Brasil na OTAN

Assuntos em discussão: Exército Brasileiro e exércitos estrangeiros, armamentos, equipamentos de exércitos em geral.

Moderadores: J.Ricardo, Conselho de Moderação

Você é a favor do Brasil entrar na OTAN?

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Re: Brasil na OTAN

#46 Mensagem por Zelhos » Sex Nov 02, 2018 2:57 pm

Boss escreveu: Sex Nov 02, 2018 2:12 pm E o que diabos tem a ver aceitar uma base americana com a ditadura do proletariado ?

Aceitar a base seria uma forte guinada de uma nação acostumada com a sarjeta para o lado da nação mais rica e civilizada do planeta. Justamente o oposto daquilo que se propõe as ditadurazinhas dos vermelhos. Sei que para alguns por aí civilidade é a ditadura cubana, chinesa ou a máfia russa, mas acredito que conforme o tempo passa esses vão ficando para trás.

Claro que seria melhor saber de detalhes, uma coisa desse tipo deve vir amparada de boas contrapartidas. Mas até aqui é mais um boato que qualquer coisa. E muito dificilmente seria aprovado, de qualquer forma, independentemente do nível e da quantidade das contrapartidas. Infelizmente.
Você que me desculpe, as os EUA de civilizados não tem nada, até pouco tempo atrás ele era mais violento que o Brasil, em muitas regiões ainda é, e se PIB for motivo para deixar instalar bases militares aqui, a China também terá uma, não? Nenhum país que se respeite permite bases estrangeiras em seu território, quem as permite, o faz por medo de uma potência maior, o Brasil nunca colocou e não colocará agora sua defesa nas mãos de estrangeiros, muito menos estrangeiros que não tem ligação alguma com o Brasil. Aceitar uma base estrangeira seria sim uma forte guinada, mas uma guinada para baixo.




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Re: Brasil na OTAN

#47 Mensagem por Boss » Sáb Nov 03, 2018 6:21 am

Mais violento que o Brasil ? [003]

Fico por aqui.




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Re: Brasil na OTAN

#48 Mensagem por Lirolfuti » Sáb Nov 03, 2018 10:21 am

Boss escreveu: Sex Nov 02, 2018 2:12 pm E o que diabos tem a ver aceitar uma base americana com a ditadura do proletariado ?

Aceitar a base seria uma forte guinada de uma nação acostumada com a sarjeta para o lado da nação mais rica e civilizada do planeta. Justamente o oposto daquilo que se propõe as ditadurazinhas dos vermelhos. Sei que para alguns por aí civilidade é a ditadura cubana, chinesa ou a máfia russa, mas acredito que conforme o tempo passa esses vão ficando para trás.

Claro que seria melhor saber de detalhes, uma coisa desse tipo deve vir amparada de boas contrapartidas. Mas até aqui é mais um boato que qualquer coisa. E muito dificilmente seria aprovado, de qualquer forma, independentemente do nível e da quantidade das contrapartidas. Infelizmente.
Mas ambos os lados pregavam o terror, os bolsonaristas diziam que se o Haddad vence-se nos tornaríamos uma ditadura comunista, os de esquerda que o Brasil se tornaria um estado fascista com o Bolsonaro, já tem uma semana que ele foi eleito e não vi um misero tanque na rua :evil: so que o Bolso ta fazendo exatamente aquilo que ele tanto criticava no PT politica com viés ideológico.
A Campanha dele foi pautada no Brasil Independente e agora seus apoiadores vem me falar de base americana WTF!!onde ta a independência nisso?? o Brasil nunca precisou e não vai ser agora que precisa de guarda chuva de ninguém para se defender, e como eu disse esse negocio de bater palma para essa ideia absurda de base America e brasil na Otan e hipocrisia seria melhor dizer doque realmente se trata de escolher um sinozinho diferente e não a ideia de uma "politica sem viés ideológico".




