MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7636 Mensagem por J.Ricardo » Sex Mar 23, 2018 5:39 pm

Concordo com o Junior, nossa inflação é mais pressionada pelos preços controlados pelo governo do que pela demanda por produtos e serviços.




Não temais ímpias falanges,
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7637 Mensagem por Bourne » Sáb Mar 24, 2018 6:00 pm

Tenho um palpite. A inflação não está baixa pela capacidade do BC ou pela recessão, mas devido ao mundo estar com inflação baixa e juros próximos zero. Assim o Brasil reflete a tendência do resto do mundo, como também dos países latino-americanos.

É um cenário atípico oriundo da política monetária americana de expansão (unconventional monetary policy), maior taxa de poupança dos EUA, países desenvolvimento e da Ásia. Ao mesmo tempo em que tem o choque de tecnologia que derrubou o preço de diversos produtos manufaturas e de processos que são transacionáveis.

O Brasil está navegando na onde. Amanhã pode mudar tudo. Literalmente mudar tudo por fatores diversos como, por exemplo, a crise de endividamento norte-americana pública e privada. Aí não sabemos o que acontece no Brasil. Mas dizer que o juros vai ficar baixo com inflação baixa é otimismo demasiado. O pertinente seria preparar para pancada próxima que virá.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7638 Mensagem por knigh7 » Qui Abr 19, 2018 12:15 am

alexandre schwartsman


Estado brasileiro se tornou um espelho obscuro da sociedade
Setor público virou instrumento para grupos privilegiados se apropriarem de parcelas da renda
EDIÇÃO IMPRESSA

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Viciado que sou na leitura de jornais (quatro por dia, só um pouco menos que as xícaras de expresso), não posso dizer que tenha sido surpreendido pela notícia publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo acerca do fato de os magistrados do Rio Grande do Norte terem se concedido licença-prêmio retroativa desde 1996, prebenda que poderia resultar em pagamentos de até R$ 300 mil para os beneficiários da generosidade dos desembargadores para com seus semelhantes, se não tivessem recuado depois da divulgação.

Como aprendi com Pedro Fernando Nery, a tal licença foi criada em 1952 para beneficiar servidores que não faltavam ao trabalho (o que em si já é revelador da mentalidade nacional: premiar um comportamento que deveria ser padrão) com folga de 90 dias a cada cinco anos, ou seu uso em dobro para a contagem de tempo até a aposentadoria.

A lei 9.527/97, porém, acabou com o privilégio, mantendo apenas uma possibilidade: em caso de morte do servidor que não o houvesse usufruído, seus dependentes poderiam receber um complemento na pensão por morte. Independentemente da lei, contudo, órgãos com autonomia financeira continuaram a pagar para quem se aposentasse sem usar a licença-prêmio.

A Procuradoria-Geral da República, contudo, decidiu que nem sequer seria necessário esperar a aposentadoria, interpretação que o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte tentou emplacar.

Obviamente não falta quem defenda a legalidade do pagamento, que, diga-se, por ser considerado indenização, não entra na base de cálculo do Imposto de Renda, ou contribuição previdenciária, nem para fins de determinação do teto de vencimentos.

Nem esse evento, nem o pedido da ex-ministra Luislinda Valois para somar a seu salário também o valor que recebia como aposentada (superando em muito o teto constitucional), nem várias outras instâncias de órgãos da administração pública acumulando vantagens são casos isolados. Ao contrário, revelam que há muito o setor público foi capturado por interesses privados, tema que explorei em coluna publicada no fim do ano passado.

De acordo com estimativas do Tesouro Nacional, os três níveis de governo do Brasil desembolsaram em 2015 R$ 2,5 trilhões (37,5% do PIB) referentes às suas despesas primárias. Naquele ano, pouco mais de metade delas (R$ 1,3 trilhão, ou 19% do PIB) foi destinada à remuneração de empregados e ao pagamento de pensões e aposentadorias do setor público, segmento que insere, com sobra, na parcela mais rica da população.

Não temos ainda os dados detalhados no que se refere às pensões e às aposentadorias para 2017, mas noto que no ano passado a parcela referente à remuneração do funcionalismo aumentou, sugerindo situação ainda mais grave nos dois últimos anos.

Na verdade, para o período para o qual dispomos de dados, o que se observa é um aumento persistente dessas despesas relativamente ao produto, enquanto o investimento governamental perde fôlego, assim como os gastos associados mais diretamente à prestação de serviços públicos.

O Estado brasileiro se tornou um espelho obscuro da sociedade, instrumento para grupos privilegiados se apropriarem de parcelas crescentes da renda. Apesar disso, ou cegos, ou anestesiados, nada fazemos para alterar o processo que, a se manter o status quo, em poucos anos se tornará insustentável.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/a ... dade.shtml




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7639 Mensagem por knigh7 » Sáb Abr 21, 2018 2:33 pm

Debate interessante:

Brasil precisa de até R$ 300 bi ao ano para evitar a insolvência
Protagonistas de polêmica sobre gasto público e crescimento, Lisboa e Barbosa concordam sobre necessidade de ajuste


https://tv.uol/16w2D




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7640 Mensagem por Bourne » Dom Abr 22, 2018 8:04 pm

Não se animem quando chega o Boulous e diz "não precisa de reforma da previdência. Tudo vai dar certo. Só acreditar". Principalmente porque é a equipe da Dilma I e boa parte demitida no começo do Dilma II.

