MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

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Bourne
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7861 Mensagem por Bourne » Ter Mai 28, 2019 10:12 am

Como disse o Armínio Fraga ano passado "o motor de crescimento quebrou". E pelo jeito não se tem ideia de como retificar o motor ou colocar um novo. Voltamos para o começo da década de 1990. Só falta a hiperinflação :mrgreen:

As previsões abaixo não são chutes. Esse pessoal está rodando as simulações para identificar tendências.
Temor de volta da recessão

Expectativa é que PIB do primeiro trimestre seja negativo. Além disso, possível revisão do crescimento da atividade nos últimos três meses de 2018 pode indicar dois períodos seguidos de queda. Analistas reduzem pela 16ª vez projeção de alta para o ano

Na semana em que o país conhecerá o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre do ano, o relatório Focus, do Banco Central (BC), que reúne as expectativas de analistas de mercado, voltou a reduzir a estimativa de crescimento do índice. É a 16ª vez, desde o início de 2019, que as expectativas para a economia caem, sendo que é 13ª semana de queda consecutiva. A projeção de alta de 1,23% - 0,01 ponto percentual menor do que a anterior - indica que a expectativa é que o PIB, que será divulgado na quinta-feira, venha negativo.

"Não dá para descartar totalmente. O fato de a economia estar estagnada, ou quase, mostra que, com qualquer deslize, o país cairá em uma recessão. O quadro econômico é muito frágil, e o governo tem de tomar cuidado, pois a margem para erro é mínima. Se tivermos qualquer susto, qualquer choque na economia, a capacidade de reação será muito baixa", destaca a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif.

Em janeiro, as análises do BC para a atividade econômica do ano indicavam que o crescimento poderia ser de 2,57%. Quatro meses depois, a redução de mais de um ponto percentual, segundo a economista, é indício de que pouco foi feito para recuperar a saúde financeira do país e reforça as desconfianças em relação ao governo federal. "Além de acelerar essa reforma, o governo tem de definir qual será sua agenda, passada a Previdência. Até o momento, não há uma agenda clara do Executivo além da reforma previdenciária. A população não conseguiu enxergar qual é o plano do governo para a economia. Isso traz apreensão", analisa Latif.

Para o país entrar em recessão, é necessário que o PIB registre dois trimestres consecutivos em queda. Para o professor da Universidade de Brasília (UnB) e economista José Luís Oreiro, a publicação desta semana do IBGE será o termômetro que vai indicar o futuro da economia nacional. "A mediana das projeções de mercado para o PIB do primeiro trimestre é de uma queda de 0,2%. Se vier algo maior do que isso, estaremos em uma situação pior, e aí dependeremos do comportamento do segundo trimestre. O problema é que os meses de abril e maio já passaram por turbulências. Temos de torcer por um resultado moderado do PIB do primeiro trimestre, como uma queda entre 0,2% e 0,4%", comenta.

De qualquer forma, Oreiro alerta que a probabilidade de o país entrar em recessão técnica gira em torno de 70%, até porque o IBGE pode revisar o comportamento do PIB no último trimestre de 2018, quando a economia cresceu 1,1%. "A minha esperança é de que o índice de quinta-feira não seja tão expressivo a ponto de tornar o resultado do fim de 2018 negativo, mas isso pode acontecer. Caso se confirme, será uma catástrofe econômica e social que mostra o quão equivocada está a política macroeconômica brasileira, que vai outra vez mergulhar fundo em uma recessão, pouco depois de ter saído da pior crise dos últimos 30 anos", frisa o professor.

Para a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, o quadro recessivo só vai agravar a situação atual. "Provavelmente o desemprego médio de 2019 será maior do que o de 2018. Em algum momento, isso vai se materializar em insatisfação social generalizada e os protestos contra o governo Bolsonaro tendem a crescer em escala e difusão no país, até chegar ao momento em que governo se tornará insustentável", afirmou.

Imagem

http://linearclipping.com.br/unb/site/m ... a=60930994#
Outra indicação de redução de renda e do consumo.
Número de lojas fechadas no país volta a subir após 5 trimestres, diz CNC...

https://economia.uol.com.br/noticias/es ... JGwE1dwikM
No começo do ano ouvi que histórias no posto de motorista que contavam que a empresa tinha compra uns conjuntos zero (cavalo-mecânico e carreta) e pagava uns R$ 17 mil de prestação. A justificativa de que a economia iria bombar. Fico curioso para saber o que essas empresas fizeram. Devem ter devolvido a frota para o banco ou quebraram.




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Marcelo Ponciano
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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#7862 Mensagem por Marcelo Ponciano » Ter Mai 28, 2019 2:41 pm

gabriel219 escreveu: Seg Mai 27, 2019 11:47 am
Eu quis separar a parte ideológica da econômica pelo seguinte problema: o Brasil é um mar de bizarrice!

Não é algo contra você, não me leve a mal. No Brasil existe políticos de Esquerda que defendem medidas liberais na economia, políticos de Direita que defendem teorias Keynesianas e até Socialistas. No Brasil a base ideológica com a econômica é muito contraditória em diversos aspectos.

[...]

Se for pegar toda a história da República a única oportunidade de termos uma economia com Liberalismo em mais de 70% é com Bolsonaro. O próprio FHC já tomou medidas anti-liberais que citei algumas vezes, assim como tomou medidas Liberais. Não se junta por uma ou outra, mas pelo conjunto da obra.

Isso se deve ao pensamento Getulista, de que o Estado tem que prover tudo e felizmente isso está mudando.
Eu sei que o nobre colega não tem nada contra mim, até porque se tivesse eu nem me daria ao trabalho de debater. Debate só é possível considerando que as partes estão abertas ao convencimento, o que não corre quando há uma animosidade prévia.

Como o post é longo, e no momento estou com alguns trabalhos atrasados, não posso responder ele ponto a ponto agora. Mas voltarei ao assunto mais a frente.

Por enquanto, considerando os dois trechos destacados acima, gostaria apenas que o colega justificasse (se desejar, é claro) o porquê não considera o Pres. Bolsonaro na mesma situação descrita na frase destacada em azul.

Não vejo o Bolsonaro representante do liberalismo. Até ontem ele nem sabia o que era isso, ele mesmo reconheceu esses dias que há pouco tempo era contra privatizações. Não existe uma manifestação do Bolsonaro defendendo qualquer ideia liberal econômica no congresso. O fato dele indicar alguém liberal na economia (Guedes) é apenas repetição do mesmo que já vivemos inúmeras vezes lá atras, sintetizada por você na frase em azul "No Brasil a base ideológica com a econômica é muito contraditória em diversos aspectos.".

Veja que, em termos de espectro ideológico e condução econômica, Bolsonaro está para o Lula assim como Guedes está para o Meireles (apenas com a diferença que o Meireles na época do Lula não comandou a Fazenda, mas sim o BACEN).




Tudo estaria perdido se o mesmo homem, ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo exercesse os três poderes: o de fazer as leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar. (MONTESQUIEU. O Espírito das Leis. Livro XI, Cap. VI)
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7863 Mensagem por Bourne » Ter Mai 28, 2019 3:56 pm

Vocês estão muito loucos. Ficar repetindo chavão de keynesiano, liberal, livre mercado, estatista, mistura de ideologia política e econômica não tem sentido. Uma bobagem. É coisa de internet, leigo ou politiqueiro.

No mundo real existe um set de teorias econômicas que possuem fundamentação em problemas reais, hipóteses e evidências empíricas. As estruturas oriundas de discussões previas e servem para orientar discussões futuras. Não tem certo e nem errados. Nem economia de direita e de esquerda. Porque todas tem certo grau de fiabilidade e de erros. Esse set de teorias pode ser chamado de mainstream que incorpora tudo, avança e muda o tempo todo.

