso que pudesse não apenas repor a tropa perdida nos últimos quatro anos, mas também garantir algo mais próximo do que prevê a lei estadual 17.866, de 2012. Ignorada pelos governos, a lei prevê um efetivo de 30.741 policiais, sendo 62% deles soldados e cabos.
Sobrecarga
O presidente da Assego diz que hoje as horas extras é o que garante que a corporação consiga manter as atividades operacionais e, financeiramente, isso é interessante para o policial. Porém, tanto ele como o presidente da Aofmil, concordam que isso traz consequências para a saúde física e mental do policial.
O tenente-coronel da reserva considera que esta sobrecarga experimentada pelos policiais é um risco para todos. “Como fica a desenvoltura deste policial na rua? Isto traz um risco para ele e um risco maior para a sociedade”, alerta. Paulo Sérgio minimiza o impacto para a segurança pública, mas reconhece que é um acréscimo de estresse para uma profissão que já seria, segundo ele, a mais sobrecarregada que existe, pela função em si.
Os relatos são de aumento no número de PMs com problemas emocionais como ansiedade e depressão. “O PM enfrenta todo tipo de gente. Ao vestir a farda, sua adrenalina vai às alturas. Além de ter obrigação proteger a vida dele, tem de proteger a vida de terceiros”, relata o subtenente Gilberto Cândido de Lima, presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Polícia e Bombeiros Militar do Estado de Goiás (ACSPMBMGO).
Unidades especializadas ganham efetivo, mas não horas extras
Um indício de que as horas extras pagas aos policiais está sendo usada para manter as atividades operacionais estaria no fato de que mesmo perdendo efetivo, as unidades da Polícia Militar que são mais administrativas viram manter ou aumentar o gasto mensal com folha de pagamento. As unidades que funcionam como guardas de instituições como Tribunal de Justiça e Ministério Público, por exemplo, perderam 38,4% do efetivo, mas viram a renda média do policial subir 26,1%. No caso dos comandos regionais, o vencimento médio de um policial foi o que mais subiu - 91,3%-, mesmo tendo perdido também 38,4% dos policiais em 4 anos.
Por meio dos contracheques dos policiais é possível levantar que nos últimos quatro anos foram criadas 49 novas unidades, cada uma com um comandante, seja major ou tenentecoronel. Destas, 13 são especializadas, sendo cinco delas de grupos de reação (Rotam, Choque etc).
Uma das especializadas inaugurada no atual governo foi o Batalhão Rural, cujo foco está na patrulha e atendimento de ocorrências em propriedades rurais. Sua criação foi por meio de uma lei aprovada em 2019 e contou com o apoio – inclusive financeiro para reforma da sede do comando – de entidades de produtores rurais. Ao todo, são 134 policiais destacados para este tipo de policiamento, divididos em um batalhão e quatro companhias. O vencimento médio de quem está na unidade é de R$ 13,7 mil.
No ano seguinte, também por meio de lei, foi criado o Batalhão Maria da Penha, com o objetivo de fazer um atendimento preventivo a mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. Após mais de dois anos, esta unidade conta com dez policiais, cujo vencimento médio é de R$ 14,8 mil. Antes, era uma patrulha que funcionava numa companhia.
Fonte: https://opopular.com.br/cidades/pm-perd ... -1.3034898
Levantamento feito pelo POPULAR mostra como a Polícia Militar se reconfigurou nos últimos quatro anos, com menor efetivo. Equipes estão mais enxutas, especializadas e sobrecarregadas. 76% dos policiais foram promovidos
Entre janeiro de 2019 e janeiro de 2023, a Polícia Militar do Estado de Goiás perdeu 20,7% do seu efetivo e alcançou um de seus menores patamares. Ao mesmo tempo, viu seu quadro de pessoal se espalhar por novas unidades, com as unidades especializadas sendo reforçadas e policiais ganhando mais do que o dobro em relação há quatro anos por causa do excesso de horas extras. Além disso, 76,7% dos policiais militares que se mantiveram na corporação foram promovidos pelo menos uma vez de patente.
Para driblar o baixo efetivo, o governo estadual apostou em uma tropa mais diversificada e qualificada para crimes de maior impacto e complexos, assim como mais proativa em abordagens. Isso foi possível sobrecarregando praças com excesso de horas extras e aumentando a frequência de promoções para estimular os policiais. Oficialmente, o resultado foi a manutenção da queda nos índices de criminalidade, algo que já ocorria desde 2018. Mas outra consequência foi o aumento no total de mortes de civis em ações policiais.
Estas informações foram levantadas pelo POPULAR com base em dados obtidos nas folhas de pagamento de servidores da corporação disponíveis no Portal de Transparência do Poder Executivo e em conversas com policiais militares, alguns com a condição de anonimato. As entrevistas corroboraram o que aparece nos números. O período analisado marca o primeiro mandato do governador Ronaldo Caiado (União).
