Temos uma base (cerca de 60%) atendida com energia hidrelétrica, que é um recurso abundante e tecnologia está amadurecida. O planejamento é feito de forma bem sistemática, então por mais que haja variações, o sistema se mantém. Inclusive porque é flexível:
- Desbalanços e chuva abaixo do esperado em uma região são compensadas com exportação/importação inter-regionais por meio do SIN.
- Há complementariedade entre os ciclos hidráulico do sudeste, eólico do nordeste e da safra de cana.
Gosto da nuclear, não tenho nada contra, acho que ela deve ser implementada a passos lentos, apenas para não perder o bonde, manter uma base mínima industrial e tecnológica e de capacitação, mais por visão estratégica mesmo, porque o futuro nunca se sabe. Mas isso é outra história.
Na minha opinião, com o esgotamento do potencial hidrelétrico (eu não considero uma opção expandir na região norte) em vista, deveríamos passar a investir em termoelétricas de médio porte com aproveitamento de biomassa: seja a biomassa rural, sejam os resíduos urbanos, falando especificamente do biogás do esgoto e do lixo. Temos um problema crônico em saneamento e falta de investimento.
Uma hipótese que deveria ser estudada é: ao gerar e vender a energia gerada com o resíduo, talvez você consiga pagar uma parte da instalação de tratamento de esgoto e de aterramento sanitário. Resolve dois problemas de uma vez só.
Por fim, e meio que voltando a mensagem anterior, uma parcela enorme da energia residencial consumida no Brasil é usada em aquecimento de água. Cerca de 25%. Um ex-professor meu dizia o seguinte: Aquecimento (resistência) é o uso menos nobre da energia elétrica, é praticamente jogar energia no ralo. Aquecimento solar deveria ser regra e não exceção. Como dizem outros: O investimento em conservação de energia é muito mais barato do que na geração complementar e deveria ser preferencial. Sem contar que é uma outra maneira de se injetar dinheiro na economia e de forma altamente distributiva: permitindo que os usuários economizem, tenham mais dinheiro no bolso para gastar ou investir em outras coisas.