Por exemplo, não tem sentido falar de política keynesiana. É um mera qualificação de politica de estabilização da economia no curto prazo para manter a estabilidade no crescimento e nível de emprego. Pode ser usado aumento de gasto público, investimento público ou privado, incentivos fiscal ou redução de impostos, redução de juros ou compulsórios. Tudo é política que pode ser adjetivada de keynesiana e está nas teorias (independência do banco central, estabilidade financeira e bancárias, regras fiscais, entre outros). Aqui que origina as punhetagens sem fim entre gente discute, discute e chega no mesmo arroz com feijão chamada de macroeconomia. É chatissima. É a área de quem não entende nada.

Como também, outro set de teorias de crescimento de longo prazo que focam na oferta, produtividade e tecnologia. Nesse contexto, incorpora regulação setorial, desenho do sistema tributário, eficiência do gasto público, distribuição de renda, educação e capital humano. Hoje é isso que bomba na economia acadêmica e que interessa para governos. Nisso que tem boas discussões. Tanto em elementos mais macros de fazer um país se desenvolver estrutura produtiva, reduzir a desigualdade regional e de renda. Quanto fazer aquelas soluções micro como desenho institucional de regulação da independência do BC, desenho de imposto ou políticas compensatórias (bolsa família, por exemplo)

E Chicago não é o nascedouro dos neoliberais e chicagoboys que endeusam o mercado e conservadores. É bobagem. O departamento de economia de Chicago tem grandes contribuições para discussões e que tiveram agraciados pelo Nobel. Alguns exemplos de áreas com essas grandes contribuições:

- Economia institucional e história econômica como elementos não mercado afetam a relação entre os agentes. Um elemento diretamente oriundo da tradição alemã e dos autores de história, sociologia e direito que fundaram o departamento.
- Teorias de poupança e investimento que servem para modelar sistema tributário, previdenciário e financeiro. Não tem resposta simples.
- Desenho de regulação setorial, reduzir imperfeições e distorções de mercado, direito e economia. A estrutura teórica fundamental regulação de monopólios naturais, ataque as práticas não competitivas e intervenções do estado no mercado
- Política educacional e como operacionalizar as teorias de capital. Estas estão fortemente relacionadas com crescimento de longo prazo como mensurar e identificar a origem do crescimento
- Teorias evolucionárias da relação entre agentes e firmas. De lá que vem a tal "finanças comportamentais" que incorporam elementos psicológicos para compreender como os agentes se relacionam no mercado.

Na política o departamento de Chicago é bem comum serem a favor dos direitos individuais, políticas sociais, democracia e terem posições bem avançados como descriminalizar aborto e drogas. É o caso do Friedman que era um expoente do departamento e conversava como todo mundo. Não tem nada de reaça ou conservador. E muitas dessas posições viraram papers acadêmicos.

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Enquanto isso, no Brasil...

O Lula neoliberal não fugiu do mainstream da teoria econômica. Porque o Lula é esperto e pragmático. Sabia que os economistas do PT eram um bando de malucos. A grande contribuição econômica do Lula I foi trazer dezenas de PhDs em economia formado em ótimas universidades no Brasil e exterior que aplicaram as reformas microeconômicas e de estado "feijão com arroz". O grande nome o Marcos Lisboa (ou "Diabo Loiro") e o Palocci que deixou a equipe trabalhar. Quando a Dilma I fugiu do mainstream e aplicou as teorias de curto prazo e exóticas afundou. E caiu quando a inflação acelerou.

Os meus amiguinhos do mercado financeiro chamam o Bolsonaro de "O DILMO". Porque não é liberal, não entende de economia e acha que resolve as coisas na canetada igual a Dilma. A sorte é que não tem a coragem da Dilma. Se não a inflação deveria estar uns 50% ao ano e o país em colapso fiscal. :mrgreen:




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7864 Mensagem por Bourne » Ter Mai 28, 2019 4:10 pm

Abaixo o relato de um dos neoliberais infiltrados no governo Lula I e muitos sobreviveram até o Lula II.
Os ‘neoliberais’ infiltrados no primeiro governo Lula
Por Bernardo Guimarães

“Quase tive um ataque quando li aquilo”, bradava Maria da Conceição Tavares, economista desenvolvimentista do PT, em entrevista à Folha de São Paulo publicada no dia 21 de abril de 2003. De acordo com suas próprias palavras, ela estava histérica. O alvo de sua fúria era o documento “Política Econômica e Reformas Estruturais” divulgado pelo Ministério da Fazenda – e, mais especificamente, Marcos Lisboa, apontado por ela como o principal responsável por sua publicação.

“Esse Marcos Lisboa é um garoto semi-analfabeto”, ela esbravejava. Em outro momento da entrevista, disse que “há gente infiltrada [no governo] que escreveu uma porcaria chamada Agenda Perdida”. Nas palavras dela, os autores da Agenda Perdida eram “um grupo de débeis mentais do Rio de Janeiro“. Já Marcos Lisboa era acusado de promover “aquela babaquice que o consenso de Washington quer que a gente aplique”.

Naquelas mesmas semanas, Marcos Lisboa e Ricardo Henriques, os principais expoentes dos chamados neoliberais da política social do governo Lula, seriam também alvo da fúria de vários ministros de estado, incluindo José Graziano Silva (segurança alimentar), Carlos Alberto Christo, o Frei Betto (assessor especial do presidente), Miguel Rossetto (desenvolvimento “agrário) e Jacques Wagner (trabalho).

http://mercadopopular.org/wp-content/uploads/2015/09/2015-827578744-2015062342953.jpg_20150623-620x373.jpg
Maria da Conceição Tavares, chorando nos anos 80 enquanto elogiava o controle de preços implantado por Sarney no Plano Cruzado. Os resultados do Plano foram catastróficos, mas Maria o considerava 'uma iniciativa única na política econômica brasileira".
Na foto, a economista portuguesa Maria da Conceição Tavares, ícone do PT, se emociona com o controle de preços implantado por Sarney no Plano Cruzado, nos anos 80. Os resultados do Plano foram catastróficos.

As críticas não se limitavam ao conteúdo das propostas. Marcos Lisboa era acusado de ser algo como um agente financiado pelo Banco Mundial infiltrado no governo. A acusação, insana e bizarra, ocuparia bastante espaço na Folha de São Paulo naqueles dias e levaria os então deputados do PT Ivan Valente e Lindbergh Farias a protocolar um pedido formal de esclarecimentos.

Qual o motivo de uma reação tão forte?
O principal alvo da fúria era a forte defesa da focalização das políticas sociais. O documento lançado pelo governo traçava uma agenda de reformas que provocava forte oposição dentro do governo, mas era a proposta de focalização o ponto que mais incomodava a críticos como Maria da Conceição Tavares. Ela afirmava que o Banco Mundial queria “empurrar a focalização goela abaixo” do Brasil. A imprensa noticiava que os ministros José Graziano Silva e Miguel Rossetto estavam dentre os que “não suporta[vam] ouvir falar em focalização”.

http://mercadopopular.org/wp-content/uploads/2015/09/3fde24a7668b0-1024x672.jpg
A equipe econômica do primeiro governo Lula: o atual ministro Joaquim Levy, o 'neoliberal petista' Antonio Palocci e Marcos Lisboa, um dos 'débeis mentais do Rio de Janeiro';

De fato, o diagnóstico e as propostas no documento “Política Econômica e Reformas Estruturais” eram completamente diferentes do principal plano de Lula para a área social no início de seu governo, o programa Fome Zero. “Coordenado por José Graziano Silva e pelo Frei Betto, esse programa ocupava todas as manchetes no momento da transição. Em seu discurso de posse, Lula realçava sua importância: “defini entre as prioridades de meu governo um programa de segurança alimentar que leva o nome de Fome Zero”.

