LeandroGCard escreveu: Qui Jun 21, 2018 1:03 pmMarechal, você vai ter que explicar melhor isso aí:
Que história é essa de que dinheiro é dívida? Quando eu pago meus impostos e o governo recebe o dinheiro o que é que ele fica automaticamente devendo e a quem?
Quando você paga impostos é como se o governo tomasse títulos de volta.
Originalmente o dinheiro era ouro, e então lastreado em ouro, quer dizer, dava para chegar no emissor e pegar ouro em troca, dava para quitar a dívida, hoje o dinheiro é basicamente um cheque sem fundo (não possui um lastro), mas o emissor vai aceitá-lo de volta, o Real é efetivamente um título emitido pelo governo brasileiro que, quando você precisar pagar alguma coisa ao governo, este vai aceitar esse título como forma de pagamento, só que o dinheiro é um título sem prazo, é tipo, hoje, então sem juros.
Já uma LFN ou qualquer outro título público tem prazo, não da para comprar hoje e, amanhã, exigir que o governo pague, o governo vai pagar, mas só no prazo estipulado, e quanto maior o prazo, maior o juros (o fiador vai exigir isso).
LeandroGCard escreveu: Qui Jun 21, 2018 1:03 pmMas o governo pode até certo ponto definir a taxa de juros que quer pagar. O limite mínimo é dado basicamente pela confiança que lhe confere o mercado, o que é medido por índices como o risco país. Este estava em 345 no dia 19/06/2018 ou seja, o limite estaria em 5,45% a.a. (considerando a taxa de juros anual dos EUA, que está em 2%). Valores acima disso não são mais necessários (pelo menos nesta data) para fins de se obter financiamnetos ou rolar a dívida pública, e são decisão do governo considerando outros motivos.
Não é bem assim, sei que em janeiro o governo captou dolares a 5,4%, se considerar a desvalorização do real, quem comprou título público em real pela taxa Selic perdeu dinheiro, mas essa taxa Selic tem um impacto muito menor nos juros que o governo paga do que aparanta a primeira vista, por exemplo, o prazo médio da dívida pública do Brasil hoje é de 4,75 anos, para esse prazo o juros está nos 9%, reduzir a Selic (reduzir a oferta de títulos a curto prazo) implicaria ou em inflação ou em aumentar a oferta de títulos de longo prazo, aumentando os juros, no economês*, "aumentaria a inclinação da curva de juros".
LeandroGCard escreveu: Qui Jun 21, 2018 1:03 pmNo caso brasileiro, o motivo alegado é o controle da inflação, e é aí que está o grande problema. Com esta idéia de que rolagem da dívida não é despesa o BC se sente livre (ou é deixado livre) para elevar as taxas de juros para quanto ele bem achar que deve, como se não fosse necessário pensar depois no pagamento do aumento do serviço da dívida. Só que isso
É PRECISO, pois caso contrário irá gerar volumes de juros cada vez mais altos que serão impossíveis de pagar e farão a dívida explodir não importa o que governo faça em termos de esforço fiscal e redução de despesas. Foi exatamente isso o que aconteceu entre 2015 e 2018, quando a soma dos déficits públicos somou algo entre 200 e 300 bilhões, mas devido á elevação dos juros a dívida pública subiu mais de 1 trilhão devido justamente ao "desimportante" e "inócuo" serviço da dívida. E enquanto persistir esta idéia de que os juros da dívida não são despesa isso vai continuar acontecendo, como vem ocorrendo desde o início do governo FHC, até que o país fique inadimplente e seja obrigado ou ao calote ou a um novo surto de hiperinflação. E não tem economia possível nos gastos do governo que possa evitar isso se a taxa de juros continuar a ser utilizada de forma tão irresponsável.
Como o Bourne disse, o BC busca manter a dívida estável, e como já mencionei, para o governo, dinheiro é dívida, o desafio aqui não é zerar a dívida, o desafio é equilibrar onde o custo for o menor possível (emitir dinheiro resultaria em inflação o que traz seu próprio custo, que pode ser maior do que os juros pagos, a parte dificil de entender é que esse custo não é em Reais, que é justamente o que perde valor no caso de inflação).
*Lingua que alias, eu não falo tão bem assim, é como eu entendo.