República Centro Africana - MINUSCA

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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Re: República Centro Africana - MINUSCA

#331 Mensagem por FCarvalho » Ter Mar 06, 2018 11:32 am

É vexatório notar, mais uma vez, o quanto a falta de uma política de Estado, e de políticos sérios, nos faz passar mais este vexame de não conseguir dispor no tempo demandado dos recursos humanos e materiais para fazer frente a esta missão em função de problemas internos que nada tem a ver com as ffaa's... mas para os quais estas tem seguidamente servido inopinadamente de testa de ferro para o citos políticos.

Até parece que voltamos ao começo do século XX.

Um exército com mais de 220 mil homens e não conseguimos enviar mil para uma missão no exterior porque este mesmo exército está aqui dentro tentando varrer a sujeira alheia para debaixo do tapete.

É... o Brasil realmente merece a canga que tem.

abs.




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Re: República Centro Africana - MINUSCA

#332 Mensagem por cabeça de martelo » Qua Mar 07, 2018 11:12 am

Militares partiram hoje para missão da ONU na República Centro-Africana

Partiram esta madrugada, dia 5 de março, 138 militares (135 do Exército e 3 da Força Aérea) para a Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA).

Esta é a 3ª Força Nacional Destacada (FND), que se irá juntar a um destacamento avançado de 21 militares que já se encontram no terreno desde o dia 18 de Fevereiro.

O Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), o Secretário de Estado da Defesa Nacional e o Chefe do Estado-Maior do Exército estiveram presentes para desejar a todos os militares uma boa missão.

No seu discurso, o Almirante CEMGFA deixou aos militares a seguinte mensagem: "Honrem as tradições das forças a que pertencem. Tenham brio na boina que vos cobre. Prestigiem Portugal, simbolizado na bandeira que vos guiará nesta missão".

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Re: República Centro Africana - MINUSCA

#333 Mensagem por FCarvalho » Qua Mar 07, 2018 9:22 pm

Boa sorte, e que bons ventos tragam todos de volta á casa sãos e salvos.

abs.




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Re: República Centro Africana - MINUSCA

#334 Mensagem por cabeça de martelo » Qui Mar 08, 2018 1:52 pm

TOMAR/REPORTAGEM | CAPACETES AZUIS PORTUGUESES PARTIRAM DO RI15 PARA A REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA

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Simulacro durante o aprontamento da 3ª Força Nacional Destacada-Conjunta/MINUSCA. Foto: mediotejo.net

Chegámos ao mês de março, altura agendada para os 159 elementos da 3ª Força Nacional Destacada-Conjunta/MINUSCA iniciarem a sua missão da Organização das Nações Unidas (ONU) na República Centro-Africana (RCA). Lá, a cerca de 5.000 quilómetros de distância do Regimento de Infantaria n.º 15 onde foram aprontados, enfrentam um teatro de operações marcado pela guerra civil que se arrasta desde 2013. Acompanhámos alguns momentos da preparação da força militar e ficámos a conhecer, na primeira pessoa, pormenores desta missão dos capacetes azuis que ostentam a bandeira nacional, assim como o próprio RI15.

Foi em Tomar, nas instalações do RI15, que iniciámos a nossa reportagem sobre a 3ª Força Nacional Destacada-Conjunta/MINUSCA, onde falámos com o Coronel de Infantaria Francisco Duarte, Comandante do RI15 sobre a unidade militar. A missão foi-nos dada a conhecer no mesmo local pelo Tenente-Coronel de Infantaria João Bernardino, Comandante do 1º Batalhão de Infantaria Paraquedista (1º BIPara) e responsável pela força militar conjunta que integra militares do Exército e da Força Aérea.

Mais tarde entrámos no cenário recriado da capital da RCA, Bangui, no Aeródromo Militar de Tancos (concelho de Vila Nova da Barquinha) durante a avaliação da prontidão para o combate (Combat Readiness Evaluation – CREVAL) por parte da Inspeção Geral do Exército e regressámos ao RI15 no momento simbólico da entrega do Estandarte Nacional pelo Chefe do Estado Maior do Exército, General Francisco Rovisco Duarte.

