EUA aplicam novas sanções à Venezuela
Mais um passo de Trump na pressão contra Maduro, decreto proíbe novos negócios com o governo em Caracas ou com a estatal petrolífera PDSVA. Intenção é privar regime de fonte essencial de financiamento, diz Casa Branca.
Os Estados Unidos anunciaram nesta sexta-feira (25/08) novas sanções econômicas à Venezuela, em meio à escalada de tensão entre os dois países. O decreto, assinado pelo presidente Donald Trump, proíbe novos negócios com o governo em Caracas ou com a estatal petrolífera PDVSA.
Com a medida – que representa mais um passo no endurecimento das sanções prometido por Trump –, instituições financeiras ficam impedidas de fornecer capital ao governo venezuelano e à petroleira.
Estão proibidas novas compras de títulos de dívida e de ativos emitidos por ambos, bem como o pagamento de dividendos a Caracas e transações com títulos que sejam de propriedade do setor público da Venezuela. Mesmo a subsidiária americana da PDVSA, a Citgo, não poderá enviar dividendos de volta ao país sul-americano.
Apesar de envolver negócios com a estatal petrolífera, o decreto não impôs sanções contra as importações de petróleo da Venezuela, fundamental para a economia do país e também para as refinarias americanas – os EUA são um grande importador do produto.
Segundo informou a Casa Branca em comunicado, as sanções foram "cuidadosamente calibradas para privar o regime do presidente Nicolás Maduro de uma fonte essencial de financiamento".
O governo americano também justificou que deseja "proteger o sistema financeiro dos EUA de cumplicidade com a corrupção na Venezuela e com o empobrecimento do povo venezuelano, mas permitindo a assistência humanitária".
"Os Estados Unidos reiteram o seu apelo à Venezuela para restaurar a democracia, organizar eleições livres e justas, libertar imediata e incondicionalmente todos os presos políticos e pôr fim à repressão do povo venezuelano", acrescentou Washington.
O comunicado explicou, porém, que o Departamento do Tesouro americano pretende expedir licenças que autorizem transações proibidas pelo decreto, a fim de "reduzir os danos aos povos venezuelano e americano".
Essas licenças liberariam, por exemplo, o financiamento de produtos com fins humanitários, transações envolvendo a Citgo e negociações da dívida venezuelana já existente.
Reação em Caracas
Em resposta às novas sanções, o ministro das Relações Exteriores venezuelano, Jorge Arreaza, descreveu a medida como "a pior agressão contra a Venezuela nos últimos 200 anos".
"Talvez os Estados Unidos estejam tentando promover uma crise humanitária em nosso país. O que eles querem? Eles querem matar os venezuelanos de fome?", questionou o ministro a repórteres na sede das Nações Unidas.
Arreaza ainda declarou que a ONU não pode ficar "de braços cruzados" para as ações americanas, e ressaltou que o governo vai defender seus cidadãos "por todos os meios".
Pressão contra Maduro
Os Estados Unidos têm anunciado uma série de medidas restritivas contra a Venezuela desde julho, incluindo sanções econômicas diretas contra o presidente Nicolás Maduro, além de altos funcionários do governo da Venezuela ou pessoas próximas, como Adán Chávez, irmão do ex-presidente Hugo Chávez.
Maduro está sob pressão internacional após a convocação da Assembleia Nacional Constituinte, que vai redefinir a Constituição da Venezuela de 1999 e é denunciada pela oposição como o último passo do governo para consumar uma ditadura. Diversos países, incluindo os Estados Unidos, se recusaram a reconhecer o órgão como legítimo.
Em profunda recessão e em meio a uma grave escassez de produtos básicos, a Venezuela está há quatro meses em ebulição, com protestos quase diários contra Maduro e seu Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV). Dezenas de pessoas morreram em confrontos com forças de segurança.
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