FCarvalho escreveu: ↑Dom Mai 13, 2018 12:31 pm Falando sobre o Gripen E e seu desenvolvimento, acabo volta e meia juntando ao assunto os E/R-99.
Os modelos E-99 atualmente estão passando por uma atualização de meia vida, de forma a dar-lhes mais uns 20 anos de uso. Conquanto, sabemos que estes modelos do ERJ-145 já contam com quase vinte anos de uso na FAB e dificilmente serão usados por muito mais tempo, dado que são poucas aeronaves, e cada missão executada cobra deles horas de voos muito longas e que, com o tempo, tendem a se tornar cada vez mais caras, visto a manutenção e especificidades de sistemas embarcados.
Ademais, por se tratar de um projeto já fora de linha há tempos, os ERJ-145 em mais 10 anos talvez, comecem a tornar sua operação cada vez mais complexa e custosa, pois a falta de peças ou a sua exiguidade no mercado irão elevar preços a níveis não recomendáveis. Se algo não for pensado no sentido de minorar esta questão, em breve eles poderão estar na mesma situação dos Búfalo, que minguaram até quase toda a frota estar fora de operação e impagável em termos de operação.
Mas um problema mais grave esta se associando a este, A venda da Embraer para a Boeing.
Isso a meu ver irá causar dois problemas: primeiro é a continuidade regular do apoio logístico da frota de E/R-99, visto a questão acima colocada, e segundo, a substituição em si destes vetores, que não deve ser feita somente quando da baixa dos ERJ-145.
Então, se os E-99 terão uma sobrevida estimada até 2038, há de se começar a pensar em um substituto a partir de 2028, no mínimo.
Aí segue-se a questão: usar ou não usar os vetores da Embraer, que deixará de ser uma marca nacional, junto ao seu portfólio de produtos da linha comercial? E se a opção for por uma aeronave da linha executiva, como o Legaxy 600E, que segurança teremos nesta escolha visto que a sobrevivência da área executiva e de defesa da empresa sempre esteve em relação umbilical à boa saúde da comercial?
Na minha visão, estaremos na prática limitados, ou nos limitando, ao gosto da gestão yankee da Embraer em fornecer-nos, ou não, qualquer dos vetores daquela empresa. Ou adequar-nos, mesmo que a contragosto, a uma aeronave da linha Boeing que nos queiram dispor. Neste sentido, mesmo que tenhamos aqui soluções em termos de sistemas embarcados, desde radares até comunicações e EW, tudo isso ficará na dependência da escolha de um vetor na prática estrangeiro.
A outra solução seria adotar uma aeronave da Airbus, Comac ou Irkut, na forma da família A-320, C-919 ou MS-21.
De qualquer forma, daqui a dez anos vamos estar nos colocando em posição muito mais desvantajosa da que estávamos quando da escolha dos ERJ-145 para o programa de aeronave AEW&C do SIVAM. Ao menos naquela época tínhamos uma empresa nacional oferecendo alternativas. Na próxima década, até disso teremos solicitamente aberto mão em pró dos interesses de mercado.
O Brasil, e seus interesses nacionais, que se dane. Afinal, para quem é um dos maiores exportadores de commodities do mundo, e segue firme na senda para se tornar o tão grande e esperado celeiro do mundo, exportar avião pra quê...
abs.
Cupincha véio, eu esperaria mais um pouco para ver no que dá. A imprensa divulga tantos dados contraditórios (ora é uma aquisição pura e simples, ora é uma joint-venture, ora é outra coisa, desinformação para todos os gostos) que me parece uma temeridade sair dizendo que é definitivamente isso, aquilo ou aquilo outro, pois simplesmente não sabemos e isso não é informação que se encontre no Google. Ao menos até serem publicados os termos definitivos do acordo e a posição do governo/FAB, bem como as verdadeiras razões para isso (pois aí sim, poderemos inferir o que é verdade e o que não passa de cortina de fumaça).
Aliás, não encontro sentido algum no preço publicado para a troca de comando (uns USD 3B ou menos), quando só em pedidos firmes para a linha que vai do 170 "comum" ao 195-E2 (Área Comercial) há mais de dez vezes este valor, e sem contar a parte de serviços (manutenção, treinamento, etc) e muito menos as opções¹, pois aí poderíamos mais do que dobrar (mais do que triplicar, na verdade) o "bolo" todo, que fecharia perto de USD 100B. Há ainda a área de Marketing, Suporte, Instalações (e a OGMA, como fica nisso tudo?) e um corpo de Técnicos, Engenheiros e Cientistas de ponta como a cereja do bolo, ante o envelhecido grupo homólogo da BOEING. Apenas USD 3 bi por isso tudo, sério? Ou os ianques estão fazendo o melhor negócio do milênio ou estão em via de entrar por um cano daqueles!
Mas estou divagando, replicarei parte deste post com os desenvolvimentos seguintes no tópico apropriado. Aqui vamos especular no worst case scenario, já que "otimista" sou eu : o Brasil perde totalmente o controle da parte da EMBRAER que seria necessária para desenvolver os substitutos dos -99; bueno, que sentido faz desenvolver do zero (ou praticamente isso) uma célula exclusivamente para AEW&C e ELINT? Aparentemente nenhum, né?*
O lógico seria fazer que nem os outros (tipo a Índia) e, ante a falta de uma plataforma nacional para botar radar, consoles para operadores & quetales, se escolhe outra de procedência estrangeira e, na área que supostamente vai sobrar (Defesa) da empresa, projetar e desenvolver as modificações necessárias para receber radar (que nem precisa ser o Erieye ER, cuja comunalidade - com a versão que usamos hoje - pouco vai além da aparência, o "recheio" é bem diferente) e o resto que é preciso para a Missão. Até o -390 poderia, creio eu, ao menos ser cogitado para isso, já tendo de raiz a capacidade de receber REVO e, por conseguinte, ser capaz de permanecer on station até a tripulação estar exausta ou as turbinas quase pegando fogo; capacidade de carga muitíssimo maior que a do -145, permitindo que voe mais alto (maior alcance de radar) e com penalização muito menor pelos equipamentos e tripulação (até reserva) sobre o desempenho global da aeronave.
1 - https://www.aviacaobrasil.com.br/veja-a ... e-de-2018/
* A janela temporal que mencionaste é precisamente a razão de eu ter decidido postar de novo no tópico da EMBRAER.