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Mensagem
por FCarvalho » Sex Jun 26, 2020 3:40 pm
Olá Gabriel.
Independente dos apontamentos que estão no manual do EB, qualquer ROB/RTLI que seja produto dos dois GT AAe, irão apontar necessariamente as qualidades/competências de cada sistema de acordo com seu emprego efetivo em cada força, e não apenas e tão somente amparados em altitude e alcance. Isso é o de menos. É um parâmetro genérico que orienta mas não determina qual sistemas serão adquiridos.
Como disse, penso que a lógica que orienta o trabalho desses GT é conseguir elaborar requisitos que possam sustentar no médio e longo prazo o desenvolvimento e a autonomia tecnológica dos mísseis que serão empregados, dado que a maior parte dos componentes já dispomos aqui ou iremos obtê-los no curto e médio prazo, como radares, IFF e link BR.
O que precisamos neste sentido é escolher um míssil, ou família, que possa ser integrado de forma fácil e com baixo custo ao que temos/teremos, que seja possível a obtenção de transferência de tecnologia para o futuro desenvolvimento de vetores nacionais e o domínio do ciclo completo de sistemas AAe, desde a concepção até retirada de serviço.
Isto posto, é nítido que cada força precisa de sistemas que comportem aquelas 4 dimensões apresentadas, sendo que cada uma delas possui um emprego diferente e características diferentes, as quais serão adaptadas para fazer caber o(s) sistema(s) que serão adquiridos. Não é porque existem esses 4 parâmetros que somos obrigados a adquirir 4 sistemas diferentes. Na curta e muito curta já temos soluções, com Igla e RBS-70 que podem ser inclusive derivados para uso em veículos, meios fluviais e navais ou individual terrestre. Todas as forças precisam desses sistemas a meu ver.
Quanto ao mais, o que sabemos é que a FAB fala em AAe de longo alcance/altura. Por aquele apontamento, qualquer coisa acima de 15 mil metros de altura e 40 kms de alcance cabe nestes termos. Mais do que saber quais os sistemas que existem cobrem esse requisito, importa sim é saber quais as reais capacidades determinaremos para um sistema como este, como alcance mínimo de 100 kms e altitude mínima de 25 mil metros, por exemplo, e por aí vai. E isto tem de servir para as três forças. Não são aqueles parâmetros que irão definir o sistema, mas as competências elencadas no ROB/RTLI.
Para finalizar, um exemplo concreto. O Umkhonto possui hoje alcance de 20 kms e altura de 15 mil metros. Os mísseis derivados dele hora em desenvolvimento possuirão até 60 kms de alcance e 20/25 mil metros de altitude. Este sistema pode ser aplicado tanto em navios como em plataformas terrestres. Além desta expectativa, existem planos na Denel para mísseis com mais de 100 kms de alcance e alta altitude, baseados nos estudos feitos com o Marlin, que inclusive pode ele mesmo derivar um míssil AAe de longo alcance. Complementando esse sistema existe outros mísseis da Denel como o Cheetah /Mongoose equivalentes ao Iron Dome israelense, e que pode ser utilizado em diversas plataformas, desde navais a terrestre, mecanizadas ou em GAAe.
Enfim, não acredito que, neste momento, estejamos atrás de uma solução inédita, revolucionária ou extremamente tecnológica, mas algo pronto, que funcione e que possa se encaixar na nossa capacidade de desenvolver e integrar os diversos sistemas às nossas plataformas; ou seja, algo que já existe e funciona, e depois possamos fazer evoluir de acordo com nossas necessidades.
Assim, as empresas que vierem a se candidatar a oferecer seus produtos tem de se preparar para junto com eles oferecerem as melhores condições de off set e transferência de tecnologia, além de um pacote CLS bastante robusto e que sustente a operação pelo menos durante os cinco primeiros anos, incluindo aí treinamento, formação de pessoal, e apoio material e logístico. Pessoalmente acho a Denel uma candidata natural a este posto. Tem os meios de que precisamos, temos experiência anterior de parceiras com eles, e tudo o que foi feito até agora não houve nada que desabonasse a relação comercial entre os dois países. Tomo como parâmetro de orientação para o futuro desse sistema o acordo de desenvolvimento do A-Darter, que só não ficou pronto antes em função das limitações financeiras de ambos países.
Mas isso é menos um problema técnico do que político. Ai nem o melhor parceiro do mundo resolve.
abs
Carpe Diem