RI15: O PONTO DE PARTIDA

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Entrada do RI15, em Tomar. Foto: mediotejo.net
O RI15 – Regimento de Infantaria n.º 15 recebeu a missão de preparar a 3ª Força Nacional Destacada-Conjunta/MINUSCA. Uma responsabilidade que se junta às muitas outras assumidas na história da unidade militar cujas origens remontam à segunda metade do século XVIII, no tempo das “Novas ordenanças” do rei D. João V. Herdeiro do 2º Regimento de Olivença, o regimento que apronta o 1º Batalhão de Infantaria Paraquedista (1º BIPara) da Brigada de Reação Rápida (BrigRR) passou por diversos locais até ser transferido para Tomar em 1901.

A cidade templária acolheu-o primeiro no antigo Quartel de São Francisco, na Várzea Grande, onde voltou em 1939 depois de ter sido transferido para Lagos e estreou as atuais infraestruturas em 1964. O Coronel de Infantaria Francisco Duarte, confirma o peso histórico do regimento que assinala do Dia da Unidade a 19 de maio e que comanda desde janeiro de 2015, acrescentado pelo facto de ter sido a unidade militar mais condecorada do país até há cerca de cinco anos.

Não descarta que o feito possa ter resultado da “conjuntura” e do tempo de existência da unidade, mas salienta a “mística” vinda dos tempos de Gualdim Pais que motiva “os militares que por aqui passam a encarem aquilo que fazem com muito mais coragem e determinação”. Algo que sentiu quando chegou depois dos anos passados em Mafra como formando e instrutor e das missões que o levaram a viajar por Moçambique, Angola, Timor-Leste, Uganda, Afeganistão e o Comando da NATO em Nápoles.

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Coronel de Infantaria Francisco Duarte. Foto: mediotejo.net
O Comandante natural de Coimbra reconhece que a arte de comandar gera tanto de orgulho como de apreensão pela responsabilidade envolvida e que o funcionamento em grupo “tem de funcionar como uma máquina muito oleada”. “Para comandarmos”, continua, temos que gostar do que fazemos, temos que gostar das pessoas” pois a experiência confirmou-lhe que “o soldado, ou seja, a pessoa é o mais importante”.

O RI15 é uma unidade essencialmente paraquedista e tem na sua estrutura o Comando, a Companhia de Serviços e o 1º Batalhão de Infantaria Paraquedista (BIPara). A Porta de Armas é aberta à população em eventos pontuais, como o corta-mato infantil promovido anualmente pela Câmara Municipal de Tomar e o Coronel sublinha que “estamos abertos ao público de forma organizada”, mas não fazem “propaganda” do facto pois a missão do RI15 não é essa.

Falando de missão passamos para a da 3ª Força Nacional Destacada-Conjunta/MINUSCA, que carateriza de “muito exigente”, “de interesse nacional” e “que requer grande prontidão, cumprida por forças especiais”. Um contributo, diz, para a credibilidade do país junto das entidades estrangeiras e para “o esforço coletivo de defesa, paz e bem-estar no mundo inteiro”. Acredita que os 159 militares têm noção de que “são os nossos embaixadores”.

A FORÇA MILITAR

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Simulacro durante o aprontamento da 3ª Força Nacional Destacada-Conjunta/MINUSCA. Foto: mediotejo.net
Uma vez conhecidos o ponto de partida da 3ª Força Nacional Destacada-Conjunta/MINUSCA e o espírito que envolveu a preparação da força militar composta por 156 elementos do Exército e três da Força Aérea, conversámos com a pessoa responsável pelo seu comando. Para o Tenente-Coronel de Infantaria João Bernardino esta missão tem um caráter especial pois nasceu em Luanda e simboliza o regresso ao continente africano, de onde saiu com cerca de cinco anos.