“Como é que este efetivo está dando conta dos bons resultados? Especializando-se, sim, mas na base da remuneração extra. O policial abre mão da sua folga e fica sobrecarregado, adoece mais. Só que se acabar este extra, acaba essa potência da PM”, comentou um oficial. “A PM só consegue fazer o operacional hoje por causa das horas extras”, garantiu um praça. Já a corporação trata a hora extra como um benefício voluntário para o policial.
O governador anunciou no último dia 22 a convocação de 1.363 aprovados no concurso para a PM realizado em 2022. Com isso, a tropa volta a ter um efetivo similar ao verificado em 2021 (em torno de 11,9 mil), mas ainda longe do que havia no começo de 2019. Em média, o quadro perdeu neste período 693 policiais por ano. Uma associação representativa dos policiais diz que até maio 1,3 mil policiais ou foram para a reserva, ou morreram ou adoeceram, e que a expectativa é que este número chegue a 3 mil até o fim do ano.
Quando Caiado assumiu o governo, a PM de Goiás tinha 13.391 policiais, sendo 31,3% destes soldados com vencimento bruto médio de R$ 5,6 mil. Os batalhões não-especializados contavam com 5.862 policiais e as companhias independentes com mais 1.472. Já as unidades especializadas tinham, ao todo, 1.373 policiais. O custo com a folha, sem contar 13º e férias, em janeiro de 2019, estava em R$ 121,7 milhões – ou R$ 155,3 milhões, aplicando-se a correção monetária.
Já o segundo mandato do governador começou com uma corporação de 10.618 policiais. É o pior início de ano desde 2010, com base nas informações do portal, e desde sempre, segundo oficiais mais antigos. “Em 1983 já tínhamos 13 mil policiais”, disse um. Agora, os soldados representam só 18,8% da tropa e perderam espaço para os segundos sargentos (23%). O vencimento médio dos soldados, entretanto, subiu 73%, indo para R$ 9,7 mil. Isso por causa das horas extras, chamadas de “serviço extraordinário”, quando no momento de folga, férias ou licença o policial exerce atividades operacionais, reforçando equipes defasadas.
Nestes quatro anos, os batalhões não-especializados e as companhias independentes foram as que mais perderam efetivo, respectivamente 29,5% e 27,2%. Ficam atrás apenas dos comandos regionais, que perderam 38,4%. Já as unidades especializadas não sentiram a debandada da tropa e ficaram 24,9% maiores, com 1.716 policiais ao todo em janeiro. Quando se considera apenas as unidades especializadas de reação, o aumento da tropa foi de 34,8%.
Militares ouvidos pelo POPULAR afirmam que o reforço dos grupos especializados, tanto os que atuam em áreas específicas (Rural, Trânsito, Escolar) como os capacitados para situações de confronto (Giro, Rotam, Choque, COD), é uma estratégia do governo para driblar a redução do efetivo e conseguir enfrentar de forma macro os problemas envolvendo violência, segurança e criminalidade. A própria PM admite isso.
Consequentemente, isso acaba tendo impacto também nas situações em que as abordagens resultam em mortes de civis, nos supostos confrontos em que as forças de segurança afirmam reagir a chamada “injusta agressão” do abordado. Entre 2019 e 2022, foram mortos 2.249 civis em ações policiais, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP). Nenhum policial militar foi morto em confronto neste período.
Pirâmide hierárquica chegou ao fim em 2021
Levantamento feito pelo POPULAR mostra que pela primeira vez, ao menos desde 2010, os soldados e cabos deixaram de ser maioria na tropa da Polícia Militar. A partir de 2021, o grupo majoritário da corporação é formado por sargentos. A convocação dos aprovados no concurso não vai mudar este quadro. Já o porcentual de oficiais em relação ao total do efetivo também é recorde, com destaque para o número de tenentes-coronéis.
A causa disso segundo militares ouvidos pelo jornal, é o excesso de promoções no atual governo, principalmente as por ato de bravura. Já em relação às consequências, os mesmos entrevistados ficam divididos entre uma confusão hierárquica, com policiais graduados fazendo função de patentes mais baixas, e uma nova visão do papel do policial, com todos fazendo de tudo, principalmente o operacional.
O presidente da Associação dos Oficiais da Reserva da Polícia Militar e dos Bombeiros Militares de Goiás (Aofmil-GO), tenente-coronel da reserva Luís Gonzaga Barro Carneiro, diz que a promoção representa uma satisfação ao policial e também uma “enganação”. Como o governo não faz concurso para repor o quadro, há uma bagunça na estrutura da PM sobre a função de cada um. “Agora o sargento virou o cabo e soldado, porque não tem, é pouquinho. Você vê uma equipe na rua, é sargento e subtenente. Subtenente que antes fazia reserva de armamento e almoxarifado, agora é tropa. Antes o sargento era quem fazia a ponte entre o soldado e o comando. E agora é tudo tropa, comandante hoje é exceção, oficial é tropa. Tem major fazendo o papel que era de capitão”, comentou.
O presidente da Associação dos Subtenentes e Sargentos do Estado de Goiás (Assego), sargento Paulo Sérgio de Souza, diz que há alguns anos a situação era desestimulante para o militar porque as promoções eram “muito discretas”, mas que agora o policial é estimulado porque tem um plano de carreira. Ele não acredita que isso provoque algum problema na organização da população. “O problema está na falta de concurso para repor a falta de soldados.”