Nas palavras de Eduardo Suplicy, o Fome Zero era um “programa transversal, que pretend[ia] estabelecer uma nova articulação com a esfera produtiva, estimulando a agricultura e a economia locais”. Seriam “tomadas ações para promover produção e distribuição de alimentos de qualidade em base sustentável, além de promover a inclusão social, educação alimentar e nutricional”. O principal coordenador do programa, José Graziano da Silva, professor de Economia da Unicamp, “chegou a ”“anunciar que a burocracia federal elaboraria listas de alimentos que poderiam ser comprados pelos beneficiários, a serem distribuídas a supermercados do país”.

Rapidamente, o programa Fome Zero se mostraria um fracasso. Não demorou para o presidente Lula se convencer que era preciso mudar. Em uma reunião em setembro de 2003 com a presença de vários ministros e secretários, Ricardo Henriques apresentaria e receberia o aval de Lula para sua proposta de um programa de transferência direta de renda visando à focalização dos gastos sociais. O programa Fome Zero seria logo colocado em escanteio. A política social do governo Lula passaria a partir de então a dar mais e mais ênfase a um programa focalizado nos mais pobres, que unificaria e expandiria programas existentes.

O programa se chamaria Bolsa Família.

A focalização dos gastos sociais

http://mercadopopular.org/wp-content/uploads/2015/09/bolsa_familia_fome_zero-620x224.jpg
A política social dos 'neoliberais infiltrados' foi bem sucedida'; o 'Fome Zero', não. O futuro encarregou-se de substituir uma pela outra nas propagandas políticas.

Programas como Bolsa Família ou Bolsa Escola não eram novidade alguma. Haviam sido implementados em cidades como Campinas e Brasília em meados dos anos 1990, e em 2001 em nível nacional pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Havia um programa similar cobrindo todo o México desde 1997 (na época, chamado Progresa) e desde então vários outros países haviam aplicado programas com ideias e objetivos semelhantes.

Esses programas são focalizados: visam distribuir recursos diretamente aos mais pobres. Em geral, estipulam contrapartidas como a exigência de que as crianças frequentem a escola e tomem vacinas. Contudo, a existência de programas focalizados não significa que a política social como um todo seja focalizada.

A Agenda Perdida, o documento elaborado em setembro de 2002, colocava em números o baixíssimo impacto na distribuição de renda das nossas políticas sociais e mostrava que “a falta de efetividade da política social brasileira não adv[inha] da ausência de recursos.” O diagnóstico era claro. Dois fatores eram apontados como os principais culpados por esse fracasso: a má focalização dos gastos sociais e a falta de avaliação dos resultados dos programas.

De fato, havia (e ainda há) uma miríade de programas sociais destinados aos mais variados grupos, inclusive os mais necessitados. Contudo, observava-se que vistos como um todo, esses programas não melhoravam a distribuição de renda no país. As várias políticas que efetivamente transferiam renda não compunham um conjunto focalizado nos mais pobres. Milton Friedman havia dito, 40 anos antes, que “se o objetivo é mitigar a pobreza, deveríamos ter um programa destinado a ajudar o pobre.” A Agenda Perdida mostrava que não é isso que de fato tínhamos no Brasil, e defendia a focalização da política social.

A Agenda Perdida também explicava que “é sempre melhor combater a pobreza de forma estrutural que a partir de políticas compensatórias”, mas que considerando “o altíssimo grau de desigualdade” no caso brasileiro, “programas compensatórios abrangentes têm de ser parte importante da política social”. E completava que essas políticas deveriam “se basear mais em transferências diretas que em intervenções no sistema de preços”. A ideia aqui é que devemos, sempre que possível, deixar o mensageiro da economia, o sistema de preços, fazer seu trabalho.

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Trecho da Agenda Perdida, que tinha Marcos Lisboa como um dos autores e propunha, ainda em 2001, a focalização do gasto social;
Trecho da Agenda Perdida, que tinha o ‘neoliberal’ Marcos Lisboa como um dos autores e propunha, ainda em 2001, a focalização do gasto social;

Políticas públicas focalizadas tributam as pessoas para transferir recursos aos mais pobres. Políticas sociais universais tributam as pessoas para transferir recursos a toda a população, ou a vários grupos, normalmente em forma de serviços públicos. Quando as políticas são focalizadas, precisamos tributar muito menos. Essa é uma vantagem importante da focalização.

Para entender melhor esse ponto, considere uma política de transferências que tribute as pessoas e deposite R$ 50 na conta de cada um de nós, todo mês. Quais seriam os custos dessa política? Há, decerto, os custos operacionais e a possibilidade de desvios de dinheiro público. Mas além disso, tributar gera as distorções discutidas no capítulo sobre as contas do governo. Ao tributar, tornamos a produção e as trocas mais custosas, e assim desestimulamos o que gera riqueza para a economia como um todo.

As transferências precisam ser financiadas com impostos. Quando aumenta o imposto sobre a circulação de mercadorias, por exemplo, os bens ficam mais caros e algumas transações que ocorreriam sem o imposto deixam de acontecer. Isso é uma perda para a sociedade como um todo. Assim, o custo efetivamente imposto pela tributação é maior do que a quantia arrecadada.

Por conta das distorções impostas pela tributação, e também dos custos operacionais das ações do governo e dos eventuais desvios de recursos, um gasto do governo de R$ 50 custa muito mais que R$ 50 para a sociedade. Assim, quando se tributa para retirar R$ 50 de cada um e distribuir os recursos de volta a todos em partes iguais, todos perdem.

Políticas de transferência focalizadas nos mais pobres têm, portanto, dois méritos muito importantes: não interferem no sistema de preços e minimizam os custos impostos pela tributação.

http://mercadopopular.org/wp-content/uploads/2014/07/milton-friedman-300x202.jpg
"Se o objetivo é mitigar a pobreza, deveríamos ter um programa destinado a ajudar o pobre" - Milton Friedman, um dos economistas mais influentes do século XX;

Por outro lado, a existência de um grande número de programas sociais que transferem renda das mais variadas maneiras aos mais variados grupos sem melhorar a distribuição de renda impõe custos à sociedade como um todo sem gerar benefícios. Cada programa beneficia diretamente um grupo à custa dos outros, mas no final das contas, estamos simplesmente tributando a população para transferir de volta às pessoas, como no exemplo da política que transfere R$ 50 para cada um. Cada um “parece se beneficiar de um programa, mas os custos para a sociedade superam os benefícios que chegam a cada um.

Implementar um programa de transferências focalizados nos que mais necessitam não é simples. É preciso conseguir identificar os que de fato devem receber o auxílio e fazer o dinheiro chegar até eles. Como quase metade da população está no mercado informal de trabalho, é muito difícil saber quem realmente é pobre. Inevitavelmente, haverá gente no cadastro de beneficiários que não deveria estar lá. Mas em comparação com os custos atrelados aos gastos públicos de modo geral, esse problema é relativamente menos importante.

O diagnóstico e a prescrição de políticas liberais da Agenda Perdida seriam reforçados no documento “Política Econômica e Reformas Estruturais” de abril de 2003. Mais completo e aprofundado que a Agenda Perdida, esse documento causaria um alvoroço dentro do governo. Meses depois, o Bolsa Família surgiria a partir da unificação de quatro programas sociais (Bolsa Escola, Bolsa Alimentação do ministério da saúde, Auxílio Gás e o Cartão Alimentação do Fome Zero) e da criação de um cadastro único de beneficiários.

“O Programa Fome Zero seria logo esquecido. Entraria para a história oficial como um programa que “foi posteriormente incorporado ao Bolsa Família” e para a história real como um fracasso retumbante.

O Bolsa Família, por sua vez, foi muito bem sucedido. Custa hoje em dia cerca de 0,5% do produto brasileiro (menos que o subsídio implícito nas operações do BNDES), atinge quase um quarto da população do Brasil e de fato beneficia os mais pobres. Nos anos seguintes à implementação do programa, houve uma substancial redução na pobreza no país. O Bolsa Família não foi o fator mais importante, mas contribuiu para a redução da pobreza e da desigualdade.