Os outros (incluindo o Ciro Gomes) podem não dar real nua e crua, vão amenizar, mas vai ter reforma da previdência, reestruturação de gastos com mudanças na lei orçamentária e vinculações, reforma tributária. Essas são medidas que vão ser implementadas no governo federal e com reflexos nos governos estaduais Porque não tem dinheiro. Simples Assim. Não dá para elevar impostos para ter maior arrecadação. O que pode ser feito é dar eficiência e progressividade na estrutura tributária.

Abaixo o vídeo sobre o tema. Observem como ambos se comportam como crianças teimosas.
Brasil precisa de até R$ 300 bi ao ano para evitar a insolvência

O governo federal precisa de um ajuste fiscal de algo entre R$ 250 bilhões e R$ 300 bilhões ao ano para estabilizar sua dívida pública e sair da rota da insolvência.

https://tvuol.uol.com.br/video/brasil-p ... 72C8A16326

Isso porque o endividamento bruto do país disparou nos últimos cinco anos, vai chegar a 78% como proporção do PIB ao fim de 2018, segundo o Banco Central, e tornar-se um dos maiores entre os países emergentes.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7641 Mensagem por zapata » Ter Abr 24, 2018 11:23 pm

Bourne escreveu: Sáb Mar 24, 2018 6:00 pm Tenho um palpite. A inflação não está baixa pela capacidade do BC ou pela recessão, mas devido ao mundo estar com inflação baixa e juros próximos zero. Assim o Brasil reflete a tendência do resto do mundo, como também dos países latino-americanos.

É um cenário atípico oriundo da política monetária americana de expansão (unconventional monetary policy), maior taxa de poupança dos EUA, países desenvolvimento e da Ásia. Ao mesmo tempo em que tem o choque de tecnologia que derrubou o preço de diversos produtos manufaturas e de processos que são transacionáveis.

O Brasil está navegando na onde. Amanhã pode mudar tudo. Literalmente mudar tudo por fatores diversos como, por exemplo, a crise de endividamento norte-americana pública e privada. Aí não sabemos o que acontece no Brasil. Mas dizer que o juros vai ficar baixo com inflação baixa é otimismo demasiado. O pertinente seria preparar para pancada próxima que virá.
Os bancos sabem disso, já que eles praticam exatamente a mesma taca de juros de quando a Selic estava a 15%, não baixaram nada.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7642 Mensagem por J.Ricardo » Qui Abr 26, 2018 5:20 pm

Num ponto, acho os políticos atuais muito burros, poderiam aproveitar o Drácula e aprovar tudo que é impopular no governo atual e deixar um ambiente mais fácil para quem ganhar as eleições.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7643 Mensagem por Marechal-do-ar » Qui Abr 26, 2018 5:28 pm

Os deputados querem se reeleger.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7644 Mensagem por J.Ricardo » Sex Abr 27, 2018 5:12 pm

80% lá se elegeu comprando voto




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7645 Mensagem por Marechal-do-ar » Sex Abr 27, 2018 5:57 pm

Pois é, mas quem vendeu o voto pode entender que o emprego deles vale mais.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7646 Mensagem por Bourne » Sex Mai 04, 2018 12:38 pm

Igual carro popular. Ate parecem diferentes, mas no fundo entregam a mesma coisa. :mrgreen: :lol:

Todos citam:

:arrow: reforma tributária com progressividade tributária e maior taxação sobre renda e patrimônio
:arrow: reforma da previdência com redução do custo fiscal para dar margem ao maior investimento e gastos sociais
:arrow: gastos sociais e oferta de bens públicos voltados para população de menor renda são importantes
:arrow: privatização e abertura da economia devem ser pensadas seriamente

A surpresa é nenhuma. Não vão nem aprofundar as discussões. Porque são impopulares. Por exemplo, a reforma tributária implica na ideia superficial de que vai aumentar imposto, principalmente sobre renda e propriedade. Aí vem os peões e classe média que se acham milionários reclamar do governo comunista. É mais emocionalmente aceitável pagar 50% de imposto na compra de um produto do que 30% de imposto de renda e mais tanto sobre heranças e transferências de imóveis. Junta com quem realmente vai ter aumento do imposto líquido. Se muda a tributação no nível federativo, os estados e municípios vão gritar porque vai realocação da arrecadação com perdedores e ganhadores.

Outro exemplo, a abertura econômica que nada mais é do que reduzir tarifas para produtos finais. Já que toda a renda de insumos, bens intermediários e outros usados pelas industrias tem impostos baixíssimos. E gera aberrações como ter uma maquiladora no Brasil para pagar menos impostos como Samsung, LG, BMW, Land Rover. Ao mesmo tempo que eles não tem interesse de exportar e entravam outros tipos de firmas que não tem essas facilidades.

