GEOPOLÍTICA
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Re: GEOPOLÍTICA
A NATO, a Rússia e o fim de uma era (por Diana Soller)
A trave-mestra da estratégia norte-americana consiste em privilegiar a relação com a Rússia. Uma parceria para contrabalançar a China. Neste contexto os aliados europeus tornaram-se quase dispensáveis
Gostaria de fazer um ponto prévio: não se deve olhar para a viagem do presidente norte-americano como visitas-cimeiras distintas umas das outras, mas um todo indivisível. O mais importante não foi o que se disse nas conferências de imprensa. Foi a forma como a NATO e a Grã-Bretanha foram tratadas, como estados dependentes e pouco importantes para os Estados Unidos, enquanto a a Rússia foi alvo de todas as deferências.
A Cimeira de Bruxelas veio mostrar aquilo que já se suspeitava: acabou-se a aliança entre democracias, e deu-se início a uma nova organização que de semelhante com à anterior pouco mais tem o nome. Não houve propriamente nada de novo: os países reiteraram as suas promessas (feitas a Barack Obama na Cimeira de Gales de 2014) de aumentar paulatinamente a percentagem do seu PIB em gastos de defesa até 2024. Mas instalou-se uma espécie de drama diplomático em vários atos, com Tump a engasgar Merkel ao pequeno-almoço ao apontar a dependência energética alemã da Rússia, e a interromper as reuniões agendadas para voltar a falar do contributo dos aliados europeus.
Disse-se, inclusive, que o presidente americano terá ameaçado deixar a instituição. Mesmo que não tenham sido estas as palavras de Trump, o certo que houve “reunião de emergência”. Mas muito mais importante: não terá havido grandes debates sobre os temas regionais de segurança que estariam na agenda. E esta omissão acaba por ser a mais forte expressão de forma diminuída como os Estados Unidos da America vêm a Europa. Como um “foe” (prefiro a expressão em inglês, porque a tradução é dúbia, correspondendo mais ou menos a um entidade com a qual se está em competição) no qual não reconhece importância suficiente para discutir assuntos de defesa comum.
Esse papel coube à Rússia. Na primeira cimeira bilateral entre os dois países, Donald Trump e Vladimir Putin sentaram-se a debater todos os assuntos de segurança e economia que afetam a região. Do DAESH e da Síria à proliferação nuclear e à cooperação comercial. Ter-se-á até debatido a situação na Ucrânia. Ao contrário do que fez com os parceiros de sempre, o presidente americano tratou Putin como líder de uma grande potência com deveres e responsabilidades. Como parte da solução e não parte do problema. Mais significativo ainda, foram duas declarações que elucidam para onde querem que caminhe a relação bilateral: falaram de Xi Jinping e declaram estar no caminho da cooperação. E Trump ainda enalteceu a sua própria ousadia política em romper com a longa inimizade entre Washington e Moscovo.
Destes episódios, que não ocorreram por acaso em menos de uma semana (aos quais se podem acrescentar uma relação cada vez mais incómoda com o Canadá, um elogio a Boris Johnson e uma descompostura da Theresa May), podem tirar-se várias conclusões. A primeira é prosaica, mas não menos importante – e já foi foi referida aqui noutras ocasiões. Trump pode ter uma personalidade que desconcerta os chefes de estado, mas já vai sendo tempo de percebermos que há uma estratégia concreta e coerente relativamente ao mundo em geral e ao espaço euro-asiático em particular.
Em segundo lugar, a trave-mestra dessa estratégia consiste em privilegiar uma relação com a Rússia. Uma parceria até, se possível. É certo que Trump nunca escondeu a sua admiração por Putin, mas a razão principal é que a administração acredita que Moscovo é o único estado capaz de conter a China que, não tenhamos dúvidas, é a maior preocupação de Washington.
Em terceiro lugar, os aliados europeus tornaram-se praticamente dispensáveis por três razões. Porque a visão americana de que os Estados Unidos deviam valorizar as relações com as democracias acabou, e em vez dela surgiu uma nova em que a União Europeia prejudica os EUA não só em questões económicas (é importante não esquecer que há uma guerra comercial em curso), como em questões de segurança (os EUA pagam pela defesa europeia sem receberam nada em troca). Também porque Trump não se dá bem com fóruns multilaterais. Prefere chefes de estado com quem possa negociar de um para um do que complicadas relações institucionais burocráticas e demasiadas amarras normativas. Finalmente, porque, precisamente devido à sua fraqueza militar, a Europa tem pouco a contribuir para as necessidades de segurança dos Estados Unidos.
Em dois anos o mundo mudou consideravelmente. Ironicamente, não tanto pela ascendência chinesa, como esperávamos, mas porque a ainda única grande potência, os Estados Unidos, se tornou, novamente, revisionista. Partindo dos princípios que os EUA são um estado “normal” sem obrigações de criação de ordem e sem restrições normativas, e que todos os estados são inimigos dos Estados Unidos até prova em contrário, Trump reformulou toda a política externa do seu país até esta ficar quase irreconhecível. Mas não é uma questão de personalidade. É uma questão de visão do mundo em que os mais fortes cooperam e competem de acordo com os seus interesses. E os mais fracos adaptam-se.
Podemos argumentar que este é um revisionismo temporário, até pela resposta do Congresso, que parece não estar pelos ajustes com a política de Trump. Mas ainda assim, a Casa Branca tem um poder muito vasto no que respeita à política externa e estas mudanças uma vez implementadas, podem ser mais duradouras do que um (ou dois mandatos) de um presidente. E porque há muitas razões para se duvidar da viabilidade da parceria Washington-Moscovo. Mas entretanto a Europa não pode ficar de braços cruzados. É que, bem vistas as coisas, uma Rússia mais forte com a conivência americana, enquanto ainda estamos fragilizados pela nova visão geoestratégica dos EUA, pode ser uma ameaça à Europa, que surja bem mais depressa que a preponderância chinesa de facto no mundo.
https://observador.pt/opiniao/a-nato-a- ... e-uma-era/
Muito bom artigo que coloca a nú um objectivo claro, o que une Trump e Putin é o desejo de destruição/implosão da UE, por ser demasiado poderosa economicamente.
A trave-mestra da estratégia norte-americana consiste em privilegiar a relação com a Rússia. Uma parceria para contrabalançar a China. Neste contexto os aliados europeus tornaram-se quase dispensáveis
Gostaria de fazer um ponto prévio: não se deve olhar para a viagem do presidente norte-americano como visitas-cimeiras distintas umas das outras, mas um todo indivisível. O mais importante não foi o que se disse nas conferências de imprensa. Foi a forma como a NATO e a Grã-Bretanha foram tratadas, como estados dependentes e pouco importantes para os Estados Unidos, enquanto a a Rússia foi alvo de todas as deferências.
A Cimeira de Bruxelas veio mostrar aquilo que já se suspeitava: acabou-se a aliança entre democracias, e deu-se início a uma nova organização que de semelhante com à anterior pouco mais tem o nome. Não houve propriamente nada de novo: os países reiteraram as suas promessas (feitas a Barack Obama na Cimeira de Gales de 2014) de aumentar paulatinamente a percentagem do seu PIB em gastos de defesa até 2024. Mas instalou-se uma espécie de drama diplomático em vários atos, com Tump a engasgar Merkel ao pequeno-almoço ao apontar a dependência energética alemã da Rússia, e a interromper as reuniões agendadas para voltar a falar do contributo dos aliados europeus.
Disse-se, inclusive, que o presidente americano terá ameaçado deixar a instituição. Mesmo que não tenham sido estas as palavras de Trump, o certo que houve “reunião de emergência”. Mas muito mais importante: não terá havido grandes debates sobre os temas regionais de segurança que estariam na agenda. E esta omissão acaba por ser a mais forte expressão de forma diminuída como os Estados Unidos da America vêm a Europa. Como um “foe” (prefiro a expressão em inglês, porque a tradução é dúbia, correspondendo mais ou menos a um entidade com a qual se está em competição) no qual não reconhece importância suficiente para discutir assuntos de defesa comum.
Esse papel coube à Rússia. Na primeira cimeira bilateral entre os dois países, Donald Trump e Vladimir Putin sentaram-se a debater todos os assuntos de segurança e economia que afetam a região. Do DAESH e da Síria à proliferação nuclear e à cooperação comercial. Ter-se-á até debatido a situação na Ucrânia. Ao contrário do que fez com os parceiros de sempre, o presidente americano tratou Putin como líder de uma grande potência com deveres e responsabilidades. Como parte da solução e não parte do problema. Mais significativo ainda, foram duas declarações que elucidam para onde querem que caminhe a relação bilateral: falaram de Xi Jinping e declaram estar no caminho da cooperação. E Trump ainda enalteceu a sua própria ousadia política em romper com a longa inimizade entre Washington e Moscovo.
