NRP TRIDENTE / NRP ARPÃO

Assuntos em discussão: Marinha do Brasil e marinhas estrangeiras, forças de superfície e submarinas, aviação naval e tecnologia naval.

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Re: NRP TRIDENTE / NRP ARPÃO

#496 Mensagem por P44 » Seg Jul 16, 2018 6:18 am

A noite chega com um “click” ao submarino "Arpão" que mergulha aos 300 metros

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O submarino “Arpão”, da Marinha portuguesa, vai fazer, até agosto, uma missão de mais de 40 dias debaixo de água no Mediterrâneo, mas os submarinistas adaptam-se ao espaço acanhado, à falta de sol e ao isolamento.Debaixo de água, sem luz do sol, a noite chega na hora do ocaso e fica-se numa penumbra iluminada por pequenas luzes e pelos tons azuis e vermelhos dos ecrãs.
O submarino, construído na Alemanha, cuja compra, por cerca de 800 milhões de euros, causou rios de tinta de polémica, é o segundo da classe Tridente e funciona com tecnologia avançada.

O “Arpão” consegue navegar, no máximo, até 50 dias debaixo de água. E pode estar 15 dias debaixo de água sem sequer pôr os mastros fora de água – o que o pode denunciar a sua presença.

Tem 67 metros, desloca 2.000 toneladas e é movido a eletricidade, embora seja, na prática, um veículo híbrido, dado que tem motores auxiliares a diesel e a células de hidrogénio e oxigénio.

Segundo submarino da classe Tridente, pode ir até aos 300 metros de profundidade, mas é regra tapar o manómetro da profundidade quando estão os jornalistas a bordo. Que também não podem filmar algumas consolas de armamento e comunicações – o “Arpão” é uma “arma” e tem os seus segredos, com os seus torpedos e mísseis mar-terra.

O posto de comando está rodeado de ecrãs e consolas, mas aqui não se fazem jogos de guerra.

A missão é a sério e dura 24 horas por dia. A toda a hora, a tripulação identifica (e regista) navios, sejam mercantes, de pesca ou militares. Seja nas missões na costa portuguesa, seja no estrangeiro, como esta.

Os corredores são estreitos, as camas são estreitas (já não há sistema de “cama quente”, cada pessoa tem a sua), as escadas para ponte têm cerca de 10 metros até à escotilha e todos os cantos são aproveitados.

Não há muito barulho porque os motores são elétricos, cada canto do navio tem lugar para alguma coisa. O balanço é menor do que à superfície, mas às vezes é preciso testar o equilíbrio.

A comida é toda feita a bordo para uma tripulação de 33 pessoas, oito oficiais, 12 sargentos e 13 praças. As refeições, por “turnos”, são momentos de alguma descontração e conforto para o estômago.

A caminho da missão no Mediterrâneo, ao serviço da força naval da União Europeia (EUNAVFOR MED) na Operação Sophia, de controlo de migrantes, e na operação Sea Guardian, da NATO, rotina-se a tarefa de identificar navios, consultam-se bases de dados, militares e civis, para verificar se há suspeitas de atos ilícitos.

Há também tempo – numa rotina dividida por “quartos” ou turnos - para fazer exercícios, de combate a incêndios a bordo, por exemplo.

Mas a vida também é feita de rotinas, como as refeições, que ajudam a manter um bom espírito.

Pedro Joaquim é primeiro marinheiro, há 14 nos submarinos e é ele o cozinheiro, de manhã à noite, dando “um bom ânimo, uma boa disposição” à tripulação.

“Se houver boa comida, há bom convívio. Acaba por ter bom ânimo e boa disposição”, afirmou Pedro Joaquim que, às 07:00, geralmente já tratou dos pequenos almoços e está a preparar o almoço.

Ele, que também andou num navio de superfície, custou-lhe um pouco adaptar, porque “isto é navegar à antiga”. Do que sente mais falta é mesmo o contacto com a família, porque debaixo de água “não há rede [de telefone] nem televisão”.

Ao contrário do que acontece noutros navios, quem está aos comandos deste não vê o mar nem por onde anda – apenas manómetros, bússolas e ecrãs.