Os gurus econômicos dos pré-candidatos (Zero Hora, 21/04/2018)
27 sexta-feira abr 2018

o pensamento de quem aconselha os políticos que querem governar o Brasil

Enquanto a eleição para a Presidência da República se aproxima, o Brasil começa a sair de uma das piores crises de sua história. Após a recessão que fez o PIB encolher 7,1% em dois anos e criou mais de 14 milhões de desempregados, a economia tende a ser um dos pontos centrais dos debates até outubro. Com as principais pré-candidaturas estabelecidas aquecendo as turbinas para a guerra de convencimento dos eleitores, ganha importância saber quem são e o que pensam os gurus econômicos dos postulantes ao Planalto já lançados por seus partidos sobre como fazer o país reencontrar o crescimento.Adeptos em diferentes graus do livre mercado ou da necessidade de o Estado ser agente na indução ao desenvolvimento, os mentores dos pré-candidatos já vêm se posicionando sobre ajuste fiscal, reformas e privatizações, algumas das pautas mais palpitantes desta eleição.Professor de finanças do Ibmec-Rio, Gilberto Braga avalia que o debate vai girar em torno de três temas:
– As grandes questões devem envolver privatizações e reformas tributária e da Previdência. Em relação à Previdência, é um tema ruim para qualquer candidato, mas um grande problema – diz Braga, que não espera a apresentação de planos mais mirabolantes para reaquecer a economia.

para especialista, campanha terá debates superficiais

Apesar do grupo de elite escalado para a campanha e da gravidade do quadro nacional, o professor de economia da Universidade de Brasília José Luís Oreiro entende que a discussão será superficial, por medo dos candidatos de se posicionarem sobre os assuntos mais controversos.

– Vão falar genericamente de privatizações, problema fiscal, reequilíbrio das contas públicas, choque de eficiência, mas evitarão temas mais espinhosos – entende Oreiro, que inclui o aumento de impostos como algo necessário para 2019, mas difícil de ser admitido pelos presidenciáveis.

A figura de oráculo para a economia não é única. Alguns coordenam a elaboração dos programas de governo. Outros são apenas os principais interlocutores ou a referência para os pré-candidatos no assunto, sem vinculação formal com a campanha. Há ainda os que não têm essa orientação. Devido à corrida eleitoral estar apenas na largada, há casos de falta de definição sobre o nome que será o mentor na área. Já os economistas conhecidos são os gurus de si mesmo.

CURRÍCULOS, PROJETOS E PRINCIPAIS IDÉIAS

MÁRCIO POCHMANN – LULA (PT)

Nascido em Venâncio Aires, Márcio Pochmann preside a Fundação Perseu Abramo, vinculada ao PT. Formado em economia pela UFRGS, também está à frente do projeto Brasil que o Povo Quer, série de debates que visam trazer ideas para a formação do programa de governo do PT para as eleições. Pós-graduado em Ciência Política, foi supervisor do Dieese no Distrito Federal e professor na Universidade Católica de Brasília. Fez doutorado na Universidade de Campinas e tornou-se pesquisador da instituição, onde também é professor. Foi ainda pesquisador visitante em universidades europeias e consultor de entidades como Sebrae, Fiesp, OIT, Unicef e Cepal. Secretário municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade em São Paulo de 2001 a 2004, presidiu o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) de 2007 a 2012, quando concorreu a prefeito de Campinas pelo PT.

O QUE PENSA

Critica o ajuste fiscal focado no corte de gastos sociais, o que considera submissão da política econômica aos interesses do mercado. Ataca a aprovação do teto dos gastos, que limita o crescimento das despesas do governo federal à inflação do ano anterior, válido para os próximos 20 anos. Entende que o ajuste das contas deveria ser feito pelo crescimento da economia e por uma “reindustrialização”, elevando a arrecadação. Prega o rebalancea mento da carga tributária conforme renda e patrimônio.

É contra a proposta de reforma da Previdência. Para ele, a retirada dos direitos vai aumentar a disputa no mercado de trabalho, competição que tende a baixar salários. Os ganhos menores dos trabalhadores, afirma, vão repercutir na arrecadação previdenciária. Rebate a tese de que a reforma trabalhista vai gerar empregos. Segundo ele, empresários contratam não pelo empregado custar menos, mas porque há demanda. Ao mesmo tempo, diz o economista, a precarização da legislação, com a possibilidade de maior terceirização, significa mais impacto na arrecadação da Previdência.

É crítico das privatizações realizadas no país.

O capitalismo brasileiro encontra-se asfixiado pelo ambiente de monopolização proporcionado pelos equívocos das políticas passadas de privatização e de inserção econômica na globalização. Desde a década de 1990, o processo de privatização transitou de monopólios e oligopólios públicos para monopólios e oligopólios privados – avalia.

NELSON MARCONI – CIRO GOMES (PDT)

Da vertente desenvolvi-mentista, o economista Nelson Marconi é um dos principais nomes da Associação Keynesiana Brasileira, doutrina que prega a necessidade de o Estado ser indutor da economia. Formado pela PUC-SP, com mestrado e doutorado na Fundação Getulio Vargas, onde é professor, tem trajetória ligada à vida acadêmica. Coordenou a graduação da Escola de Economia de São Paulo e o Centro de Pesquisas da Macroeconomia Estrutura lista do

Desenvolvimento, também ligado à fundação. Marconi tem experiência nas áreas de economia e gestão pública. Atua ainda em temas como desindustrialização, economia do setor público, salários e emprego no setor público e mercado de trabalho.

O QUE PENSA

Para Marconi, não existe dicotomia entre Estado e mercado. Seriam complementares. Apesar de defender o papel estatal, é a iniciativa privada que traz ganhos de eficiência à economia, avalia. Pelo lado do empurrão do Estado, aponta a necessidade de priorizar o desenvolvimento da indústria e dos serviços relacionados a ela, como pesquisa, engenharia, automação e design – áreas que geram inovação. Ajudar empresas nacionais não significa fechar mercado, mas incentivar a inserção no Exterior e a exportação de industria -lizados. Algumas áreas que devem ser priorizadas são óleo e gás, saúde, agronegócio e defesa.