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Re: Brasil na OTAN

#49 Mensagem por Bolovo » Sáb Nov 03, 2018 10:33 am

Lirolfuti escreveu: Sáb Nov 03, 2018 10:21 am
Boss escreveu: Sex Nov 02, 2018 2:12 pm E o que diabos tem a ver aceitar uma base americana com a ditadura do proletariado ?

Aceitar a base seria uma forte guinada de uma nação acostumada com a sarjeta para o lado da nação mais rica e civilizada do planeta. Justamente o oposto daquilo que se propõe as ditadurazinhas dos vermelhos. Sei que para alguns por aí civilidade é a ditadura cubana, chinesa ou a máfia russa, mas acredito que conforme o tempo passa esses vão ficando para trás.

Claro que seria melhor saber de detalhes, uma coisa desse tipo deve vir amparada de boas contrapartidas. Mas até aqui é mais um boato que qualquer coisa. E muito dificilmente seria aprovado, de qualquer forma, independentemente do nível e da quantidade das contrapartidas. Infelizmente.
Mas ambos os lados pregavam o terror, os bolsonaristas diziam que se o Haddad vence-se nos tornaríamos uma ditadura comunista, os de esquerda que o Brasil se tornaria um estado fascista com o Bolsonaro, já tem uma semana que ele foi eleito e não vi um misero tanque na rua :evil: so que o Bolso ta fazendo exatamente aquilo que ele tanto criticava no PT politica com viés ideológico.
A Campanha dele foi pautada no Brasil Independente e agora seus apoiadores vem me falar de base americana WTF!!onde ta a independência nisso?? o Brasil nunca precisou e não vai ser agora que precisa de guarda chuva de ninguém para se defender, e como eu disse esse negocio de bater palma para essa ideia absurda de base America e brasil na Otan e hipocrisia seria melhor dizer doque realmente se trata de escolher um sinozinho diferente e não a ideia de uma "politica sem viés ideológico".
Oras, as predileções ideológicas do nosso novo presidente nunca foram segredo para ninguém!

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Re: Brasil na OTAN

#50 Mensagem por Túlio » Sáb Nov 03, 2018 11:59 am

PUTZ, e segue essa viagem em um FÓRUM DE DEFESA? POWS, será que prenderam aquele capitão DA ATIVA, comandante de um navio Russo que participava das tentativas de resgate do ARA San Juan, por prestar continência à bandeira da ARGENTINA?

http://fab.mil.br/noticias/mostra/22546 ... atriotismo

Francamente... :roll: :roll: :roll: :roll:




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Re: Brasil na OTAN

#51 Mensagem por Bourne » Sáb Nov 03, 2018 12:27 pm

Não se empolgo com base militar estrangeira no Brasil ou Brasil na OTAN. base só se justifica se (a) está em guerra contra um inimigo comum ou (b) tem um inimigo tão poderoso que não tem como vencer sozinho.

No caso de (a) seria a terceira (ou quinta) guerra mundial e que um dos palcos é o Atlântico Sul e Caribe. Há indicações que possa ocorrer no futuro próximo (EUA vs China no Caribe, por exemplo), mas não há motivos para tomar partido e acabar comprometendo a independência.

No caso (b) não tem inimigo super poderoso na região e nem querendo ataca o Brasil. Talvez, os comunistas das URSAL. Assim o Brasil não está na situação da Polônia, Coreia do Sul, Oriente Médio ou países do mar da China em que a maior garantia que não vão ser atacados por ter uma base norte-americana.

Ninguém vai por a botinha na Venezuela ou em algum país da América Central que estão em colapso, governos autoritário e golpes, quase guerra civil. No fundo, se tiver algum sentido, o Brasil na Otan é isso. Arranjar soldados para fazer esse tipo de serviço e se degringolar assumir a treta. Mais o menos o que a Colômbia ensaia fazer. O governo castelo branco aceitou parcialmente esse papel como retribuição ao apoio após o 1964. Porém, no governo Medici estremeceram e, no Geisel, os acordos foram rompidos.