É Carlos Rodrigues, cabo torpedeiro, um dos homens do leme que, com mais de 20 mil horas de navegação em submarinos, que explica o gosto por esta vida de “fazer o que se gosta longe de quem gostamos”.

“O nosso trabalho pode não ter visibilidade lá fira, mas é um grande trabalho e tudo aumenta a nosso ego como militares”, afirmou, descrevendo o trabalho de recolha de informações que é feito nas missões.

Mas numa missão deste tipo, também há formação. É o caso de Fidalgo de Oliveira, filho de um militar, que entra nos “quartos” no centro de comando ou na ponte e está a fazer a especialização em submarinos.

Não esconde a atração pelo desconhecido, há ainda “um culto diferente”, um “desafio um pouco maior desta plataforma”, e admite que se perdem algumas “regalias”, como o sol ou o contacto com a família, mas quer seguir a carreira de submarinista “por muito e longos anos”.

“É uma forma de navegação diferente, uma pessoa habitua-se, nem nota. Dá para fazer uma ‘bordada’ [turno] como se faz nos navios de superfície sem notar que está debaixo de água”, disse.

Mas a missão ainda mal começou. Há muitos dias pela frente no mar até 31 de agosto.


https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/a ... 300-metros




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Re: NRP TRIDENTE / NRP ARPÃO

#497 Mensagem por P44 » Ter Jul 17, 2018 9:38 am

Missão “invisível” do submarino “Arpão” contra a imigração ilegal no Mediterrâneo

A rota exacta do "Arpão" no Mediterrâneo não pode ser revelada porque esse elemento surpresa faz parte da eficácia de um equipamento militar ou "arma" como esta, assente na dissuasão.


Lusa
15 de julho de 2018 às 11:48

O submarino português "Arpão" estará, até Agosto, no mar Mediterrâneo, e uma das suas missões é ajudar a identificar, sem ser visto, barcos com migrantes para a Europa.

É uma "missão discreta e não publicitada" e "é isso que faz as pessoas não perceberem o que é a acção dos submarinos", afirmou o comandante Paulo Frade, em entrevista à agência Lusa após a partida da base naval no Alfeite, em Almada (Setúbal), a navegar rumo ao Algarve, a uns 20 metros de profundidade.

Mas para Paulo Frade, esta missão não é uma novidade.

Esteve em missão na zona há menos de um ano, em Outubro de 2017, e agora a sua expectativa é grande quanto a contactos com barcos de migrantes, dado que é Verão e vive mais um período em que imagens da crise migratória entra todos os dias pelas televisões dos europeus com centenas de pessoas amontoadas em barcos.

À Lusa, explica que a missão na força naval da União Europeia na Operação Sophia é "tentar contrariar, mitigar ou mesmo terminar com o flagelo da migração no Mediterrâneo e toda a economia paralela".E há que ter em conta que existem "aspectos financeiros de quem lucra com esta migração para a Europa", explicou.

O comandante Frade descreve a sua missão nas próximas semanas – "recolher informações para identificar quem são os traficantes no meio daquele migrantes que só querem chegar a uma terra melhor e ter um futuro melhor".

Por recolha de informação entenda-se tirar fotografias, fazer vídeos, gravar comunicações via rádio e que podem ser úteis às autoridades dos países envolvidos. Depois, essa informação é "passada aos navios que fazem a recolha" dos migrantes e as autoridades "dão tratamento legal para os líderes dessa embarcação", descreve.

Debaixo de água, os submarinistas sabem que são uma espécie de "soldado invisível", como não sabem se a informação que recolheram foi ou não determinante para o sucesso de um salvamento de migrantes ou para a identificação dos traficantes ou facilitadores.

Tanta "descrição, às vezes, é a melhor maneira de fazer as coisas" na missão dissuasora do submarino, mas tem um reverso da medalha: a missão é tão discreta que "faz as pessoas não perceberem o que é a acção dos submarinos", acrescentou.

