Assuntos em discussão: Marinha do Brasil e marinhas estrangeiras, forças de superfície e submarinas, aviação naval e tecnologia naval.
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gabriel219
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#15841
Mensagem
por gabriel219 » Ter Abr 24, 2018 1:40 am
FCarvalho escreveu: Seg Abr 23, 2018 11:11 pm
Como assim são exagerados os requisitos Gabriel? A MB está apenas pedindo a construção de um navio simples, de baixa tonelagem e baseada em um projeto já testado por aqui, no caso a Barroso.
Não consigo ver no que isso é algo complexo demais para os estaleiros que estão participando da concorrência. Os sistemas de armas e de C4ISR estão praticamente definidos, e todos bastante conhecidos, sendo talvez o requisito de maior peso neste aspecto o alto índice de nacionalização que se cobra. Nada mais natural para uma concorrência que visa, também, transferência de tecnologia e capacitação da industria naval... mais uma vez.
A outra alternativa é oferecer um projeto próprio, desde que a MB veja nele algo mais vantajoso do que a produção das CCT, que até ordem em contrário, são a prioridade em termo de oferta que deve ser recebida, e não se aceitará nada que não seja ela. A base do RFP é esta.
Se bem me lembro, há pelo menos uns 3 estaleiros chineses nessa concorrência. Mas não sei qual deles estaria mais capacitado a atender os requisitos da MB, e menos ainda qual deles seria o responsável pelo projeto das Type 054.
Na verdade, penso que se os chinas ganharem, é bem provável que eles façam a CCT e ainda de lambuja coloquem as Type 054A aqui como bônus para a MB. Daí para as 054B e o Prosuper 2.0 é um passo.
abs.
O problema não está no navio, mas nas exigências feitas por fora, o que está fazendo vários estaleiros pularem fora.
A MB terá que abrir mão de algumas exigências - que não tangem o projeto do navio em si - para conseguir alguma no pleito ou sobraram os Chineses, o que não acho ruim.
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#15842
Mensagem
por knigh7 » Ter Abr 24, 2018 2:11 am
É, a MB está se importando com os chineses na concorrência...
E deve estar se importando com o russos também
A Fincantieri(que é o que importa) não está firme
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e a Naval Group (que é outra que importa) não está firme...
Mas vamos falar da Type 054 e o projeto russo sei-lá-qual-é para a MB assim como do Mi-28 para o EB. Porque ambos têm uma chance tremenda.
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#15843
Mensagem
por FCarvalho » Ter Abr 24, 2018 8:26 pm
Eu penso que a esta altura da nossa (paupérrima) realidade, seria no mínimo muita arrogância, mesmo uma grandessíssima imbecilidade, em uma concorrência dessa envergadura e complexidade se fixar nas velhas fórmulas de sempre, sem considerar as mudanças que houveram nas últimas década na industria do extremo oriente, e mesmo na industria naval russa.
Mas caso as decisões do almirantado continuem sendo orientadas por ideologias mortas e por ranços há muito deixados de lado e sem nenhum fundamento, então, é mais que chegada a hora de rever os fundamentos que orientam a doutrina naval brasileira, e mais, questionar as orientações da administração naval.
Já chega dessa panaceia ridícula de querer ser o que nunca fomos, e nem seremos.
abs.
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#15844
Mensagem
por gabriel219 » Qua Abr 25, 2018 3:36 pm
Eu particularmente gostaria de Meko 600 para a MB e um estaleiro Europeu fabricando CCT lá mesmo de urgência, mas a MB quer fazer tudo aqui com a maioria das peças sendo nacional e com menor tempo possível.
Qual vai ser o estaleiro ocidental que quer isso?
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#15845
Mensagem
por FCarvalho » Qua Abr 25, 2018 10:47 pm
O cronograma é muitíssimo apertado, mas o pessoal sabe disso. Italianos e franceses já tem um pé aqui dentro e isso com certeza favorece, mas não determina o ganhador. Coreanos tem investimentos em estaleiros por aqui também, mas não sei se são donos, ou se é algum tipo de joint venture. Os alemães perderam espaço nos últimos anos mas tem produtos que realmente atraem os olhares dos almirantes. Os suecos correm por fora. Os chineses tem como vantagem preço, tecnologia e capacidade de investimento muito maior do que os demais. Se isso será suficiente, veremos.
A única forma que vejo de se cumprir o cronograma apresentado é um projeto importado, tal como previsto no RFP, levar a concorrência. Se for a CCT, ou fabrica lá fora ou não tem negócio.
abs
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#15846
Mensagem
por FCarvalho » Qua Abr 25, 2018 10:57 pm
A nacionalização da CCT em sua maior parte diz respeito ao casco, super estrutura e sistemas internos menos complexos, como os já utilizados na Barroso e no Mod Frag das Niterói. São insumos sobre os quais a industria nacional já detém expertise e que precisa necessariamente de continuidade, do contrário corremos o risco, de novo, de perder o investimento na sua capacitação.