Marconi avalia que câmbio entre R$ 3,80 e R$ 4 ajudaria a indústria nacional a ser mais competitiva. Essa valorização do dólar poderia causar impacto de um ponto percentual na inflação, mas a pressão seria reduzida com ajuste fiscal que ajudaria a manter o juro em patamar baixo. Um futuro governo Ciro Gomes, sinaliza, não abriria mão de equilíbrio nas contas públicas.

Em relação a privatizações, é contrário em setores que considera estratégicos, como petróleo e energia, mas se mostra favorável a concessões em áreas como aeroportos e estradas. Considera reformas como fiscal, previdenciária e tributária essenciais. Na área de impostos, defende maior carga sobre a renda, desonerando a produção, e elevar tributação sobre herança, lucros e dividendos. Sobre a Previdência, defende idade mínima e criação de regime de capitalização, em que o beneficiário faz a sua própria poupança.

EDUARDO GIANNETTI – MARINA SILVA (REDE)

O mineiro Eduardo Giannetti da Fonseca é economista e filósofo. Graduado nas duas áreas pela Universidade de São Paulo, tem doutorado pela Universidade de Cambridge (Reino Unido), onde deu aulas em dois períodos. Também foi professor da Universidade de São Paulo. Dedica-se a estudos, escrever livros e dar palestras. É autor de uma série de livros, sendo dois deles vencedores do Prêmio Jabuti – Vícios privados, benefícios públicos? e As partes e o todo. Sua última obra é Trópicos Utópicos, em que analisa os conflitos da modernidade e a situação brasileira. Gianetti esteve ao lado de Marina nas eleições de 2010 e 2014, quando a candidata ficou na terceira colocação.

O QUE PENSA

Embora ainda não esteja confirmado como principal nome da equipe que vai elaboraras propostas para Marina, Giannetti esteve, no final do mês passado, no evento que reuniu colaboradores da campanha da candidata da Rede, para iniciar o esboço do programa nas mais diversas áreas. Como economista e filósofo, aborda temas deforma ampla.

Em entrevistas, tem ressaltado a necessidade de reforma da Previdência, algo que, se não for resolvido, pode levar o Brasil à insolvência, avalia. Defende ainda a busca de fórmulas para o país ter crescimento saudável e sustentável, com redução de desigualdades. Já se mostrou favorável a privatizações pela visão de que a gestão privada é mais eficiente do que a pública, mas critica a venda de estatais para cobrir rombos fiscais.

Para Gianetti, o Brasil precisa crescer sobre bases sólidas. Assim, seria melhor ver a economia não avançar de forma muito acelerada a ter grandes surtos que acabam em crises. Na fórmula que prega, diz ser necessário apostar na formação de forte poupança interna e de capital humano. Dessa forma, entende ser possível evitar grandes solavancos como no governo Dilma Rousseff, em que, avalia, tentou-se artificialmente manter marcha acelerada da economia a custos de gastos públicos e empréstimos subsidiados do BNDES.

Outros interlocutores de Marina na área econômica são André Lara Resende, um dos pais do Plano Real, e Samir Cury, da Fundação Getulio Vargas.

PÉRSIO ARIDA- GERALDO ALCKMIN (PSDB)

Além de ser referência para Geraldo Alckmin, o economista Pérsio Arida coordena os planos para a área do tucano. Circulando com desenvoltura nos meios político, acadêmico e empresarial, sua relação com o poder não é nova. Integrou a equipe que implantou o malsucedido Plano Cruzado, em 1986. Oito anos depois,fez parte do grupo de economistas que montou o Plano ReaL Formado em economia na Universidade de São Paulo em 1975, concluiu doutorado no M(T (EUA), em 1992. Foi professor em universidades brasileiras e americanas. Comandou o BNDES (1993 a 1994) e o Banco Central (1995).Também atuou no setor privado, principalmente na área financeira.

O QUE PENSA

Adepto da corrente liberal, Pérsio Arida vem dando pistas de qual deve ser o norte do programa econômico de Alckmin. Avalia que um dos principais pontos é avançar nas privatizações, como a da Eletrobras, anunciada mas empacada no governo Temer. Mas observa que não é possível implantar vasto plano de desestatização. A prioridade é tocar o que for factível Para Arida, não adianta substituir monopólio estatal por outro privado.

Em relação à promoção do crescimento da economia, entende que deve ocorrer principalmente pelo capital privado. Ao governo, cabe apenas criar os meios: garantir segurança jurídica a empreendedores (criando marcos regulatórios para setores como infraestrutura), avançar em privatizações, promover a desburocratização, fazer as reformas tributária e da Previdência, abrir a economia, evitar controle de preços e garantir concorrência.

Reformas como a da Previdência, entende Arida, são essenciais para solução estrutural do problema fiscal, assim como corte de gastos. Embora seja contrário a aumento da carga tributária, diz ser favorável à busca de um sistema socialmente mais justo. Uma das medidas possíveis seria tributar dividendos e juros sobre o capital próprio, o que pega a ponta da pirâmide da renda no país.

Ex-presidente do BNDES, prega que o banco não deveria ter participação acionária em companhias, como ocorre hoje. A instituição, entende, não pode agir como pronto-socorro de empresas, o que impede o livre funcionamento do mercado. Defende a inclusão social sem populismo. A fórmula seria dar aos menos favorecidos igualdade de acesso nas oportunidades com melhorias em educação, saúde e segurança.