As contradições e a redenção
O início do governo Lula surpreendeu em duas dimensões: foi muito mais liberal do que se esperava em muitos aspectos e teve muito mais sucesso do que muitos previam. A economia brasileira foi bem nesse período. Foi ajudada por fatores que nada tinham a ver com o novo governo (como o cenário internacional favorável, questões demográ“ficas e a melhoria no nível educacional da população por conta de políticas anteriores), mas as ações do governo contribuíram muito.

Lula assumiu em meio a uma crise de confiança, mas o pessimismo inicial foi logo dissipado. Em particular, as políticas monetária e fiscal ajudaram a evitar uma crise de confiança e geraram estabilidade na macroeconomia. Além disso, as reformas estruturais tiraram um pouquinho das amarras que emperram o trabalho do gato multicolorido capitalista. Além do benefício direto sobre a economia, essas políticas liberais afetavam positivamente a imagem do Brasil no exterior e o país passava a atrair mais atenção e investimentos.

Entretanto, no mundo das ideias, essa combinação de políticas teve um efeito perverso.
http://mercadopopular.org/wp-content/uploads/2015/09/Captura-de-Tela-2015-09-18-%C3%A0s-10.38.31-AM-620x371.png
Antes de seu partido chegar ao poder, o senador Eduardo Suplicy escreveu um paper tentando convencer economistas de esquerda a abraçar a proposta de Milton Friedman

Até 2002, o discurso do PT bradava contra o liberalismo econômico. Porém, em 2003, as políticas defendidas e adotadas pelo Ministério da Fazenda combinavam muito mais com o governo anterior que com a bandeira do PT. A oposição do PT durante o governo de Fernando Henrique a medidas que o governo de Lula buscaria implementar logo de cara evidenciavam que as ações e votos “do partido haviam sido determinadas pelo objetivo de ganhar eleições. O fim necessário para justificar os meios seria a melhoria nas condições de vida dos mais pobres.

O Bolsa Família mostrava essa intenção e apresentava resultados. Esse grande programa social focalizado nas famílias de baixa renda acabaria sendo o elemento que daria respaldo à visão do PT como o partido que de fato se preocupa com os mais necessitados. A retórica do papel do PT na mitológica luta entre poderosos e oprimidos tinha como exemplo principal um programa que era, em um primeiro momento, não muito mais que a expansão de um programa iniciado no governo anterior.

Ironicamente, o caminho para a redenção do PT sairia da agenda dos chamados neoliberais. Classificados pelo candidato do PSDB como “o pessoal de direita”, eles defendiam uma ação do governo na área social focalizada nos mais pobres desde antes da eleição. Justamente pela defesa da focalização dos programas sociais, foram acusados de estarem infiltrados no governo defendendo os interesses do Banco Mundial e atacados por vários ministros e economistas petistas. Acabariam por criar o maior “símbolo das políticas sociais dos governos de Lula e Dilma, o Bolsa Família.

O ímpeto reformista do governo Lula na área econômica não duraria muito. Guido Mantega assumiria o Ministério da Fazenda no inicio de 2006 e o tal grupo neoliberal logo sairia desse ministério. A partir de então, as reformas estruturais apontadas na Agenda Perdida e no documento “Política Econômica e Reformas Estruturais” sairiam da pauta de objetivos do governo. Contudo, as contas do governo estavam em ordem, a inflação estava sob controle e o Brasil contava com a confiança dos investidores. Estava armado o cenário para o crescimento econômico nos próximos anos.

O texto acima foi retirado do livro “A Riqueza da Nação no Século XXI”, escrito por Bernardo Guimarães. Na obra, Bernardo tenta explicar em linguagem leiga a visão dele, um dos pesquisadores mais renomados do país, sobre os grandes dilemas futuros da economia brasileira, além de recontar – como faz nesse capítulo – diversos episódios recentes da política econômica nacional. Este Mercado recomenda efusivamente a compra do livro, editado de forma independente e vendido por apenas 8 reais na Amazon, com disponibilidade para leitura em qualquer computador, smartphone ou Kindle.

http://mercadopopular.org/2015/09/neoli ... filtrados/
Por fim, o Friedman defendendo o fim da "guerra às drogas".



Aliás, o Friedman foi o último grande economista acadêmica que pensava em tudo e tinha contribuições em muitas áreas. Isso acabou com a necessidade de especialização e aprofundamento em alguma sub-área da economia. Não se acha mais Freidman, nem Keynes, Samuelson ou economistas com elevada cultura, conhecimento e que se posicionavam como homens (ou mulheres) públicas como esse pessoal.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7865 Mensagem por Bourne » Ter Mai 28, 2019 4:49 pm

Olha "O DILMO" :mrgreen: :lol:
Governo Bolsonaro ‘cirou’? Caixa anuncia descontos em dívidas de até 90%
Ainda que menos ambiciosa, medida lembra promessa de limpar o nome dos brasileiros feita por Ciro Gomes (PDT) na última campanha presidencial
Por Gustavo Ferreira, Valor Investe — São Paulo

Boa notícia para quem está endividado com a Caixa Econômica Federal: o banco lançou nesta terça-feira (28) uma campanha de renegociação de dívidas chamada "Você no Azul" que abrange 3 milhões de clientes.

Os descontos para liquidação à vista de atrasos superiores a 360 dias variam entre 40% e 90% — a depender da situação dos contratos e do tipo de empréstimo feito.

Em nota, a Caixa informa que a ação vale por 90 dias, em todo o Brasil, e que mais informações podem ser obtidas pelos clientes de quatro maneiras:

Pessoalmente, nas agências;
Ou pelo site www.negociardividas.caixa.gov.br;
Ou pelo telefone 0800 726 8068 opção 8;
Ou pelas redes sociais da Caixa no Facebook e no Twitter.
“Um dos nossos principais objetivos é resgatar o poder de compra e parcelamento dos clientes, adequar seus compromissos à sua realidade financeira, e possibilitar que possa tomar novo crédito no mercado, com a exclusão da restrição em seu cadastro”, disse no comunicado o presidente da Caixa, Pedro Guimarães.

O governo Bolsonaro ‘cirou’?
O discurso adotado por Guimarães lembra a promessa do presidenciável Ciro Gomes (PDT) na última campanha presidencial.


De acordo com o ex-governador do Ceará, se eleito, renegociaria dívidas por meio de bancos públicos e limparia, assim, o nome de 63 milhões de brasileiros que estão no SPC. Esse seria o motor da retomada da economia brasileira, segundo Ciro, caso fosse eleito.

Antes de sofrer o atentado que o tirou de combate na campanha presidencial de 2018, Jair Bolsonaro chegou a debater com Ciro na televisão sobre esse projeto. Disse ele, no evento transmitido pela Band:



“Deus te ajude, Ciro, porque eu confesso que não tenho como pagar essa dívida de uma forma tão simplista como você está propondo aí”, disse o então candidato do PSL, agora no Planalto. Veja o vídeo aqui:

A campanha "Você no Azul", da Caixa, sejamos justos, é bem mais modesta, e atingirá “apenas” 3 milhões de pessoas. Mas se o plano der certo, o governo Bolsonaro pode decidir "aumentar isso daí".

http://www.autoracing.com.br/f1-mais-um ... JgVPZ6cyxs
Não entro no mérito de ser de esquerda ou direita. O problema é que parece inútil. Sem renda e trabalho não paga conta e nem consome. Ou, na pior das hipóteses, vai estourar na conta da Caixa ou tesouro nacional.




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gabriel219
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7866 Mensagem por gabriel219 » Qua Mai 29, 2019 7:35 am

Bourne escreveu: Ter Mai 28, 2019 3:56 pm Vocês estão muito loucos. Ficar repetindo chavão de keynesiano, liberal, livre mercado, estatista, mistura de ideologia política e econômica não tem sentido. Uma bobagem. É coisa de internet, leigo ou politiqueiro.