Destes episódios, que não ocorreram por acaso em menos de uma semana (aos quais se podem acrescentar uma relação cada vez mais incómoda com o Canadá, um elogio a Boris Johnson e uma descompostura da Theresa May), podem tirar-se várias conclusões. A primeira é prosaica, mas não menos importante – e já foi foi referida aqui noutras ocasiões. Trump pode ter uma personalidade que desconcerta os chefes de estado, mas já vai sendo tempo de percebermos que há uma estratégia concreta e coerente relativamente ao mundo em geral e ao espaço euro-asiático em particular.
Em segundo lugar, a trave-mestra dessa estratégia consiste em privilegiar uma relação com a Rússia. Uma parceria até, se possível. É certo que Trump nunca escondeu a sua admiração por Putin, mas a razão principal é que a administração acredita que Moscovo é o único estado capaz de conter a China que, não tenhamos dúvidas, é a maior preocupação de Washington.
Em terceiro lugar, os aliados europeus tornaram-se praticamente dispensáveis por três razões. Porque a visão americana de que os Estados Unidos deviam valorizar as relações com as democracias acabou, e em vez dela surgiu uma nova em que a União Europeia prejudica os EUA não só em questões económicas (é importante não esquecer que há uma guerra comercial em curso), como em questões de segurança (os EUA pagam pela defesa europeia sem receberam nada em troca). Também porque Trump não se dá bem com fóruns multilaterais. Prefere chefes de estado com quem possa negociar de um para um do que complicadas relações institucionais burocráticas e demasiadas amarras normativas. Finalmente, porque, precisamente devido à sua fraqueza militar, a Europa tem pouco a contribuir para as necessidades de segurança dos Estados Unidos.
Em dois anos o mundo mudou consideravelmente. Ironicamente, não tanto pela ascendência chinesa, como esperávamos, mas porque a ainda única grande potência, os Estados Unidos, se tornou, novamente, revisionista. Partindo dos princípios que os EUA são um estado “normal” sem obrigações de criação de ordem e sem restrições normativas, e que todos os estados são inimigos dos Estados Unidos até prova em contrário, Trump reformulou toda a política externa do seu país até esta ficar quase irreconhecível. Mas não é uma questão de personalidade. É uma questão de visão do mundo em que os mais fortes cooperam e competem de acordo com os seus interesses. E os mais fracos adaptam-se.
Podemos argumentar que este é um revisionismo temporário, até pela resposta do Congresso, que parece não estar pelos ajustes com a política de Trump. Mas ainda assim, a Casa Branca tem um poder muito vasto no que respeita à política externa e estas mudanças uma vez implementadas, podem ser mais duradouras do que um (ou dois mandatos) de um presidente. E porque há muitas razões para se duvidar da viabilidade da parceria Washington-Moscovo. Mas entretanto a Europa não pode ficar de braços cruzados. É que, bem vistas as coisas, uma Rússia mais forte com a conivência americana, enquanto ainda estamos fragilizados pela nova visão geoestratégica dos EUA, pode ser uma ameaça à Europa, que surja bem mais depressa que a preponderância chinesa de facto no mundo.
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Muito bom artigo que coloca a nú um objectivo claro, o que une Trump e Putin é o desejo de destruição/implosão da UE, por ser demasiado poderosa economicamente.
- Bourne
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Re: GEOPOLÍTICA
Acho que é mais simples e menos planejado. O Trump não se importa ou não entende a politica externa. Nem com os europeus, russos ou qualquer um. Algo como deixe que se acertem. É uma linha que é coerente com o isolacionismo norte-americana que voltou a crescer no meio da década de 2000. Em especial, no Congresso e eleições regionais que são mais importantes que o Presidente. Isso quer dizer que pouco pode mudar com um novo presidente no futuro já que o Trump rompeu com o status estabelecido.
Na prática a UE está só, os Rússia mantém a mesma política mais agressiva para expandir a influência sobre Europa Oriental, Ásia Central e Oriente Médio. Ao redor do mundo cresce a ideia de que vão ter que cooperar ou brigar sem os EUA interferir. Seja pela política, economia ou militarmente.
Na prática a UE está só, os Rússia mantém a mesma política mais agressiva para expandir a influência sobre Europa Oriental, Ásia Central e Oriente Médio. Ao redor do mundo cresce a ideia de que vão ter que cooperar ou brigar sem os EUA interferir. Seja pela política, economia ou militarmente.
- Frederico Vitor
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Re: GEOPOLÍTICA
Está na hora da Europa largar mão do 'guarda-chuvas' americano de defesa. Os Estados Unidos (Trump) já deram claro sinal que não desejam mais bancar o escudo protetor das democracias europeias. E se preparem para provocações mais ousadas do Putin, em especial na Ucrânia.Muito bom artigo que coloca a nú um objectivo claro, o que une Trump e Putin é o desejo de destruição/implosão da UE, por ser demasiado poderosa economicamente.
Editado pela última vez por Frederico Vitor em Seg Set 03, 2018 9:35 pm, em um total de 1 vez.
- delmar
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Re: GEOPOLÍTICA
Na minha visão a Rússia quer ser uma nação da Europa, fazer parte da comunidade e ter voz ativa, como a França e Alemanha. Querem ser sócios do clube e não destruí-lo. O movimento de levar a OTAN até a fronteira da Rússia, com a inclusão da Polônia e países bálticos, foi um erro. Especialmente a Estônia e Letônia são um zero a esquerda em segurança. Deveriam ter mantido um status similar ao da Finlândia que, embora europeu e na zona de Euro, não faz parte da NATO e mantém boas relações com os Russos.
Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
- cabeça de martelo
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Re: GEOPOLÍTICA
O governo Finlandês mantém relações normais com a Rússia, apesar de ter apoiado as sanções. Dito isto o povo vê com bastante cepticismo o governo Russo e as oligarquias que o apoiam e vê com bons olhos o reforço das Forças Armadas (que está a ser feito neste preciso momento). É claro que dado à enorme fronteira comum com a Rússia e ao historial de invasões, penso que o finlandês comum não está minimamente interessado que o seu país entre para a OTAN.
- Bourne
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Re: GEOPOLÍTICA
Ordem mundial está em transição, e China tem roteiro claro
Mundo faria bem em se preparar para nova onda de ativismo de Pequim na política mundial
Kevin Rudd
NOVA YORK
O contraste entre a desordem no Ocidente, exposta abertamente na cúpula da Otan e na reunião do G7 no mês passado no Canadá, e a crescente autoconfiança da China no palco internacional está ficando mais claro a cada dia que passa.
No mês passado o Partido Comunista da China (PC) concluiu sua Conferência Central sobre Trabalho Relacionado a Questões Exteriores, a segunda desse tipo desde que Xi Jinping se tornou o governante inconteste do país, em 2012.
Esses encontros não são ocasiões de rotina. São a expressão mais clara de como a liderança enxerga o lugar ocupado pela China no mundo, mas também relevam muito ao mundo sobre a China.
A última conferência desse tipo, em 2014, assinalou o enterro da máxima de Deng Xiaoping “oculte sua força, aguarde pela oportunidade melhor, nunca assuma a liderança”, e inaugurou uma nova era de ativismo internacional.
Essa mudança refletiu em parte a centralização do controle operada por Xi, a conclusão da liderança chinesa de que o poderio dos EUA está em declínio relativo e sua visão de que a China tornou-se um ator econômico global indispensável.
Desde 2014 a China ampliou e consolidou sua posição militar no Mar do Sul da China. Ela pegou a ideia da Nova Rota da Seda e a converteu em uma iniciativa comercial, de investimentos, de infraestrutura e geopolítica/geoeconômica mais ampla de muitos trilhões de dólares, abrangendo 73 países diferentes em boa parte da Eurásia, África e mais longe.
E a China atraiu a adesão da maior parte do mundo desenvolvido para seu primeiro banco de desenvolvimento multilateral em grande escala a não aderir ao sistema de Bretton Woods, o Banco Asiático de Investimentos em Infraestrutura.
A China também lançou iniciativas diplomáticas que ultrapassam sua esfera imediata de interesse estratégico na Ásia oriental, além de participar ativamente em iniciativas como o acordo nuclear iraniano de 2015.
Ela desenvolveu bases navais no Sri Lanka, Paquistão e Djibuti e participa de exercícios navais com a Rússia em lugares tão distantes quanto o Mediterrâneo e o Báltico. Em março ela criou sua própria agência de desenvolvimento internacional.
A emergência de uma grande estratégia coerente (independentemente de o Ocidente optar ou não por reconhecê-la como tal) não é tudo que mudou desde 2014. Para começar, a ênfase sobre o papel do PC é muito maior que antes.
Receando que o partido tivesse se alheado das principais discussões políticas do país, Xi reafirmou o controle do PC sobre as instituições do Estado e lhe deu precedência sobre a ideologia política na hora de traçar as políticas públicas tecnocráticas.
Xi está determinado a contestar a tendência da história ocidental, a desmentir o “fim da história” anunciado por Francis Fukuyama, que culminaria com o triunfo geral do capitalismo democrático liberal, e a preservar um Estado leninista para o longo prazo.
Conhecida como “pensamento de Xi Jinping”, essa abordagem hoje está presente em toda a estrutura da política externa chinesa.