PAULO GUEDES – JAIR BOLSONARO (PSL)

Economista com Ph.D. pela Universidade de Chicago, conhecida pelo viés liberal, Paulo Guedes tem sido o principal conselheiro do deputado Jair Bolsonaro, que já o mencionou como seu futuro ministro da Fazenda, caso seja eleito. Circula em meios intelectuais e empresariais e tem trajetória marcada por iniciativas de criação de negócios e think tanks – é um dos fundadores do Instituto Millenium, centro de pensamento voltado à disseminação de ideias liberais. Foi professor e fundador do grupo financeiro BR Investimentos, depois absorvido pela Bozano, da qual passou a ser sóao, integrante dos comitês estratégico e executivo. Foi um dos quatro criadores do Banco Pactuai. CEO e sócio majoritário do Ibmec, hoje Insper, e membro de conselhos de administração de empresas.

O QUE PENSA

Com inspiração liberal, Paulo Guedes ainda tenta explicar melhor suas afinidades com Bolsonaro, vinculado a ideias nacionalistas e estatizantes. Guedes é crítico dos governos social-democratas, definição que, além do PSDB, inclui PMDB e PT. Para ele, é uma corrente que costuma aumentar gastos, até ser chamada à realidade, além de aparelhar o Estado para arquitetar esquemas de corrupção. Guedes defende reformas, principalmente a da Previdência, que considera uma bomba-relógio nas contas do país. Prega a adoção de um sistema de capitalização para os novos segurados do INSS, com cada beneficiário recebendo no futuro o valor de suas contribuições, mais rendimentos. Também diz ser adepto de simplificação tributária.

É favorável a privatizações de estatais como Petrobras e Correios e à concessão de serviços públicos, com recursos direcionados para redução da dívida pública. Declarou que o ideal seria corte drástico nos ministérios. Restariam de 10 a 15 pastas. Gastos menores, ajudando o ajuste fiscal, contribuiriam para queda estrutural do jura e do gasto com a dívida, retomando a capacidade da União de investir, tendo como foco a área social. A despeito do ideário liberal, diz ser favorável à manutenção do Bolsa Família e é contrário a subsídios a grandes empresas.

Propõe a descentralização de recursos e atribuições da União para Estados e municípios, aumentando a eficiência das políticas públicas. Prega a independência do Banco Central, com mandato de quatro anos para diretoria, em período não coincidente com o da Presidência da República.

MARCOS LISBOA – RODRIGO MAIA (DEM)

Presidente do Insper, Marcos Lisboa é formado em economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde também fez mestrado, e Ph.D. pela Universidade da Pensilvânia (EUA). De 1996 a 1998, foi professor-assistente no Departamento de Economia da Universidade de Stanford (EUA). Passou ainda pela Fundação Getulio Vargas. Além da experiência acadêmica, atuou no governo federal e foi executivo de grandes bancos. De 2003 a 2005, no primeiro governo Lula, foi secretário de política econômica do Ministério da Fazenda. Depois, entre 2005 e 2006, presidiu o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). Apesar de ser a referência para Rodrigo Maia, não é ligado à candidatura do atual presidente da Câmara dos Deputados. Nos últimos meses, dialogou com outros postulantes ao Planalto e diz estar aberto a apresentar suas ideias a quem procurá-lo.

O QUE PENSA

Marcos Lisboa é um dos economistas que mais alertam para a necessidade de ajuste fiscal urgente no país – para ele, não poderia sequer esperar a eleição. 0 risco é de acontecer no Brasil um quadro semelhante ao do Rio, com falência dos serviços públicos e explosão da violência pela incapacidade de o governo ter dinheiro para questões básica.

Sustenta que, sem ajuste fiscal duro, o resultado será volta da inflação, calote e necessidade de aumento de impostos.

Avalia que a prioridade é a reforma da Previdência. Quanto mais demora, mais caro fica para o país. Outra discussão necessária é sobre os direitos adquiridos dos servidores públicos. Nesta frente, diz, seria preciso enfrentar as pressões das corporações, inclusive do Judiciário.

GUSTAVO GRISA – ALVARO DIAS (PODEMOS)

Economista formado pela UFRGS, com MBAem Negócios Internacionais pela Thunder-bird School of Global Management (EUA), Gustavo Grisa é sócio da empresa de consultoria Agência Futuro, focada em inovação em políticas públicas e gestão pública, com projetos voltados ao desenvolvimento de cidades e regiões, iniciou sua carreira na área econômica do Sistema Fiergs, foi analista de risco político nos EUA, atuando na iniciativa privada em empresas como Brasil Telecom e Vale. Define-se como social-liberal, campo entre a social democracia e o liberalismo.

O QUE PENSA

Avalia que o Brasil predsa de um choque de liberalização, mas sem descuidar das questões sociais devido ao grande número de pobres no país. Para Gustavo Grisa, a reforma mais urgente é a do Estado. Nisso entram privatizações, reforma da previdência do setor público (para só depois tratar do regime geral), reorganização das funções e das estruturas do Estado para ganhar eficiência. Em um segundo momento, viriam outras reformas, como tributária, para aliviar a carga sobre a economia.

f Em relação a privatizações, nenhuma estatal pode escapar à possibilidade, mas, devido à complexidade e à necessidade de discussão aprofundada com questões estratégicas, empresas como Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil e Caixa não estariam na primeira leva de um grande plano de desestatização.

– Com as privatizações, se usa ativos para melhorar a situação fiscal e eliminar focos de clientelismo político – diz.

f Ressalta que o Estado tem papel importante em áreas como educação e saúde, mas é preciso ganhar eficiência para melhorar a qualidade dos gastos. Programas como Bolsa Família também precisam ser aperfeiçoados, com maior controle.