E por fim, essa ideia de OTAN ou base norte-americana é totalmente contrária a doutrina de segurança nacional, diretrizes das forças armadas e relações externas. Nisso os generais zumbis de pijamas, militares do alto escalão da ativa e do Itamaraty concordam. Isto é, seguir a filosofia de não comprar briga de ninguém, não aceitar bases militares estrangeiras ou diretrizes que comprometam a soberania nacional. E as missões no estrangeiro só sob a tutela da ONU e do direito internacional.




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Re: Brasil na OTAN

#52 Mensagem por FCarvalho » Sáb Nov 03, 2018 12:35 pm

Voto com o Bourne.

Abs




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Re: Brasil na OTAN

#53 Mensagem por Luís Henrique » Sáb Nov 03, 2018 12:35 pm

Votei SIM.
Mas quero detalhar o meu voto.

Não sou favorável ao Brasil se tornar um membro pleno. Não quero ser obrigado a entrar nas guerras dos americanos. Isso pode nos envolver em conflitos desnecessários.

Mas como PARCEIRO GLOBAL da Otan, nós teríamos o direito de participar OU NÃO de conflitos. Ou seja, poderíamos continuar um país pacífico, sem se envolver com conflitos que não nos interessa.

Mas como benefícios teríamos acesso aos melhores armamentos, poderíamos participar de projetos conjuntos, como o novo caça britânico ou o novo MBT alemão e francês.
Também teríamos preferência em compras de oportunidade de aliados. Também seríamos convidados para vários treinamentos.
E o governo poderia alocar 2% do PIB para as forças armadas, usando a exigência da Otan como desculpa. Mesmo não sendo membro pleno.

No mais, podemos ser um PARCEIRO GLOBAL, ter acesso aos melhores armamentos, treinamentos, compras de oportunidade, VENDER nossos equipamentos para aliados, desenvolver equipamentos em PARCERIAS com aliados e NÃO precisamos entrar em todas as guerras, apenas as que considerarmos corretas e de baixo risco, e também não precisamos ter nenhuma base militar americana no Brasil.
Não que eu seja totalmente contra isso, não enxergo 1 única base americana no Nordeste como uma ameaça para nós. Afinal os equipamentos e o número de homens na base são negociados e de nosso conhecimento.
Portanto não enxergo como uma afronta, a Alemanha, o Japão, a Coreia do Sul e vários outros aliados possuem bases americanas em seus territórios, e não tiveram problemas com isso.

Mas acho desnecessário uma base americana aqui.
Mas se vier, também não me oponho, afinal essa base vai gastar dinheiro e ajudar a economia da cidade ou região que for instalada.




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Re: Brasil na OTAN

#54 Mensagem por Energys » Sáb Nov 03, 2018 12:47 pm

Quando leio gente "normalizando" a instalação de uma base militar em sua própria pátria com argumentos absolutamente primários, apenas por exigência básica de reafirmar e defender sua ideologia, é sinal que o problema é patológico. Sugiro um psiquiatra!

Att.




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Re: Brasil na OTAN

#55 Mensagem por Luís Henrique » Sáb Nov 03, 2018 12:50 pm

FCarvalho escreveu: Sáb Nov 03, 2018 12:35 pm Voto com o Bourne.

Abs
Vocês estão exagerando. Não estão entendendo a diferença entre MEMBRO PLENO e PARCEIRO GLOBAL.

Os membros plenos são obrigados a entrar em guerra caso algum outro membro seja atacado. Se alguém atacar um membro pleno da Otan, estará declarando guerra contra TODA a Otan.

Mesmo assim, os membros podem escolher ficar FORA de conflitos, quando a iniciativa de ataque é de algum aliado.

Para o Brasil ser membro pleno, nós teríamos que mudar nosso país para o Atlântico Norte.