No mundo real existe um set de teorias econômicas que possuem fundamentação em problemas reais, hipóteses e evidências empíricas. As estruturas oriundas de discussões previas e servem para orientar discussões futuras. Não tem certo e nem errados. Nem economia de direita e de esquerda. Porque todas tem certo grau de fiabilidade e de erros. Esse set de teorias pode ser chamado de mainstream que incorpora tudo, avança e muda o tempo todo.

Por exemplo, não tem sentido falar de política keynesiana. É um mera qualificação de politica de estabilização da economia no curto prazo para manter a estabilidade no crescimento e nível de emprego. Pode ser usado aumento de gasto público, investimento público ou privado, incentivos fiscal ou redução de impostos, redução de juros ou compulsórios. Tudo é política que pode ser adjetivada de keynesiana e está nas teorias (independência do banco central, estabilidade financeira e bancárias, regras fiscais, entre outros). Aqui que origina as punhetagens sem fim entre gente discute, discute e chega no mesmo arroz com feijão chamada de macroeconomia. É chatissima. É a área de quem não entende nada.

Como também, outro set de teorias de crescimento de longo prazo que focam na oferta, produtividade e tecnologia. Nesse contexto, incorpora regulação setorial, desenho do sistema tributário, eficiência do gasto público, distribuição de renda, educação e capital humano. Hoje é isso que bomba na economia acadêmica e que interessa para governos. Nisso que tem boas discussões. Tanto em elementos mais macros de fazer um país se desenvolver estrutura produtiva, reduzir a desigualdade regional e de renda. Quanto fazer aquelas soluções micro como desenho institucional de regulação da independência do BC, desenho de imposto ou políticas compensatórias (bolsa família, por exemplo)

E Chicago não é o nascedouro dos neoliberais e chicagoboys que endeusam o mercado e conservadores. É bobagem. O departamento de economia de Chicago tem grandes contribuições para discussões e que tiveram agraciados pelo Nobel. Alguns exemplos de áreas com essas grandes contribuições:

- Economia institucional e história econômica como elementos não mercado afetam a relação entre os agentes. Um elemento diretamente oriundo da tradição alemã e dos autores de história, sociologia e direito que fundaram o departamento.
- Teorias de poupança e investimento que servem para modelar sistema tributário, previdenciário e financeiro. Não tem resposta simples.
- Desenho de regulação setorial, reduzir imperfeições e distorções de mercado, direito e economia. A estrutura teórica fundamental regulação de monopólios naturais, ataque as práticas não competitivas e intervenções do estado no mercado
- Política educacional e como operacionalizar as teorias de capital. Estas estão fortemente relacionadas com crescimento de longo prazo como mensurar e identificar a origem do crescimento
- Teorias evolucionárias da relação entre agentes e firmas. De lá que vem a tal "finanças comportamentais" que incorporam elementos psicológicos para compreender como os agentes se relacionam no mercado.

Na política o departamento de Chicago é bem comum serem a favor dos direitos individuais, políticas sociais, democracia e terem posições bem avançados como descriminalizar aborto e drogas. É o caso do Friedman que era um expoente do departamento e conversava como todo mundo. Não tem nada de reaça ou conservador. E muitas dessas posições viraram papers acadêmicos.

------------------
Enquanto isso, no Brasil...

O Lula neoliberal não fugiu do mainstream da teoria econômica. Porque o Lula é esperto e pragmático. Sabia que os economistas do PT eram um bando de malucos. A grande contribuição econômica do Lula I foi trazer dezenas de PhDs em economia formado em ótimas universidades no Brasil e exterior que aplicaram as reformas microeconômicas e de estado "feijão com arroz". O grande nome o Marcos Lisboa (ou "Diabo Loiro") e o Palocci que deixou a equipe trabalhar. Quando a Dilma I fugiu do mainstream e aplicou as teorias de curto prazo e exóticas afundou. E caiu quando a inflação acelerou.

Os meus amiguinhos do mercado financeiro chamam o Bolsonaro de "O DILMO". Porque não é liberal, não entende de economia e acha que resolve as coisas na canetada igual a Dilma. A sorte é que não tem a coragem da Dilma. Se não a inflação deveria estar uns 50% ao ano e o país em colapso fiscal. :mrgreen:
Bourne, de verdade, quando você tenta falar de economia não consigo lhe levar a sério, de verdade.

Falar Keynesianismo, Liberalismo, Monetarismo não é chavão, é o nome de cada política econômica. Estou mentindo? Se você disser que estou mentindo, comprova o que eu penso a respeito de suas opiniões sobre economia a muito tempo: usa textões com conteúdo econômico muito pobre pois nunca leu sobre o que mesmo anda falando.

Suas próprias falas sobre mercado financeiro são horríveis, desde a época que havia os posts das eleições.

Talvez devesse utilizar mais da humildade, ao invés de usar termos como "punhetação", "macroeconomia é coisa que quem não entende nada". Quais seus trabalhos na área econômica? Você tem algum artigo publicado? Então quer dizer que Milton Friedman, que passou boa parte de sua vida falando de Macroeconomia ele não entendia nada, quem entende é você!

Você mesmo não deu UM PIO quando os números da previdência, que já eram conhecidos, foram amplamente publicados, inclusive com os cálculos. Cobrei sua posição e você ignorou, duvido que tenha entendido uma letra daquilo.

Eu só perdi meu tempo respondendo você por falar bobagens direcionadas aos outros, só por isso, pois a quantidade de bobagem que fala, principalmente sobre o mercado financeiro - já que você tem amigos no mercado financeiro, experimenta ter umas aulas com eles -, me faz refletir muito se vale a pena abrir um debate.




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Re: EDIT - Caso Boeing-EMBRAER: sua posição?

#7867 Mensagem por gabriel219 » Qua Mai 29, 2019 7:49 am

Marcelo Ponciano escreveu: Ter Mai 28, 2019 2:41 pm
gabriel219 escreveu: Seg Mai 27, 2019 11:47 am
Eu quis separar a parte ideológica da econômica pelo seguinte problema: o Brasil é um mar de bizarrice!

Não é algo contra você, não me leve a mal. No Brasil existe políticos de Esquerda que defendem medidas liberais na economia, políticos de Direita que defendem teorias Keynesianas e até Socialistas. No Brasil a base ideológica com a econômica é muito contraditória em diversos aspectos.

[...]

Se for pegar toda a história da República a única oportunidade de termos uma economia com Liberalismo em mais de 70% é com Bolsonaro. O próprio FHC já tomou medidas anti-liberais que citei algumas vezes, assim como tomou medidas Liberais. Não se junta por uma ou outra, mas pelo conjunto da obra.

Isso se deve ao pensamento Getulista, de que o Estado tem que prover tudo e felizmente isso está mudando.
Eu sei que o nobre colega não tem nada contra mim, até porque se tivesse eu nem me daria ao trabalho de debater. Debate só é possível considerando que as partes estão abertas ao convencimento, o que não corre quando há uma animosidade prévia.

Como o post é longo, e no momento estou com alguns trabalhos atrasados, não posso responder ele ponto a ponto agora. Mas voltarei ao assunto mais a frente.

Por enquanto, considerando os dois trechos destacados acima, gostaria apenas que o colega justificasse (se desejar, é claro) o porquê não considera o Pres. Bolsonaro na mesma situação descrita na frase destacada em azul.

Não vejo o Bolsonaro representante do liberalismo. Até ontem ele nem sabia o que era isso, ele mesmo reconheceu esses dias que há pouco tempo era contra privatizações. Não existe uma manifestação do Bolsonaro defendendo qualquer ideia liberal econômica no congresso. O fato dele indicar alguém liberal na economia (Guedes) é apenas repetição do mesmo que já vivemos inúmeras vezes lá atras, sintetizada por você na frase em azul "No Brasil a base ideológica com a econômica é muito contraditória em diversos aspectos.".