Conheceu a “mística” tomarense na adolescência, depois da família se mudar do Entroncamento, e quando foi colocado no RI15 no tempo do Batalhão de Infantaria Motorizada. O primeiro batalhão de paraquedistas chegou em 1996 ao RI15 e até à data contam-se 10 missões com passagem pela Bósnia, Kosovo, Afeganistão, Guiné, Iraque e Timor-Leste, nos três primeiros locais com a presença militar que comanda o 1º BIPara desde dezembro de 2016.

Esta é a sua oitava missão como Força Nacional Destacada, a primeira como comandante, e momento atual é encarado como o ponto alto da sua carreira, marcada desde quatro de setembro de 2017 pelo aprontamento da força militar que acompanhará na RCA durante seis meses. O processo teve como pilares “disciplina, treino e motivação” que resultaram, segundo os dados que partilha do Centro de Psicologia Aplicada do Exército, num grupo “coeso”, “moralizado” e “tecnicamente preparado” para a missão.

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Tenente-Coronel de Infantaria João Bernardino. Foto: mediotejo.net
A 3ª Força Nacional Destacada-Conjunta/MINUSCA é formada por um Comando e Estado-Maior, um destacamento de apoio constituído pelos módulos de Comunicações, Sanitário, Manutenção, Engenharia (com vocação para engenhos explosivos improvisados), Alimentação e Reabastecimento e Serviços, três pelotões de paraquedistas e uma equipa de controlo Aéreo Tático (TACP) da Força Aérea como força de manobra.

Alguns elementos do módulo de transmissões vêm da Companhia de Transmissões da BrigRR (Tancos) e outros do Regimento de Transmissões do Porto. A alimentação será assegurada por militares da Escola dos Serviços (Póvoa do Varzim) e a manutenção pelos oriundos do Regimento de Manutenção (Entroncamento). Por sua vez, o módulo sanitário junta elementos do Campo Militar de Santa Margarida (Constância) e da Direção de Saúde.

Acompanhámos os médicos Guilherme Assunção e Luís Duarte, os enfermeiros Sónia Rodrigues, Abel valente e André Silva e os socorristas Jorge Santos e Suzanne Pitois que receberam treino para enfrentar uma situação real de combate. No exercício a que assistimos, um militar português tinha sido atingido numa emboscada e, à semelhança, dos restantes elementos da força têm que “saber exatamente o que faz em prol da missão”.

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Exercício militar do modulo sanitário. Foto: mediotejo.net
Segundo o Tenente-Coronel, terão de funcionar “como um relógio suíço” pois “a força vale pelo seu coletivo”. Guilherme Assunção, com quem falámos posteriormente, partilha a ideia e destaca que o aprontamento é muito importante. Refere que o ambiente, a fauna e flora, serão o “maior desafio” do módulo sanitário, nomeadamente os mosquitos devido à transmissão de doenças infetocontagiosas derivadas do clima tropical que vão encontrar na RCA.

A força irá enfrentar outros desafios e a preparação não se restringe à parte técnica e táctica. O comandante sublinha a importância “da parte psicológica, da lealdade e da coesão”. Acrescenta-lhe o apoio familiar que foi salvaguardado com a criação do “núcleo de apoio à família” e a distribuição de folhetos para serem entregues em casa pelos militares com informações que permitem assegurar um contacto permanente nos casos em que as comunicações pessoais falham.

Outra iniciativa que marcou o aprontamento foi o lançamento da campanha de solidariedade “Ajude-nos a ajudar a República Centro Africana” que recebeu apoio de entidades públicas e privadas a nível nacional. Com a força militar chega à RCA equipamento escolar e desportivo que será entregue às escolas e instituições com o objetivo de contrariar a tendência crescente do surgimento dos “meninos- soldado”.

A AVALIAÇÃO E O ESTANDARTE NACIONAL

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entrega do Estandarte Nacional ao comandante da 3ª Força Nacional Destacada-Conjunta/MINUSCA. Foto: mediotejo.net
A preparação é fundamental para que se atinjam os objetivos definidos, mas desengane-se quem pensar que o aprontamento basta. A 3ª Força Nacional Destacada-Conjunta/MINUSCA, tal como muitas outras, apenas foi declarada como estando preparada para o desempenho da sua missão depois de superar a validação interna num exercício realizado no Campo de Tiro de Alcochete e, mais tarde, pela Inspeção Geral do Exército durante o CREVAL (Combat Readiness Evaluation).