Em especial, a visão de Xi de que existem “leis” imutáveis e identificáveis de desenvolvimento histórico, que seriam tanto prescritivas quanto prognósticas, ganhou destaque especial na conferência do mês passado sobre política externa.
Se isso soa como materialismo dialético à moda antiga, é porque o é. Xi abraça a tradição marxista-leninista como seu quadro de referência intelectual preferido.
Ninguém pode prever como esse pensamento vai impulsionar a política externa concreta da China. Mas o modo como os Estados unipartidários, especialmente os Estados marxistas, optam por conceber a realidade tem grande importância: é assim que o sistema se manifesta e anuncia. E a mensagem de Xi à elite chinesa de política externa é uma mensagem de grande confiança.
A Conferência Central pediu especificamente que as instituições e o pessoal de política internacional do país abracem a agenda de Xi. Aqui o presidente parece estar com o Ministério do Exterior em sua mira.
Há um elemento ideológico forte na aparente frustração sentida por Xi com a reação glacial do ministério às inovações em políticas públicas.
Os diplomatas chineses foram incentivados a lembrar-se que eles são em primeiro lugar “quadros partidários”, o que sugere que Xi provavelmente vai incentivar o aparato de política externa a um ativismo maior para implementar plenamente sua visão global emergente.
A maior mudança a emergir da conferência do mês passado diz respeito à governança global. Em 2014, Xi aludiu a uma disputa iminente em torno da estrutura futura da ordem internacional.
Embora ele não tenha se aprofundado sobre isso, muito trabalho foi dedicado desde então à definição de três conceitos inter-relacionados: guoji zhixu (a ordem internacional), guoji xitong (o sistema internacional) e quanqiu zhili (governança global).
É claro que esses termos têm significados diferentes e parcialmente coincidentes também em inglês. Mas, falando de maneira geral, “ordem internacional”, em chinês, faz referência a uma combinação das Nações Unidas, das Instituições de Bretton Woods, do G20 e de outras instituições multilaterais (que a China aceita), além do sistema de alianças globais dos EUA (que ela não aceita).
O termo “sistema internacional” tende a fazer referência à primeira metade dessa ordem internacional: a teia complexa de instituições multilaterais que operam sob as leis de tratados internacionais e que procuram reger o espaço comum global com base no princípio da soberania compartilhada. E “governança global” denota a performance real do “sistema internacional” assim definido.
O que é novo e espantoso nas declarações dadas por Xi na Conferência Central foi seu chamado para que a China agora “lidere a reforma do sistema de governança global com os conceitos de correção e justiça”. É de longe a declaração mais direta feita até agora das intenções chinesas nessa questão importante. O mundo faria bem em preparar-se para uma nova onda de ativismo chinês na área de política internacional.
Como boa parte do resto da comunidade internacional, a China tem consciência aguda da disfuncionalidade de boa parte do sistema multilateral atual. Assim, o desejo de Xi de liderar uma “reforma do sistema de governança global” não é fruto do acaso.
Ele reflete um ativismo diplomático crescente em instituições multilaterais, visando reorientá-las em uma direção mais compatível com o que a China enxerga como sendo seus “interesses nacionais fundamentais”.
Xi lembrou à elite chinesa de política internacional que a totalidade do rumo futuro da política externa chinesa, incluindo a reforma da governança global, precisa ser movida por esses interesses nacionais fundamentais.
Nesse contexto, a China também busca um sistema internacional mais “multipolar”. Trata-se de um código para designar um mundo em que Estados Unidos e o Ocidente tenham um papel substancialmente reduzido.
O desafio que se coloca ao resto da comunidade internacional é definir que tipo de ordem global agora queremos. O que querem as instituições existentes, como a União Europeia, a Associação de Nações do Sudeste Asiático ou a União Africana, para o sistema internacional do futuro, baseado em regras? O que exatamente querem os Estados Unidos, com ou sem Trump? E como vamos preservar coletivamente os valores globais encarnados na Carta das Nações Unidas, nas Instituições de Bretton Woods e na Declaração Universal dos Direitos do Homem?
O futuro da ordem global se encontra em transição. A China tem um roteiro claro para o futuro. É hora de o resto da comunidade internacional traçar um roteiro próprio.
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/201 ... laro.shtml
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Re: GEOPOLÍTICA
De uma estação espacial na Argentina, China expande seu alcance na América Latina
Antena parabólica na nova estação espacial chinesa na Patagônia argentina
A antena gigante sobe do solo do deserto como uma aparição, uma torre metálica com altura equivalente a 16 andares, sobre um trecho varrido pelo vento da Patagônia.
O aparato de 450 toneladas, com um imenso disco voltado ao céu, é a peça central de uma estação de controle de satélites e de missões especiais construída pelas Forças Armadas chinesas, ao custo de US$ 50 milhões (R$ 186 milhões).
A base isolada é um dos símbolos mais notáveis do longo esforço de Pequim para transformar a América Latina e ajudar a direcionar seu futuro nas próximas gerações —em muitos casos de maneira que solapa diretamente o poder político, econômico e estratégico dos EUA na região.
A estação começou a operar em março e desempenha papel central na audaciosa expedição chinesa ao outro lado da Lua —uma empreitada que as autoridades argentinas se dizem entusiasmadas por apoiar.
Mas a maneira pela qual a base foi negociada —em segredo, em um momento no qual a Argentina precisava desesperadamente de investimento — e a preocupação de que ela poderia elevar a capacidade chinesa de coletar inteligência no hemisfério ocidental geraram debate na Argentina sobre os riscos e os benefícios de ser atraída à órbita chinesa.
"Pequim transformou a dinâmica da região, das agendas de seus líderes e empreendedores à estrutura de suas economias, o teor de sua política e até a dinâmica de segurança", disse R. Evan Ellis, professor de estudos latino-americanos no Colégio de Guerra do Exército americano.
Por boa parte dos últimos 10 anos, os EUA dedicaram pouca atenção ao seu quintal na América. Em lugar disso, declararam uma virada para a Ásia, com a esperança de reforçar seus elos econômicos, militares e diplomáticos na região, como parte da estratégia do governo Obama para conter a China.
O comércio entre a China e os países da América Latina e do Caribe atingiu os US$ 244 bilhões (R$ 908 bilhões) no ano passado, mais que o dobro de seu total uma década antes, de acordo com o Centro de Política Global de Desenvolvimento da Universidade de Boston. De 2015 para cá, a China vem sendo o parceiro comercial dominante da América do Sul, eclipsando os EUA.
Talvez o mais importante seja que a China concedeu dezenas de bilhões de dólares em empréstimos garantidos por commodities a países da América, o que lhe garante grande proporção do petróleo da região — incluindo 90% das reservas equatorianas — por anos.
A China também se tornou indispensável ao resgatar governos em crise e estatais vitais em países como a Venezuela e o Brasil, se dispondo a realizar grandes apostas a fim de garantir seu lugar na região.
Aqui na Argentina, um país que estava excluído dos mercados internacionais de títulos por seu calote sobre US$ 100 bilhões (R$ 372 bilhões) em dívidas, a China caiu do céu para ajudar o governo da presidente Cristina Kirchner.
E enquanto oferecia ajuda, a China iniciou negociações secretas que levaram à estação de controle de satélites e de missões espaciais aqui na Patagônia.
As autoridades argentinas dizem que os chineses concordaram em não usar as bases para fins militares. Mas especialistas rebatem que a tecnologia que ela emprega tem muitos usos militares.
Frank Rose, que foi secretário assistente de Estado para o controle de armas no governo de Barack Obama, disse que dedicava muito do seu tempo a se preocupar com o programa espacial ascendente da China. As autoridades de inteligência e defesa dos EUA veem com preocupação o desenvolvimento de tecnologia sofisticada pela China para interromper as comunicações, desorientar e destruir satélites, nos últimos anos, disse ele.
"Eles estão colocando essas capacidades em operação para reduzir as vantagens militares dos Estados Unidos, que de muitas maneiras derivam de recursos espaciais", disse Rose.
Antenas e outros equipamentos de apoio a missões espaciais, como os que a China opera agora na Patagônia, podem elevar a capacidade chinesa de coleta de informações, dizem especialistas.
O tenente-coronel Christopher Logan, porta-voz do Pentágono, disse que as autoridades militares dos EUA estavam avaliando as implicações da estação de monitoração chinesa. As autoridades chinesas recusaram pedidos de entrevistas sobre a base e sobre o programa espacial do país.
Para além de qualquer disputa estratégica com os EUA, alguns líderes latino-americanos agora têm dúvidas sobre seus laços com a China, e se preocupam por governos precedentes terem sobrecarregado os países de dívidas, e com a possibilidade de que tenham penhorado seus futuros.
Mas Guelar argumenta que apertar o freio no relacionamento com a China seria uma escolha míope, especialmente em um momento em que Washington abriu mão de seu papel duradouro como âncora política e econômica da região.
"Houve uma abdicação da liderança" pelos EUA, ele disse. "Esse papel deixou de ser exercido não porque os americanos o tenham perdido, mas porque não desejam exercê-lo."