Veja que, em termos de espectro ideológico e condução econômica, Bolsonaro está para o Lula assim como Guedes está para o Meireles (apenas com a diferença que o Meireles na época do Lula não comandou a Fazenda, mas sim o BACEN).
Mas eu não disse que Bolsonaro era representante do Liberalismo, eu disse que é a primeira vez que o Brasil possui uma experiência grande de uma economia Liberal, como Austeridade e quebra de Regulamentações. MP da Liberdade Econômica, PEC 06, MP do Revogaço, MP que liberou pequenas empresas poder trabalhar no mercado de créditos...

Nunca chamei Bolsonaro de liberal, dizer que é a possibilidade real de vivenciar algo não é o mesmo que dizer que o emissário é 100% a favor daquela ideia. Leia novamente o que eu disse, por favor!




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7868 Mensagem por Bourne » Qui Mai 30, 2019 2:44 pm

Abaixo o que se chama de política de estimulo a demanda. O mesmo padrão que os EUA, em particular, republicanos apelam quando estão desesperados para fazer a economia crescer no curto prazo e se reeleger. Geralmente, cria distorções que estouram nos próximos governos e a academia acadêmica em geral é bem crítica, principalmente com redução de impostos.

No Brasil significa desespero. O país caminha para recessão. Verá que vai liberar os recursos daqui a pouco, com ou sem reforma. Outra medida inútil como do SPC. Porque esse dinheiro liberado vai para pagar conta e/ou ficar guardado. O problema é fiscal e, para resolver o problema fiscal, precisa crescer e aumentar arrecadação. Como faz isso não tenho ideia.
Governo avalia liberar recursos de contas de FGTS e PIS-Pasep para estimular economia, diz Guedes

Ministro da Economia condicionou liberação de dinheiro de contas ativas e inativas à aprovação de reformas. Ele sinalizou a medida no dia em que IBGE anunciou queda do PIB no 1º trimestre.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quinta-feira (30) que, para estimular o reaquecimento da economia, o governo estuda a liberação de recursos dos trabalhadores depositados em contas inativas e ativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) "assim que forem aprovadas as reformas", entre as quais a da Previdência.

Ele também disse que a área econômica avalia liberar dinheiro do abono salarial PIS-Pasep para jogar dinheiro no mercado e movimentar a economia. O PIS é um abono pago aos trabalhadores da iniciativa privada administrado pela Caixa Econômica Federal. Já o Pasep é pago a servidores públicos por meio do Banco do Brasil.

Paulo Guedes sinalizou a medida anticíclica no dia em que foi anunciada uma retração do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano. Em uma entrevista concedida na portaria do ministério, ele comentou o resultado divulgado nesta quinta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"Vamos liberar PIS-Pasep, FGTS, mas assim que saírem as reformas. Se abre essas torneiras sem as mudanças fundamentais, é o voo da galinha. Você voa três, quatro meses porque liberou e depois afunda tudo outra vez. Na hora em que fizer as reformas fundamentais, aí, sim, libera isso. É como se fosse a chupeta de bateria. Senão, anda três metros e para tudo outra vez", declarou o ministro a jornalistas.

Responsável pela política econômica do governo Jair Bolsonaro, Paulo Guedes ressaltou, entretanto, que não vai buscar implementar "truques, nem mágicas" para estimular a economia, mas que vai buscar fazer "reformas sérias".

Segundo ele, medidas artificiais de estímulo à economia, como uma "liberaçãozinha" de recursos, ou corte artificial dos juros, já foram implementadas no passado sem sucesso, gerando o que ele classificou como um padrão de "voo de galinha" na economia (crescimento baixo e inconsistente).

"O sonho do crescimento está ao alcance de nossas mãos. Basta implementar as reformas. Como está demorando a implementação das reformas, revisões [de alta do PIB] foram acontecendo para baixo. Me perguntaram isso: 'a economia não está respondendo?'. Eu disse, 'respondendo a quê?' Não fizemos nada ainda", declarou o ministro da Economia.

"O voo da galinha, já fizemos várias vezes. Faz uma liberaçãozinha aqui, baixa artificialmente os juros para reativar a economia. Aliás, foi assim que o último governo caiu. Caiu por irresponsabilidade fiscal, juros baixos, tentando estimular a economia. Nós não vamos fazer truques, nem mágicas, vamos fazer as reformas sérias", complementou.

Taxa de juros
Questionado sobre se o Banco Central poderia baixar a taxa Selic para encorajar o crescimento da economia, Paulo Guedes afirmou que "voluntarismo" com a política de juros pode resultar no aumento da inflação, como aconteceu, em sua visão, no governo Dilma Rousseff.

"Você só pode baixar os juros se tiver o regime fiscal em pé. Então, na hora que você fizer a reforma da Previdência, as expectativas vão ser de equilíbrio fiscal e, na mesma hora, os juros vão começar a descer no mercado. E o Banco Central deve sancionar [essa queda de juros do mercado reduzindo também a Selic]. Mas tudo isso exige as reformas antes", afirmou o ministro da Economia.
Reformas
Embora tenha admitido que a equipe econômica está estudando medidas de estímulo à economia, Paulo Guedes enfatizou que, a princípio, as ações seriam adotadas depois da aprovação de reforma estruturais, como a da Previdência Social.

A expectativa do governo é de que a proposta de emenda à Constituição que altera as regras de aposentadoria na Câmara dos Deputados ocorra nas próximas semanas. Atualmente, a PEC da Previdência está sob análise de uma comissão especial na Casa.

Entenda a reforma da Previdência ponto a ponto
Paulo Guedes destacou aos repórteres que as medidas anticíclicas gestadas pela equipe econômica, como a liberação do abono PIS-Pasep, já estão prontas e podem ser anunciadas nas próximas semanas, antes mesmo da aprovação da reforma da Previdência.

Conforme o ministro, a liberação de recursos das contas do PIS-Pasep seria anunciada nesta quinta-feira, mas o governo preferiu aguardar para examinar também a possibilidade de autorizar desembolsos de recursos dos trabalhadores no FGTS.

"O PIS-Pasep já estamos prontos para disparar. Íamos disparar hoje [quinta], e aí fomos examinar também o FGTS. Atrasou um pouquinho o PIS-Pasep. Liberação de contas inativas [do FGTS] lá atrás. As pessoas podem até buscar os recursos e podemos fazer um esforço extra para localizar. Tudo isso está sendo cuidado. [Contas] inativas e ativas também [seriam liberadas]. Cada equipe está examinando isso. Nós não batemos o martelo ainda, mas todas equipes estão examinando isso."
Retomada da economia
Ao falar do resultado do PIB, o ministro da Economia declarou que o governo já estava "contando" com a economia "bastante estagnada" no primeiro trimestre deste ano, mas disse que também está "confiante" de que a retomada virá nos próximos meses, com a aprovação das reformas.

"As pessoas têm de entender que precisamos das reformas justamente para retomar o crescimento. A da Previdência é apenas a primeira delas, que garante as aposentadorias, vai criar um estimulo a formação de poupança no Brasil, e vai dar um horizonte fiscal de 15, 20 anos na parte fiscal. Então, os investimentos privados serão retomados", argumentou.

Paulo Guedes disse ainda que o governo buscará aprovar a reforma tributária, baratear o custo de energia e implementar o pacto federativo para descentralizar os recursos para estados e municípios.

"Os investimentos de fora vão começar a entrar também à medida que o Brasil implemente as reformas. Estamos absolutamente seguros que, fazendo essas reformas estruturais, o Brasil vai retomar o crescimento sustentado", opinou o ministro.

Decisões judiciais
Após se reunir nesta quarta-feira (29) com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro da Economia afirmou que os investidores precisam de segurança jurídica para aportar recursos na economia brasileira.

"Então, eu tento dar esse ângulo econômico para que os legisladores entendam os efeitos sobre a economia, que podem ser devastadores, caso haja uma interferência jurídica em um procedimento normal de uma companhia de petróleo."