Este último momento de avaliação, o exercício Bangui 181, decorreu no Aeródromo Militar de Tancos, que alberga o Comando da BrigRR, e no Campo Militar de Santa Margarida. Estivemos no primeiro local, mas podíamos estar em Boda (Lobaye) para onde a força foi destacada na simulação preparada. Ao lado, que na verdade representa 180 quilómetros, encontrámos o Comando e Estado-Maior e uma equipa do destacamento de Apoio e Serviços.

A força ficará sediada no aquartelamento francês M. Poko, localizado na capital da RCA, Bangui, perto do aeroporto. Lá estará o Centro de Operações Táticas, onde nos cruzámos com o Coronel de Transmissões José Santos Rodrigues, chefe da equipa de inspeção composta por nove elementos que realizou a avaliação ao nível administrativo, logístico e tático, desde o plano de aprontamento à forma como os militares respondem nas ações.

Tomar/REPORTAGEM | Capacetes azuis portugueses partiram do RI15 para a República Centro-Africana
Coronel de Transmissões José Santos Rodrigues durante o CREVAL. Foto: mediotejo.net
Foi entre o briefing inicial e a apresentação da componente operacional que o Coronel nos referiu que a força é considerada capacitada se corresponder aos “requisitos que foram determinados pela NATO e pelas NU”. A check-list com os critérios é extensa, sublinha, e por norma os elementos da equipa de inspeção detetam “pequenos ajustes que é necessário fazer” dentro da área que cada um avalia.

Acrescenta que “quando uma força está a ser preparada e aprontada para um teatro de operações que existe uma exigência bastante forte, há uma grande concentração de esforços para que tudo isto corra bem”. Esse é o sentimento do Primeiro-Sargento Sandro Falcão, um dos elementos que integra a 3ª Força Nacional Destacada-Conjunta/MINUSCA na quinta missão em que participa, a primeira da ONU.

Para o militar habilitado a pilotar drones “cada missão é uma missão”. Diz que nos tempos que antecedem a partida é “na família” que pensa e as filhas, já crescidas, encaram a situação “aparentemente com naturalidade”. A missão em que a paz muitas vez envolve a guerra e se vai ajudar quem não conhece, deixando para trás quem se conhece, será desempenhada com um “sentido de missão” em que “os valores humanitários fazem toda a diferença”.

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Primeiro-Sargento Sandro Falcão. Foto: mediotejo.net
O Primeiro-Sargento sublinha ainda que o que move o grupo é “o sentido de corpo que temos, a camaradagem e podermos ajudar as populações” e quando questionado sobre o elemento fundamental para quem parte (a técnica, a robustez física ou a preparação mental) responde que o mais importante “é o homem, é a pessoa, é o militar” complementado pelo “sentido de todo” e a “interação pessoal”.

O “todo” esteve presente dias depois na Parada D. Nuno Alvares Pereira, no RI15, durante a cerimónia de entrega do Estandarte Nacional presidida pelo Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), General Francisco Rovisco Duarte. A comitiva formada por representantes de entidades civis e militares, nomeadamente a presidente da Câmara Municipal de Tomar, Anabela Freitas, e os comandantes de algumas unidades militares da região à passagem das cores da Bandeira Nacional para as mãos do Tenente-Coronel de Infantaria João Bernardino.

Um dia chuvoso a abençoar a partida da força que o CEME caraterizou como “preparada para enfrentar o desafio que se avizinha” numa missão que dá continuidade ao trabalho desenvolvido por Portugal no âmbito da segurança e paz no mundo. O General terminou a sua intervenção pedido aos 159 militares da 3ª Força Nacional Destacada-Conjunta/MINUSCA para manterem “os elevados padrões de exigência e profissionalismo” e procurar dar o melhor de si “em todas as circunstâncias”.

