#18
Mensagem
por Clermont » Qua Jun 24, 2015 9:04 pm
COLISÃO OTAN-RÚSSIA À VISTA?
Patrick J. Buchanan - 22 de junho de 2015.
"Estados Unidos Prontos para Posicionar Armamento Pesado na Europa Oriental: Mensagem para a Rússia," dizia a manchete no New York Times.
"Numa ação significativa para deter uma possível agressão russa na Europa, o Pentágono está preparado para estocar tanques, viaturas de combate de infantaria e outros armamentos pesados para até 5 mil soldados americanos em vários países da Europa Oriental e do Báltico," disse o Times. As fontes citadas eram "autoridades americanas e aliadas."
A mensagem do Pentágono recebeu uma resposta em 16 de junho. O general russo, Yuri Yakubov chamou a ação americana "o passo mais agressivo do Pentágono e da OTAN desde a Guerra Fria." Quando Moscou detectar armas pesadas americanas movimentando-se para o Báltico, disse Yakubov, a Rússia "reforçará suas forças e recursos no teatro de operações estratégicas ocidental".
Especificamente, Moscou reformará sua brigada de mísseis em Kaliningrado, bordejando a Lituânia e a Polônia, "com novos sistemas de mísseis táticos 'Iskander'. Estes podem detonar ogivas nucleares.
O Pentágono e o Congresso, aparentemente acham que Vladimir Putin é um bobalhão e, confrontado com a dureza dos Estados Unidos, recuará.
Pois a Casa aprovou e o senador John McCain está levando à frente uma emenda para prover a Ucrânia de armas antitanque, morteiros, lança-granadas e munição. A administração não poderá gastar mais do que a metade dos $ 300 milhões orçados, a menos que 20 porcento seja destinado para armas ofensivas.
O Congresso está votando para dar a Kiev luz-verde e o armamento para tentar uma recaptura de Donetsk e Luhansk dos rebeldes pró-russos, que as separaram da Ucrânia, e da Criméia, anexada por Moscou.
Se o Pentágono está, na verdade, movimentando tropas e equipamentos pesados americanos para a Polônia e os Estados Bálticos, e está para fornecer armamentos para Kiev atacar os rebeldes na Ucrânia Oriental, estamos rumando para uma confrontação EUA-Rússia diferente de qualquer uma vista desde o fim da Guerra Fria.
E reconsidere o resultado destas confrontações.
Não vamos esquecer que, embora fosse Khrushchev quem recuassse na crise dos mísseis cubanos, o presidente Eisenhower nada fez para deter o esmagamento dos rebeldes húngaros; Kennedy aceitou o Muro de Berlim, e Lyndon Johnson recusou-se a levantar um dedo para salvar os tchecos quando sua "Primavera de Praga" estava sendo esmagada pelos exércitos de tanques do Pacto de Varsóvia.
Mesmo a resposta de Reagan ao esmagamento do Solidariedade foi com palavras não com ação militar.
Nenhum destes presidentes era um apaziguador, mas todos respeitavam a realidade geoestratégica de que qualquer desafio militar à Moscou no outro lado da Linha Vermelha da OTAN na Alemanha, implicava no risco de uma calamitosa guerra por causas que não justificavam tal risco.
Apesar disso, hoje estamos arriscando uma colisão com a Rússia nos Estados Bálticos e na Ucrânia, onde nenhum interesse vital dos Estados Unidos jamais existiu, e onde nosso adversário goza de superioridade militar.
Como Les Gelb escreve no The National Interest, "a mão fraca do Ocidente" no Báltico e a "superioridade militar da Rússia sobre a OTAN em suas fronteiras ocidentais," é "dolorosamente evidente para todos."
"Se a OTAN subir o patamar militar, Moscou pode rapidamente passar por cima. Eles tem significantes vantagens em forças convencionais - apoiadas por potentes armas táticas nucleares e uma declarada disposição para utilizá-las para manter a vantagem ou evitar a derrota. A última coisa que a OTAN deseja é parecer fraca ou perder um confronto."
E a OTAN perdendo um tal confronto é o provável resultado da colisão provocada pelo Pentágono e John McCain.
Pois, se os ucranianos avançarem com armas americanas contra os rebeldes no leste, e Moscou enviar aviões, tanques e artilharia para aniquilá-los, Kiev será desbaratada. E o que faremos então?
Enviaremos porta-aviões para o Mar Negro a fim de atacar a frota russa em Sebastopol, e enfrentar os mísseis e ataques aéreos russos?
Antes de programar um confronto da OTAN com a Rússia, seria melhor olharmos quem estará seguindo a liderança da América.
De acordo com uma nova pesquisa pelo Pew Global Attitudes Project, menos da metade dos entrevistados na Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália e Espanha acham que a OTAN deve lutar se seus aliados bálticos forem atacados pela Rússia. Os alemães, por uma margem de 58-38, não acham que a força militar deva ser utilizada pela OTAN para defender a Lituânia, Letônia e Estônia, embora seja isto que o Artigo V da carta da OTAN exija da Alemanha.
Os americanos, por 56-37, são a favor de usar a força para defender os Estados Bálticos. Sobre o auxílio militar à Ucrânia, a América está dividida, 46 porcento a favor, 43 porcento opondo-se. No entanto, apenas 1 em 5 alemães e italiano são a favor de armar a Ucrânia, e nem uma única nação da OTAN goza de um claro apoio majoritário para armar a Ucrânia.
Em Washington, os falcões congressuais estão engatilhados para mostrar a Putin quem é durão de verdade. Mas ao embarcar armas para a Ucrânia e enviar soldados e blindados americanos para os Estados Bálticos, eles tem por trás uma nação dividia e uma aliança da OTAN que não quer parte alguma com esta confrontação.
Ao contrário da crise dos mísseis cubanos, é a Rússia que tem a superioridade militar regional aqui, e um líder aparentemente preparado para subir a escalada junto conosco.
Estamos certos de que serão os russos a piscarem desta vez?