Paulo Guedes disse que os magistrados é quem decidem do ponto de vista jurídico, mas acrescentou que sua obrigação é conversar sobre economia.

"Se o Brasil for juridicamente um país hostil aos investimentos, vai continuar país rico em recursos e pobre, miserável, porque não consegue explorar seus recursos adequadamente", ponderou.

https://g1.globo.com/economia/noticia/2 ... ores.ghtml




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7869 Mensagem por Matheus » Qui Mai 30, 2019 10:23 pm

Deveriam voltar com a tributação de dividendos e de juros sobre o capital próprio, como o resto do mundo civilizado. Aproveitar essa arrecadação pra reduzir o IRPJ e aumentar a isenção do IRPF.
Reduzir alguns subsídios e jogar nos programas sociais, inclusive bolsa família.
Essas medidas seriam, ao meu ver, um estímulo para a roda girar.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7870 Mensagem por Bourne » Sex Mai 31, 2019 11:52 am

Esses são nossos especialistas :o :o :o

De um lado, o privatista Adriano Pires, que criou um mundo de polliana em que só privatizar a Petrobras terá competição e o preço irá baixar. Ao mesmo tempo em que os caminhoneiros (setor de transporte, agricultura, transporte urbano, creio que estejam incluídos) terão que negociar com empresas privadas e com menor poder de mobilização. SEU MALUCO!!!!! Setor de energia é regulado e o governo em última instância que determina o preço do insumo. Pode ser para mais ou para menos. É o setor fortemente relacionado com pressão política e que tem encadeamentos sobre a estrutura produtiva. Seja no Brasil ou no mundo.

Ainda cita o exemplo fantasioso que não existe greve de caminhoneiros e nem intervenção. Nos EUA existem estoques reguladores desde os choques do petróleo da década de 1970, subsídio pesado ao combustíveis de xisto e gás natural. Ou até pior com incentivo aos carros grandes e gastões. Só tem greve nos EUA porque os caminhoneiros e empresas de transporte são desorganizadas. Só que na Europa e até Irã greve de caminhoneiros e protestos contra preços de combustíveis é comum.

Do outro lado, o Oreiro, o quase estatista, não fala muita coisa, mas deixa em aberto que não será essa maravilha dita pela pelo cara acima.

E não será porque setor de energia é politica, mexe com interesses diversos, tem impactos sociais e econômicos. A regulação setorial e estabelecer uma política para setor é um inferno. A privatização da Petrobras tira pressão da empresa e desloca para estrutura regulatória que em última instância influenciada pelo executivo e congresso. E para privatizar a Petrobras vai ter que desenhar muito bem para desmontar o monopólio de uma estatal e criar um monopólio privado.

Privatizar Petrobras resolve preço de combustível e greve de caminhoneiros? (Site do UOL, 31/05/2019)

A eventual privatização da Petrobras divide economistas. De um lado, um grupo defende que a venda da estatal traria mais competição para o setor de combustíveis, afastaria o fantasma da greve dos caminhoneiros e reduziria a interferência do governo nesse mercado.

Outro grupo afirma que a medida não teria qualquer efeito sobre possíveis greves. Esses especialistas afirmam que o Brasil tem caminhões em excesso, poucas ferrovias e baixa exploração do transporte marítimo de cargas.

Desde a polêmica interferência do presidente Jair Bolsonaro na Petrobras, quando questionou a alta no preço do diesel sob a justificativa de que o reajuste poderia implicar nova greve dos caminhoneiros, o debate sobre a privatização da Petrobras voltou a ganhar força.

Em entrevista à GloboNews em abril, o ministro da Economia, Paulo Guedes, declarou que tem conversado sobre a privatização da empresa com Bolsonaro. Segundo Guedes, o presidente estaria preocupado com as greves no Brasil e com o fato de isso não ocorrer em outros países.

O economista Adriano Pires, sócio do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), é favorável ao processo de privatização da Petrobras e avalia que essa medida reduziria o poder de pressão dos caminhoneiros. Não vemos greve de caminhoneiros nos Estados Unidos e na Europa porque ocorreu aumento no preço do diesel , disse.

Segundo Pires, como a Petrobras é a única empresa a produzir óleo diesel no Brasil, os caminhoneiros direcionam o foco das pressões para o governo, que controla a estatal e teme uma nova greve.

A pressão chega na Petrobras porque a empresa é do governo, que tem medo das consequências de uma nova greve. Se tivéssemos várias refinarias produzindo diesel, isso não aconteceria , disse.

A falta de concorrência no setor, afirmou o economista, é o principal problema. Pires declarou que o preço dos combustíveis só ganha relevância no Brasil porque há forte interferência estatal no setor, com uma única empresa dominando o mercado.

Quando só há empresas privadas em um mercado, a probabilidade de intervenção do governo é zero. Mas na América Latina ainda existe um ranço populista. Nos Estados Unidos, nunca vimos intervenção nos preços dos combustíveis. Então não há manchete de jornal sobre isso.

O economista José Luís Oreiro, professor da Universidade de Brasília (UnB), afirmou que uma eventual privatização da Petrobras não teria efeito sobre possíveis greves de caminhoneiros.

Segundo ele, esse é um problema que decorre do excesso de caminhões vendidos no governo Dilma Rousseff, com linhas de crédito subsidiadas pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Se as pessoas estão preocupadas com a dependência do transporte rodoviário de cargas, os investimentos devem ser feitos em ferrovias e nos serviços de cabotagem [navegação] pela costa para desafogar as estradas. A greve do ano passado está relacionada à crise econômica, que diminuiu o volume de mercadorias em circulação. Vale lembrar que na Noruega, por exemplo, a extração de petróleo é estatal , afirmou.

Ele declarou que comparar a realidade brasileira com a dos Estados Unidos e Europa não é adequado. O economista disse que nas duas regiões o poder de pressão dos caminhoneiros sobre o governo é reduzido diante da existência de ferrovias e transporte de cargas por hidrovias.

O economista da UnB também afirmou que a privatização da Petrobras não garantirá a redução no preço dos combustíveis. Ele disse que o valor do petróleo é determinado por cotação internacional, e o custo da gasolina está ligado ao processo de refino e distribuição.

No Brasil temos competição no mercado de distribuição, mas não no mercado de refino. A entrada de novas empresas no mercado de refino do petróleo para produção de gasolina e diesel pode ser positiva. Mas temos de lembrar que o valor final dos combustíveis é influenciado por outros fatores, como incidência de impostos , informou.

Oreiro afirmou que a taxação dos combustíveis não é negativa, porque os combustíveis fósseis trazem prejuízos para o meio ambiente e contribuem para o aquecimento global.

O imposto, nesse caso, é introduzido para reduzir o consumo de combustíveis, que trazem problemas para o meio ambiente e para a população. Há um caráter educativo , disse.

https://economia.uol.com.br/noticias/re ... izacao.htm




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7871 Mensagem por Sterrius » Sex Mai 31, 2019 1:36 pm

Monopólio privado? Eu diria que privatizar a petro como um bloco só seria dar pra outra estatal internacional. Provavelmente chinesa que não deixaria passar a oportunidade.

Não entendo a tara do brasileiro em querer estatais de outros países. Talvez pq achem que seja mais cheiroso :lol: .

As poucas gigantes privadas FIlhas da Standart Oil. Shell e a Espanhola) tem uma relação tão de unha e carne com seus próprios governos (Diga-se subsidio e injeção de $$$$) que chama-las de privadas chega a ser ofensivo.