Ao contrário do navio patrulha oceânico "Viana do Castelo", que salvou centenas de migrantes em 2017, como a fragata "D. Francisco de Almeida", já este ano, ao serviço da agência europeia das fronteiras (FRONTEX), o "Arpão" não participa nos salvamentos, mas ajuda na localização dos barcos com migrantes.

E Paulo Frade admite que, perante um momento de maior tensão, numa situação de salvamento de migrantes, será difícil o militar não misturar sentimentos mais humanos.
"Não invejo nada a missão dos navios de superfície na recolha de migrantes, em especial nos momentos em que existe naufrágio, muitas vezes com perdas de vida. Como não tenho essa experiência, não lhe posso dizer, mas quase de certo que se misturará"

A operação Sophia, em que o submarino português participa, não é da FRONTEX, mas há troca de informações.

A rota exacta do "Arpão" no Mediterrâneo não pode ser revelada porque esse elemento surpresa faz parte da eficácia de um equipamento militar ou "arma" como esta, assente na dissuasão.

Como resume o comandante: "Vamos para o Mediterrâneo." E basta. Sabe-se apenas que fará uma pausa de alguns dias, a meio da missão, na base de submarinos em Taranto, Itália.

O poder de dissuasão e a surpresa são as armas deste navio que, depois de sair do estuário do Tejo, nas missões nacionais, tanto pode estar "numa acção de patrulha tanto podemos estar em Viana do castelo como Açores, Madeira ou costa do Algarve", descreve.

Portugal tem uma área marítima enorme e não pode haver navios da Marinha espalhados em cada área. O submarino acaba, assim, por ter um efeito dissuasor a quem cruze águas portuguesas, sejam navios mercantes, de pesca ou até de armadas estrangeiros, aliadas ou não.

A missão no Mediterrâneo do "Arpão" ao serviço da força naval da União Europeia (EUNAVFOR MED) na Operação Sophia, de controlo de migrantes, e na operação Sea Guardian, da NATO, termina em Agosto, estando previsto a atracagem do submarino em 31 de Agosto no cais da Base Naval de Lisboa, no Alfeite (Almada).

Reportagem de Nuno Simas, da Agência Lusa


COM VIDEO:
https://www.jornaldenegocios.pt/economi ... diterraneo




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#498 Mensagem por P44 » Ter Jul 17, 2018 4:32 pm





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#499 Mensagem por P44 » Seg Jul 30, 2018 6:11 am





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#500 Mensagem por P44 » Qua Ago 01, 2018 12:36 pm





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#501 Mensagem por P44 » Ter Ago 07, 2018 12:07 pm





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#502 Mensagem por P44 » Sáb Set 01, 2018 6:39 am





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#503 Mensagem por P44 » Seg Out 15, 2018 5:13 pm





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#504 Mensagem por P44 » Qui Dez 20, 2018 12:42 pm





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Re: NRP TRIDENTE / NRP ARPÃO

#505 Mensagem por P44 » Dom Jan 06, 2019 9:45 am

Comandante do 'Arpão' pôs missão e guarnição de 33 militares em risco

Henriques Frade tomou decisões operacionais cujas potenciais consequências teriam posto em risco o submarino e os 33 militares a bordo.

O comandante do submarino Arpão foi exonerado em setembro, depois de uma missão pelo Mediterrâneo. Oficialmente, "por motivos administrativos", como disse ao DN o porta-voz da Marinha Pereira da Fonseca.
Mas, segundo diferentes fontes militares, as verdadeiras razões da demissão do comandante Henriques Frade - por parte do chefe do Estado-Maior do ramo, almirante Mendes Calado - tiveram por base questões de natureza operacional. O comandante do Arpão tomou decisões que puseram em risco a segurança do submarino e a vida da guarnição. E a demissão envolveu também o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), almirante Silva Ribeiro. O afastamento ocorreu a menos de dois meses do fim da comissão de Henriques Frade, colocado a seguir no EMGFA - leia-se, segundo os cânones castrenses: o ramo afastou-o da organização.
O comandante terá tomado decisões que as fontes não podem revelar - por serem "matéria classificada". "Foram coisas que aconteceram em catadupa, em que ele decidiu e se envolveu sem autorização de ninguém", contou uma fonte. Suficientemente graves para "ter de pedir autorização [superior]. E não pediu", afirmou uma das fontes. Outra fonte ouvida pelo DN, invocando também o secretismo imposto pelo caráter confidencial da missão, acrescentou: "Foram decisões de enorme complexidade e gravidade operacional que [o comandante do Arpão] não podia ter tomado sem autorização superior.