LUÍS FERNANDES – MANUELAD”ÁVILA(PC DO B)

Não é um economista a referência de Manuela D”Ávila na elaboração de propostas para a área econômica. Formado em relações internacionais pela Universidade de Georgetown (EUA), Luís Fernandes foi secretário-executivo dos ministérios de

Esportes e de Ciência e Tecnologia e presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Atua na PUC-Rio e na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior(Capes).Se diz filiado à corrente desenvolvimentista.

O QUE PENSA

Crnandesé defensor do papel do Estado como financia-dor e indutor da economia e da inovação. A União precisa recuperar a capacidade de investimento e de ser o principal agente planejador do desenvolvimento, mas também assegurar a estabilidade macroeconômica.

Afirma que uma das reformas mais prioritárias é a tributária. Defende a adoção de sistema progressivo, aumentando a taxação de acordo com a renda e o patrimônio. Critica a reforma trabalhista por precarizar direitos dos empregados. Admite a necessidade de mudanças na Previdência, com proteção a direitos.

Mesmo partidário de presença forte do Estado na economia, admite a possibilidade do capital privado para elevara taxa de participação do investimento na economia. Parcerias público-privadas (PPPs) e concessões são possíveis, desde que com bom marco regulatório.

Embora seja contra a venda da Eletrobras ou bancos, privatização não é tabu. Podem ser analisadas caso a caso.

GUSTAVO FRANCO – JOÃO AMOÊDO (NOVO)

Um dos formuladores do Plano Real, Gustavo Franco deixou em 2017 o PSDB, após 28 anos no partido, e filiou-se ao Novo. O economista formou-se e fez mestrado na PUC-Rio, onde hoje é professor. É Ph.D. pela Universidade de Harvard. Também milita no mundo corporativo. É fundador da Rio Bravo Investimentos, onde segue como sócio, estrategista-chefe e presidente do conselho de administração. Ainda presidente do Instituto Millenium. Entre 1997 e 1999, foi presidente do Banco Central (BC). Antes, entre o governo Itamar Franco e o primeiro mandato de Fernando Henrique, foi secretário de política econômica adjunto do Ministério da Fazenda e diretor de assuntos internacionais do BC

O QUE PENSA

A essência é valorizar o empreendedorismo. Para isso, é necessário diminuir o custo do capital para incentivar o investimento e aumentar a produtividade. Juros menores devem ser alcançados com responsabilidade fiscal. Redução do tamanho do Estado, reformas da Previdência (com transformação do FGTS em fundo de capitalização) e tributária e aprofundamento da trabalhista são parte dessa estratégia. – Nenhuma estatal deve ficar fora de cogitação em matéria de privatização. As que estão arrumadas e que poderiam gerar muito caixa para o Tesouro, e consequentemente reduções significativas na dívida pública, como o Banco do Brasil e a Eletrobras, podem ser vendidas com rapidez – diz Franco.

Maior produtividade na economia será perseguida com diminuição da burocracia para abertura e fechamento de empresas.

A concorrência será a norma básica da organização econômica, em oposição à tutela pelo Estado.

LAURA CARVALHO – GUILHERME BOULOS (PSOL)

Formada e com mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutorado pela New School for Social Research, Laura Carvalho é professora da Universidade de São Paulo. Suas pesquisam se concentram nas áreas de macroeconomia e desenvolvimento econômico, principalmente na relação entre crescimento econômico e distribuição da renda. Diz ser key nesiana, mas não se considera desenvolvimentista.

O QUE PENSA

À frente do grupo que vai construir as propostas para a economia no programa do PSOL, Laura Carvalho avalia que diminuir as desigualdades e distribuir renda são as bases de um crescimento sustentado. E esse será o norte das propostas do partido. Entende que a concentração das riquezas é entrave ao desenvolvimento e leva a própria elite a sofrer consequências em razão da divisão social.

Entre as discordâncias com os desenvolvimentistas está a visão de que não é preciso, necessariamente, apoiar a indústria nacional como base para crescimento da economia. Para ela, a mão do Estado na condução do país deve ser usada ouvindo o que a sociedade deseja e dar apoio a essas escolhas.

É contra incentivos direcionados a setores específicos da indústria, como ocorreu no período do PT no poder, com desonerações e dinheiro do BNDES. Iniciativas do gênero, entende ela, acabam se tornando apenas política de transferência de recursos. A redistribuição de renda geraria economia mais dinâmica, com reflexos positivos para os demais setores produtivos.

Ajustes fiscais como os feitos pelo governo Temer fragilizaram o mercado de trabalho e não levaram à reação da economia.

OUTROS PRESIDENCIÁVEIS MENTORES DE SI MESMOS

Ministro da Fazenda do governo Temer até o início do mês, Henrique Meirelles (PMDB) ainda tenta viabilizar sua candidatura. Foi presidente internacional do BankBoston e presidiu o Banco Central no governo Lula. É liberal, defende as reformas e a necessidade de aumentar a produtividade, mas é mais pragmático do que ideológico.

Paulo Rabello de Castro (PSC) também integrou o governo Temer, na presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). É fundador e sócio licenciado da SR Rating. Embora seja um liberal não compartilha a crença de que a economia pode ser ajustada apenas pelo livre mercado. No banco, defendeu maior participação no crédito, na contramão de Meirelles.