Basicamente o que as empresas interessadas terão de fazer é integrar tudo isso com a sua capacidade projeto e construção do navio e alguns elementos que ainda não dispomos como motorização, radares e mísseis AAe, por exemplo. Esta integração é que ainda precisamos dominar, assim como a parte de engenharia de processo de construção e projeto.
Vamos ver. Eu acho que no final das contas, o que vai decidir mesmo esta concorrência é o preço. Quem conseguir oferecer mais por menos. E neste ponto, tirando o tradicional ranço militar brazuca com tudo que não é americano ou europeu, os chineses e coreanos tem ótimas chances. Até porque, com o cronograma apresentado, duvido que qualquer estaleiro ocidental consiga cumprir os prazos. Já os chineses e coreanos, se os cascos forem construídos por lá e a integração dos sistemas for feita aqui, é bem capaz destes navios serem prontificados mesmo antes do planejado.
abs
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#15847
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por P44 » Qui Abr 26, 2018 6:28 am
*Turn on the news and eat their lies*
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#15848
Mensagem
por FCarvalho » Qui Abr 26, 2018 11:57 am
Pois é, os espanhóis acharam melhor cuidar dos seus negócios, já que a Navantia está com muitos contratos para dar conta.
Na torcida para que a maré por aqui encontre novos rumos fora daqueles já mais que conhecidos. E é interessante notar que quanto menos concorrência, menores as possibilidades de orientação de custos e menor ainda a nossa capacidade de barganha com os ofertantes.
Por enquanto ainda temos mais ou menos 5 ou 6 empresas concorrentes. É esperar para que mais ninguém desista até o final.
O prejuízo será só nosso.
abs.
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#15849
Mensagem
por knigh7 » Sáb Abr 28, 2018 9:23 pm
Indústria naval do Brasil aguarda MP de apoio à Marinha para tomar fôlego
Redação Reuters
5 MIN, DE LEITURA
Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Fortemente atingida por uma crise do setor de petróleo nos últimos anos, a indústria naval brasileira prevê tomar fôlego a partir da publicação de uma medida provisória pelo governo, ainda no primeiro semestre, que permitirá a destinação de recursos para que a Marinha do Brasil encomende embarcações a estaleiros do país.
A ideia, segundo afirmou à Reuters vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), é que 10 por cento da arrecadação anual do Fundo da Marinha Mercante (FMM), ou cerca de 300 milhões de reais, seja destinado com esse propósito. O texto já está na Casa Civil.
“É uma medida provisória onde parte dos recursos do Fundo da Marinha Mercante será destinada para a Marinha do Brasil... dinheiro carimbado só para construção e manutenção da frota”, disse Sérgio Bacci, um grande crítico da flexibilização recente das regras de conteúdo local de equipamentos para a indústria de petróleo, durante uma entrevista na sede do sindicato, no Rio de Janeiro, nesta semana.
A FMM é utilizado para financiar atividades do setor naval, mas no caso da medida avaliada pelo governo haveria uma destinação de recursos do fundo para a Marinha sem a necessidade de um reembolso.
A expectativa do Sinaval é que a MP, que irá modificar a lei do fundo, seja assinada pelo presidente Michel Temer já no próximo mês e aprovada pelo Congresso Nacional logo após as eleições.
Consultada pela Reuters, a Casa Civil confirmou que “o texto está em análise” no ministério, sem fornecer mais detalhes.
A medida está longe de ser uma solução para a crise dos estaleiros brasileiros, destacou Bacci, que se queixa de grandes obras da Petrobras terem sido movidas para estaleiros na China. No entanto, em sua avaliação, contratos com a Marinha trarão benefícios para ambos os lados.
Com as encomendas resultantes, Bacci acredita ser possível ajudar cerca de quatro estaleiros: “O importante é não deixar o setor acabar como um todo... se tiver alguma demanda, a gente vai sobrevivendo”, afirmou, explicando que o montante a ser destinado daria para construir uma corveta (um tipo de navio de guerra) por ano.
Questionada pela reportagem, a Marinha do Brasil reconheceu a necessidade de obtenção de navios para emprego na proteção do tráfego marítimo.
Dentre os navios que precisam ser contratados, a Marinha citou os Navios-Patrulha de 500 toneladas, denominados NPa-500BR, que serão empregados em ações de patrulhamento e no exercício de fiscalização das águas brasileiras.
Além disso, as embarcações deverão ser empenhadas em ações voltadas à orientação e controle do tráfego marítimo e à segurança da navegação aquaviária.
“Os montantes destinados à Marinha do Brasil, decorrentes das alterações da Lei do Fundo da Marinha Mercante propostas, possibilitarão recompor parte do núcleo do Poder Naval, há muito tempo degradado pela insuficiência orçamentária”, disse a Marinha do Brasil, em nota.
DIFICULDADES
A derrocada recente da indústria naval foi um dos maiores resultados de uma crise sem precedentes na indústria de petróleo brasileira, que além de sofrer com uma queda acentuada dos preços internacionais do petróleo, também viu diversas obras serem interrompidas após a descoberta de um amplo esquema corrupção, a partir de 2014.
