MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7681 Mensagem por gabriel219 » Dom Ago 26, 2018 3:11 am

Marechal-do-ar escreveu: Dom Ago 26, 2018 1:54 am
gabriel219 escreveu: Dom Ago 26, 2018 1:01 amMeu Deus, de quem são essas análises?
Pelo que entendo, do próprio Bourne.
gabriel219 escreveu: Dom Ago 26, 2018 1:01 amPois estão totalmente longe de serem técnicas, mas muito!
Acho que seria mais produtivo se você explicasse o que você acha errado nelas e talvez até se você fizer sua própria análise.
gabriel219 escreveu: Dom Ago 26, 2018 1:01 am"Não tem noção do que fala e a mínima ideia de como cumprir", eu acho que assistir a entrevista errada então :lol: .
Um monte de candidatos está falando em capitalização como solução dos problemas, capitalização da previdência, das universidades e de tudo para o qual eles ainda não tem resposta, só o que ninguém diz é de onde vem os ~R$100 trilhões investidos que seriam precisos para toda a capitalização que eles querem fazer, mesmo considerando apenas a previdência o volume de investimento necessário para converter o sistema é imenso, e ninguém, nem o Paulo Guedes, diz de onde vem esses investimentos, e julgando pela forma que o Paulo Guedes faz negócios, ele nem liga, vai deixar a bomba para o próximo, mas todos os candidatos contam que o povo ainda acredita em mágica.
O ponto que coloquei é o suficiente para contestar todo resto.

O sistema de capitalização é apenas um dos pontos da reforma da previdência e da reforma do estado, essa última tão necessária quanto, pois não adianta sistema de capitalização na Previdência sem fazer uma reforma do estado e rever a previdência dos servidores públicos.

Aliás é uma conversa para horas e também achei sim que ficou meio vago, talvez pelo tempo.

Mas não entendi os R$ 100 trilhões, quis dizer Bilhões?

Eu estou assistindo a sabatida dos outros e a primeira que assisti foi a do Paulo Guedes - aliás, se quer sabia que estava havendo essas sabatinas - e, em vários pontos, ele apresentou proposta e como fazer, desde privatização e até aquele R$ 1 Trilhão sobre vendas de ativos e concessões.

Resumir tudo isso em um genérico "não diz mínimamente como fazer" me faz pensar que não ouviu ou não quis ouvir.

Outro ponto foi "falar sobre 1980", hora ele foi perguntado sobre isso! :lol:

Aliás, já fiz análise parcial sobre o que eu assisti inteiramente, no caso Paulo Guedes.

A única sabatida do qual não verei é a do PT. Desse partido nunca vem coisa boa, especialmente sobre economia.




Editado pela última vez por gabriel219 em Dom Ago 26, 2018 8:12 am, em um total de 1 vez.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7682 Mensagem por Marechal-do-ar » Dom Ago 26, 2018 3:30 am

gabriel219 escreveu: Dom Ago 26, 2018 3:11 am Mas não entendi os R$ 100 trilhões, quis dizer Bilhões?
Não, eu quis dizer trilhões mesmo, os 100 é apenas para expressar a ordem de magnitude, não um valor exato.

O sistema de capitalização virou a mágica que muitos candidatos escolheram, dizer que vai converter para capitalização não é dizer como porque essa conversão envolve um investimento gigantesco e ninguém explica como esse investimento gigantesco vai aparecer, simplesmente assumem que por mágica, e quando falo em gigantesco é gigantesco mesmo, esses R$ 100 trilhões que eu falei, os R$ 2 trilhões que o Paulo Guedes diz que vai conseguir privatizando não dá nem pro começo.

