Vamos ver a inteligência da época
A motivação para escravidão era trazer mão de obra para serviço pesado e também qualificado. Assim trazê-los da África era um negócio interessante. Os mais qualificados já tinham contados de séculos com os árabes e muçulmanos. E muitos eram soldados que perderam guerras locais. Não eram tratados como escravos comuns, mas prisioneiros de guerra. E quem ia para guerra eram os mais intelectualizados dos grupos. E uma parcela que tinha privilégios por serem mais qualificados e importantes para sociedade e economia. Assim como buscavam converter outros escravos ou atacar outras religiões.Os Malês
A Revolta dos Malês Ocorreu no início do século XIX. Neste período um senso realizado na época pelo Governador da Bahia, O Conde da Ponte, informava que existiam: 25.502 negros, 14.200 brancos, 11.350 pardos e que a Bahia recebia em torno de 8.000 escravizados por ano. Malê é uma corruptela da palavra árabe Malek, uma das escolas de pensamento islâmico e, não como pensam alguns historiadores, esteja ela ligada ao país africano Mali. Inclusive, os dados históricos e os sensos realizados apontam para um número muito pequeno de escravizados trazidos deste país.
1807
No dia 22 de maio o governador da Bahia descobriu um plano de insurreição que ocorreria em 27 de maio de 1807, este plano tinha o objetivo de tomada da cidade. Foram presos os principais líderes e apreendidas cerca de 400 flechas, facas, espingardas, pistolas. Foram encontradas também composições em árabe, trechos do Alcorão. O governador ordenou um toque de recolher e todo o escravizado que fosse encontrado após as nove da noite na rua seria açoitado até a morte.
1809
Sobre esta insurreição não existe quase nenhum documento. Temos apenas a carta do governador Conde da Ponte para seu amigo D. Fernando José de Portugal, datada de 16 de janeiro de 1809.Na carta ele cita um verdadeiro extermínio com a utilização das forças coloniais contra os que ele chama de “perturbadores do sossego publico e malfeitores”. Segundo historiadores os haussas já figuravam associados aos nagôs.
1826, 1827, 1828,1830. Já na época do império tiveram lugar grandes insurreições. As idéias abolicionistas influenciaram os negros dos engenhos do recôncavo baiano, da capital e vizinhanças.
A revolta de 1826 aconteceu em Cabula, onde os negros resistiram até a morte. As forças oficiais avançaram até um lugar conhecido como “Baixa do Urubu”, lá havia um quilombo e uma mesquita. Um grupamento especial chamado “Segundo Batalhão de Linha” massacrou os negros na região do recôncavo em 1828. O Grande Levante de 1835
Na madrugada de 25 de janeiro de 1835, os negros muçulmanos planejavam aquela que seria a maior batalha campal de todas já idealizadas por eles. Porém, o Presidente da Província, Francisco de Souza Martins, foi avisado dos planos e pediu ao Chefe de Polícia, Francisco Gonçalves Martins, para que tomasse as medidas necessárias para coibir a revolta. À uma hora da manhã, do dia 25 de janeiro, o Juiz de Paz do 1º distrito, acompanhado de paisanos e do Alferes Lázaro Vieira do Amaral, desconfiaram de certos sons que saiam de uma casa onde na janela havia uma negra. Intimada a que abrisse a porta, negou-se e tentou disfarçar, completando assim, as suspeitas que tinham nascido no ânimo dos rondantes. Obrigada a abrir a porta em nome da lei, irromperam então muitos tiros em descarga cerrada, e uma multidão de negros encapuzados e com roupas brancas, armados de pistolas, espadas e espingardas atacaram a ronda e mataram o Alferes Lázaro Vieira do Amaral, fazendo com que os outros membros da ronda fugissem em desabalada carreira.
Porém, transcorreu-se batalhas e enfretamentos em as forças do estado e os revoltos resultando num massacre de milhares de muçulmanos. Notas:
O termo “Malê” não está ligado a Mali – o país, tanto que pesquisando estes arquivos (O arquivo público do Estado da Bahia) se descobre que apenas um pequeno número de escravizados foi trazido deste país. No ioruba Imalê – designa muçulmano. Desta forma, Malê mais parece ser uma corruptela da palavra árabe Malek, como informado acima.
Ocorreu ainda um levante em 1816, mas não existem muitas informações sobre ele.
Conceitos Negros de Ganho: Escravizados que exerciam tarefas diárias fora das casas senhorais, mediante pagamento de uma diária ao seu senhor.
Sendo a maioria deles composta por "negros de ganho", tinham mais liberdade que os negros das fazendas, podendo circular por toda a cidade com certa facilidade, embora tratados com desprezo e violência. Alguns, economizando a pequena parte dos ganhos que seus donos lhes deixavam, conseguiam comprar a alforria.
Em janeiro de 1835 um grupo de cerca de 1500 negros, liderados pelos muçulmanos Manuel Calafate, Aprígio, Pai Inácio, dentre outros, armou uma conspiração com o objetivo de libertar seus companheiros islâmicos e matar brancos e mulatos considerados traidores, marcada para estourar no dia 25 daquele mesmo mês. Arrecadaram dinheiro para comprar armas e redigiram planos em árabe, mas foram denunciados por uma negra ao juiz de paz. Conseguem, ainda, atacar o quartel que controlava a cidade mas, devido à inferioridade numérica e de armamentos, acabaram massacrados pelas tropas da Guarda Nacional, pela polícia e por civis armados que estavam apavorados ante a possibilidade do sucesso da rebelião negra.
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Os brasileiros eram forçados a aceitar e incorporar os negros muçulmanos. Porque precisavam deles. Os europeus com qualificação similar só começaram a chegar em volume depois da Guerra do Paraguai, quando a Europa entrou em crise social no meio do século XIX, começaram a receber financiamento para viagem e terras. A convivência entre cristão e árabes era comum em outras regiões. É assim até hoje em boa parte dos países do Oriente Médio e Europa central.
O aceitar e incorporar implicava em dar alguns mimos e tentar a conversão ao catolicismo. Em parte, os muçulmanos se revoltaram contra os infiéis com as revoltas. Porém, outra parte expressiva, foi incorporada a sociedade brasileira. Os tais "macumbeiros" com rezas, amuletos, palavras, símbolos possuem forte influência muçulmana que é muito particular do Brasil.