O porta-voz da Marinha assegurou ao DN que não foi aberto um processo de averiguações para fundamentar a exoneração do comandante Henriques Frade. Isso pode ter um de dois significados: não aconteceu nada ou, então, optou-se por evitar registos escritos do que sucedeu com um navio que, pela sua natureza e tipo de missões, está sempre rodeado de secretismo. A ser esta a razão, aquele oficial terá assim abdicado de poder contestar judicialmente a sua exoneração.
Certo é que outra das fontes ouvidas pelo DN, invocando também o secretismo imposto pelo caráter confidencial da missão, acrescentou: "Foram decisões de enorme complexidade e gravidade operacional que [o comandante do Arpão] não podia ter tomado sem autorização superior."
Este é um pormenor em que as diferentes fontes convergem: essas decisões operacionais, com grande complexidade e risco, foram tomadas por Henriques Frade sem ter autoridade para o efeito. Dito de outra forma, o comandante do Arpão tinha de ter informado previamente - para conselho e autorização superior - o Comando Operacional Conjunto (COC) do EMGFA ou, no limite, comunicar o que tencionava fazer.

Note-se que o Arpão também estava subordinado à Autoridade Operacional dos Submarinos (SUBOPAUTH, sigla em inglês), pelo facto de os submarinos em missão no exterior - além de sujeitos ao comando operacional do COC - estarem sob o controlo operacional da SUBOPAUTH.
Esta função de controlo operacional é essencial no espaço subaquático para as SUBOPAUTH de cada país - que estão em contacto permanente - evitarem colisões ou, por exemplo, procederem a operações de resgate e salvamento em caso de acidente na subsuperfície. A SUBOPAUTH em Portugal está na Marinha e é o comandante da esquadrilha de submarinos (por delegação do comandante naval).

Missão no Mediterrâneo
Este caso, qualificado como muito sensível por diferentes fontes que aceitaram falar sob anonimato por não estarem autorizadas e recusando tornar públicos detalhes classificados da operação, ocorreu durante a missão de dois meses que o Arpão cumpriu durante o último verão no Mediterrâneo, sob a bandeira da UE e também ao serviço da NATO.
Mas é com base em todas estas informações e na gravidade com que foram transmitidas, pela quase totalidade das fontes militares que falaram ao DN, que se entende que as decisões operacionais tomadas pelo comandante Henriques Frade poderiam literalmente ter colocado em risco a segurança do submarino e a vida da guarnição.

Aqui surge uma divergência de pormenor entre as fontes ouvidas pelo DN, a respeito das eventuais consequências das decisões de Henriques Frade para a segurança do submarino e a vida dos 33 militares da guarnição: umas asseguram que elas poderiam ter existido, outras garantem que esses riscos não existiram.
Dito de outro modo e recorrendo ao exemplo de andar em contramão, num troço de autoestrada: poderiam existir consequências graves, mas não existiram porque o carro não se cruzou com outros veículos.
Note-se que, a terem ocorrido as referidas consequências negativas, é praticamente certo que também teria havido efeitos políticos envolvendo a UE ou a NATO, consoante o Arpão estivesse a operar para uma dessas organizações quando as decisões foram tomadas. E também é possível admitir que o submarino já não estivesse empenhado na missão europeia ou da Aliança na altura da ocorrência que levou à demissão.

Segundo o vice-almirante Álvaro Cunha Lopes, na reserva, só é possível "especular" sobre as ações e opções tomadas por Henriques Frade - e as potenciais consequências que daí poderiam decorrer - num caso de que disse não ter "a mínima ideia".
Mas assumindo a ocorrência de manobras perigosas, Cunha Lopes admitiu algumas situações teoricamente possíveis: ter assentado o submarino no fundo do mar, demasiada aproximação a um alvo, colocação do Arpão sob outro navio...
A verdade é que Henriques Frade foi colocado a seguir no Estado-Maior-General - leia-se, segundo os cânones castrenses, o ramo afastou-o da organização.

