Política externa do governo Bolsonaro vai ser igual ao do PT, guiado pela ideologia e não pelo pragmatismo...
Essa decisão é de EXTREMA BURRICE...
Decisão do Brasil de não sediar reunião climática causa mal-estar diplomático
Na ONU, anúncio foi interpretado como um sinal da direção do governo Bolsonaro em assuntos ambientais
Fonte:
https://sustentabilidade.estadao.com.br ... 0002625646
GENEBRA - A decisão do Brasil de não mais sediar a COP-25 em 2019 cria um mal-estar diplomático, obrigando a ONU a se apressar para procurar um novo lugar disposto a receber o evento e abrindo uma crise com parceiros que haviam dado seu apoio a Brasília. O presidente eleito Jair Bolsonaro disse que atuou diretamente na retirada da candidatura.
O Estado apurou que estava tudo planejado para que a entidade internacional chancelasse a conferência no País durante a reunião da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC, sigla em inglês) que ocorre a partir de segunda-feira, na Polônia e onde estarão 50 chefes-de-estado, chamada de COP-24. Não havia sequer outro candidato, diante de um acordo que foi costurado em diversas capitais.
Mas, com a retirada da proposta brasileira, a entidade passou a se mobilizar para encontrar uma solução, enquanto governos estrangeiros não disfarçam a irritação com a postura do Brasil.
Ninguém na entidade acredita, porém, que a decisão de cancelar a COP-25 tenha uma relação com a questão orçamentária, como indicou o governo brasileiro. “Esse é um sinal do que poderá ser a política de meio ambiente do novo governo brasileiro”, indicou um membro de alto escalão da entidade, na condição de anonimato.
"Tradicionalmente, todos sabem que o Brasil mantém uma prática diplomática de manter seus compromissos internacionais", disse outra fonte. "Essa decisão é uma ruptura na postura do País", lamentou.
Oficialmente, a candidatura do Brasil não era apenas um projeto nacional. O País, no fundo, representava a América Latina e havia sido escolhido pela região para receber o evento. Agora, os governos latino-americanos estão sendo obrigados a se reunir de forma emergencial para buscar uma solução e um país que possa receber o evento.
“É uma pena essa decisão do Brasil”, comentou um diplomata latino-americano. “Passamos meses debatendo o assunto e, justamente para que tivéssemos tempo, já escolhemos o Brasil há meses para que fosse a única candidatura. Agora, de última hora, Brasília cede ao novo governo e nos deixa na mão”, criticou, pedindo para não ser identificado e visivelmente irritado.
A América Latina terá agora apenas dez dias para convencer algum governo da região a receber o evento, fazer os planos e apresenta-los aos demais países, o que de fato exige uma ampla infra-estrutura, preparações e recursos. Caso nenhum latino-americano se apresente, a ONU então terá de recuperar o evento e organizar a reunião em sua sede para assuntos climáticos, em Bonn.
Essa eventual decisão, porém, fará com que a América Latina fique sem o encontro por anos, já que ele continuaria a ser sediado ao redor do mundo e respeitando uma rotatividade entre continentes.
Oficialmente, a UNFCCC adotou um tom técnico ao comentar a decisão. “Sediar a COP é um compromisso logístico e financeiro significativo”, disse o vice-secretário-executivo da entidade, Ovais Sarmad. “A oportunidade de servir de sede respeita uma rotação entre os cinco grupos regionais”, explicou. “É a vez do Grupo da América Latina e Caribe (Grulac) a sediar a conferência em 2019”, disse.
“A secretaria da UNFCCC recebeu uma carta do Grulac apresentando a oferta do Brasil para sediar a conferência no ano que vem. Tal oferta teria sido aceita pelas partes na COP-24 em Katowice. Fomos recentemente informados que o Brasil está retirando a oferta”, afirmou Sarmad.
“O próximo passo será a discussão entre membros do Grulac se outro país na região é capaz de oferecer a ser sede da COP25”, alertou. “Se essa oferta não vier, então a conferência em 2019 será realizada na sede da secretaria da UNFCCC”, completou.
Em Bonn, o Estado apurou que a decisão foi interpretada como um sinal da política que será adotada durante o governo de Jair Bolsonaro e vista com temor. A lógica é de que se o País que detém a maior floresta tropical do planeta não está disposto a apoiar as metas para combater as mudanças climáticas, o “efeito dominó” pode ser importante.
“Países que hesitavam poderão usar o Brasil como um escudo conveniente e mudar de posição”, alertou um experiente negociador europeu. Poucos, porém, acreditaram na versão dada pelo governo de que o cancelamento tinha uma lógica de redução de gastos públicos.
