Para começar:Henrique Brito escreveu: ↑Sex Set 25, 2020 11:41 am Bom dia.
Qual artigo ou vídeo na internet você considera mais completo e onde eu vou poder obter mais informações sobre o CTOE? Não sei quase nada sobre as tropas especiais portuguesas e queria saber mais.
O primeiro passo na implementação da sua missão foi o envio de cinco oficiais (Major Nunes Igreja , capitães Aquilino Miranda , Luz de Almeida , Vaz Antunes e Lemos Pires ) para o centro anti-insurgência francês na Argélia, Centro de Instrução de Pacificação e Contra-Guerrilha em Arzew.
Após o seu regresso, tornaram-se os "pais fundadores" de um centro de treino semelhante no exército português, que iria preparar os seus quadros para combater os insurgentes e outras actividades subversivas, para actividades psicológicas, bem como nas técnicas de montanhismo, combates nas montanhas e outras condições difíceis.
Inicialmente, estava prevista a sua instalação no Centro Militar de Educação Física Equitação e Desportos em Mafra ou no Batalhão de Caçadores nº 5 ( BC 5 ), em Lisboa e que procederia à selecção e formação dos voluntários e, em seguida, direcionando-os a outros especialistas. O primeiro Curso de Operações Especiais começou em Mafra e foi acabar já em Lamego.
Em 16 de abril de 1960, com base no Decreto-Lei n.º42926, o CIOE( Centro de Instrução de Operações Especiais ) foi criada em Lamego , sob o comando do Major Henriques da Silva. A formação de cinco semanas dos primeiros voluntários do BC5 e depois dos vários regimentos aí começou muito rapidamente, criando-se as primeiras três Companhias de Caçadores Especiais ( CCaçEsp).
As Companhias de Caçadores Especiais constituem as primeiras unidades instruídas e organizadas pelo CIOE. Vindas do BC 5, chegam a Lamego, a 27 de Abril de 1960, as primeiras tropas destinadas à frequência da instrução complementar de contraguerrilha e à formação das primeiras Companhias de Caçadores Especiais (CCE). A 6 de Junho, terminada a instrução e envergando pela primeira vez uniformes de combate camuflado, juram bandeira e recebem as boinas castanhas, símbolo das novas tropas especiais. No dia seguinte regressam ao BC 5 e, em 10 de Junho, embarcam para Angola (CCE N º 61, 62 e 63) e Moçambique (CCE N º 64). Nos termos da directiva de 22 de Abril de 1959, as Companhias de Caçadores Especiais são “Unidades terrestres que pela sua organização, apetrechamento e preparação, possam ser empregues sem perda de tempo na execução de operações de tipo especial: operações de segurança interna, de contra-subversão e de contraguerrilha”.
Quando, em 16 de Março de 1961, eclode a luta armada em Angola, as CCE N º 61, 62 e 63, e uma Companhia de Polícia do Exército, são as únicas unidades de combate metropolitanas presentes naquele território. Neste mesmo ano de 1961 são ainda apressadamente instruídas no CIOE mais quatro Companhias de Caçadores Especiais (CCE N º 74, 78, 79 e 80), precisamente as últimas formadas integralmente naquele Centro, as quais de seguida embarcam rapidamente para a Guiné (CCE N º 74), Angola (CCE N º 78) e Moçambique (CCE N º 79 e 80). Nestes territórios, todas estas unidades actuam como forças de intervenção directamente subordinadas aos respectivos Comandos-Chefes. Mas o alastramento da luta armada naquelas três colónias impõe uma crescente necessidade de unidades militares, obrigando à alteração do conceito de formação daquelas companhias. Por outro lado, as chefias militares são pouco favoráveis à criação de forças especiais. A solução encontrada é a generalização da preparação e treino dos Caçadores Especiais a todas as Companhias de Caçadores. O CIOE passa, então, a ser um centro de formação de graduados dos quadros permanentes (capitães e subalternos), os quais, terminados os cursos, organizam e treinam as Companhias de Caçadores Especiais nas respectivas unidades territoriais mobilizadoras. Assim se constituem, nos anos de 1961 e 1962, mais vinte e cinco CCE. De então em diante, o CIOE começa a especializar-se como escola de formação de graduados para as operações de contra-subversão, contraguerrilha ou contrainsurreição nas colónias portuguesas em África.
Em 1962 o Estado-Maior do Exército decide enviar o capitão Rodolfo Bacelar Begonha frequentar o curso “Ranger” nos EUA. Depois de regressar a Portugal, o capitão Begonha recebe a missão de organizar um curso similar no CIOE. Aproveita-se assim o conhecimento de dois países distintos, para o Curso de Operações Especiais do Exército Português.
Em 29 de Abril de 1963 inicia-se no CIOE o primeiro dos cursos de “Instrutores e Monitores de Operações Especiais (tipo Ranger)”. Daqui deriva o nome de «Rangers» porque passam a ser conhecidos daí em diante os militares de “Operações Especiais”. Entretanto, outros oficiais são nomeados para frequentar nos EUA o curso de “Rangers”, designadamente os capitães Fernando Augusto Gomes, Henrique de Carvalho Morais e António Dinis Delgado da Fonseca. Os cursos de Operações Especiais mantêm-se continuamente no CIOE até ao final da guerra colonial.
A instrução privilegia o conhecimento das técnicas de “infiltração profunda, orientação, ocultação, combate e sobrevivência de pequenos grupos de combate, com vista a detectar, surpreender e destruir objectivos rebeldes”. O programa contempla diversas matérias, nomeadamente: preparação psicológica, treino físico, navegação fluvial, técnicas expeditas de travessia de cursos de água, tiro instintivo e manuseamento de engenhos explosivos. A ênfase é colocada no planeamento táctico, organização e conduta de patrulhas de longo raio de acção, montagem de emboscadas e execução de golpes de mão sobre objectivos sensíveis. A preparação psicológica e o treino físico visam sobretudo o desenvolvimento da capacidade de resistência em esforços violentos e prolongados e em condições particularmente adversas. Toda a instrução é conduzida com características próximas da realidade e em condições de dureza, incomodidade, fadiga, sobressalto, imprevisibilidade, irregularidade de horário, prontidão permanente e rigorosa disciplina. Os graduados habilitados com o curso de “Operações Especiais” são posteriormente atribuídos às unidades mobilizadas normais, em regra um oficial e um sargento por cada companhia operacional.
Ao contrário do que acontecera com as Companhias de Caçadores Especiais e do que sucede com as Companhias de Comandos, Batalhões e Companhias de Páraquedistas e Destacamentos de Fuzileiros, ou com as unidades regulares, os militares de Operações Especiais não formam unidades de organização fixa. A excepção são os Grupos Especiais, formados com base em militares do recrutamento africano, conhecidos por “GEs”, particularmente adaptados à contraguerrilha pelo conhecimento que têm do meio e comandados por Rangers.
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