Briefing inesperado no COC
Dias após ter atracado na Base Naval de Lisboa, a 31 de agosto, o comandante Henriques Frade deslocou-se ao EMGFA para fazer o habitual briefing final da missão - na qual estava presente o CEMGFA, enquanto comandante operacional das Forças Armadas.
Dois detalhes em que as várias fontes coincidem é que Henriques Frade transmitiu as situações em que esteve envolvido e quais as medidas que adotou para lhes fazer face, assim como o facto de o almirante Silva Ribeiro desconhecer alguns desses acontecimentos - o que terá dito em plena reunião, colocando perguntas adicionais ao comandante do Arpão.

Como é habitual nesses briefings no COC do EMGFA, o comandante do Arpão falou sobre os aspetos operacionais da missão: as posições em que o navio esteve, os contactos que estabeleceu onde e com que navios, quais os procedimentos que adotou, eventuais atividades complementares realizadas face à missão principal - algumas delas, insistiram as fontes, sem que o CEMGFA e comandante operacional as tivesse mandado realizar ou sido informado.
Algumas destas fontes acrescentaram que isso terá levado o almirante Silva Ribeiro a questionar como foi possível tal ter acontecido sem o seu conhecimento - e, ao que o DN soube, o CEMGFA pediu explicações.
No entanto, outras fontes admitiram ter dúvidas de que um CEMGFA oriundo do Exército ou da Força Aérea questionasse a atuação do comandante do Arpão. Uma delas observou mesmo que "uma coisa é estar à superfície, onde é sempre possível estar em comunicação", sendo muito mais arriscado um submarino aproximar-se da superfície para o fazer.
Talvez por isso é que o comandante de um navio - e por maioria de razão num submarino, que fica incontactável durante vários dias - tem "liberdade de ação no mar" para tomar decisões mesmo quando carecem de autorização superior, lembrou uma alta patente. Só que, acrescentou esta fonte, isso implica arcar depois com a consequente responsabilização. E terá sido isso que aconteceu.

O porta-voz do CEMGFA, comandante Coelho Dias, limitou-se a dizer ao DN que "as nomeações e exonerações de comandantes de unidades navais são uma competência exclusiva" do chefe do Estado-Maior da Marinha. Acresce que o almirante Silva Ribeiro "desconhece os motivos que levaram à substituição do comandante do Arpão" determinada pelo almirante Mendes Calado.

Segunda causa de afastamento?

Uma das explicações que se ouvem nos bastidores da Marinha - a conhecida Voz da Abita - é que o comandante Henriques Frade terá contado, nesse briefing, pormenores da missão sobre os quais deveria ter ficado calado por não serem relevantes para o COC nem terem prejudicado o cumprimento da operação autorizada pelo CEMGFA.
Esta tese decorre do facto de a SUBOPAUTH, tendo o controlo operacional do submarino, poder atribuir-lhe missões complementares sem afetar a primária - do tipo "já que estão aí, vejam lá isto" - e sem interesse operacional para o COC.
Contudo, várias fontes discordaram frontalmente da interpretação de que um oficial a quem é delegado o controlo operacional possa não informar o comandante operacional - desde logo porque continua a estar-lhe subordinado. Uma dessas fontes foi o vice-almirante Cunha Lopes: Henriques Frade fez o que lhe competia também porque "esteve a ser leal com o seu comandante operacional", já que o responsável de um navio só "vai para o mar com uma ordem de operações" aprovada pelo CEMGFA.
Note-se ainda que, ao contrário do que sucedia até 2015 e representou uma mudança organizacional (e de mentalidades) nas Forças Armadas, o EMGFA deixou de ser secundário face aos ramos - e o almirante Silva Ribeiro afirmou que iria exercer os poderes dados pela lei a quem já não é um chefe interpares, mesmo que ao COC faltem os necessários meios de comando e controlo.