Estando no Atlântico SUL, o Brasil só poderia ser um PARCEIRO GLOBAL.
Neste caso a Aliança não é obrigada a nos proteger e nós, obviamente também não temos que proteger nenhum aliado.

O que causa confusão é que alguns países que não são membros plenos, são parceiros globais, mas possuem acordos com os EUA de proteção.
Como a Coreia do Sul e o Japão.

Por isso, quando o clima esquenta nessas regiões (Coreia do Norte, etc), o Presidente americano vem a público e diz que os ESTADOS UNIDOS vão proteger o aliado.
Eles não falam a Otan, e se estes países fossem membros plenos da Otan, nada precisaria ser dito.

Mas justamente por serem PARCEIROS GLOBAIS, esses países não possuem a proteção da Otan, por outro lado possuem acordos isolados com os EUA, que garantem a proteção do aliado.
Por isso vez ou outra os EUA declaram o firme compromisso em proteger esse países.




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Re: Brasil na OTAN

#56 Mensagem por Energys » Sáb Nov 03, 2018 12:55 pm

Enquanto não entenderem que os EUA defendem em 1º lugar os interesses deles, em 2º lugar também e em 3º idem, não adianta pensar em soberania. Eles "protegem" quem os interessa. Correto estão eles. Errados estamos nós. A Guerra das Malvinas deixou essa lição para a região. Quem entendeu, entendeu.
Os EUA não defendem a Coreia do Sul e Japão das ameaças e bravatas da Coreia do Norte por causa da OTAN. O nome é outro: China.

Att.




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Re: Brasil na OTAN

#57 Mensagem por FCarvalho » Sáb Nov 03, 2018 1:14 pm

Luís,, eu acompanho assuntos de defesa a uns trinta e poucos anos. E nesse meio tempo a única coisa que eu pude ter certeza de verdade é da nossa completa e total irresponsabilidade, alienação e despreparo político, social, econômico e militar nesta área.
Independente de quaisquer compromissos com país, região e/ou organizações. Simplesmente porque não temos maturidade para isso. Nem antes, agora ou depois.
Não temos compromisso sequer conosco, vamos ter com os outros?
Nada mudará na política de defesa no Brasil, com ou sem Bolsonaro. Afinal, nunca tivemos uma.

Abs




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Re: Brasil na OTAN

#58 Mensagem por Bourne » Dom Nov 04, 2018 2:43 pm

Esse tipo de situação que Generais de 1964 não queriam.

Os EUA deram muito suporte diplomático e dinheiro durante os ajustes e reformas entre 1964 e 1967. O Brasil foi terceiro país que mais recebeu dinheiro do tesouro norte-americano, atrás do vietnam e camboja. A retribuição de castelo Branco foi mandar as forças militares para missão de paz na República Dominicana. Porém, na prática, eram forças de combate contra guerrilheiros e para serviço sujo.

Em seguida, os governos militares não fariam mais esse trabalho sujo. Porque não adianta receber presentes se aprofunda a dependência de equipamentos, tem que assumir conflitos de outros e pagar a conta dos veteranos que não é aparente. Tanto que esse pessoal que participou da operação na República Dominicana foi escondido pelo Exercito, apesar de ser possivelmente a maior operação no exterior desde da Segunda Guerra Mundial. Além de colocar como depende e com alinhamento automático que foi rejeitada pelos governo militar. Como diz o Pascal Lamy, ex-presidente da OMC, o "Brasil é orgulhos, não é um país seguidor".

Na década de 1970, quando os acordos começaram a ser rompidos por Geisel, tem muito a ver pelo Brasil não aceitar seguir os EUA e querer seguir independente. O governo norte-americano não teve problema nenhum em manter ótimas relações com governos autoritários, ditaduras brutais, desde que fossem aliados fiéis e submissos.
50 anos depois, brasileiros que lutaram na República Dominicana brigam por reconhecimento

No empoeirado 2º andar de um cortiço no centro do Rio de Janeiro, há um grupo de ex-soldados esquecidos.