A GUERRA CIVIL NA RCA E A MINUSCA

O atual conflito na República Centro-Africana teve início com o derrube do presidente François Bozizé, em 2013, pelas forças rebeldes muçulmanas Séléka e a resposta da milícia cristã Anti-Balakas, composta por grupos armados da comunidade cristã. A presidência do primeiro muçulmano, Michel Djotodia, acabaria por dar lugar à eleição de Faustin-Archange Touadéra para o cargo, em 2016, num processo aparentemente pacífico e que chegou a ser aplaudido pela ONU.

No entanto, a violência intensificou-se em 2017 e, no passado dia 24 de janeiro, o Governo da RCA pediu ajuda para cerca de dois milhões e meio de pessoas, quase metade da população. O apelo foi feito durante a apresentação do plano de resposta humanitária para 2018, desenvolvido em conjunto com a ONU, e é uma das formas com que a instituição pretende dar resposta à guerra na antiga colónia francesa que já provocou milhares de mortos e deslocados.

A outra é através da presença das Forças de Paz no terreno, nomeadamente da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização na República Centro Africana, a MINUSCA, criada em abril de 2014 e que teve início em setembro desse ano. O objetivo primordial desta missão, prolongada por um ano pela ONU no passado mês de novembro, é proteger os civis nos confrontos, assim como de apoiar no processo de transição que envolve o desarmamento e desmobilização dos grupos rebeldes.

As Forças Armadas Portuguesas passaram a integrar missão em julho de 2016, tendo o Exército recebido a responsabilidade de aprontar uma Força Nacional Destacada (FND). A Brigada de Reação Rápida (BrigRR) foi definida como Unidade Organizadora e as duas primeiras missões desta FND empregue como Força de Reação Rápida (FRR) foram entregues ao Centro de Tropas Comandos (Sintra). A terceira foi aprontada no RI15 – Regimento de Infantaria n.º 15 (Tomar) e a quarta partirá do RI10 – Regimento de Infantaria n.º 10 (Aveiro).

:arrow: http://www.mediotejo.net/tomar-reportag ... -africana/




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Re: República Centro Africana - MINUSCA

#335 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Mar 20, 2018 11:26 am

FORÇA PORTUGUESA NA REPÚBLICA CENTRO AFRICANA
Por Miguel Machado

A 3.ª Força Nacional Destacada portuguesa na República Centro Africana, projectada para este país no início de Março de 2018, tem estado nestas duas primeiras semanas de missão a preparar-se para muito em breve iniciar a actividade operacional e ao mesmo tempo a concluir a sua instalação naquela que vai ser a sua base principal nos próximos 6 meses, campo M’Poko, Bangui, RCA. A FND na MINUSCA (United Nations Multidimensional Integrated Stabilization Mission in the Central African Republic) é em 80% constituída por militares paraquedistas da Brigada de Reação Rápida mas integra também elementos das armas e serviços do Exército e um Destacamento de Controlo Aéreo Táctico da Força Aérea Portuguesa.

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A 3.ª FND portuguesa na RCA está a dias de atingir a Full Operational Capability (FOC) e iniciar o emprego operacional às ordens do comandante da MINUSCA.

...

:arrow: http://www.operacional.pt/forca-portugu ... -africana/




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Re: República Centro Africana - MINUSCA

#336 Mensagem por eligioep » Ter Mar 20, 2018 4:19 pm

Parece que a MINUSCA vai esperar mais um pouco pelos brasileiros.....
A ONU oficializou um convite para um Batalhão de 880 homens para o Congo - MONUSCO. E por motivos de logística, esta deverá ser atendida antes.