Segunda demissão em poucas semanas
Henriques Frade foi o primeiro de dois comandantes de navios da Marinha a serem exonerados num curto intervalo de tempo, ambos por razões operacionais e a poucas semanas do fim da respetiva comissão - o que, sem informação oficial adicional, permite supor que o chefe da Marinha só o fez por razões fortes ligadas ao desempenho do cargo.
Enquanto o comandante do Arpão saiu em setembro, o comandante Valter Bulha de Almeida deixou a fragata Corte Real no início de dezembro e após a participação num grande exercício da NATO ao largo da Noruega.
Neste caso esteve em causa o processo de decisão do comandante perante condições de mar existentes durante uma tempestade na região do golfo da Biscaia e que poderiam ter evitado tantos danos como os que o navio apresentava à chegada a Lisboa.

Em termos disciplinares e nos últimos meses de 2018, o almirante Mendes Calado viu ainda a diretora do centro de abastecimento sanitário da Marinha - uma oficial superior - na base do Alfeite ser alvo de uma operação da PJ Militar devido a discrepâncias detetadas na contabilidade do material adquirido e no que era fornecido aos militares.
Na mesma altura, em finais de setembro, foi perdida uma caixa com um milhar de munições durante um transporte de material de guerra para os paióis da Escola de Fuzileiros. A caixa viria a ser encontrada por um automobilista que depois a entregou à PSP, tendo a Marinha aberto processos disciplinares aos militares envolvidos.

https://www.dn.pt/edicao-do-dia/05-jan- ... 74451.html?




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Re: NRP TRIDENTE / NRP ARPÃO

#506 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Jan 11, 2019 10:15 am

Marinha abre processo a ex-comandante do Arpão por artigo na Revista da Armada
https://observador.pt/2019/01/10/marinh ... da-armada/

A Marinha abriu um processo contra o ex-comandante Henriques Frade, por ter enviado para publicação na Revista da Armada um artigo com "informações reservadas" sem passar pela triagem.

A Marinha abriu um processo de averiguações ao ex-comandante do submarino Arpão Henriques Frade, exonerado em setembro, por ter enviado para publicação na Revista da Armada um artigo com “informações reservadas”.

De acordo com o porta-voz da Marinha, o ex-comandante do Arpão enviou para publicação na edição de dezembro da Revista da Armada um artigo contendo “matéria reservada, com elementos que não deviam lá estar”.

Segundo o comandante Fernando Fonseca, o processo de publicação na revista oficial da Marinha prevê que os artigos sejam apresentados à esquadrilha de superfície e ao Comando Naval “e só daí é que seguem para a Revista da Armada”, uma publicação oficial mensal com uma tiragem de quatro mil exemplares.
Quando terminou a missão em setembro, [o ex-comandante do submarino Arpão] fez um artigo e enviou-o para publicação sem passar pela triagem normal”, disse o comandante Fernando Fonseca.
Segundo o porta-voz da Marinha, a revista foi publicada em dezembro e a estrutura superior do ramo, ao tomar conhecimento do conteúdo, “mandou recolher os exemplares, mas não conseguiu recolher todos” e há ainda exemplares a circular, admitiu.

O processo de averiguações foi aberto “há algumas semanas” e poderá ou não dar origem a um processo disciplinar.

O comandante Fernando Fonseca recusou que o processo de averiguações se relacione com os motivos da exoneração do ex-comandante, cerca de um mês e meio antes de terminar a comissão de serviço, em setembro.

“Já tinha sido exonerado. Só tomámos conhecimento da situação [da publicação do artigo] depois da revista sair”, frisou.

O porta-voz da Marinha rejeitou que a direção da Revista da Armada tenha “alguma culpa” na publicação do artigo com “informações reservadas”, frisando que o “processo normal” é o autor dos artigos submetê-los à “triagem” superior antes de os enviar.

Segundo noticiou o DN no sábado passado, o comandante Henriques Frade foi exonerado em setembro, antes de completar a comissão. O mesmo jornal escreve que o “comandante tomou decisões operacionais cujas consequências teriam colocado em risco a segurança do submarino e dos seus 33 militares”.