Eles têm cerca de 70 anos e se reúnem mensalmente para tentar vencer uma "segunda missão", que já se arrasta por décadas: cobrar do governo reconhecimento e compensação financeira pelo que viveram e enfrentaram na República Dominicana.
Spoiler!
O aposentado José Carlos Teixeira é um deles. Há 50 anos, ele desembarcava em Santo Domingo, capital da República Dominicana, de arma em punho e uniforme militar. Tinha apenas 19 anos.

Entre 1965 e 1966, cerca de 4 mil soldados brasileiros, em sua maioria jovens recrutas, seguiriam o mesmo rumo que Teixeira. Eles foram incumbidos de participar do destacamento brasileiro de uma força montada pela Organização dos Estados Americanos (OEA) para preservar a paz na República Dominicana, mergulhada à época em uma guerra civil.

"Éramos jovens, de 18 e 19 anos. Não tínhamos experiência militar e a grande maioria não havia sequer completado um mês de alistado", lembra Teixeira à BBC Brasil.

Leia mais: 'Não dei um único tiro, mas ajudei na vitória', diz ex-soldado brasileiro que lutou na 2ª Guerra

'Operação Power Pack'
Na ocasião, a República Dominicana vivia um período de forte instabilidade política, após o assassinato do ditador dominicano Rafael Trujillo, em 1961. Trujillo acabaria sucedido por Juan Bosch, do Partido Revolucionário Dominicano, eleito presidente em dezembro de 1962.

Mas Bosch comandaria o país por pouco tempo.

Ao lançar mão de políticas inclinadas à esquerda, como reforma agrária e nacionalização de empresas estrangeiras, ele foi alvo de um golpe militar de direita sete meses depois de iniciar de seu mandato. A Constituição do país foi abolida e o poder entregue a um triunvirato.

Em abril de 1965, contudo, um grupo de jovens oficiais das Forças Armadas, pró-Bosch, conhecidos como "Constitucionalistas", rebelou-se contra o triunvirato, exigindo o regresso do presidente constitucionalmente eleito. O próximo passo foi distribuir armas à população, resultando na criação de esquadrões armados, os chamados "Comandos".

Em pouco tempo, a República Dominicana tornou-se um campo de batalha entre forças pró-governo, os "lealistas", e rebeldes pró-Bosch, os "constitucionalistas". No meio desse fogo cruzado estavam os civis – e, posteriormente, os soldados estrangeiros, entre eles brasileiros.

Preocupado com a ascensão do comunismo na América Latina e temendo o surgimento de uma "segunda Cuba", o então presidente dos Estados Unidos, Lyndon B. Johnson, ordenou a invasão do país, conhecida como "Operação Power Pack".

Para isso, os americanos contaram com o apoio da OEA. Juntos, EUA e OEA criaram uma força militar interamericana, a Força Interamericana de Paz (IAPF, na sigla em inglês), com militares vindos do Brasil - que enviou o maior contingente -, Honduras, Paraguai, Nicarágua, Costa Rica e El Salvador.

Participação brasileira
Criada à força de um decreto pelo então presidente do Brasil, Castelo Branco, a Força Armada Interamericana Brasileira (Faibrás) enviaria entre maio de 1965 e maio de 1966 cerca de 4 mil soldados, divididos em três contingentes, para "assegurar a paz" na República Dominicana.

O primeiro deles – do qual Teixeira fazia parte - chegou ao país caribenho em 25 de maio de 1965.

"O Brasil vivia uma ditadura militar. Ordens deveriam ser cumpridas, não discutidas. Lembro-me de estar no quartel e ouvir que havíamos tido a ‘honra’ de participar da luta contra os comunistas na República Dominicana", diz Teixeira.

"Quando minha mãe soube, passou mal. Ela era diabética. Não conseguiu nem me acompanhar ao aeroporto".