A INCÓGNITA

Bem posicionado em pesquisas e recém filiado ao PSB, Joaquim Barbosa, ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal, ainda não decidiu se irá concorrer ao Planalto. Na quinta-feira, reunido com o partido, afirmou que “ainda não é candidato”. Apesar dessas declarações, no PSB a expectativa é que adote o programa do então presidenciável Eduardo Campos em 2014.

SEM REFERÊNCIAS

Os pré-candidatos Flávio Rocha (PRB), Levy Fidelix (PRTB), José Maria Eymael (PSDC),Aldo Rebelo (SD) e João Vicente Goulart (PPL) ainda não têm a figura de referência econômica. 0 PSTU não respondeu quem está à frente das propostas para a área ou é referência para a pré-candidata Vera Lúcia. Cabo Daciolo (Avante) e Fernando Collor (PTC) também não indicaram quem seriam suas referências.

https://jlcoreiro.wordpress.com/2018/04 ... .publishes




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7647 Mensagem por Clermont » Sáb Mai 05, 2018 4:32 pm

Além de repressão, crise nicaraguense traz lição de ironia.

Editorial de O Globo, 5-05-18.

Há mais de 15 dias, a Nicarágua vive uma onda de revolta que, segundo o Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh), já provocou a morte de 45 pessoas, inclusive mais de uma dezena de estudantes universitários, contrários à reforma da Previdência proposta pelo governo. A intensidade dos protestos e a violenta reação das forças policiais transformaram as ruas de Manágua e de outras cidades num campo de guerra e destruição, evocando os dias de luta da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), que culminaram na queda do ditador Anastasio Somoza, em 1979.

Mas desta vez, paradoxalmente, é o governo de Daniel Ortega, líder da FSLN, que, confrontado pela realidade fiscal, defende uma política recomendada pelo ex-arqui-inimigo Fundo Monetário Internacional (FMI), incluindo uma reforma da Previdência. É também a prova cabal de que, por mais difícil que seja o processo de ajuste das contas públicas, ele é incontornável, se o governante não quiser ver as finanças do país ruírem, como ocorreu com boa parte dos governos bolivarianos, levando o continente a uma guinada política para o centro nos últimos anos.

Mas a ironia não se restringe ao campo econômico. Ao reprimir violentamente os protestos, Ortega age de forma imperial como os ditadores da dinastia Somoza. Entre os 45 mortos registrados pelo Cenidh, estão um adolescente, um jornalista, dois policiais e 18 estudantes. O restante são populares que aderiram aos atos contra o governo.

Os manifestantes destruíram prédios públicos, monumentos e símbolos da FSLN. Também ocorreram saques. Nem mesmo a retirada do projeto de reforma da Previdência pelo governo arrefeceu os ânimos. A luta agora é pela queda de Ortega e de sua vice-presidente e mulher, Rosario Murillo, acusados de fraudar as eleições, autorizar aumentos exorbitantes dos combustíveis e dirigir a ação truculenta da polícia.

Para retomar o diálogo com o governo, os estudantes exigem a criação de uma comissão internacional independente para investigar e punir os responsáveis pelas 45 mortes. Esta comissão seria formada pelo Cenidh, a Corte Internacional de Justiça e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Esta última, porém, não teve autorização de Manágua para visitar o país.

Ortega, por outro lado, começa a perder apoio até mesmo de setores à esquerda e entre os militares, que têm exortado o governo a iniciar negociações imediatamente. O poeta Ernesto Cardenal, de 93 anos, uma das principais vozes do sandinismo, criticou duramente Ortega: “Não queremos diálogo, queremos outro governo”. Ortega certamente cometeu pecados suficientes para justificar sua destituição, o principal deles, a repressão contra a população que jurou defender. Mas seja qual for o desfecho da crise, as questões das contas públicas, em geral, e do déficit da Previdência, em particular, continuarão exigindo uma solução.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7648 Mensagem por cassiosemasas » Dom Mai 06, 2018 11:54 pm

'Como defender meritocracia quando Brasil é o país que menos taxa herança?', diz discípulo de Piketty'

'Como é possível defender a narrativa de meritocracia quando o Brasil é o país que menos taxa herança?'
A provocação é do economista irlandês Marc Morgan Milá. Nos últimos anos, ele vem investigando dados sobre a concentração de renda no Brasil para definir um retrato mais apurado da desigualdade no país.

"Se você ganhar uma fortuna de seus pais e essa fortuna é pouco taxada, como no Brasil, você já começa com mais vantagens na sociedade. Como falar de meritocracia? O que há é a persistência da desigualdade através de gerações", diz ele, em entrevista à BBC, durante o Brazil Forum UK, evento organizado por estudantes brasileiros na Inglaterra.

Uma das conclusões mais contundentes de seus estudos é de que a desigualdade no Brasil não caiu tanto quanto se imaginava nos últimos anos: na prática, argumenta o especialista, ela acabou ofuscada pelo enriquecimento dos mais ricos num ritmo superior ao dos mais pobres.

Nascido na Irlanda, Milá é aluno do francês Thomas Piketty, o economista que ganhou fama mundial com seu livro, o best-seller O Capital no Século XXI, em que mostrou que o capitalismo vem concentrando renda.

No Brasil, a alíquota máxima do imposto sobre herança, o ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação), de competência estadual, é de 8%. Mas a média cobrada é menor, de 4%, lembra o economista.

AFP
Imagem
Piketty é considerado um dos principais críticos da concentração de renda

Já em outros países, como a Europa Ocidental, os Estados Unidos e o Japão, essa taxa é bem mais alta, de 25% a 40%.