Nos países que usam sistemas de capitalização (muitas vezes para muito mais do que previdência) investem 30% do pib, e acumularam investimento durante décadas até juntar investimento suficiente para previdência, educação entre outras, o Brasil investe 15% (parte desse valor foi acumulado para chegar aos R$2 trilhões investidos em estatais), precisaria investir muito mais para viabilizar sistemas de educação (sendo que mal tem dinheiro para as coisas mais básicas) e acumular por décadas até ter uma massa de investimentos que sustente o que os candidatos prometem.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7683 Mensagem por gabriel219 » Dom Ago 26, 2018 8:23 am

Marechal-do-ar escreveu: Dom Ago 26, 2018 3:30 am
gabriel219 escreveu: Dom Ago 26, 2018 3:11 am Mas não entendi os R$ 100 trilhões, quis dizer Bilhões?
Não, eu quis dizer trilhões mesmo, os 100 é apenas para expressar a ordem de magnitude, não um valor exato.

O sistema de capitalização virou a mágica que muitos candidatos escolheram, dizer que vai converter para capitalização não é dizer como porque essa conversão envolve um investimento gigantesco e ninguém explica como esse investimento gigantesco vai aparecer, simplesmente assumem que por mágica, e quando falo em gigantesco é gigantesco mesmo, esses R$ 100 trilhões que eu falei, os R$ 2 trilhões que o Paulo Guedes diz que vai conseguir privatizando não dá nem pro começo.

Nos países que usam sistemas de capitalização (muitas vezes para muito mais do que previdência) investem 30% do pib, e acumularam investimento durante décadas até juntar investimento suficiente para previdência, educação entre outras, o Brasil investe 15% (parte desse valor foi acumulado para chegar aos R$2 trilhões investidos em estatais), precisaria investir muito mais para viabilizar sistemas de educação (sendo que mal tem dinheiro para as coisas mais básicas) e acumular por décadas até ter uma massa de investimentos que sustente o que os candidatos prometem.
Bom, ainda não entendi sobre R$ 100 trilhões, se caso puder me explicar...

O programa de ninguém ainda está muito claro, mas pelo que entendi do Bolsonaro, o plano de reforma deve ser o seguinte:

A reforça será paliativa a curto prazo, sendo feita em progressão e não por inteira. Segundo o mesmo é devido a demografia de algumas regiões, como Piaui, que tem expectativa de vida de 70,9 anos (na última vez que vi) e a atual proposta da reforma é de 65 anos. Colocando primeiro pra 61 anos e depois ir aumentando conforme o tempo, indo em questões de idade mínima e junção dos regimes com eliminação das distorções do sistema público.

Outros dois pontos, pelo que pude entender, seria uma geração de contas individuais de controle a partir de novos entrantes por uma data estipulada, lá pra 2020. E o lastro dos valores destas contas seriam valores de superávits primários da União. Cada poder da República teria uma meta de corte de custos para garantir tais superávits independentemente do crescimento da economia e do aumento de arrecadação devido a ele, dai vem a reforma do Estado.

São as coisas que pude notar, mas o programa dele, assim como os de todos, devem ser mais esclarecidos até o dia da eleição, provavelmente.

É como eu havia dito antes: 10 minutos é pouco para detalhar uma proposta completa sobre previdência, aliás em 45 minutos ele detalhou 3 propostas de 4 perguntadas. É algo para se debater por alguns dias e chegar á uma conclusão que nem eu cheguei sobre a reforma da previdência - não sobre a necessidade, mas sim sobre qual seria a ideal.

Mas é claro, eu posso estar errado sobre.




Editado pela última vez por gabriel219 em Dom Ago 26, 2018 8:28 am, em um total de 1 vez.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7684 Mensagem por gabriel219 » Dom Ago 26, 2018 8:26 am

Lembrando uma coisa: não será a melhor proposta a ser aprovada mas sim a que o congresso aceitar.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7685 Mensagem por Bourne » Seg Ago 27, 2018 1:34 am

Lembrem da história de que "o Brasil tem muitas reservas internacionais, pode se desfazer de parte sem nenhum prejuízo externo". Hoje a crise cambial é só uma chuva de verão com ventos fortes. Em outros tempos, como em 2001/2002, foi um furacão que varria tudo.

A Turquia teve uma espetáculo de crescimento na década de 2010, mas a dívida externa explodiu e não tem reservas para honrá-la. Assim virou alvo de especulação, fuga de capitais e potenciais fechamento dos canais de financiamento. E até ano passado estava tudo bem. O dinheiro no mercado internacional estava barato com as taxas de juros reais quase negativas nos países desenvolvidos. Agora, quando o jogo começa a virar, foram a primeira vítima.