Sobram assim as médias ep equenas, essas sim realmente privadas. Mas essas nunca entrariam nos leilões que o GF planeja por custar diversas vezes todo o patrimônio dessas" pequenas "empresas.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7872 Mensagem por Túlio » Sex Mai 31, 2019 2:29 pm

Tigrada, VOSMEÇÊS viajam muito nisso de ideologia, patriotada e "fulano PhD escreveu", "sicrano PhD falou". Tempos atrás, ainda aprendendo a engatinhar investir, li uma frase bem divertida de um índio que, ao invés de ficar mendigando bolsa pra escrever tese, mete o peito n'água e o $ na reta:

"Eu adoro entrevista desses caras; é só ler com atenção e depois fazer exatamente o contrário, lucro garantido". :mrgreen:

E o que estou vendo? Ouro subindo uns USD 10/oz por dia; cryptos (o "ouro digital") num patamar que, se alguém no trimestre passado dissesse que seria alcançado ainda no seguinte (o atual), todo mundo ia dar risada e chamar de DOIDO; petróleo caindo feito uma bomba, saudades dos tempos em que a gente apostava se ia ficar acima ou abaixo de USD 70 (estava ali pelos 72), hoje vai ter muita gente suspirando aliviada se fechar (ainda) acima de USD 54 (acho brabo)*. Ações e índices sobem 1 cent antes de cair 1 dólar...

Não sei VOSMEÇÊS mas para mim isso são os primeiros sinais de uma BAITA crise vindo por aí (provavelmente MUITO pior que a da década passada) e não vai ter "marolinha" pros governos seguintes pagarem a conta não, vai ser um direto estilo George Foreman no bucho da cambada, porque agora no cofre não tem $, tá é cheio de carnê pra pagar. E ficam discutindo "nossa Petrobrás", "nossa Embraer" enrolados na bandeira (vai saber a cor :twisted: ); francamente, o que fazer com o "nosso" Pré-Sal quando o petróleo cair BEM abaixo de USD 40? E com a "nossa" Embraer quando ninguém tiver $ pra comprar avião porque ninguém tem pra voar nele?

Bobear e antes do fim do ano não vai faltar quem ache que a reforma da pirâmide Previdência originalmente proposta pelo Guedes era tímida demais e precisa outra, esta BEM RADICAL! Os de sempre vão abrir o berreiro, fazer manifestação, dessa vez a boiada vai junto e..........

WELCOME TO VENEZUELA 2.0! :lol: :lol: :lol: :lol:

(((Não sei bem onde vou estar, mas mando um email de lá :mrgreen: )))


EDIT (*) - Já caiu pra USD 53,50 e continua indo barranco abaixo...




“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”

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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7873 Mensagem por Bourne » Sex Mai 31, 2019 8:53 pm

Confesso que li, reli e li de novo o post do Túlio e não entendi nada. Não sei se tentou dizer algo e o que foi esse algo. No post aparentemente apoia "vender tudo e nacionalismo piegas" porque o mercado resolve, seja o que for isso. Ao mesmo tempo dá pulinhos de alegria com os governos "nacional populistas" que são anti-livre mercado, anti migração, protecionista e contra usa investimento estrangeiro e novas tecnologias limpas. Em boa parte atacam emergentes como Brasil por serem "privilegiados".

O preço do barril no mercado internacional está em queda. Nem a ameaça de guerra contra o Irã sustentou o aumento do preço do barril. O problema é que pode ser mais uma trombeta do apocalipse que é redução do crescimento da economia mundial, especialmente desaceleração da China e EUA. O que significa possibilidade de crise de endividamento privado e público, colapso fiscal e monetário.
Preços do petróleo têm mínimas de 2 meses com queda menor que a esperada em estoques dos EUA
No mês, o Brent está a caminho de perder cerca de 8%, enquanto o WTI deverá registrar retração
Spoiler!
Os preços do petróleo caíram quase 4% nesta quinta-feira (30), para seus menores níveis em mais de dois meses, por conta de uma redução menor que a esperada nos estoques de petróleo dos Estados Unidos e temores de uma desaceleração econômica mundial devido à guerra comercial entre EUA e China.

A Administração de Informação sobre Energia (AIE) informou que os estoques do produto nos EUA recuaram em quase 300 mil barris na última semana, número menor que a queda de 900 mil barris prevista por analistas em pesquisa da Reuters e muito abaixo da retração de 5,3 milhões de barris reportada pelo Instituto Norte-Americano de Petróleo no final da quarta-feira.

A diminuição da semana passada retira os estoques de petróleo dos EUA de seu maior nível desde julho de 2017, registrado na semana anterior, mas, com 476,5 milhões de barris, eles seguem cerca de 5% acima da média de cinco anos para este período.

"O relatório de estoques somou-se ao sentimento baixista que prevalecia na sessão de hoje", disse Abhishek Kumar, analista-chefe da Interfax Energy, acrescentando que "as preocupações sobre demanda que vêm da guerra comercial entre EUA e China devem permanecer como principal condutor pesando sobre os preços do petróleo."
Os contratos futuros do petróleo Brent recuaram US$ 2,58, ou 3,7%, e fecharam a US$ 66,87 por barril, enquanto o petróleo nos EUA cedeu US$ 2,22, ou 3,8%, para fechar a US$ 56,59/barril. Esse foi o menor fechamento para o Brent desde 12 de março, e o menor para o WTI desde 8 de março.

No mês, o Brent está a caminho de perder cerca de 8%, enquanto o WTI deverá registrar retração de cerca de 11%, o que representaria o primeiro declínio mensal para ambos os contratos em cinco meses.

https://g1.globo.com/economia/noticia/2 ... -eua.ghtml
Nesse cenário podemos esperar para o Brasil: i) implosão dos preços das commodities e competição feroz os EUA que já anda acontecendo; ii) dólar disparar e carregar inflação para todos os lados em ciclo de aumento de preços e taxa de juros, redução de renda e custo de endividamento; iii) aprofundar recessão com colapso fiscal e de crise da dívida. O Brasil não tem mais nada a ver com aquele de 2008.

Não que seja mercador da morte, mas é melhor se preparar para o apocalipse. No fim das contas o país vai acabar indo pedir dinheiro para o FMI como única forma de pagar as contas internas e o novo governo aceitar o ajusta na martelada como a Grécia, Portugal ou Espanha. Já é algo discutido seriamente como planejamento e saída pela evitar um colapso fiscal e hiperinflação. Seria algo como um pacotão de 100, 200 ou 300 bi de dólares. depende da necessidade e quanto os chineses vão liberar. Está no passo seguinte de vender reservas. Estou falando sério.

É possível ilustrar como cena a partir do clássico filma da 1990. A gente ainda está na parte de mergulhar e com a perspectiva de ser esmagado pela pressão.





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Sterrius
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7874 Mensagem por Sterrius » Sex Mai 31, 2019 11:26 pm

que todos estão falando do apocalipse desde o governo dilma já todos falávamos.

È só uma questão de acertar o quão ruim ele vai ser ~^.

Agora Tulio, Brasil tem que sofrer uns 3 apocalipses pra chegar lv Venezuela :lol: :lol: :lol: .
Tamos mais pra uma Década de 80 Remake. :mrgreen:




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Matheus
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7875 Mensagem por Matheus » Sáb Jun 01, 2019 7:58 am

JUSTIÇA TRIBUTÁRIA"

Senado começa a discutir tributação dividendos e aumento da isenção de IRPF
26 de abril de 2019, 21h29

https://www.conjur.com.br/2019-abr-26/s ... imprimir=1

Média de tributação total dos países desenvolvidos sobre lucro PJ e dividendos na pessoa física varia de 40% a 60%. No Brasil, 34% (https://www.nexojornal.com.br/expresso/ ... -no-Brasil)

Penso que aprovada tal lei, teríamos espaço pra aumentar o consumo das famílias sem diminuir a arrecadação, num primeiro momento.
Todo o IR pago por quem ganha até 5 salário iria pro consumo, gerando, ao fim, mais lucros e mais impostos.
Se juntar a reforma da previdência e tributária(que pretende simplificar o sistema e reduzir tributação sobre folha), bem como um apoio a RFB para cercar os sonegadores, penso que temos condições de sair do buraco.
O investimento estrangeiro aumentou 17% em relação ao mesmo período do ano passado. Acho q o apocalipse ainda demora pra chegar.




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