"Ao chegarmos lá, no entanto, em vez de preservarmos a paz, tivemos de combater os rebeldes, expondo a nossa própria vida, num clima extremamente hostil", lembra.

Até hoje, Teixeira carrega no corpo as marcas da guerra - e na mente as lembranças de uma guerra que dizia não ser do Brasil.

"Vi companheiros sendo mortos. Certa vez, estávamos fazendo patrulha quando um franco atirador atirou em nós. Senti o calor da bala passando ao lado da minha orelha. O disparou acabou atingindo e matando um colega que estava atrás de mim".

O ex-combatente interrompe a entrevista com a BBC Brasil para mostrar a cicatriz no braço direito.

"Esta cicatriz (Teixeira aponta para a marca visível em seu antebraço direito) foi causada por uma granada, lançada em minha direção por um rebelde".

Retorno e direitos
A ofensiva contra os rebeldes se intensificou e foram realizadas novas eleições, com a vitória do candidato de direita, Joaquín Balager, apoiado pelos Estados Unidos.

Restabelecida a paz, a missão brasileira foi extinta em 23 de setembro de 1966, contabilizando quatro mortos (contra 470 durante a participação brasileira na 2ª Guerra Mundial). Ao retornarem ao Brasil, no entanto, os soldados acabaram dispensados do quadro efetivo das Forças Armadas.

Desde então, eles vêm batalhando junto ao governo brasileiro o reconhecimento que consideram de direito e uma pensão semelhante à recebida pelos soldados que lutaram na 2ª Guerra Mundial (1939-1945) – o benefício a esses últimos foi garantido pela Constituição de 1988.

"Muitos voltaram mutilados, feridos, com distúrbios psicológicos, cujas sequelas jamais serão esquecidas. Diferentemente da grande maioria, tive a chance de estudar (Teixeira é formado em Economia pela Universidade Federal Fluminense (UFF)), mas há inúmeros ex-combatentes hoje em dificuldades financeiras", conta.

No entanto, iniciativas para conceder pensão especial aos ex-integrantes da Faibrás foram barradas pela Justiça e pelo Congresso, que apontam inconsistências legais no pleito.

Em 2001, a relatoria da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados rejeitou um projeto de lei do ex-deputado Roberto Jefferson que previa a concessão de uma pensão especial aos ex-combatentes que lutaram na República Dominicana.

Segundo o texto do relatório, a compensação financeira não é devida, pois não houve "operação bélica" naquele país, o que poderia abrir o precedente para que militares brasileiros atuando no exterior pudesse reivindicar o mesmo benefício.

"Parece-nos que não há relação necessária entre a participação em tal força de paz e a geração de direito a benefício que tem nítido caráter de indenização, sendo reservado a quem, por lei, tem o reconhecimento da pátria por relevantes serviços prestados".

"É o caso, por exemplo, da legislação que vem assegurando aos ex-combatentes da 2ª Guerra Mundial o direito a pensões especiais e privilégios que refletem esse reconhecimento pelo papel desempenhado no teatro de guerra", conclui o documento da relatoria.

"A Lei nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, exigiu para tanto que o ex-combatente efetivamente tivesse participado de operações bélicas, condição que teria que ser provada, e não presumida", conclui o documento da relatoria.

Teixeira e outros ex-combatentes afirmam, no entanto, que não vão desistir dessa "segunda missão".

"Vamos continuar reivindicando nossos direitos. Não fomos passear na República Dominicana. Cumprimos nossa missão com orgulho e honra", finaliza
.

https://www.bbc.com/portuguese/videos_e ... nicana_lgb

Deem uma olhada no que está acontecendo na Venezuela e naquele monte de republicas do caribes. É uma briga pesada diplomática e econômica entre chineses e EUA. E que começa a incentivar governos autoritários, uso da violência e que está rapidamente evoluindo para guerrilhas e insurgências. Em especial, a Nicaragua está em quase guerra civil.