Então, cuidado com Tirano Gomes. Ele pode até fazer isso. Os novinhos campineiros do PT prometem o mesmo, mas não são eles que vão ficar na equipe em 2019. O Haddad é pragmático demais para deixar esse pessoal fazer algo.
Crise turca: lições para o Brasil (Diário de Comércio e Indústria, 21/08/2018)

Publicado em 22/08/18 às 05:00

Nas últimas semanas a Turquia tem sido o foco das atenções dos mercados financeiros internacionais pela intensidade da desvalorização de sua moeda. No acumulado ao longo de 2018 a lira turca teve depreciação superior a 40% frente ao dólar americano, a maior entre todas as moedas dos países emergentes. Os analistas econômicos afirmam que a crise turca é resultado do populismo econômico de Erdogan, o qual se expressou na recusa em ajustar a política monetária num contexto de forte aceleração da inflação a partir de 2017.

Uma olhada mais atenta aos dados nos leva a ser mais cautelosos a respeito desse “populismo”. Entre 2010 e 2017 a economia turca apresentou um crescimento médio de 6,83% ao ano e uma inflação média de 7,96%. Em 2017 o PIB cresceu 7,18% em termos reais, valor ligeiramente superior a média do período 2010-2017. É verdade que a inflação de 2017, de 11,14%, foi bastante superior a média do período 2010-2017; mas esse foi o único ano durante esse período no qual a inflação divergiu de forma significativa da média dos últimos 7 anos. Por fim, em 2016 o PIB cresceu apenas 3,23%, número bastante inferior ao verificado nos seis anos anteriores; o que sinaliza uma desaceleração cíclica em 2016 e, dessa forma, a necessidade de adoção de uma política monetária expansionista em 2017.

Os números do déficit em conta corrente são mais preocupantes. No período 2010-2017 a Turquia apresentou um déficit em conta corrente de 5,59% do PIB, um patamar alto para países que não possuem moeda conversível. Contudo, os dados existentes até 2016 mostram que a relação dívida externa/exportações se situava ligeiramente acima de 210%, um patamar confortável no que diz respeito à solvência externa.

O calcanhar de Aquiles da Turquia pode ser identificado no comportamento da relação dívida externa de curto-prazo/reservas internacionais. Entre 2010 e 2016 essa relação permaneceu perigosamente próxima de 100%, ultrapassando esse patamar em 2014. Segundo dados divulgados recentemente, a dívida de curto-prazo da Turquia já superaria em cerca de US$ 40 bilhões as reservas internacionais.

A Turquia está sujeita a crises cambiais por “profecias auto-realizáveis”. Agentes acreditam que a Turquia não irá conseguir rolar sua enorme dívida de curto-prazo, então querem antecipar uma forte depreciação cambial na esteira da “parada súbita” de financiamento externo. Assim, sua decisão racional será retirar recursos aplicados na Turquia, dando origem a forte saída de capitais, com consequente depreciação da taxa de câmbio. A única forma de evitar esse desfecho é ter reservas internacionais em grau suficiente para permitir a saída de um volume suficientemente grande de capitais, sem efeitos desruptivos sobre os mercados de câmbio.

A crise da Turquia nos lembra que a manutenção de um volume grande de reservas internacionais é condição necessária para evitar turbulências com a taxa de câmbio. Desde que o Brasil passou a acumular um volume expressivo de reservas, a partir de 2007, não tem ocorrido mais nenhum episódio de stress cambial significativo. Nesse contexto, é muito preocupante que dois principais candidatos da centro-esquerda à Presidência da República estejam divulgando propostas mirabolantes que envolvem o uso das reservas internacionais. Pelo visto, não aprenderam nada com o que é provavelmente o único sucesso indiscutível das sucessivas administrações do PT.