Para um diplomata, receber um evento como esse colocaria sobre o Brasil o foco da imprensa internacional sobre o que está sendo feito em termos de proteção à floresta e como o País enfrenta a questão das mudanças climáticas. "Nesse sentido, não nos foi uma surpresa que o governo Bolsonaro não queira falar do assunto", disse.
O encontro no Brasil já estava consolidada na agenda internacional. Em outubro, na ONU em Nova York, mais de 70 países em desenvolvimento tinham acertado o apoio à candidatura do Brasil ao evento.
Bolsonaro pediu para não haver conferência do clima no Brasil em 2019
Ministros e presidente divergem sobre importância de seguir o Acordo de Paris
Fonte:
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/ ... 2019.shtml
A retirada da candidatura do Brasil da sede da COP-25, a conferência anual da ONU para negociar a implementação do Acordo de Paris, provocou divergências entre o presidente eleito Jair Bolsonaro e dois futuros ministros nesta quarta-feira (28).
Já era esperado que o país sediasse o evento, mas o Itamaraty comunicou a retirada em nota nesta terça-feira (27), decisão lamentada por órgãos ambientais.
Durante a tarde, o chefe da Casa Civil do próximo governo, Onyx Lorenzoni, afirmou ao lado de Bolsonaro que o governo não teve "nada a ver com isso". "Esta é uma decisão do Itamaraty", afirmou, mas foi cortado pelo presidente eleito.
"Houve participação minha nessa decisão. Ao nosso futuro ministro, eu recomendei que se evitasse a realização desse evento aqui no Brasil. Até porque eu preciso que vocês nos ajudem, está em jogo o 'triplo A' nesse acordo", afirmou Bolsonaro, em referência ao futuro chanceler Ernesto Araújo, que tem posicionamento crítico em relação às previsões de aquecimento global.
Triplo A, segundo ele, seria uma faixa que envolve a cordilheira dos Andes, a Amazônia e o oceano Atlântico. O Acordo de Paris, para o presidente eleito, colocaria em risco a soberania nacional dentro desse território. Não há menção ao chamado Triplo A no acordo, porém.
"Não quero anunciar uma possível ruptura dentro do Brasil. Além dos custos que seriam, no meu entender, bastante exagerado tendo em vista o déficit que nos já temos no momento", acrescentou.
Como a Folha revelou, no entanto, a questão orçamentária já estaria resolvida desde outubro, segundo membros do alto escalão do Ministério do Meio Ambiente. Eles afirmaram que havia reserva de recursos do Fundo Clima para garantir a realização da COP-25 e que também teve seu orçamento aprovado em junho pelo Congresso, em emenda da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
A Folha apurou que a ordem de desistência teria vindo diretamente do presidente Temer, como 'um favor' ao governo eleito. O presidente agiu após ser comunicado pelo Itamaraty sobre a posição contrária do novo governo à realização da COP no Brasil.
O chanceler indicado por Bolsonaro, Ernesto Araújo, declarou diversas vezes ser contrário ao "alarmismo climático" e que as mudanças climáticas seriam um "dogma marxista". Como ministro das Relações Exteriores, ele seria o responsável por presidir as negociações para a implementação do Acordo de Paris, caso a COP acontecesse no Brasil no próximo ano.
Com a retirada da candidatura brasileira, agora cabe ao Grupo de Países Latino-americanos e Caribenhos (Grulac) indicar à ONU outro país da região, onde é esperada a realização da COP de 2019.
Menos de uma hora depois, também em entrevista, o recém-anunciado ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG), disse que a COP é "de grande importância" para discutir a questão climática e "todos os outros temas que estão relacionado ao turismo".
Questionado sobre a posição de Bolsonaro, porém, Álvaro Antônio titubeou. "Não conversei com o presidente ainda. Se a posição dele é essa, obviamente a gente respeita a posição do presidente, mas vou conversar com ele para a gente ter o alinhamento das ideias."
"A gente ainda precisa se aprofundar mais e entender melhor qual o impacto da não realização do evento nessa visibilidade do Brasil aqui dentro e também no exterior."
A sinalização do novo governo a respeito do Acordo de Paris vai na direção contrária do papel que o Brasil tem representado nas negociações de clima da ONU.
A própria Tereza Cristina (DEM-MS), indicada para o Ministério da Agricultura, já disse que “o Acordo de Paris é importante para a agricultura brasileira, pois o produtor brasileiro é reconhecido lá fora como preservador".
A próxima conferência do clima (COP-24) começa na próxima semana, em Katowice, na Polônia.