Sobre a exoneração, o porta-voz da Marinha disse apenas que a decisão foi tomada pelo almirante chefe do Estado-Maior da Armada, Mendes Calado, “por questões de gestão administrativa”, sem adiantar os motivos que a fundamentaram.
Portanto o comandante é exonerado em Setembro porque tomou decisões numa missão que é tão secreta que ninguém quer falar disso. Paralelamente escreve um artigo para a revista da marinha que não envia para a triagem com informações sensíveis (segundo a marinha) que obriga a que a marinha tente recolher todas as revistas publicadas.




"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

O insulto é a arma dos fracos...

https://i.postimg.cc/QdsVdRtD/exwqs.jpg
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Re: NRP TRIDENTE / NRP ARPÃO

#507 Mensagem por P44 » Sáb Fev 02, 2019 8:43 am

Imagem
Portuguese Navy submarine NRP Arpao in Plymouth Sound

http://www.shipspotting.com/gallery/pho ... id=2954627




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Re: NRP TRIDENTE / NRP ARPÃO

#508 Mensagem por P44 » Ter Mai 28, 2019 2:29 pm





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Re: NRP TRIDENTE / NRP ARPÃO

#509 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Jun 07, 2019 11:06 am

Arsenal do Alfeite já está a reparar submarinos alemães do Thyssen Krupp
João Palma Ferreira / 07 Jun 2019

O estaleiro do Alfeite, na Base Naval de Lisboa, fechou parcerias “milionárias” com o fabricante dos submarinos alemães da classe “Tridente” e com o produtor de mastros Gabler Maschinenbau.