Ainda segundo Paulo Sérgio, o perfil do policial mudou nos últimos anos, com uma visão de que todos devem estar capacitados e prontos para atuar na rua. “Somos agentes de segurança pública. Todo indivíduo é um soldado. Nossos coronéis estão prontos para ir à rua. Não tem nenhum prejuízo para a segurança ter dois sargentos numa viatura, por exemplo. A ideia da pirâmide deixa de fazer sentido se não tem ingresso de novos policiais.”
A análise em cima da folha de pagamento mostra que as promoções beneficiaram os mais graduados. Apenas 49,8% dos soldados que estavam na tropa em janeiro de 2019 conseguiram mudar de patente. Já entre os cabos, 3º sargentos e 2º sargentos, esse índice fica em torno de 98%. Entre os oficiais, os maiores beneficiados são os que eram 2º tenentes (97,7%) e capitães (84,2%) há quatro anos.
Além disso, os contracheques mostram que uma parcela da tropa - 314 policiais - conseguiu subir três patentes ou mais nos últimos quatro anos, como 12 cabos que agora são subtenentes e quatro 2º tenentes que atualmente são majores. Os tenentes-coronéis, que chegaram hoje a um recorde de 333 na tropa, sofrem com a limitação prevista em lei para número de coronéis, o que trava uma promoção.
Um oficial só pode ter uma promoção por ato de bravura na carreira, porém a legislação não impõe limitações para os praças, o que explicaria neste caso a situação dos cabos, sargentos e subtenentes, estes dois últimos com um perfil atualizado para atuações nas ruas.
Para o presidente da Aofmil, a tropa deveria ter pelo menos a metade de cabo e soldado, situação que se resolveria apenas com um concurso que pudesse não apenas repor a tropa perdida nos últimos quatro anos, mas também garantir algo mais próximo do que prevê a lei estadual 17.866, de 2012. Ignorada pelos governos, a lei prevê um efetivo de 30.741 policiais, sendo 62% deles soldados e cabos.
Sobrecarga
O presidente da Assego diz que hoje as horas extras é o que garante que a corporação consiga manter as atividades operacionais e, financeiramente, isso é interessante para o policial. Porém, tanto ele como o presidente da Aofmil, concordam que isso traz consequências para a saúde física e mental do policial.
O tenente-coronel da reserva considera que esta sobrecarga experimentada pelos policiais é um risco para todos. “Como fica a desenvoltura deste policial na rua? Isto traz um risco para ele e um risco maior para a sociedade”, alerta. Paulo Sérgio minimiza o impacto para a segurança pública, mas reconhece que é um acréscimo de estresse para uma profissão que já seria, segundo ele, a mais sobrecarregada que existe, pela função em si.
Os relatos são de aumento no número de PMs com problemas emocionais como ansiedade e depressão. “O PM enfrenta todo tipo de gente. Ao vestir a farda, sua adrenalina vai às alturas. Além de ter obrigação proteger a vida dele, tem de proteger a vida de terceiros”, relata o subtenente Gilberto Cândido de Lima, presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Polícia e Bombeiros Militar do Estado de Goiás (ACSPMBMGO).
Unidades especializadas ganham efetivo, mas não horas extras
Um indício de que as horas extras pagas aos policiais está sendo usada para manter as atividades operacionais estaria no fato de que mesmo perdendo efetivo, as unidades da Polícia Militar que são mais administrativas viram manter ou aumentar o gasto mensal com folha de pagamento. As unidades que funcionam como guardas de instituições como Tribunal de Justiça e Ministério Público, por exemplo, perderam 38,4% do efetivo, mas viram a renda média do policial subir 26,1%. No caso dos comandos regionais, o vencimento médio de um policial foi o que mais subiu - 91,3%-, mesmo tendo perdido também 38,4% dos policiais em 4 anos.
Por meio dos contracheques dos policiais é possível levantar que nos últimos quatro anos foram criadas 49 novas unidades, cada uma com um comandante, seja major ou tenentecoronel. Destas, 13 são especializadas, sendo cinco delas de grupos de reação (Rotam, Choque etc).
Uma das especializadas inaugurada no atual governo foi o Batalhão Rural, cujo foco está na patrulha e atendimento de ocorrências em propriedades rurais. Sua criação foi por meio de uma lei aprovada em 2019 e contou com o apoio – inclusive financeiro para reforma da sede do comando – de entidades de produtores rurais. Ao todo, são 134 policiais destacados para este tipo de policiamento, divididos em um batalhão e quatro companhias. O vencimento médio de quem está na unidade é de R$ 13,7 mil.
No ano seguinte, também por meio de lei, foi criado o Batalhão Maria da Penha, com o objetivo de fazer um atendimento preventivo a mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. Após mais de dois anos, esta unidade conta com dez policiais, cujo vencimento médio é de R$ 14,8 mil. Antes, era uma patrulha que funcionava numa companhia.
Fonte: https://opopular.com.br/cidades/pm-perd ... -1.3034898