A esmola da OTAN tem esse custo que não falam. Os EUA podem pagar para manter 20, 30 ou 40 mil soldados brasileiros na América Central, dar todo o suporte de equipamento e treinamento.Para os norte-americanos é terceirizar o trabalho, assim querem fazer no Oriente Médio. O número realista para as demandas da região. Aí pergunto: para que? Imagina o custo que terão quando voltarem. As resistências na sociedade civil e das familiais dos militares que vão se perguntar o que eles estão fazendo no estrangeiro?




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Re: Brasil na OTAN

#59 Mensagem por Viktor Reznov » Seg Nov 05, 2018 12:42 am

Luís Henrique escreveu: Sáb Nov 03, 2018 12:50 pm
FCarvalho escreveu: Sáb Nov 03, 2018 12:35 pm Voto com o Bourne.

Abs
Vocês estão exagerando. Não estão entendendo a diferença entre MEMBRO PLENO e PARCEIRO GLOBAL.

Os membros plenos são obrigados a entrar em guerra caso algum outro membro seja atacado. Se alguém atacar um membro pleno da Otan, estará declarando guerra contra TODA a Otan.

Mesmo assim, os membros podem escolher ficar FORA de conflitos, quando a iniciativa de ataque é de algum aliado.

Para o Brasil ser membro pleno, nós teríamos que mudar nosso país para o Atlântico Norte.

Estando no Atlântico SUL, o Brasil só poderia ser um PARCEIRO GLOBAL.
Neste caso a Aliança não é obrigada a nos proteger e nós, obviamente também não temos que proteger nenhum aliado.

O que causa confusão é que alguns países que não são membros plenos, são parceiros globais, mas possuem acordos com os EUA de proteção.
Como a Coreia do Sul e o Japão.

Por isso, quando o clima esquenta nessas regiões (Coreia do Norte, etc), o Presidente americano vem a público e diz que os ESTADOS UNIDOS vão proteger o aliado.
Eles não falam a Otan, e se estes países fossem membros plenos da Otan, nada precisaria ser dito.

Mas justamente por serem PARCEIROS GLOBAIS, esses países não possuem a proteção da Otan, por outro lado possuem acordos isolados com os EUA, que garantem a proteção do aliado.
Por isso vez ou outra os EUA declaram o firme compromisso em proteger esse países.
E ser parceiro Global facilita a aquisição de armamentos Americanos através da FMS-Comission? Como por exemplo umas 2 centenas de AIM-120D pro nossos futuros Gripens?




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Re: Brasil na OTAN

#60 Mensagem por Viktor Reznov » Seg Nov 05, 2018 12:47 am

FCarvalho escreveu: Sáb Nov 03, 2018 1:14 pm Luís,, eu acompanho assuntos de defesa a uns trinta e poucos anos. E nesse meio tempo a única coisa que eu pude ter certeza de verdade é da nossa completa e total irresponsabilidade, alienação e despreparo político, social, econômico e militar nesta área.
Independente de quaisquer compromissos com país, região e/ou organizações. Simplesmente porque não temos maturidade para isso. Nem antes, agora ou depois.
Não temos compromisso sequer conosco, vamos ter com os outros?
Nada mudará na política de defesa no Brasil, com ou sem Bolsonaro. Afinal, nunca tivemos uma.

Abs
Pensei na mesma coisa, me entendo por gente desde o fim da ditadura e acompanho assuntos de defesa já faz uns 16 anos, e desde de lá pra cá, uma constante tem se mostrado eternamente presente em todos os governos pós ditadura: orçamento pra defesa é despesa, não é investimento, é algo incômodo de se gastar, e se surge algum problema, empurra-se o mesmo com a barriga até chegar a administração seguinte. Vejamos como por exemplo a batata quente do desmembramento da Embraer, o Temer não vai decidir, isso já está claro, vai sobrar pro Jair Bolsonaro, e vai dar merda, porque em qualquer uma das duas solução, nós vamos perder e só numa solução a Embraer ganha.




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