José Luis Oreiro é professor do departamento de economia da UNB

Link: https://www.dci.com.br/colunistas/artig ... l-1.734013




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7686 Mensagem por Marechal-do-ar » Seg Ago 27, 2018 1:49 am

Bourne escreveu: Seg Ago 27, 2018 1:34 amO Haddad é pragmático demais para deixar esse pessoal fazer algo.
Esse Bourne, sempre brincando.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7687 Mensagem por Bourne » Seg Ago 27, 2018 5:21 am

Não estou brincando. O Haddad vai dará o estelionato eleitoral no dia seguinte de uma improvável eleição. O eleitor petista tá acostumado a ser enganado e fingir que não aconteceu. Eles não tem noção da realidade. Então, fica fácil vender uma narrativa fantástica como vendem até hoje do governo Lula e da Dilma que foi esquecida.

Esses novinhos campineiros que aparecem na TV são tudo cascateiro. Repito o que disse. Estão lá para agradar o eleitor petista e o genérico. Serão chutados no dia seguinte e substituídos por gente séria e/ou que mantenha boa parte da equipe econômica do Temer. A Dilma foi o ponto fora da curva porque acreditou no eixo Unicamp-UFRJ. O mesmo pessoal que hoje em dia fechou com Boulos porque sabem que seriam palhaços no PT. Coisa que o Lula sempre disse para não por fé nesse pessoal não porque não entendiam de economia.

Sinal que o Haddad já anda conversando com os satanistas-imperialistas do mercado financeiro. Lembra até aquele Lula de 2002/2003. E não duvido que se improvavelmente for eleito chama o centrão para conversar. Aliás, o que já ocorre no nível estadual. Em vários estados o PT está abraçadinho com MDB velho de guerra.



O medo é do Tirano Gomes. Esse é perigoso. Principalmente porque pode ser eleito, acredita que entende e vai mandar fazer. Observem como ele anda agregando um monte de maluco. Já vi o Belluzzo, Bresser-pereira e outros dinossauros na propaganda do Ciro Gomes.

Além do Oreiro, autor do texto acima sobre reservar cambiais, era da equipe do Ciro Gomes, abandonou e começa a criticar as ideias mirabolantes.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7688 Mensagem por Bourne » Qua Ago 29, 2018 12:05 pm

Da onde vem o dinheiro? Não sabemos. Como se arranja um trilhão vendendo patrimônio? Também não sabemos. Como fazer o orçamento base zero? Também não.

Os outros tem propostas mais viáveis, mas não menos fantásticas. Ou que parecem uma coisa e são outra. Por exemplo, o Pai Ciro tirar 60 milhões de CPFs do SPC que, na verdade, é uma grande ajuda aos bancos e quem tem os créditos podres. Ou Alckmin prometendo que vai abrir a economia e mudar o sistema tributário. Parece é só uma canetada.
Ilusionismo econômico
Se o leitor não entendeu de onde virá dinheiro não se apoquente: eu também não
29.ago.2018 às 2h00

Meio batida, mas não menos verdadeira, é a frase atribuída a Otto von Bismarck: "nunca se mente tanto quanto antes das eleições, durante a guerra e depois da caça".

Não poderia ser diferente no caso dos programas econômicos dos candidatos: depois que Pai Ciro prometeu trazer seu amor de volta e limpar seu nome no SPC não falta quem proponha soluções simples (e erradas) para problemas complexos.

No programa econômico de Jair Bolsonaro, incluído em seu já mitológico (opa!) Projeto Fênix, por exemplo, abundam a matemágica e fintas de dar inveja ao Ronaldinho Gaúcho, a começar pela proposta de zerar o déficit primário já no primeiro ano de governo, "partindo de um movimento de gestão pública moderna, baseado em técnicas como o 'Orçamento Base Zero'".

A ideia de que podemos começar tudo do zero e eliminar desperdícios é tão sedutora quanto juvenil. Não tenho a menor dúvida que há muito o que cortar no gasto do governo sem que se perca a qualidade das políticas públicas (o sarrafo é baixo, admito).

