FCarvalho escreveu: ↑Seg Jan 14, 2019 5:11 pm
Thor escreveu: ↑Seg Jan 14, 2019 9:34 am
Carvalho, nosso país tem mais de 16000 km de fronteira seca, com 10 diferentes países, mais todo o litoral com vários centros econômicos. Não se deixa um caça em Anápolis para atender uma crise próxima de Roraima, por exemplo. Quando se planeja uma defesa aérea, ou mesmo uma ofensiva, os caças são posicionados a umas 300 Nm. Como nós não temos 2000 Gripens para atender tudo ao mesmo tempo, temos que priorizar a mobilidade, e quando uma crise surgir com algum dos 10 países que requeira nossa ação, temos que desdobrar para a região e operar com a mesma eficiência. Assim é feito no mundo todo. Quando há um conflito, após a fase de crise, cria-se um Teatro de Operações, designa-se um Comandante conjunto e uma Força Aérea Componente e adjudica os meios para cumprir a missão, que são desdobrados. Aí é que eu vejo uma das maiores vantagens do Gripen, pois é muito independente de infraestrutura, uma vez que não requer quase nenhum Equipamento de Apoio de Solo para sua operação, pousa e decola em curtíssimo espaço, aeronave pequena, tem APU para suas próprias partidas (sem necessitar GPU e LPU) e seu reposionamento é um dos menores.
Thor, com todo respeito que lhe tenho e ao conhecimento e experiência concretas vividas na FAB, mas fato é que nunca vamos ter uma defesa aérea de acordo com nossa realidade - geográfica, geopolítica e geoestratégica - e necessidades, se a FAB continuar tentando tapar o sol com a peneira. Seja com 36, 54, 90 ou 108 caças.
Porque digo isso? A matéria de capa da RFA em banca ilustra muito bem essa questão. É algo que nós aqui debatemos há quase uma década e meia sem nunca chegar a um consenso.
A única coisa que me parece estar bem clara nesta discussão é que a FAB continua se recusando a requerer os meios quantitativos reais para a defesa aérea efetiva e eficiente do país. Pelos mais diversos motivos e fatores. Intra e extra institucional.
Na minha ignóbil opinião, 252 F-39 E/F seriam o suficiente. Apenas 14 esquadrões em 7 grupos de caça a 36 unidades cada.
Mas claro, em um país como o nosso a FAB pedir tal quantidade de caças soaria no mínimo ofensivo, independente de quaisquer argumentos utilizados e por mais lógicos e técnicos que fossem.
E sabe o que me parece mais absurdo? É a própria FAB ser a primeira a descartar, ou pior, opor-se a tal perspectiva.
Então, defesa no Brasil continua sendo um assunto de segunda categoria e um imbróglio para o meio político e governo, indiferente de suas ideologias.
Se nem os militares levam a sério o trabalho que tem a obrigação de fazer, não dá pra esperar que outrem o façam.
E antes que alguém venha com esse papo furado de falta de dinheiro, bom, melhor sair da Internet e ver o que está acontecendo no mundo real lá fora.
Abs
Carvalho, minha resposta inicial era referente a sua visão de que não se pode operar pensando em desdobramento, e não foi pensando no sonho de termos 252 caças Gripen. Mesmo seguindo seu sonho de chegarmos a 252 caças em 14 esquadrões ou 7 Grupos, distribuídos por todos os Estados/Regiões, imagino que em Roraima teríamos 1 Esquadrão, não é isso? Em caso de conflito com a Venezuela, você acredita que a guerra seria conduzida com apenas esse Esquadrão, ou deslocaríamos aviões do sul, sudeste, centro oeste, Rondônia e outros onda não há ameaça que justifiquem seu emprego? Por isso disse que o MUNDO INTEIRO opera com desdobramento!!!! Independente se meu país é a antiga URSS, com 22milhoes de km2 ou Portugal, os meios serão desdobrados para o TO ou retraídos para posições estratégicas, e bases de desdobramento serão montadas, dispersando conforme o planejamento do Componente Aéreo do Comando Conjunto que planejará e conduzirá a guerra, até que o Estado Final Desejado seja atingido.
Quanto ao aumento do orçamento e da Força, consequentemente, só lembro que o F/X, que visava substituir caças Mirage III, com a mísera compra inicial de 12 caças, começou ainda nos anos 90, e como sabemos, somente em 2015, após muito desgastes da FAB e do Governo, tivemos uma luz no fim do túnel. Você lembra do VLS? Isso sim é uma capacidade dissuasória e demonstração de tecnologia...e como estamos? Lembro que você pesquisou sobre o PESE...o plano da FAB é ter uma constelação de satélites de comunicações, reconhecimento EO e SAR e até navegação, para não ficarmos dependente do GPS americano.
Quantas vezes você deve ter ouvido falar que o plano inicial da FAB era de 108 Gripens...e olha que quase não sai os 36. Sabia que a modernização dos E-99 chegou a melar? Você lembra do projeto KCX? Do 767 tanker que é essencial para o Brasil? Dos 51 A-1 que deveriam ser modernizados?
São todos projetos explanados oriundos da necessidade mínima do PAÍS e que não são contemplados pelo GF.
Gostaria de saber como se faz um planejamento sem ter o mínimo de sinalização que haverá incremento no orçamento? Seria algo semelhante a alguém que trabalha numa empresa, mas tem seu salário fixo em 10.000 reais, e toda vez que vai chorar para o chefe que precisa ganhar mais, ganha um não bem grande. Mas mesmo assim, dá entrada numa Mercedes SLK, compra uma casa nova, e depois fica endividado e não sobra dinheiro nem para comprar comida.
É óbvio que a FAB sabe de suas necessidades, mas não é louca de cometer improbidade administrativa ou fazer algo a revelia do MD ou GF. Tudo é discutido e as propostas sobem para aprovação.
"É a própria FAB ser a primeira a descartar, ou pior, opor-se a tal perspectiva." - se essa sua afirmação for verdadeira, ainda que em partes, o que eu duvido, é puramente por motivos orçamentários e política governamental. Se quisermos aumentar o número de pilotos para voar aeronaves de 1a linha, precisamos de investimentos lá na base, no edital de concursos da EPCAr, na AFA, 2/5 GAV, etc...todos se preparando para receber mais alunos/gastos, para depois de 11 anos conseguirmos o aumento nesse Esquadrão dos seus sonhos.E a FAB pode fazer isso sem sinalização que o orçamento vai mudar? E se não mudar? vai demitir os tenentes ou deixar fora do voo pilotos recém formados como fez recentemente, por falta do mínimo para voar?
Abraços (do planeta Terra).