Thor escreveu: ↑Qua Dez 19, 2018 9:39 amConcordo, minha opinião, que vivi dentro da Força décadas de falta de $ para custeio, sei que o Rafale é inviável para nossa realidade. Já fiz intercâmbios com franceses, já voei com eles, fiz missões de AWACS, conheci muita gente, e era consenso vindo até deles que nós tínhamos que pensar bem sobre isso, pois o Rafale quase quebrou a AdlA, pois seus custos operacionais são estratosféricos. Eles tiverem que desativar algumas unidades aéreas e baixar o esforço aéreo de muitas outras. Nesses últimos anos sei que vários jovens pilotos da FAB foram afastados do voo por falta de horas para todos, fico aqui imaginando se recebêssemos esse presente de grego...como estaria o nível de nossos combatentes? Também considero o Rafale uma excelente máquina, consegue fazer o que o Gripen E fará daqui a 4 anos...mas o mais importante em aviação militar e que não tem preço é o nível de treinamento e doutrina, e isso só atingiremos como Gripen, que está adequado com nossa realidade.
Essa é uma velha falácia repetida ad eternum em foruns de defesa, a falta de $ para custeio não é pelos caças serem muito caros (que no momento são uns F-5 velhos e uns AMX), mas pela má gestão dos recursos. O caso da AdlA é um caso interessante, eles passaram do Mirage para o Rafale em uma época de corte de custos, não dava para substituir cada Mirage por um Rafale,
insistir nisso seria má gestão, então para manter os Rafales voando e os pilotos preparados eles tiveram que desativar unidades aéreas?
Decisão muito senseta, e não vejo que isso os tenha tornado mais fracos a maior capacidade de combate do Rafale possibilita ele de cumprir a missão de quantos Mirage? Se eles tiveram que substituir X Mirages por 1 Rafale e 1 Rafale cumpre a missão de Y Mirages, se Y > X, então foi um ganho! Ah, e sem esquecer, que foi em um período de cortes...
É claro que a força precisa se adaptar as novas armas e novas tecnologias, se isso significa reduzir o número de pilotos, que seja, e, em termos de caças, a tendência é que os caças fiquem ainda mais caros e mais capazes, vejam a notícia que postei no tópico do Raptor... Se não for acompanhar, olhe para a MB (na verdade isso ocorre nas três forças, mas na MB é bem mais aparente) com (literalmente) milhares de capitães e contando os navios de combate nos dedos.
Mas não digo isso porque quero ver pilotos desempregados, digo isso apenas porque a tecnologia move o mundo e é necessário acompanhá-la, remanejando recursos de acordo, uma introdução recente nos últimos anos foram os drones, baratos, que podem ser usados em quantidade mas exigem uma grande quantidade de pilotos, vejo pouquíssimo movimento da FAB nessa área comparada com outras forças aéreas, alias, nas comparações Gripen vs Rafale falam muito sobre as capacidades NCW do Gripen (como se o Rafale também não pudesse fazer... Mas não é esse o ponto), um ambiente que permita NCW também permite o uso intenso de drones com os caças tripulados ficando imprescendíveis na situação oposta, onde o ambiente não permite a comunicação, qual seria o caça ideal se ele não pudesse se comunicar com aliados?
Thor escreveu: ↑Qua Dez 19, 2018 9:39 am
É melhor termos 30 Gripens voando com 100 pilotos altamente adestrados a termos 10 Rafale com 50 pilotos nível cucaracha.
30 Gripens é um número muito pequeno pelo orçamento da FAB, mas a comparação fica interessante e me faz muito mais sentido do que ficar dizendo que X é melhor ou que a força não tem dinheiro (arghh) para manter X, quantos Gripens com seus respectivos pilotos adestrados a FAB conseguiria manter pelo custo de 1 Rafale com seus respectivos pilotos? E então quantos Gripens são necessários para cumprir a missão* de 1 Rafale? E ai da para discutir a sério qual o melhor do ponto de vista militar.
*Eu sei que depende da missão, e podemos até discutir qual a missão, mas a bobagem do "caro demais" não leva a nada, porque, simplesmente, não é verdade.
Túlio escreveu: ↑Qua Dez 19, 2018 12:22 pmIsso me lembra de uma entrevista que li - se não me engano era o CMT da FAB ou do então Comando Aerotático - que, em dado momento, o referido Oficial, após referir que os MIII e os F-5 já não eram mais considerados caças de primeira linha, teve que responder sobre qual caça seria então o ideal para a Força. A resposta foi mais ou menos "o ideal, e pode perguntar a qualquer Piloto, seria o F-15; só que (e aí vem a parte que interessa) também qualquer um diria que não temos nem teremos dinheiro para comprá-lo e muito menos mantê-lo em linha de voo, é caro demais. Assim, o consenso geral hoje (nem existia internet no Brasil ainda) foca no F-16 (então nas versões C/D, mesmo com a limitação então vigente de a zona abaixo do Río Grande tinha que ser
BVR-free, como todos sabemos), hoje O Caça a ser batido, e nos levaria tranquilamente até o fim do século e mesmo além, mantendo a operacionalidade e sem sacrificar o Treinamento das equipagens".
E decadas após essa entrevista, a FAB só possui F-5.
E quem tem F-15 mantém ele operacional e com pilotos adestrados, sendo que ao menos um desses tem orçamento militar inferior ao do Brasil.
Só posso concluir que o problema não é o caça.