O problema é que praticamente 90% do gasto público federal está predeterminado: 60% do total destina-se ao pagamento de aposentadorias e pensões (incluindo funcionários inativos e o benefício de prestação continuada); outros 10-11% referem-se aos funcionários na ativa, que tipicamente gozam de estabilidade; já as despesas obrigatórias somam outros 10%, assim como as ditas discricionárias com vinculação (o piso de gastos com educação, saúde, bem como os demais Poderes).

O governo federal controla, portanto, pouco menos de 10% do que gasta. Podemos fazer "Orçamento Base Zero", base 1, base 2, ou base "N"; nada muda, porém, esse fato elementar. Posto de outra forma, mesmo se pudéssemos reduzir o gasto discricionário (algo como 2% do PIB) à metade, e torcer para que o gasto obrigatório parasse de crescer, o déficit primário, na casa de 1,5% do PIB hoje, ainda seguiria, firme e forte, em 2019.

Em outro trecho estima-se "reduzir em 20% a dívida mobiliária, por meio de privatizações, concessões, vendas de propriedades imobiliárias da União e devolução de recursos de instituições financeiras oficiais".

Isto representa, de acordo com o programa, um valor na casa de R$ 1 trilhão, enquanto, segundo o Tesouro Nacional, o valor da participação do governo em todas estatais (incluindo, por exemplo, o BNDES) seria da ordem de R$ 250 bilhões, pressupondo que a Petrobras seria também privatizada.

Há, é verdade, cerca de R$ 1 trilhão em bens imóveis da União, mas estes incluem parques e reservas federais, estradas, aquartelamentos (pois é...), escolas e obras em andamento, para os quais não há comprador.

Com grande dose de boa vontade talvez R$ 350 bilhões possam ser vendidos, embora o valor envolvido seja provavelmente bem menor. Na prática não se chega nem perto de R$ 1 trilhão.

Completando a mágica não poderia faltar a proposta de migração do regime previdenciário atual de repartição para capitalização. O documento candidamente reconhece que "a transição de um regime para o outro gera um problema de insuficiência de recursos", mas promete que "será criado um fundo para reforçar o financiamento da previdência e compensar a redução de contribuições previdenciárias no sistema antigo".

Se o leitor não entendeu de onde virá o dinheiro não se apoquente: eu também não, muito menos os autores da proposta.

Funciona bem em festa de criança, mas prestidigitação é um jeito arriscado de governar o país.

Alexandre Schwartsman
Consultor, ex-diretor do Banco Central (2003-2006). É doutor pela Universidade da Califórnia em Berkeley.

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/a ... ign=compfb




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7689 Mensagem por Túlio » Qua Ago 29, 2018 12:34 pm

Bourne escreveu: Qua Ago 29, 2018 12:05 pm Da onde vem o dinheiro? Não sabemos. Como se arranja um trilhão vendendo patrimônio? Também não sabemos. Como fazer o orçamento base zero? Também não.

Os outros tem propostas mais viáveis, mas não menos fantásticas. Ou que parecem uma coisa e são outra. Por exemplo, o Pai Ciro tirar 60 milhões de CPFs do SPC que, na verdade, é uma grande ajuda aos bancos e quem tem os créditos podres. Ou Alckmin prometendo que vai abrir a economia e mudar o sistema tributário. Parece é só uma canetada.
Nem vou entrar no mérito do que pode ou não o candidato X ou o Y, eis que todo mundo aqui sabe que nem votar eu vou.

Mas me atrevo a dar um pitaco sobre algo a respeito de que volta e meia falo e que, naturalmente, não passam de observações de um leigo confesso em Economia: as sempre menosprezadas commodities. Por mais que me esforce, só consigo lembrar de notícias na imprensa a respeito disso no último estouro, que levou o então PR aos píncaros do favor popular.

Até onde sei, essas coisas se movem em ciclos, e lembro de vários (mas com base em livros, não jornais), como o da borracha, do café, do algodão. O último e único a ser mencionado se refere a alimentos, minério bruto, processado e crude, cujos preços internacionais foram ao teto e fizeram com que um governo que tinha tudo para dar bem errado saísse melhor do que a encomenda.