O governo argentino estava diante de uma crise, em 2009. A inflação era alta. Havia bilhões de dólares em dívidas com vencimento em curto prazo. A raiva da população quanto a o governo, por decisões como a de estatizar US$ 30 bilhões (R$ 112 bilhões) em fundos de pensão privados, estava crescendo. E a pior seca em cinco décadas vinha tornando a situação econômica ainda mais desfavorável.
E foi aí que surgiu a China. Primeiro, o país assinou um swap cambial de US$ 10,2 bilhões que ajudou a estabilizar o peso argentino, e depois prometeu investir US$ 10 bilhões (R$ 38 bilhões) para reparar o dilapidado sistema ferroviário da Argentina.
Em meio a tudo isso, a China também enviou uma equipe à Argentina para discutir as ambições de Pequim no espaço.
Os chineses queriam uma estação de rastreamento de satélites do outro lado do planeta, antes de lançarem sua expedição ao lado escuro da Lua.
Se bem sucedida, a missão, que deve ser lançada este ano, seria um marco na exploração espacial e poderia abrir caminho à extração de hélio 3, que alguns cientistas acreditam possa ser uma fonte revolucionária de energia limpa.
Desde que assumiu, o governo Trump abandonou aspectos fundamentais dessa abordagem, rejeitando um acordo de livre comércio com nações do Pacífico, lançando uma guerra comercial mundial, e se queixando do peso dos compromissos de segurança de Washington para com os mais estreitos aliados do país, na Ásia e em outras partes do mundo.
Enquanto isso, a China vem executando discretamente um plano de longo alcance na América Latina. Expandiu fortemente seu comércio, ajudou a resgatar governos em crise, construiu enormes projetos de infraestrutura, reforçou suas conexões militares e garantiu acesso a grande volume de recursos naturais, atrelando o destino de muitos dos países da região ao seu.
Mesmo com a recente virada política para a direita de algumas partes da América Latina, os líderes da região adaptaram suas políticas de forma a atender a demanda chinesa. Agora, o domínio de Pequim sobre boa parte da região — e o que isso significa para a estatura internacional cada vez menor dos EUA —começa a entrar em foco.
"É um fato consumado", Diego Guelar, embaixador argentino à China.
O comércio entre a China e os países da América Latina e do Caribe atingiu os US$ 244 bilhões (R$ 908 bilhões) no ano passado, mais que o dobro de seu total uma década antes, de acordo com o Centro de Política Global de Desenvolvimento da Universidade de Boston. De 2015 para cá, a China vem sendo o parceiro comercial dominante da América do Sul, eclipsando os EUA.
Talvez o mais importante seja que a China concedeu dezenas de bilhões de dólares em empréstimos garantidos por commodities a países da América, o que lhe garante grande proporção do petróleo da região — incluindo 90% das reservas equatorianas — por anos.
A China também se tornou indispensável ao resgatar governos em crise e estatais vitais em países como a Venezuela e o Brasil, se dispondo a realizar grandes apostas a fim de garantir seu lugar na região.
Aqui na Argentina, um país que estava excluído dos mercados internacionais de títulos por seu calote sobre US$ 100 bilhões (R$ 372 bilhões) em dívidas, a China caiu do céu para ajudar o governo da presidente Cristina Kirchner.
E enquanto oferecia ajuda, a China iniciou negociações secretas que levaram à estação de controle de satélites e de missões espaciais aqui na Patagônia.
As autoridades argentinas dizem que os chineses concordaram em não usar as bases para fins militares. Mas especialistas rebatem que a tecnologia que ela emprega tem muitos usos militares.
Frank Rose, que foi secretário assistente de Estado para o controle de armas no governo de Barack Obama, disse que dedicava muito do seu tempo a se preocupar com o programa espacial ascendente da China. As autoridades de inteligência e defesa dos EUA veem com preocupação o desenvolvimento de tecnologia sofisticada pela China para interromper as comunicações, desorientar e destruir satélites, nos últimos anos, disse ele.
"Eles estão colocando essas capacidades em operação para reduzir as vantagens militares dos Estados Unidos, que de muitas maneiras derivam de recursos espaciais", disse Rose.
Antenas e outros equipamentos de apoio a missões espaciais, como os que a China opera agora na Patagônia, podem elevar a capacidade chinesa de coleta de informações, dizem especialistas.
O tenente-coronel Christopher Logan, porta-voz do Pentágono, disse que as autoridades militares dos EUA estavam avaliando as implicações da estação de monitoração chinesa. As autoridades chinesas recusaram pedidos de entrevistas sobre a base e sobre o programa espacial do país.
Para além de qualquer disputa estratégica com os EUA, alguns líderes latino-americanos agora têm dúvidas sobre seus laços com a China, e se preocupam por governos precedentes terem sobrecarregado os países de dívidas, e com a possibilidade de que tenham penhorado seus futuros.
Mas Guelar argumenta que apertar o freio no relacionamento com a China seria uma escolha míope, especialmente em um momento em que Washington abriu mão de seu papel duradouro como âncora política e econômica da região.
"Houve uma abdicação da liderança" pelos EUA, ele disse. "Esse papel deixou de ser exercido não porque os americanos o tenham perdido, mas porque não desejam exercê-lo."
O governo argentino estava diante de uma crise, em 2009. A inflação era alta. Havia bilhões de dólares em dívidas com vencimento em curto prazo. A raiva da população quanto a o governo, por decisões como a de estatizar US$ 30 bilhões (R$ 112 bilhões) em fundos de pensão privados, estava crescendo. E a pior seca em cinco décadas vinha tornando a situação econômica ainda mais desfavorável.
E foi aí que surgiu a China. Primeiro, o país assinou um swap cambial de US$ 10,2 bilhões que ajudou a estabilizar o peso argentino, e depois prometeu investir US$ 10 bilhões (R$ 38 bilhões) para reparar o dilapidado sistema ferroviário da Argentina.
Em meio a tudo isso, a China também enviou uma equipe à Argentina para discutir as ambições de Pequim no espaço.
Os chineses queriam uma estação de rastreamento de satélites do outro lado do planeta, antes de lançarem sua expedição ao lado escuro da Lua.
Se bem sucedida, a missão, que deve ser lançada este ano, seria um marco na exploração espacial e poderia abrir caminho à extração de hélio 3, que alguns cientistas acreditam possa ser uma fonte revolucionária de energia limpa.
A Organização Geral de Controle de Lançamento e Rastreamento de Satélites, ligada às Forças Armadas chinesas, escolheu esse terreno inóspito de 198 hectares na província argentina de Neuquén.
Flanqueado por montanhas e longe de centros populacionais, o local oferece um ponto ideal, para que Pequim monitore satélites e missões espaciais 24 horas por dia.
Félix Clementino Menicocci, secretário-geral da Comissão Nacional de Atividades Espaciais argentina, uma agência do governo, disse que os chineses haviam prometido desenvolvimento econômico e a perspectiva de participar de uma empreitada história, aos dirigentes de seu país.
"Eles se tornaram protagonistas importantes das atividades espaciais, em poucos anos", disse Menicocci sobre os chineses e seu programa espacial.
Depois de meses de negociações secretas, a província de Neuquén e o governo chinês assinaram um acordo em novembro de 2012 que dava a China o direito de usar a terra — sem aluguel— por 50 anos.
Quando os legisladores da província descobriram o projeto, depois que a construção já havia começado, alguns se incomodaram. Betty Kreitman, que era legisladora em Neuquén na época, disse ter ficado indignada por as Forças Armadas chinesas estarem sendo autorizadas a criar uma base em solo argentino.
"Ceder a soberania sobre nosso país é vergonhoso", ela afirmou.
Quando visitou o canteiro de obras, Kreitman disse ter pressionando as autoridades chinesas em busca de respostas, mas que isso só lhe causou ainda mais preocupação.
Ela recorda que o supervisor chinês das obras descreveu o projeto como "uma janela para o mundo". E diz que "isso me causou calafrios. O que você faz com uma janela para o mundo? Espiona a realidade".
Ellis disse que os chineses também devem ter buscado relacionamento com outros países latino-americanos, para o caso de um confronto com os EUA.
"A China está se posicionando em um mundo seguro para que ela ascenda", ele disse. "Se você pensar no mundo de 2049 da perspectiva latino-americana, a China inquestionavelmente terá superado os EUA, em termos de tamanho e poder absoluto. Francamente, se houver um conflito prolongado, chegará um ponto em que não se poderia negar a possibilidade de que forças chinesas operem de bases na região".
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/201 ... tina.shtml
Antena parabólica na nova estação espacial chinesa na Patagônia argentina
A antena gigante sobe do solo do deserto como uma aparição, uma torre metálica com altura equivalente a 16 andares, sobre um trecho varrido pelo vento da Patagônia.
O aparato de 450 toneladas, com um imenso disco voltado ao céu, é a peça central de uma estação de controle de satélites e de missões especiais construída pelas Forças Armadas chinesas, ao custo de US$ 50 milhões (R$ 186 milhões).
