Percebo que muitos entusiastas de defesa e avião ficam super empolgados que o Gripen E/F virá com uma suite para guerra eletronica e que agora a FAB esta pronta para este tipo de combate. Minha minha visão está é uma visão totalmente equivocada e até certo ponto inocente. A grande verdade é que ainda estamos longe disso e tenho serias duvidas se seremos capazes disto.
Vou levantar os seguintes pontos que acredito que devem ser levados em consideração para debatermos este tema:
1. A FAB naoto tem doutrina de guerra eletrônica ainda. Esta muito incipiente.
2. O Gripen possuirá uma suite de guerra eletrônica, mas isto não significa NADA. A suite é somente um equipamento "pelado" que te habilita a este tipo de conflito, é como um sofisticado fuzil para guerra eletrônica que é comprado sem munição. A FAB precisará fazer suas próprias munições para opera-lo. Lembre-se, a SAAB vendeu o "fuzil", quem tem a munição é a força aérea sueca e duvido que ela venda.
3. Então como se fabrica esta munição? Vejo o exemplo da Suécia! Ela tem aviões espiões voando no mar Báltico monitorando as emissões de radares Russos, Europeus, coletando informações, ondas eletromagnéticas, larguras de banda, tempo de resposta etc, para ter dados suficientes para programar a suíte para conseguir interferir nos radares de solo daquele fabricante, daquele avião, naquela posição etc... Quando conseguiu uma forma de interferir em um radar, começa o trabalho tudo de novo para aquele outro tipo de radar, para aquele outro avião. Quando sai uma nova versão, começa tudo de novo. Vejam como é um trabalho difícil. Duvido muito que um pais venda ou compartilhe este tipo de informação com outro. É um tipo de inteligência vital para qualquer força armada!
Frente a isto, a pergunta que fica é se seremos capazes de realizar este tipo de dever de casa. Vejam o que será preciso ser feito para conseguirmos avançar neste tipo de doutrina:
1. Vamos ter que usar nossos E-99 para violar a torto e direito o espaço aero do nossos vizinhos e aliados! Provocação pura para pegar dados de emissão de radar etc.
2. Vamos ter que implorar para que nossos vizinhos invadam nosso espaço aéreo da mesma forma, só assim também conseguiremos captar suas emissões de forma mais efetiva.
3. Claro que isso vai contra toda a nossa tradição de boa vizinhança com nossos vizinhos. Vamos pagar este preço? A FAB teria culhões de fazer um voo proximo do espaço aéreo dos EUA só para pegar uns dados sobre as emissões de radar dos F-22 quando for interceptado? Eu duvido muito em todos estes casos
4. A FAB pode é fazer diversos exercícios conjuntos com forças aéreas do continente para tentar captar algum tipo de dado (afinal exercício conjunto serve para isto tb) mas claro que todas as forças aéreas quando participam de exercícios como este operam o radar em modo paz.
A única coisa que resta a FAB e o Brasil é a mais pura espionagem. Subornar agentes de forças estrangeiras, colocar agente da ABIN proximo de base area de outro mais com equipamento para monitorar, etc.. Neste ponto surgem novas questões:
- A ABIN tá preparada para isto?
- Temos arcabouço legal para isto? Tipo, para colocar um item no orçamento falando "subornamos um agente ucraniano em 10 milhões de dólares para ter dados da emissão do radar de um Su-35", por exemplo, e nenhum TCU encher o saco?
Enfim, fica ai o debate!!!