Só que a solução (ingressos massivos de receita tributária, boa parte em moedas fortes, além de capitais externos também em moeda forte) mais óbvia - promover desenvolvimento - foi olimpicamente ignorada (como sempre, aliás) em favor do caminho mais "fácil", que foi um distributivismo atroz e uma louquíssima enxurrada de crédito fácil (este resultou em que, de mais ou menos cada dois reais que o consumidor deve no Brasil, apenas pouco mais de 50 centavos seja de fato pagável), deixando para a década seguinte (a atual) e a próxima uma conta bem salgada a ser paga. Com o que se tem, podem fazer as mais mirabolantes propostas mas, para mim, que repito ser pra lá de leigo, qualquer um sabe que o que resta a qualquer candidato para, se eleito, tentar cumprir pelo menos alguma de suas promessas é apenas ESPERANÇA!

E é referente a um novo boom de commodities que, cedo ou tarde, virá mesmo (ou não entendo mais nada de História, e posso aceitar isso também). Não vejo nenhuma outra "magia" no horizonte...

A josta é que, justamente por achar que conheço algo de História, ao invés de usar o que entrar no caixa para tapar os buracos e investir em geração de renda (ao invés de consumo desenfreado), vão é repetir a receita de sempre e, após alguns anos de falsa bonança, novamente vamos estar todos encarando uma realidade feia como o inferno.

É o que penso. 8-]




“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”

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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7690 Mensagem por Bourne » Qua Ago 29, 2018 3:24 pm

A Turquia do Erdogan (ou erdogolun) está em crescimento forte e persistentes desde começo da década de 2000. A exceção foi a crise 2007/08 e os problemas de 2016. O ponto é que o Brasil está fora do mundo. Outros países emergentes ao redor do mundo cresceram muito forte no período. Por exemplo, na América Latina, Peru, Colombia, Chile, México e Bolívia. Não foram só as commodities, muita coisa aconteceu. Elevado investimento, maior consumo e renda, acesso ao crédito, entre outros que mudaram a geografia da economia mundial.

http://i67.tinypic.com/ea1s1x.png


Agora tem um monte de país emergente entre em crise. A crise pode problemas fiscais e externos, baixo crescimento ou recessão, elevação do desemprego, crises políticas e sociais. O Brasil teve uma recessão dura e persistente, mas outros também tiveram seus problemas. Além de efeitos específicos como um monte de contratos de exportação que a política comercial do trump jogou no colo dos produtores brasileiros. Por exemplo, as exportações de grãos do centro-oeste lá por Miritituba no Pará estão bombando, as novas fronteiras agrícolas e investimentos idem.

Vai acabar, esperamos que sim. Há alguns sinais que economia volta a andar e pode até 2020 chegar no mesmo nível de 2012. se o próximo governo engatar anos seguidos de crescimento de 4-5% com redução do desemprego não é surpresa. Ao contrário. É esperado.

Só que tem reformas não vão ser mais adiadas. Uma delas é a previdência publica e privada. O próximo governo vai ter que mexer com urgência. Se um candidado, sem precisar especificar quem é, quer reformar a previdência e implantar o sistema de capitalização com menor participação da repartição tem explicar duas coisas.

Primeira, como fecha a conta. Já que se muda o regime para capitalização para os que estão no mercado de trabalho ou entrando indica que perde receita para os manter os atuais aposentados ou em via de aposentar. Alguém vai pagar a transição. E possivelmente vai ser por maior imposto que pode ser sobre consumo, renda ou mercado de trabalho. Ou forçar esse pessoal novinho continuar contribuindo no mesmo montando que é encarado como imposto sobre mercado de trabalho. É claro que na medida em que a transição for realizada abre espaço fiscal e redução do tamanho da previdência. Aí pode reduzir impostos, elevar investimento e gastos.