A base isolada é um dos símbolos mais notáveis do longo esforço de Pequim para transformar a América Latina e ajudar a direcionar seu futuro nas próximas gerações —em muitos casos de maneira que solapa diretamente o poder político, econômico e estratégico dos EUA na região.
A estação começou a operar em março e desempenha papel central na audaciosa expedição chinesa ao outro lado da Lua —uma empreitada que as autoridades argentinas se dizem entusiasmadas por apoiar.
Mas a maneira pela qual a base foi negociada —em segredo, em um momento no qual a Argentina precisava desesperadamente de investimento — e a preocupação de que ela poderia elevar a capacidade chinesa de coletar inteligência no hemisfério ocidental geraram debate na Argentina sobre os riscos e os benefícios de ser atraída à órbita chinesa.
"Pequim transformou a dinâmica da região, das agendas de seus líderes e empreendedores à estrutura de suas economias, o teor de sua política e até a dinâmica de segurança", disse R. Evan Ellis, professor de estudos latino-americanos no Colégio de Guerra do Exército americano.
Por boa parte dos últimos 10 anos, os EUA dedicaram pouca atenção ao seu quintal na América. Em lugar disso, declararam uma virada para a Ásia, com a esperança de reforçar seus elos econômicos, militares e diplomáticos na região, como parte da estratégia do governo Obama para conter a China.
O comércio entre a China e os países da América Latina e do Caribe atingiu os US$ 244 bilhões (R$ 908 bilhões) no ano passado, mais que o dobro de seu total uma década antes, de acordo com o Centro de Política Global de Desenvolvimento da Universidade de Boston. De 2015 para cá, a China vem sendo o parceiro comercial dominante da América do Sul, eclipsando os EUA.
Talvez o mais importante seja que a China concedeu dezenas de bilhões de dólares em empréstimos garantidos por commodities a países da América, o que lhe garante grande proporção do petróleo da região — incluindo 90% das reservas equatorianas — por anos.
A China também se tornou indispensável ao resgatar governos em crise e estatais vitais em países como a Venezuela e o Brasil, se dispondo a realizar grandes apostas a fim de garantir seu lugar na região.
Aqui na Argentina, um país que estava excluído dos mercados internacionais de títulos por seu calote sobre US$ 100 bilhões (R$ 372 bilhões) em dívidas, a China caiu do céu para ajudar o governo da presidente Cristina Kirchner.
E enquanto oferecia ajuda, a China iniciou negociações secretas que levaram à estação de controle de satélites e de missões espaciais aqui na Patagônia.
As autoridades argentinas dizem que os chineses concordaram em não usar as bases para fins militares. Mas especialistas rebatem que a tecnologia que ela emprega tem muitos usos militares.
Frank Rose, que foi secretário assistente de Estado para o controle de armas no governo de Barack Obama, disse que dedicava muito do seu tempo a se preocupar com o programa espacial ascendente da China. As autoridades de inteligência e defesa dos EUA veem com preocupação o desenvolvimento de tecnologia sofisticada pela China para interromper as comunicações, desorientar e destruir satélites, nos últimos anos, disse ele.
"Eles estão colocando essas capacidades em operação para reduzir as vantagens militares dos Estados Unidos, que de muitas maneiras derivam de recursos espaciais", disse Rose.
Antenas e outros equipamentos de apoio a missões espaciais, como os que a China opera agora na Patagônia, podem elevar a capacidade chinesa de coleta de informações, dizem especialistas.
O tenente-coronel Christopher Logan, porta-voz do Pentágono, disse que as autoridades militares dos EUA estavam avaliando as implicações da estação de monitoração chinesa. As autoridades chinesas recusaram pedidos de entrevistas sobre a base e sobre o programa espacial do país.
Para além de qualquer disputa estratégica com os EUA, alguns líderes latino-americanos agora têm dúvidas sobre seus laços com a China, e se preocupam por governos precedentes terem sobrecarregado os países de dívidas, e com a possibilidade de que tenham penhorado seus futuros.
Mas Guelar argumenta que apertar o freio no relacionamento com a China seria uma escolha míope, especialmente em um momento em que Washington abriu mão de seu papel duradouro como âncora política e econômica da região.
"Houve uma abdicação da liderança" pelos EUA, ele disse. "Esse papel deixou de ser exercido não porque os americanos o tenham perdido, mas porque não desejam exercê-lo."
O governo argentino estava diante de uma crise, em 2009. A inflação era alta. Havia bilhões de dólares em dívidas com vencimento em curto prazo. A raiva da população quanto a o governo, por decisões como a de estatizar US$ 30 bilhões (R$ 112 bilhões) em fundos de pensão privados, estava crescendo. E a pior seca em cinco décadas vinha tornando a situação econômica ainda mais desfavorável.
E foi aí que surgiu a China. Primeiro, o país assinou um swap cambial de US$ 10,2 bilhões que ajudou a estabilizar o peso argentino, e depois prometeu investir US$ 10 bilhões (R$ 38 bilhões) para reparar o dilapidado sistema ferroviário da Argentina.
Em meio a tudo isso, a China também enviou uma equipe à Argentina para discutir as ambições de Pequim no espaço.
Os chineses queriam uma estação de rastreamento de satélites do outro lado do planeta, antes de lançarem sua expedição ao lado escuro da Lua.
Se bem sucedida, a missão, que deve ser lançada este ano, seria um marco na exploração espacial e poderia abrir caminho à extração de hélio 3, que alguns cientistas acreditam possa ser uma fonte revolucionária de energia limpa.
Desde que assumiu, o governo Trump abandonou aspectos fundamentais dessa abordagem, rejeitando um acordo de livre comércio com nações do Pacífico, lançando uma guerra comercial mundial, e se queixando do peso dos compromissos de segurança de Washington para com os mais estreitos aliados do país, na Ásia e em outras partes do mundo.
Enquanto isso, a China vem executando discretamente um plano de longo alcance na América Latina. Expandiu fortemente seu comércio, ajudou a resgatar governos em crise, construiu enormes projetos de infraestrutura, reforçou suas conexões militares e garantiu acesso a grande volume de recursos naturais, atrelando o destino de muitos dos países da região ao seu.
Mesmo com a recente virada política para a direita de algumas partes da América Latina, os líderes da região adaptaram suas políticas de forma a atender a demanda chinesa. Agora, o domínio de Pequim sobre boa parte da região — e o que isso significa para a estatura internacional cada vez menor dos EUA —começa a entrar em foco.
"É um fato consumado", Diego Guelar, embaixador argentino à China.
O comércio entre a China e os países da América Latina e do Caribe atingiu os US$ 244 bilhões (R$ 908 bilhões) no ano passado, mais que o dobro de seu total uma década antes, de acordo com o Centro de Política Global de Desenvolvimento da Universidade de Boston. De 2015 para cá, a China vem sendo o parceiro comercial dominante da América do Sul, eclipsando os EUA.
Talvez o mais importante seja que a China concedeu dezenas de bilhões de dólares em empréstimos garantidos por commodities a países da América, o que lhe garante grande proporção do petróleo da região — incluindo 90% das reservas equatorianas — por anos.
A China também se tornou indispensável ao resgatar governos em crise e estatais vitais em países como a Venezuela e o Brasil, se dispondo a realizar grandes apostas a fim de garantir seu lugar na região.
Aqui na Argentina, um país que estava excluído dos mercados internacionais de títulos por seu calote sobre US$ 100 bilhões (R$ 372 bilhões) em dívidas, a China caiu do céu para ajudar o governo da presidente Cristina Kirchner.
E enquanto oferecia ajuda, a China iniciou negociações secretas que levaram à estação de controle de satélites e de missões espaciais aqui na Patagônia.
As autoridades argentinas dizem que os chineses concordaram em não usar as bases para fins militares. Mas especialistas rebatem que a tecnologia que ela emprega tem muitos usos militares.
Frank Rose, que foi secretário assistente de Estado para o controle de armas no governo de Barack Obama, disse que dedicava muito do seu tempo a se preocupar com o programa espacial ascendente da China. As autoridades de inteligência e defesa dos EUA veem com preocupação o desenvolvimento de tecnologia sofisticada pela China para interromper as comunicações, desorientar e destruir satélites, nos últimos anos, disse ele.
"Eles estão colocando essas capacidades em operação para reduzir as vantagens militares dos Estados Unidos, que de muitas maneiras derivam de recursos espaciais", disse Rose.
Antenas e outros equipamentos de apoio a missões espaciais, como os que a China opera agora na Patagônia, podem elevar a capacidade chinesa de coleta de informações, dizem especialistas.
O tenente-coronel Christopher Logan, porta-voz do Pentágono, disse que as autoridades militares dos EUA estavam avaliando as implicações da estação de monitoração chinesa. As autoridades chinesas recusaram pedidos de entrevistas sobre a base e sobre o programa espacial do país.
Para além de qualquer disputa estratégica com os EUA, alguns líderes latino-americanos agora têm dúvidas sobre seus laços com a China, e se preocupam por governos precedentes terem sobrecarregado os países de dívidas, e com a possibilidade de que tenham penhorado seus futuros.
