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Mensagem
por FCarvalho » Dom Jun 09, 2019 1:38 pm
Não sei como vai ficar essa divisão, mas é certo que, a meu ver, o mercado militar aeronáutico nacional não é lá muito prospectivo.
As necessidades são pontuais e podem ser conseguidas respostas para elas em produtos já disponíveis e prontos no mercado, e com isso, a um custo bem abaixo do que ter de bancar o projeto de uma aeronave nova.
Aeronaves como os Phenom, Legacy e Praetor podem oferecer soluções pontuais, para cobrir setores menos exigentes da força, e é só isso.
Os E-2 que poderiam ser, em tese, a base para a substituição dos E-145 em várias missões, inclusive as que ele não foi adotado, apesar de possuir versão para isso, e hoje é um mistério se continuará contando com o beneplácido da FAB e/ou do governo para fins de emprego militar.
Enfim, sobra o ST e o KC-390. O primeiro não tem qualquer perspectiva de mercado interno para novas aquisições, dependendo da decisão da FAB por um MLU dos já usados, quando e se vier.
Já o KC-390 vamos ter que esperar pela década de 2030 para saber qual a real possibilidade de encontrar mais espaço aqui além das 28 já contratadas. A aviação naval pode ser uma opção, assim como uma eventual guarda costeira, que poderia utilizá-lo como aeronave SAR. Mas quantas realmente poderiam ser adquiridas? Já li, não me lembro onde, que a FAB teria planos para equipar o 1o/7o Gav com o KC-390. Mas é viável? Se sim, quantas aeronaves seriam necessárias? O 2o/10o Gav também poderia operar versões SAR da aeronave, mas fato é que não existe qualquer expectativa sobre isso. Não ao menos em termos de planejamento institucional. Talvez uma versão pouco maior e mais pesada que complementasse os modelos básicos seria algo a se pensar já que a FAB nunca teve nada parecido e tais modelos se mostram cada vez mais necessários às necessidades logísticas e de rápida mobilização de forças, tal como preconizado na própria END/PND. Mas, já existem aeronaves assim no mercado, e outras em projeto na Russia e China que poderiam fazer o papel, e que devem estar voando já na próxima década. Vale a pensa desenvolver um derivado do KC-390 para um mercado tão pequeno como o brasileiro, e com uma competição que se mostra será mais que acirrada no exterior?
Ao que tudo indica, aparentemente as opções de desenvolvimento e de mercado para os produtos já existentes são bastante restritivas, dado que não é possível depender das demandas das ffaa's brasileiras, já que via de regra nunca podem contar com regularidade e previsibilidade de orçamento para qualquer coisa. E tentar vender lá fora sem começar por aqui produtos militares é um risco altíssimo, para não dizer um tiro no pé.
Enfim, o mundo das tecnologias aeronáuticas está mudando radicalmente e as coisas estão andando em uma velocidade que poucos países conseguem, ou querem, acompanhar.
O Brasil é um destes últimos.
abs
Carpe Diem