Segundo, supondo que a reforma anda e ocorra a transição, o governo tem que avisar o zé da silva, os servidores públicos e demais agentes que estão f*****os. Porque vão continuar sustentando os aposentados e pensionistas, possivelmente com maiores descontos para previdência, mas sem ter os mesmos benefícios quando forem aposentar. Em partes, isso acontece com servidores públicos. Já paga 11% de desconto da previdência, mais penduricalhos que querem empurrar como contribuir para fundo privado. Na reforma de 2017 o temer queria impor 14%. O objetivo é pagar os aposentados e pensionistas atuais. É uma forma de reduzir salário dos funcionários da ativa e deslocar para inativos.

Por isso, reclamo que vaga de prof. de federal não é tudo isso não. Fiz umas simulações que o salário bruto de 9,5 mil vira 5,5 mil líquido. E os relatos dizem que é isso mesmo. Motivo para sustentar o funcionalismo público em geral como, por exemplo, os professores titulares aposentados que entraram antes da reforma do ensino superior na década de 1980 e conseguiram os super salários. Esse pessoal está morrendo, mas ainda tem muitos que recebem equivalente ao pessoal da ativa que vão demorar algumas décadas para ir. E vai piorar para servidores federais e, principalmente, estaduais porque é um problema geral das aposentadorias do setor público. Estamos pagando a generosidade dos benefícios da décadas de 1950 a 1980. Assim, no futuro próximo, o bruto é X e com os descontos vira uns 50-60% e, possivelmente, lá em 2040/2050 esse servidor vai ganhar igual a aposentadoria da iniciativa privada.

Então, JOVENS invistam e pensem no futuro. Não contem com a previdência, mesmo sendo servidores públicos. Porque ela sozinha não vai sustentar seu nível de vida.

Depois, o próximo presidente ou presidenta, pode conversar com mudar a tributação, buscar eficiência do gasto/arrecadação, abrir a economia, eliminar subsídios e outros. Mas a prioridade é previdência.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7691 Mensagem por Sterrius » Qua Ago 29, 2018 11:27 pm

eu vou ter sorte de tirar um salário minimo da previdência. Ainda mais que sou um dos não raros que começou a contribuir tarde e até hoje to com +pé no mercado informal que formal.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7692 Mensagem por Bourne » Qui Ago 30, 2018 6:16 am

Eu também comecei contribuir depois dos 30 anos. Faço mais pelo seguro caso me acidente, não tenha dor de cabeça quando for pedir meu salário mínimo e é só 50 reais. Serve para pagar algumas contas e fazer o mercado, talvez pagar o asilo. Mas longe de manter o padrão de vida.

Porém, acredito que todos vão conseguir pelo menos um salário mínimo na aposentadoria na casa dos 70 anos ou mais. A diferença é que quem pegou a previdência certinho pode conseguir com mais facilidade e, com muita boa vontade, alguma coisa a mais. Já quem não contribuiu entre na fila da assistência social e o governo vai fazer de tudo para evitar pagamentos caso o individuo tenha condições (propriedades, família e outros). Aliás, a idade mínima virá, deve começar com uns 65 ans e aumentando com o tempo. O valor da aposentadoria gravita em torno de um ou dois salários mínimos.

Voltemos ao funcionarismo público. Várias reformas na década de 1990 e 2000 buscaram reduzir as vantagens do funcionarismo em relação ao salário e aposentadoria. Totalmente correto e iguala o resto do mundo em convergir setor privado e público. No entanto, a renegociação e reestruturação de carreiras do Governo Dilma em 2012/2013 foi muito importante. Não tinha me atentado na época, mas hoje parece com mais clareza. Porque reduziu os salários iniciais das carreiras ligadas ao executivo, criou muitos degraus para chegar ao topo, gerando redução de custo do funcionalismo. Agora cm a informatização, ganhos de produtividade e crise fiscal os concursos vão sumir. De 5-10 anos as contratações vão servir para atividade fim (professor ensino fundamental, policia e outras) e prioritariamente para substituir parcialmente os aposentados.

Por exemplo, carreira de professor de federal antes e depois da reforma da Dilma.

:arrow: Antes da reforma, professor doutor entrava como adjunto ganhando na época uns 7,5 mil bruto, mas com os descontos virava uns 5,5 mil. isso em 2008/2009 em que 5,5 mil era dinheiro. Adicionalmente, tinha uma previdência mais generosa apesar de não ter mais a equivalência ativos/inativos.