Mas Guelar argumenta que apertar o freio no relacionamento com a China seria uma escolha míope, especialmente em um momento em que Washington abriu mão de seu papel duradouro como âncora política e econômica da região.
"Houve uma abdicação da liderança" pelos EUA, ele disse. "Esse papel deixou de ser exercido não porque os americanos o tenham perdido, mas porque não desejam exercê-lo."
O governo argentino estava diante de uma crise, em 2009. A inflação era alta. Havia bilhões de dólares em dívidas com vencimento em curto prazo. A raiva da população quanto a o governo, por decisões como a de estatizar US$ 30 bilhões (R$ 112 bilhões) em fundos de pensão privados, estava crescendo. E a pior seca em cinco décadas vinha tornando a situação econômica ainda mais desfavorável.
E foi aí que surgiu a China. Primeiro, o país assinou um swap cambial de US$ 10,2 bilhões que ajudou a estabilizar o peso argentino, e depois prometeu investir US$ 10 bilhões (R$ 38 bilhões) para reparar o dilapidado sistema ferroviário da Argentina.
Em meio a tudo isso, a China também enviou uma equipe à Argentina para discutir as ambições de Pequim no espaço.
Os chineses queriam uma estação de rastreamento de satélites do outro lado do planeta, antes de lançarem sua expedição ao lado escuro da Lua.
Se bem sucedida, a missão, que deve ser lançada este ano, seria um marco na exploração espacial e poderia abrir caminho à extração de hélio 3, que alguns cientistas acreditam possa ser uma fonte revolucionária de energia limpa.
A Organização Geral de Controle de Lançamento e Rastreamento de Satélites, ligada às Forças Armadas chinesas, escolheu esse terreno inóspito de 198 hectares na província argentina de Neuquén.
Flanqueado por montanhas e longe de centros populacionais, o local oferece um ponto ideal, para que Pequim monitore satélites e missões espaciais 24 horas por dia.
Félix Clementino Menicocci, secretário-geral da Comissão Nacional de Atividades Espaciais argentina, uma agência do governo, disse que os chineses haviam prometido desenvolvimento econômico e a perspectiva de participar de uma empreitada história, aos dirigentes de seu país.
"Eles se tornaram protagonistas importantes das atividades espaciais, em poucos anos", disse Menicocci sobre os chineses e seu programa espacial.
Depois de meses de negociações secretas, a província de Neuquén e o governo chinês assinaram um acordo em novembro de 2012 que dava a China o direito de usar a terra — sem aluguel— por 50 anos.
Quando os legisladores da província descobriram o projeto, depois que a construção já havia começado, alguns se incomodaram. Betty Kreitman, que era legisladora em Neuquén na época, disse ter ficado indignada por as Forças Armadas chinesas estarem sendo autorizadas a criar uma base em solo argentino.
"Ceder a soberania sobre nosso país é vergonhoso", ela afirmou.
Quando visitou o canteiro de obras, Kreitman disse ter pressionando as autoridades chinesas em busca de respostas, mas que isso só lhe causou ainda mais preocupação.
Ela recorda que o supervisor chinês das obras descreveu o projeto como "uma janela para o mundo". E diz que "isso me causou calafrios. O que você faz com uma janela para o mundo? Espiona a realidade".
Ellis disse que os chineses também devem ter buscado relacionamento com outros países latino-americanos, para o caso de um confronto com os EUA.
"A China está se posicionando em um mundo seguro para que ela ascenda", ele disse. "Se você pensar no mundo de 2049 da perspectiva latino-americana, a China inquestionavelmente terá superado os EUA, em termos de tamanho e poder absoluto. Francamente, se houver um conflito prolongado, chegará um ponto em que não se poderia negar a possibilidade de que forças chinesas operem de bases na região".
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/201 ... tina.shtml
- EDSON
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Re: GEOPOLÍTICA
Frase do Macri.
"Eu vou explicar para você porque quando parecíamos estar indo bem, sentimos que estávamos indo para trás."
"Não podemos gastar mais do que temos".
"A estrada não é linear, é difícil, há avanços e retrocessos."
"Pedimos ao mundo que nos apoiasse com uma mudança gradual, primeiro para cuidar dos mais vulneráveis, e é muito positivo que o mundo nos apoiasse. Por dois anos o mercado também fez isso ".
"Por dois anos a economia cresceu e a pobreza diminuiu".
"Então houve problemas e isso fez com que aqueles que nos emprestassem dinheiro começassem a duvidar."
"Tomamos medidas que geraram algumas dúvidas. Estou aqui para esclarecer algumas dúvidas. "
"Conseguimos um apoio sem precedentes na história do Fundo, mas ocorreram coisas que geraram dúvidas novamente".
"Até que a Argentina não tenha orçamento próprio, nós, argentinos, estaremos expostos a qualquer crise externa."
"Vamos tentar chegar a um acordo com o Fundo o mais rápido possível para esclarecer quaisquer dúvidas sobre o nosso financiamento em 2019."
"Vamos pedir àqueles que têm maior capacidade de contribuir para que sua contribuição seja maior. É um imposto terrível, mas precisamos da sua contribuição. "
"Eu decidi compactar meu equipamento. Nós vamos cortar os ministérios ao meio. "
"Com esta desvalorização, a pobreza aumentará".
"Estamos mudando as coisas na raiz, sem atalhos, para retomar um caminho de crescimento mais rápido. Não a curto prazo, mas permanente ".
"Fomos escolhidos para fazer uma mudança real, porque eles sabem que somos diferentes do passado que eles rejeitam."
"Acreditamos com otimismo excessivo que era possível ir ordenando as coisas lentamente, mas a realidade nos mostrou que tínhamos que ir mais rápido".
"Você acha que eu não gostaria de pagar aos professores universitários tudo o que eles pedem?"
"Hoje temos que passar por um momento difícil. Vamos ver o filme e não a foto. Estamos entendendo a situação com humildade para aceitar os problemas ".
"Eu sei que esses dois anos e meio foram difíceis. Mas tudo o que custa na vida vale a pena e é algo que ninguém consegue depois. "
"Governando os custos de um país. Estes foram os piores cinco meses da minha vida "
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Re: GEOPOLÍTICA
Rapaz... quer dizer que eu aprendi errado a vida toda?
Quer dizer então que o Brasil não fica no Ocidente? Será que somos a Antártica do Norte, ou Asia Ocidental?
Você se considera ocidental? Para grande parte do mundo, o Brasil não faz parte do Ocidente...
https://noticias.uol.com.br/internacion ... dental.htm
Quer dizer então que o Brasil não fica no Ocidente? Será que somos a Antártica do Norte, ou Asia Ocidental?
Você se considera ocidental? Para grande parte do mundo, o Brasil não faz parte do Ocidente...
https://noticias.uol.com.br/internacion ... dental.htm
Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil,
Vossos peitos, vossos braços,
São muralhas do Brasil!
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- cabeça de martelo
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Re: GEOPOLÍTICA
Trump's Withdrawal from the INF Treaty Formalized What Was Already True
The treaty was already dead, and Moscow cannot afford new weapons systems. Now with the INF treaty officially buried, Washington can turn the screws on Beijing.
by Salvatore Babones
President Donald Trump announced on October 20 that he would withdraw from the Intermediate-Range Nuclear Forces Treaty (INF) agreed upon by Ronald Reagan and Mikhail Gorbachev more than thirty years ago. Inspired by the nuclear near-miss of the Cuban Missile Crisis, the agreement was designed as a de-escalation measure in what turned out to be the final days of the superpower standoff between the United States and the Soviet Union.
It is widely assumed that Trump’s National Security Advisor, John Bolton, is behind the move. Bolton is visiting Moscow this week for talks on foreign policy and national security. He has long advocated that the United States should withdraw from the INF Treaty.
From a military standpoint, the INF Treaty was a dead letter right from the start. For example, it covered only land-based missiles. So even under the INF Treaty , both the United States and the Soviet Union (later Russia) could position intermediate-range, nuclear-armed ships and submarines right off each other’s coasts. And the treaty doesn’t prohibit missiles with ranges greater than 5500 kilometers. (3418 miles), which of course can hit targets within that range if required.
The treaty also doesn’t prohibit drones, drone-launched missiles, air-launched missiles, or sea-launched missiles. It doesn’t prohibit America’s North Atlantic Treaty Organization or Pacific allies from deploying their own intermediate-range missiles. And if Russia is ever able to attract willing allies, it doesn’t bind them. Perhaps most importantly, it doesn’t stop China from developing land-based intermediate-range missiles that can strike both Russia on land and the United States in the Pacific.
So why would anyone sign such an empty treaty in the first place? The answer is simple: money. On the American side, Ronald Reagan was desperately trying to climb out of the deficit hole he had dug in his first term. Banning entire weapons systems like the Pershing II ballistic missile and the BGM-109G cruise missile allowed Reagan to make massive cuts to defense procurements without seeming soft on the Soviets. And as we now know, Mikhail Gorbachev and the Soviet Union were facing a system-wide economic meltdown. They couldn’t even afford the weapons they had, never mind developing new ones.