Milá defende a implementação de um sistema de impostos de herança "progressivo".

"Ou seja, quanto maior a fortuna a ser recebida, maior a incidência do imposto", explica.

Isso não significa dizer que toda e qualquer herança deveria ser sobretaxada. O economista reforça que o imposto deveria variar de acordo com o montante recebido.

"Talvez seja injusto para famílias mais modestas pagar maior alíquota da herança. Mas a chave é a progressividade. Acima de determinado nível, tem que ser debatido se as taxas deveriam ser aumentadas e em até quanto. O problema do Brasil é que se aplica apenas uma alíquota, o que é muito limitante, independentemente do volume do patrimônio transferido", diz.

Milá lembra, contudo, que outras nações emergentes não cobram nenhum imposto sobre herança, como China, Índia ou África do Sul.

"Mas a pergunta que devemos nos fazer é: deveríamos seguir o exemplo deles?", questiona o economista.

Segundo ele, há uma associação direta entre a taxação de grandes heranças e a desigualdade.

"Há uma forte correlação entre como você regula a transmissão de riqueza e o desempenho dos indicadores de desigualdade de renda", diz.

Questionado pela reportagem, Milá argumenta que o caso vale inclusive para os Estados Unidos, que, embora longe de ser exemplo, ainda é menos desigual do que o Brasil.

"É importante lembrar que, durante as décadas de 50, 60 e 70, países como os Estados Unidos e o Reino Unido eram os que cobravam as maiores alíquotas sobre a herança, chegando a 90% em alguns casos", explica.

O problema, segundo Milá, é que não basta aperfeiçoar a tributação sobre a herança se o sistema tributário não for reestruturado como um todo.

"Trata-se de apenas um ingrediente. No caso americano, por exemplo, essa taxação foi amplamente erodida ao longo do tempo. Hoje há várias lacunas que possibilitam aos mais ricos evitarem pagar um imposto maior".

No contexto brasileiro, além da alíquota única e baixa, o sistema também é falho, argumenta o economista.

"Não necessariamente a transmissão é feita quando da morte, mas pode ser feita por meio de 'presentes' e doações", acrescenta.

Na avaliação de Milá, "não queremos construir uma sociedade na qual as pessoas herdem fortunas e, por causa disso, não tenham que trabalhar, enquanto os outros não têm a mesma opção".
Solução

Qual seria, então, a solução para a desigualdade no Brasil?

Para Milá, "essa decisão cabe aos brasileiros. Como um observador internacional, depende de quais são as preferências".

Ele arrisca palpites. "Há muito mais que pode ser feito no campo da arrecadação. O Brasil ainda recolhe muito pouco comparado com o que poderia porque há muitas isenções".

Neste sentido, diz ele, o argumento "de que se paga muito imposto no Brasil" pode ser justificável do ponto de vista da classe média.

"Talvez a classe média tenha um ponto. Porque muitas dessas isenções se aplicam a rendas dos muitos ricos, então esse fardo acaba ficando com ela", diz.

"Aqueles que ganham mais, deveriam pagar uma fatia maior da sua renda. Esse é um elemento crucial. Estou falando do montante de imposto que você paga se a sua renda ultrapassar um determinado limiar", acrescenta.

"Por exemplo, se um executivo ganha US$ 1 milhão e quer ganhar outro US$ 1 milhão, a alíquota vai incidir sobre esse adicional. Isso cria um menor incentivo para que ele receba esse aditivo salarial. É uma forma de regular renda numa sociedade".

Segundo Milá, é preciso definir quais níveis são "justificados".

"Alguém deveria ganhar mais de US$ 1 milhão por ano? A alíquota não é tão importante, mas, sim, a partir de que limiar essa alíquota vai valer. Claro que você não vai aplicar uma alíquota de 90% em quem ganha 50 mil reais por ano. Tudo depende de como você estrutura as alíquotas em acordo com os limiares", assinala.

O economista acrescenta que a desigualdade no Brasil e no mundo é uma "escolha política".

"Em última análise, a desigualdade não é um fenômeno natural. Sempre foi uma escolha política. Quando as sociedades se tornam mais desiguais, o processo econômico para sustentar mais crescimento fica mais difícil, uma vez que há poucas pessoas no topo", diz.

Para Milá, quanto mais desigual uma sociedade, menos democrática ela se torna.

"Se você concentra renda nas mãos de poucas pessoas, qual é o sentido da democracia? Qual é o sentido do processo eleitoral? Neste sentido, a política acaba se tornando um jogo de R$ 1 por voto, de US$ 1 por voto, em vez de uma pessoa por voto", conclui.





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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7649 Mensagem por Túlio » Seg Mai 07, 2018 12:40 pm

De onde esse cara tirou a "pérola" de a desigualdade não ser um fenômeno natural? Claro que é, não consigo lembrar de uma só sociedade humana em que todo mundo fosse igual; pior, nem os animais gregários o são, até bandos/alcatéias de leões e lobos têm líderes que vivem melhor que os demais. Até abelhas e formigas têm sua hierarquia social, com uma maioria submetida a uma minoria.

Aliás, uma sociedade plenamente igualitária estaria fadada à extinção, pela absoluta falta de estímulo ao progresso.




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P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7650 Mensagem por Marechal-do-ar » Seg Mai 07, 2018 12:56 pm

Dentro do contexto o que ele falou faz sentido, a "pérola" é retirar do contexto.

A propósito, o autor parece concordar com você...




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