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Volvido mais de um século a operar submarinos – o primeiro chegou a Portugal em 1913 –, este ano será provavelmente um dos mais importantes na já longa experiência “submarinista” portuguesa: o estaleiro naval do Arsenal do Alfeite (AA) passa a ter capacidades na área da manutenção e reparação de submarinos alemães da classe “Tridente”, do tipo U-214. Isto quer dizer que o estaleiro do AA pode assegurar trabalhos de reparação e manutenção de submarinos desta classe, em parceria com o grupo alemão thyssenKrupp Marine Systems (tkMS), dono do estaleiro de Kiel onde o fabricante Howaldtswerke Deutsche Werft (HDW) produz os submarinos da classe “Tridente”.
Na prática, os dois submarinos portugueses adquiridos pela Marinha na sequência da resolução do Conselho de Ministros 14/98 – o NRP “Tridente” S160 e o NRP “Arpão” S161, que constituem a 5ª Esquadrilha portuguesa – transformaram-se numa janela de oportunidade para modernização do estaleiro do AA, que agora se especializa na alta tecnologia incorporada neste tipo de equipamento naval.
Além dos submarinos portugueses poderem ser reparados em Portugal, sem terem de navegar até à costa alemã, haverá disponibilidade para assegurar a manutenção e reparação de submarinos pertencentes a esquadrilhas de outros países. Trata-se de uma oportunidade de negócio para o AA, atendendo a que um contrato de manutenção de um submarino pode ultrapassar normalmente os 25 milhões de euros - segundo informações obtidas pelo Jornal Económico.
Mais: também está em curso o desenvolvimento do negócio com a Gabler Maschinenbau, com quem o AA detém uma parceria para a reparação, teste e manutenção de mastros de submarinos, e que representará mais uma vertente de negócio, até aqui inexistente.
Os dois submarinos da Classe “Tridente” - do tipo U-209PN, segundo a designação atribuída pelo fabricante aos submarinos entregues à Marinha de Guerra Portuguesa -, determinaram o posterior processo de capacitação do AA, para executar a manutenção planeada dos submarinos da classe “Tridente”. Este processo de capacitação teve início em 2015, entre a tkMS e a sociedade AA, em estreito alinhamento e articulação com a Marinha portuguesa. Para facilitar as manobras de entrada dos submarinos no Alfeite, foram feitas obras de dragagem do canal de acesso à doca seca do AA, concluídas em setembro de 2018, com um orçamento de aproximadamente 450 mil euros.
O programa de capacitação em manutenção de submarinos concretizado pelo estaleiro do Tejo incluiu o treino e formação da equipa de trabalhadores do AA nos estaleiros construtores da tkMS, em Kiel, entre janeiro de 2017 e junho de 2018. Esta ação de formação coincidiu com o desenvolvimento dos trabalhos referentes à primeira revisão intermédia do NRP “Tridente” e implicou um investimento de aproximadamente 1,7 milhões de euros.
Foi concretizado um plano de aquisição de sistemas e equipamentos para o reequipamento oficinal a fim de capacitar as áreas da mecânica, eletrotecnia e eletrónica, para a realização dos trabalhos que irão ocorrer no âmbito da primeira revisão intermédia do NRP “Arpão”, com uma duração estimada de cerca de 18 meses. Isso implicou um investimento cerca de 1,5 milhões de euros.
A parte contratual deste processo começou em 2017, com a celebração do contrato direto com o construtor tkMS, permitindo à sociedade AA realizar trabalhos de manutenção em sistemas do NRP ”Tridente” (na altura estava em reparação na tkMS, em Kiel, na Alemanha), desmontados de bordo e enviados para Portugal, e executando pequenos trabalhos de manutenção a bordo, na Alemanha.
Este projeto-piloto, visou a validação do modelo de negócio bilateral que a tkMS pretende aplicar, numa maior escala, com a sociedade AA, mas também potenciou setores já proficientes do estaleiro na reparação de sistemas de bordo, com benefícios mútuos.
Seguiu-se a celebração em maio de 2018 de um Acordo Estratégico entre a tkMS, a AA e a Marinha Portuguesa, para potenciar a cooperação entre as duas empresas através do desenvolvimento de novos setores de negócio.
Com início no corrente ano, e por uma duração estimada em 18 meses, está previsto que o submarino “Arpão” realize a sua primeira revisão intermédia no AA. “Perspetiva-se que após 2020, o AA, passe a ser o estaleiro líder para a realização das grandes intervenções de manutenção dos submarinos da Marinha Portuguesa”, referiu ao Jornal Económico, o almirante José Luís Garcia Belo, presidente do Conselho de Administração do AA.
“Complementarmente existirão contratos diretos com a tkMS, ao abrigo do mencionado Acordo Estratégico, para a reparação de sistemas de submarinos de outros países”, admitiu o almirante.
A manutenção de submarinos faz-se em ciclos de sete em sete anos, com reparações intermédias que demoram 18 meses, de grande complexidade. Entre as reparações intermédias, um submarino faz dois períodos de reparações de cinco meses. E nos intervalos de 24 meses faz revisões assistidas.
Sobre o potencial deste novo negócio para o AA, serve de exemplo o contrato de manutenção e reparações da Marinha com a tkMS, que ascende a 29 milhões de euros Mas ainda há um contrato acessório da Marinha com o AA para serviços de apoio ao contrato principal. Será sempre difícil calcular os valores cobráveis pelo AA pela reparação a um submarino estrangeiro porque os trabalhos a efetuar dependerão de cada caderno de encargos. Mas, segundo o almirante Garcia Belo, este negócio “pode representar num ano 30% a 40% da atividade do AA. Preparámo-nos para isso”, diz.
De resto, na perspetiva do AA, “um submarino é um investimento de longo prazo porque vão estar cá mais 30 anos. Os ciclos de vida dos navios estão definidos: nas fragatas são de 35 a 40 anos, nos porta-aviões, de 50 anos e nos submarinos, de 35 anos”, explica o diretor de Estratégia e Desenvolvimento de Negócios do AA, Bruno Pica. Convém ter presente que o estaleiro do AA não pertence à Marinha. É uma sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos na tutela do ministro da Defesa Nacional e não pertence à Marinha. “A Marinha terá de nos contratar e nós temos de respeitar a contratação pública, embora haja um grande alinhamento entre a Marinha e o AA – a Marinha representa 90% da nossa carteira de encomendas”, adianta Bruno Pica.

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Re: NRP TRIDENTE / NRP ARPÃO

#510 Mensagem por P44 » Qua Jan 15, 2020 8:38 am





Triste sina ter nascido português 👎
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