Fast forward thirty years and the resulting gaps in each country’s arsenal have largely been filled. While sticking to the letter of the treaty, both sides have infringed on the spirit of the treaty to such an extent that the agreement itself is now mostly meaningless—so far as the United States and Russia are concerned.
Today’s Russia, with no real allies and an economy less than one-tenth the size of America’s economy, cannot possibly hope to compete with the United States in a high-technology arms race . But China is another matter. The Trump administration is pressing hard for reform in China just as China’s planned economy is starting to falter, and China can ill afford significant new defense spending on top of its existing buildup.
As things stood last week, China was free to develop intermediate-range carrier-killer missiles at its own pace, with no direct pressure from the United States or Russia. China’s DF-26 ballistic missile and DH-10/CJ-10 cruise missile seem to fall squarely inside the parameters of the INF Treaty. Now China may face some competition.
If Xi Jinping is smart, then he will back down on expensive weapons systems development before China goes too far down the Soviet road—and he finds himself in the same retirement home as Gorbachev. China should come to the table and endorse the status quo in the Pacific. For as the Soviet Union found out thirty years ago, expansionism comes at a steep cost. Bolton seems prepared to teach Xi that simple historical lesson.
Salvatore Babones is the author of The New Authoritarianism: Trump, Populism, and the Tyranny of Experts .
https://nationalinterest.org/feature/tr ... true-34092
The treaty was already dead, and Moscow cannot afford new weapons systems. Now with the INF treaty officially buried, Washington can turn the screws on Beijing.
by Salvatore Babones
President Donald Trump announced on October 20 that he would withdraw from the Intermediate-Range Nuclear Forces Treaty (INF) agreed upon by Ronald Reagan and Mikhail Gorbachev more than thirty years ago. Inspired by the nuclear near-miss of the Cuban Missile Crisis, the agreement was designed as a de-escalation measure in what turned out to be the final days of the superpower standoff between the United States and the Soviet Union.
It is widely assumed that Trump’s National Security Advisor, John Bolton, is behind the move. Bolton is visiting Moscow this week for talks on foreign policy and national security. He has long advocated that the United States should withdraw from the INF Treaty.
From a military standpoint, the INF Treaty was a dead letter right from the start. For example, it covered only land-based missiles. So even under the INF Treaty , both the United States and the Soviet Union (later Russia) could position intermediate-range, nuclear-armed ships and submarines right off each other’s coasts. And the treaty doesn’t prohibit missiles with ranges greater than 5500 kilometers. (3418 miles), which of course can hit targets within that range if required.
The treaty also doesn’t prohibit drones, drone-launched missiles, air-launched missiles, or sea-launched missiles. It doesn’t prohibit America’s North Atlantic Treaty Organization or Pacific allies from deploying their own intermediate-range missiles. And if Russia is ever able to attract willing allies, it doesn’t bind them. Perhaps most importantly, it doesn’t stop China from developing land-based intermediate-range missiles that can strike both Russia on land and the United States in the Pacific.
So why would anyone sign such an empty treaty in the first place? The answer is simple: money. On the American side, Ronald Reagan was desperately trying to climb out of the deficit hole he had dug in his first term. Banning entire weapons systems like the Pershing II ballistic missile and the BGM-109G cruise missile allowed Reagan to make massive cuts to defense procurements without seeming soft on the Soviets. And as we now know, Mikhail Gorbachev and the Soviet Union were facing a system-wide economic meltdown. They couldn’t even afford the weapons they had, never mind developing new ones.
Fast forward thirty years and the resulting gaps in each country’s arsenal have largely been filled. While sticking to the letter of the treaty, both sides have infringed on the spirit of the treaty to such an extent that the agreement itself is now mostly meaningless—so far as the United States and Russia are concerned.
Today’s Russia, with no real allies and an economy less than one-tenth the size of America’s economy, cannot possibly hope to compete with the United States in a high-technology arms race . But China is another matter. The Trump administration is pressing hard for reform in China just as China’s planned economy is starting to falter, and China can ill afford significant new defense spending on top of its existing buildup.
As things stood last week, China was free to develop intermediate-range carrier-killer missiles at its own pace, with no direct pressure from the United States or Russia. China’s DF-26 ballistic missile and DH-10/CJ-10 cruise missile seem to fall squarely inside the parameters of the INF Treaty. Now China may face some competition.
If Xi Jinping is smart, then he will back down on expensive weapons systems development before China goes too far down the Soviet road—and he finds himself in the same retirement home as Gorbachev. China should come to the table and endorse the status quo in the Pacific. For as the Soviet Union found out thirty years ago, expansionism comes at a steep cost. Bolton seems prepared to teach Xi that simple historical lesson.
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Re: GEOPOLÍTICA
Bruno Maçães diz que Emmanuel Macron receia aproximação entre Lisboa e Pequim
O ex-secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Bruno Maçães, disse hoje que a França está a tentar conter qualquer tipo de aproximação entre Lisboa e Pequim durante a próxima visita de Xi Jinping a Portugal.
“O presidente [Emmanuel] Macron tem uma estratégia muito dura contra a China, no sentido de conter a influência chinesa na Europa e é ele que está a falar com o Governo português e a tentar que o Governo português não se aproxime da China”, disse à agência Lusa Bruno Maçães.
Maçães, autor do livro “O Despertar da Eurásia” refere-se em concreto à iniciativa da República Popular da China “Belt and Road” (“Cintura e Rota”, numa evocação da antiga ‘Rota da Seda’), de âmbito económico e comercial, e que pretende o estabelecimento de cinturas envolventes, estradas e corredores abarcando "potencialmente" todos os países e regiões entre o Atlântico e o Pacífico.
“A questão fundamental é a visita do presidente Xi Jinping e se Portugal se vai associar à iniciativa chinesa ou não. Tanto quanto sei, o Governo português continua a hesitar, não há debate público nenhum sobre o assunto”, lamenta Bruno Maçães que sublinha também os receios da Alemanha.
“Outro grupo importante, com o qual eu falei nos últimos dois anos é a indústria alemã que está em ‘modo de pânico’ quanto à ascensão chinesa porque a China dos velhos tempos que fabricava cópias imperfeitas de produtos ocidentais acabou e está agora a entrar em áreas onde era suposto a Alemanha ser líder: veículos autónomos, robótica, inteligência artificial. Os planos alemão e chinês para os próximos dez anos são quase copiados um do outro”, afirma.
Maçães, atualmente professor de ciências políticas na universidade Renmin em Pequim e no Hudson Institut nos Estados Unidos, acrescenta que Portugal está no centro destas "discussões" por causa da visita do presidente chinês entre os dias 04 e 05 de dezembro.
“Há nesta altura, muito por detrás das cenas, uma movimentação intensa para saber se Portugal se junta à iniciativa chinesa da nova ‘Rota da Seda’ (“Belt and Road”) com pressões a chegar da Alemanha e da França para não o fazer. Vemos aqui a capacidade chinesa para projetar a sua influência até ao outro lado da ‘Eurásia’”, frisa.
Para Maçães, os planos chineses são agora muito mais ambiciosos e estão relacionados com o aumento da influência na Europa porque, diz, a China “já é capaz” de projetar-se na Europa e Portugal “seria uma peça importante porque seria o primeiro país da Europa Ocidental a juntar-se à iniciativa da nova ‘Rota da Seda’” criando uma perceção de divisão na União Europeia.
“Essa é a razão pela qual a França e a Alemanha têm colocado pressão sobre Lisboa, mas, claramente, a China já tem capacidade para interferir nos assuntos internos europeus”, sublinha.
Para o ex-secretário de Estado dos Assuntos Europeus, entre 2013 e 2015 (Governo PSD/PP), Portugal tem muito a beneficiar com a China porque tratando-se de uma economia pequena o acesso dos produtos portugueses ao mercado chinês pode ser positivo.
“Veja-se o exemplo da Suíça que conseguiu assinar um acordo de comércio livre com a China que lhe dá condições muito favoráveis nos relógios e nos chocolates num mercado de 1,5 mil milhões de consumidores”, refere adiantando que defende uma posição de coesão do bloco europeu.
“A Europa deve manter-se unida em relação à China. Eu sou a favor de um acordo comercial União Europeia - China que pode demorar 10 ou 15 anos a ser negociado, mas, quando estive no Governo, vi que não há apetite nenhum por este tipo de negociação. O acordo está numa gaveta, mas não é negociado. Mas apesar de tudo, num acordo as coisas são controladas, são negociadas e se deixarmos o processo entregue ao caos e ao conflito não leva a nada e é isso que está a acontecer agora”, considera o académico.
Além das questões relacionadas com a República Popular da China o livro “O Despertar da Eurásia” elabora o conceito sobre o “super-continente” cujo eixo se está a deslocar para oriente.
O texto tem como fio condutor o relato de uma longa viagem realizada pelo autor por vários países e regiões entre a Europa e a Ásia e aprofunda também a questão da Rússia e os planos do Kremlin de associação à China e a criação da União Euroasiática, defendida pelo chefe de Estado, Vladimir Putin.
