FIGHTERCOM escreveu: ↑Seg Abr 05, 2021 12:00 pm
FCarvalho,
Se você aceitar que a MB está melhor servida com o A140 do que nunca esteve com os NAes (A-11 e A-12) e que, para o bem dela, é melhor ir buscar (lutar mesmo!) por um projeto novo de um navio de assalto anfíbio (tipo um Mistral ou Juan Carlos I) nos próximos anos, acredito que você irá sofrer menos.
Infelizmente, a época de uma aviação naval e com NAe plenamente operacional já passou para a MB. Fica a experiência, que mostrou que não é viável esse descompasso (ora tem NAe, ora tem aviação Naval). Daqui pra frente, o mais próximo que a MB chegará de uma aviação de asa fixa será com o uso de drones. Sonhar com um possível Gripen Naval ou mesmo um Gripen E/F baseado em São Pedro da Alveida, somente se ela abrir mão da sua força de submarinos ou da sua força de superfície, que não custa lembrar, estão capengas.
Antes que você cite o PAEMB, eu sei o que a MB colocou nesse documento sobre a aviação naval. Sei também, que essa mesma marinha, colocou, não faz muito tempo, a necessidade de duas esquadras, dois NAes e 30 escoltas para o período 2011/2031. Passados 10 anos, qual foi a efetividade desse plano? Mais uma vez ficou provado que papel aceita tudo e que a MB estava desconectada da realidade quando elaborou esse documento.
Abraços
Wesley
Olá Wesley,
A marinha enquanto instituição de Estado tem a obrigação de prover os planos e projetos para a área da defesa que lhe cabe conforme sua destinação constitucional. Em sendo assim, ainda que longe da realidade política, econômica e/ou industrial e tecnológica do país, é mister que ela faça tudo isso levando em conta, também, as avaliações geopolíticas e estratégicas do nosso entorno no curto, médio e longo prazo. Para isso ela conta não apenas consigo mesma, mas com o aporte do MD, demais forças, MRE e todos os ministérios que tenham algo a contribuir para construção dos diversos cenários da defesa naval do país. O resultado deste trabalho, por agora, é o PEM 2040.
No meu ponto de vista o que faz com que qualquer plano do MD e forças armadas acabe se tornando surreal é justamente essa dislexia entre o que os militares pensam e fazem do poder político e sociedade idem. Essa distância é a maior causadora da falência múltipla dos planejamentos que se fez e faz desde sempre. As forças pensam e fazem o que entendem ser necessário a si conforme a lei manda. Mas fato é que o poder político e sociedade não dão a mínima nem para uma coisa e outra. Defesa simplesmente não é um assunto de interesse de ninguém, seja porque de certa forma os próprios militares não veem com bons olhos a participação dos políticos - e sociedade civil - na construção destes planos, seja porque os políticos também não se sentem e não vem isso como algo de sua responsabilidade já que tem os militares aí para isso. Portanto é sempre aquela história: cada macaco no seu galho.
Enquanto defesa for visto como um assunto pertinente - e cativo - dos militares nada que eles façam sairá do papel na íntegra. São dois mundos diferentes e separados, e que via de regra, não raro, colidem vez em quando um com o outro. E no final, ninguém gosta que o outro se meta nos seus "negócios".
Se a MB pediu tudo aquilo lá no PAEMB e não conseguiu basicamente nada, foi menos porque ela estava desconecta da realidade do país que por enxergar tais recursos como sendo o "mínimo básico necessário" para conseguir realizar efetivamente a sua missão tal qual a lei a obriga. Existia até então o fomento e o apoio do poder público para o que estava sendo pedido da Marinha. Mas, como sabemos, tudo não passou de jogada política pontuai do governo da hora. Nunca houve um comprometimento real do Estado brasileiro com aquilo. Os únicos interessados reais eram o MD, de ofício, a própria MB, e nós aqui e gente ali e acolá que gosta do assunto. Acabou aí.
Quem sabe um dia quando os planos das forças se tornarem planos do Ministério da Defesa, e estes por vez do Brasil como Estado, quem sabe eles saiam do papel. Porque sem o interesse da sociedade e dos poderes constituídos, nada que os militares pensam ou fazem fará sentido. E vamos continuar sem Nae, sem caças, e continuamente mendigando esmola para manter o quase nada que temos aí e projetos nas força. Aliás, em todas elas.