No fim daquele ano, Bacci afirmou que a indústria naval chegou a ter cerca de 80 mil funcionários, trabalhando em pouco mais de 50 estaleiros no Brasil. Atualmente, há apenas cerca de 30 mil funcionários empregados, sendo que aproximadamente 15 estaleiros estão trabalhando em encomendas.
“(O fundo) serve para financiar a indústria naval, a indústria naval está parada, então esse dinheiro está parado. O que a gente está fazendo é pegando um pedaço dele, não todo, e destinando para Marinha, para ela tentar ajudar a indústria naval a construir”, disse Bacci.
Para o vice-presidente do Sinaval, as eleições não devem ser um empecilho para uma futura aprovação da MP no Congresso.
“Em ano eleitoral, dificilmente terá deputado ou senador criando entrave para medida que tem interesse de trabalhador e empresário.”
Sobre as eleições, Bacci afirmou que irá buscar todos os candidatos à presidência para explicar as necessidades da indústria naval. Segundo ele, o setor precisa de encomendas contínuas para crescer e a estatal Petrobras, segundo ele, tem um papel fundamental neste processo.
“Desde a sua fundação até hoje, a Petrobras é uma empresa que precisa gerar lucro, ela tem hoje acionistas privados, mas ela também tem um papel social a cumprir”, frisou.
https://br.reuters.com/article/topNews/ ... R30C-OBRTP
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#15850
Mensagem
por FCarvalho » Sáb Abr 28, 2018 9:47 pm
Mais um quebra galho para o setor. Atacar apenas as consequências e não as causas já é mais do que uma solução repetida ao longo de décadas neste país.
Uma medida meramente eleitoreira e oportunista.
Aliás, cadê as verbas nunca repassadas daquele fundo a que a MB tinha direito justamente com o mesmo objetivo de agora e que caiu junto com a criação da lei do pré-sal?
abs
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#15851
Mensagem
por knigh7 » Dom Abr 29, 2018 1:45 am
P44 escreveu: Qui Abr 26, 2018 6:28 am
A Navantia está fora.
E as negociações com a BAe, pasmem, estão frias.
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#15852
Mensagem
por knigh7 » Dom Abr 29, 2018 1:52 am
FCarvalho escreveu: Sáb Abr 28, 2018 9:47 pm
Mais um quebra galho para o setor. Atacar apenas as consequências e não as causas já é mais do que uma solução repetida ao longo de décadas neste país.
Uma medida meramente eleitoreira e oportunista.
Aliás, cadê as verbas nunca repassadas daquele fundo a que a MB tinha direito justamente com o mesmo objetivo de agora e que caiu junto com a criação da lei do pré-sal?
abs
Era a lei que destinava parte dos Royalties do Petróleo que deveria ir para a MB.
Mas nesse caso, pela matéria, vai estar amarrado na construção de navios patrulha. Vai ajudar porque o orçamento para a construção de navios deste tipo tem sido irrisório.
Se a MB tivesse investindo um valor que não fosse irrisório, o GF iria substituir o valor que vem aplicando pelo valor do fundo mercante. Não resolveria nada. O que não é o caso.
Se for aprovado essa lei, vai deslanchar a construção de NPA de 200 e, principalmente, 500 ton. Vai ser muito bom, pois terá resultados relevantes porque esses NPA não custam caro.
Poderia ocorrer o mesmo com a FAB, com os trocentos bilhões que o Gov. arrecada com as tarifas aeroportuárias.
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#15853
Mensagem
por FCarvalho » Dom Abr 29, 2018 10:26 am
Se for para garantir não apenas os patrulha - e o NaPaOc? - mas todos os projetos de navios auxiliares também, eu até concordo.
Já que não levamos defesa a sério mesmo, é melhor do que nada.
ps: os royalties do petróleo, salvo engano, deixaram de ser repassados a MB desde os tempos de FHC. Não me admira a lei neste arremedo de país só funcionar pra quem pode pagar advogados caros.
Abs
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#15854
Mensagem
por knigh7 » Ter Mai 01, 2018 12:51 am
FCarvalho escreveu: Dom Abr 29, 2018 10:26 am
Se for para garantir não apenas os patrulha - e o NaPaOc? - mas todos os projetos de navios auxiliares também, eu até concordo.
Já que não levamos defesa a sério mesmo, é melhor do que nada.
ps: os royalties do petróleo, salvo engano, deixaram de ser repassados a MB desde os tempos de FHC. Não me admira a lei neste arremedo de país só funcionar pra quem pode pagar advogados caros.
Abs
Certamente esses recursos envolverão a construção dos NaPaOC. Mas num futuro mais distante.
A necessidade mais prementes da MB, no tocante a patrulha, são mesmo de navios de 500 ton. E são bem mais baratos (o último lote da Macaé ficou em
R$43 milhões por unidade ) que os Navios Oceânicos (cerca de 10x mais, pelo tamanho, mas principalmente por ser tecnologicamente mais complexo) . Ou seja, se consegue preencher essa lacuna de 500ton mais rápido.