:arrow: Depois da reforma, professor doutor entra como Adjunto A ganhando os R$ 9,5 mil bruto e que sobre liquido uns R$ 5,5 mil. Existiu inflação elevada dos preços que reduziu o poder de compra. Então, os 5,5 mil de hoje compra muito menos do que de 2008/2009. Pelas novas regras, para sair de adjunto A vai demorar uns 3-4 anos. Ai sim pode começar a subir os degraus da carreira, nove ao todo, até chegar a titular. Cada nível demora de 3-4 anos, mas depende de disponibilidade de vagas, recursos e da burocracia. Então pode ser bem mais. Assim, quem entra depois de 2014 é quase impossível chegar a titular. Independente do que faça ou produza. Existe a possibilidade de concursos para titular, mas quase nunca abrem e é furar a fila, assim tem menor salário.

No futuro próximo, muita gente vai perceber que os trabalhos no setor público não são tão atraentes. Os estados que ainda não fizeram, o farão o logo. Dessa forma, preferir a iniciativa privada como empregado ou empregador. Não aconteceu ainda devido a crise e recessão prolongada. Não é ruim. Só está igualando os países desenvolvidos. Por isso que lá é bem comum não ter estabilidade ou uma grande circulação de trabalhadores entre público e privado.

Falta a tesoura chegar no judiciário e legislativo. Aguardemos um governo que terá coragem de cortar a burocracia, possibilidade de recursos e enquadrar o salário dos servidores do judiciário. Acho que pode estar mais perto do que parece.




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Sterrius
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7693 Mensagem por Sterrius » Qui Ago 30, 2018 8:47 am

legislativo a tesoura chegará em 2020.

Judiciario usa o esquema de poder jogar o excesso de gasto pro executivo e quebrar a obrigação de ter gasto pessoal em X%. Mas essa regra acaba em 2020 e eles terão que se adequar igual o executivo e legislativo.




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Bourne
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7694 Mensagem por Bourne » Qui Ago 30, 2018 9:05 am

Outra coisa, crescimento da terceirização no setor público será cada vez mais comum em atividade que poder ser exercidas por empresas privadas. Porque sai muito mais barato, dá maior flexibilidade e com menos encargos trabalhistas do que fazer concurso nos moldes atuais.

Além da mudança no processo de seleção, contratação e efetivação que vai entrar junto com as reformas na próxima gestão do governo federal e estaduais. Isso vai acontecer porque é necessário mudar o perfil e realocar o funcionalismo público. Não interessa contratar concurseiros, mas profissionais qualificados. Está escondido no programa dos candidados na parte de "aumentar a eficiência do setor público" e "ajuste fiscal".

Vai ter gritaria, greves, pressões, mas vai ser aprovado. Já que se não passar, não tem dinheiro e nem o que fazer no governo. Na crise atual, quase todas as prefeituras e estados não repõem policiais, professores e profissionais básicos porque estão quebrado e a lei não autoriza. O custo dos aposentados mais antigos é tão alto que inviabiliza mais contratações.

Voltando ao exemplo das universidades federais e estaduais. Estão maquinando a ideia de substituir aposentados por professores horistas como as grandes universidades do mundo. Ao mesmo tempo em introduzir prêmio de produtividade e por atingir metas para os pesquisadores. Assim oficializaria duas carreiras: professor horista que só da aula e não subir na carreira; professor/pesquisador que sobe na carreira se cumprir as metas. É assim no resto do mundo. A USP e Unicamp são meio assim, mas precisam do respaldo legal federal para fazer a mudança profunda.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7695 Mensagem por prp » Qui Ago 30, 2018 10:53 am

Terceirização no setor público se chama apadrinhamento.
Todas as terceirizadas no setor público só emprega o indicado político. Ou do gerente do setor, que eu nunca vi utilizar o critério de competência na indicação.
Isso acontece onde trabalho, na JF, no MEC e na CODEVASF. são os 3 que conheço de perto.

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