Maçães relata igualmente os bastidores da Cimeira da Associação Oriental de Vilnius, em novembro de 2013, em que participou como membro do Governo português concluindo que o encontro representou “um empurrão da União Europeia” para oriente destinado a entrar em conflito com a Rússia e que Moscovo “estava também a abrir as asas”.
“O Despertar da Eurásia – Em Busca da Nova Ordem Mundial”, de Bruno Maçães (Temas e Debates / Círculo de Leitores) é lançado hoje, em Lisboa.
https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/b ... a-e-pequim
O ex-secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Bruno Maçães, disse hoje que a França está a tentar conter qualquer tipo de aproximação entre Lisboa e Pequim durante a próxima visita de Xi Jinping a Portugal.
“O presidente [Emmanuel] Macron tem uma estratégia muito dura contra a China, no sentido de conter a influência chinesa na Europa e é ele que está a falar com o Governo português e a tentar que o Governo português não se aproxime da China”, disse à agência Lusa Bruno Maçães.
Maçães, autor do livro “O Despertar da Eurásia” refere-se em concreto à iniciativa da República Popular da China “Belt and Road” (“Cintura e Rota”, numa evocação da antiga ‘Rota da Seda’), de âmbito económico e comercial, e que pretende o estabelecimento de cinturas envolventes, estradas e corredores abarcando "potencialmente" todos os países e regiões entre o Atlântico e o Pacífico.
“A questão fundamental é a visita do presidente Xi Jinping e se Portugal se vai associar à iniciativa chinesa ou não. Tanto quanto sei, o Governo português continua a hesitar, não há debate público nenhum sobre o assunto”, lamenta Bruno Maçães que sublinha também os receios da Alemanha.
“Outro grupo importante, com o qual eu falei nos últimos dois anos é a indústria alemã que está em ‘modo de pânico’ quanto à ascensão chinesa porque a China dos velhos tempos que fabricava cópias imperfeitas de produtos ocidentais acabou e está agora a entrar em áreas onde era suposto a Alemanha ser líder: veículos autónomos, robótica, inteligência artificial. Os planos alemão e chinês para os próximos dez anos são quase copiados um do outro”, afirma.
Maçães, atualmente professor de ciências políticas na universidade Renmin em Pequim e no Hudson Institut nos Estados Unidos, acrescenta que Portugal está no centro destas "discussões" por causa da visita do presidente chinês entre os dias 04 e 05 de dezembro.
“Há nesta altura, muito por detrás das cenas, uma movimentação intensa para saber se Portugal se junta à iniciativa chinesa da nova ‘Rota da Seda’ (“Belt and Road”) com pressões a chegar da Alemanha e da França para não o fazer. Vemos aqui a capacidade chinesa para projetar a sua influência até ao outro lado da ‘Eurásia’”, frisa.
Para Maçães, os planos chineses são agora muito mais ambiciosos e estão relacionados com o aumento da influência na Europa porque, diz, a China “já é capaz” de projetar-se na Europa e Portugal “seria uma peça importante porque seria o primeiro país da Europa Ocidental a juntar-se à iniciativa da nova ‘Rota da Seda’” criando uma perceção de divisão na União Europeia.
“Essa é a razão pela qual a França e a Alemanha têm colocado pressão sobre Lisboa, mas, claramente, a China já tem capacidade para interferir nos assuntos internos europeus”, sublinha.
Para o ex-secretário de Estado dos Assuntos Europeus, entre 2013 e 2015 (Governo PSD/PP), Portugal tem muito a beneficiar com a China porque tratando-se de uma economia pequena o acesso dos produtos portugueses ao mercado chinês pode ser positivo.
“Veja-se o exemplo da Suíça que conseguiu assinar um acordo de comércio livre com a China que lhe dá condições muito favoráveis nos relógios e nos chocolates num mercado de 1,5 mil milhões de consumidores”, refere adiantando que defende uma posição de coesão do bloco europeu.
“A Europa deve manter-se unida em relação à China. Eu sou a favor de um acordo comercial União Europeia - China que pode demorar 10 ou 15 anos a ser negociado, mas, quando estive no Governo, vi que não há apetite nenhum por este tipo de negociação. O acordo está numa gaveta, mas não é negociado. Mas apesar de tudo, num acordo as coisas são controladas, são negociadas e se deixarmos o processo entregue ao caos e ao conflito não leva a nada e é isso que está a acontecer agora”, considera o académico.
Além das questões relacionadas com a República Popular da China o livro “O Despertar da Eurásia” elabora o conceito sobre o “super-continente” cujo eixo se está a deslocar para oriente.
O texto tem como fio condutor o relato de uma longa viagem realizada pelo autor por vários países e regiões entre a Europa e a Ásia e aprofunda também a questão da Rússia e os planos do Kremlin de associação à China e a criação da União Euroasiática, defendida pelo chefe de Estado, Vladimir Putin.
Maçães relata igualmente os bastidores da Cimeira da Associação Oriental de Vilnius, em novembro de 2013, em que participou como membro do Governo português concluindo que o encontro representou “um empurrão da União Europeia” para oriente destinado a entrar em conflito com a Rússia e que Moscovo “estava também a abrir as asas”.
“O Despertar da Eurásia – Em Busca da Nova Ordem Mundial”, de Bruno Maçães (Temas e Debates / Círculo de Leitores) é lançado hoje, em Lisboa.
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- Bourne
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Re: GEOPOLÍTICA
O Macron pensa que é imperador Carlos, o calvo. Em parte está certo. Aquele engomadinho arrogante é a única grande liderança que sobrou na Europa e Ocidente. Enquanto isso, na Alemanha a Merkel está para cair e, na Grã-bretanha, a May não vai durar muito. Nos EUA tem o amigo do Putin na presidência.
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Re: GEOPOLÍTICA
Tempos muito interessantes esses que vivemos.
Os historiadores do futuro terão muito com que se ocupar para explicar essa zorra toda.
abs.
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Re: GEOPOLÍTICA
Bourne escreveu: ↑Ter Out 23, 2018 10:35 am O Macron pensa que é imperador Carlos, o calvo. Em parte está certo. Aquele engomadinho arrogante é a única grande liderança que sobrou na Europa e Ocidente. Enquanto isso, na Alemanha a Merkel está para cair e, na Grã-bretanha, a May não vai durar muito. Nos EUA tem o amigo do Putin na presidência.
Certamente, um lider fraco como Macron só se destaca num cenário assim, porque a velha máxima se aplica: "em terra de cegos quem tem olho é rei".
A questão chega a ter algum interesse, e dum ponto de vista vingativo, Portugal deveria entrar no tal acordo. E pela mais simples das razões. O mercado Europeu foi aberto à China, porque na altura os produtos que os Chineses tinham para oferecer era de baixo valor acrescentado e não rivalizavam com as potencias europeias. Prejudicando países pequenos e que devido ao seu grau de atraso à restante Europa não tinham uma posição forte. Em troca a China autorizava a entrada massiva de produtos Europeus de alto valor acrescentado, isto é, aviões, carros, etc. Era uma situação "win-win" para França, Alemanha e outros, porque abriam os horizontes de comercio das suas empresas com milhões de potenciais novos clientes. E em troca conseguiam produtos mais baratos e que em nada afectava a sua industria ou economia.
Portugal sofreu muito com esta abertura, que levou a crises bastante acentuadas em industrias como a têxtil, felizmente conseguimos dar a volta e transformar a nossa industria têxtil numa das mais competitivas e de alto valor acrescentado. Mas à custa de bastante sofrimento particularmente na zona norte de Portugal.
Por isso de um ponto de vista simples, ou nos dão mais e melhores condições ou então fodam-se e agarrem-se ao pau! Que nós também nos fodemos e foi sem vaselina!
A questão chega a ter algum interesse, e dum ponto de vista vingativo, Portugal deveria entrar no tal acordo. E pela mais simples das razões. O mercado Europeu foi aberto à China, porque na altura os produtos que os Chineses tinham para oferecer era de baixo valor acrescentado e não rivalizavam com as potencias europeias. Prejudicando países pequenos e que devido ao seu grau de atraso à restante Europa não tinham uma posição forte. Em troca a China autorizava a entrada massiva de produtos Europeus de alto valor acrescentado, isto é, aviões, carros, etc. Era uma situação "win-win" para França, Alemanha e outros, porque abriam os horizontes de comercio das suas empresas com milhões de potenciais novos clientes. E em troca conseguiam produtos mais baratos e que em nada afectava a sua industria ou economia.
Portugal sofreu muito com esta abertura, que levou a crises bastante acentuadas em industrias como a têxtil, felizmente conseguimos dar a volta e transformar a nossa industria têxtil numa das mais competitivas e de alto valor acrescentado. Mas à custa de bastante sofrimento particularmente na zona norte de Portugal.
Por isso de um ponto de vista simples, ou nos dão mais e melhores condições ou então fodam-se e agarrem-se ao pau! Que nós também nos fodemos e foi sem vaselina!
"Socialist governments traditionally do make a financial mess. They [socialists] always run out of other people's money. It's quite a characteristic of them."