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Re: República Centro Africana - MINUSCA

#337 Mensagem por tamokae » Ter Mar 20, 2018 5:39 pm

eligioep escreveu:Parece que a MINUSCA vai esperar mais um pouco pelos brasileiros.....
A ONU oficializou um convite para um Batalhão de 880 homens para o Congo - MONUSCO. E por motivos de logística, esta deverá ser atendida antes.
É isso logistica!? :oops:




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Re: República Centro Africana - MINUSCA

#338 Mensagem por FCarvalho » Qua Mar 21, 2018 12:18 am

Agora é que eu não entendi necas...
Já estava quase desistindo da RCA, e agora vamos para a MINUSCA por questões de logística?
Não me parece algo muito lógico.
Tem caroço nesse angu aí.

ps: a MONUSCO faz a situação da RCA parecer um passeio no parque... :roll:

abs




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Re: República Centro Africana - MINUSCA

#339 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Abr 03, 2018 6:17 am

Baptismo de fogo para os Páras na República Centro Africana. 31MAR2018

«...Logo que esclarecida a situação e com alvos bem definidos constituídos por elementos armados que disparavam, os militares portugueses abriram fogo controlado sobre os mesmos e largaram gás lacrimogéneo, tendo como resultado a desorganização das posições de tiro e a fuga dos elementos do grupo armado...»

Segundo comunicado do Estado-Maior General das Forças Armadas Portuguesas os militares portugueses na RCA foram flagelados e abriram fogo sobre forças hostis, não havendo do nosso lado baixas a lamentar.
Aqui fica o comunicado do EMGFA na íntegra.
«Ontem dia 31 de Março, pelas 19h10, durante uma patrulha de rotina no 3º distrito na cidade de Bangui, constituída por militares portugueses ao serviço das Nações Unidas, foi flagelada com tiros de armas ligeiras por elementos de um grupo armado.
O referido grupo armado utilizou a população civil (mulheres e crianças) como escudos humanos para se protegerem.
Logo que esclarecida a situação e com alvos bem definidos constituídos por elementos armados que disparavam, os militares portugueses abriram fogo controlado sobre os mesmos e largaram gás lacrimogéneo, tendo como resultado a desorganização das posições de tiro e a fuga dos elementos do grupo armado.
Foram de imediato enviados para o local elementos portugueses que estavam constituídos como força de reacção rápida, para auxiliar a força atacada. A patrulha portuguesa continuou em missão até à hora prevista, cerca das 23h.
Todos os militares portugueses encontram-se bem, não existindo baixas a lamentar.»

Fonte: Operacional




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Re: República Centro Africana - MINUSCA

#340 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Abr 03, 2018 7:50 am

Diamantes, sangue e militares portugueses sob fogo
02 Abril

Pedro Raínho

Nuno André Martins

60 militares portugueses foram atacados este sábado na República Centro Africana. Marcelo esteve com eles há uma semana. O que se passa naquele que é um dos países mais pobres e violentos do mundo?

Os primeiros disparos sobre os militares portugueses pareciam sair das casas que percorriam a rua por onde passava a patrulha ao serviço da ONU. No final da tarde deste sábado, já com o sol a desaparecer por detrás dos edifícios, os elementos da força especial de pára-quedistas colocaram os óculos de visão noturna e rapidamente perceberam que não podiam responder em força: havia mulheres e crianças entre os atacantes que apontavam aos 15 portugueses, do interior das casas do bairro comercial, nos arredores de Bangui, capital da República Centro Africana, um dos países mais pobres do mundo, apesar dos seus extensos recursos naturais, que tem assistido a sangrentos golpes desde que se tornou independente, nos anos 60, e onde a violência tem vindo a aumentar.

Execuções, raptos, violações, milhares de crianças obrigadas a tornarem-se crianças soldado para grupos armados que reclamam a sua parte do território, mais de metade da população a precisar de ajuda humanitária e um milhão de pessoas desalojadas é o retrato do país africano mais longe do mar e onde estes portugueses arriscam a sua vida.

60 portugueses na linha do fogo

Num primeiro momento, a patrulha portuguesa chamou outros 15 militares para reforçar a posição. Não foi suficiente. Passados poucos minutos chegavam mais pára-quedistas da Quick Reaction Force. Eram já 60 militares portugueses, apoiados por 12 viaturas blindadas de combate, e estiveram quatro horas a resistir ao fogo de um “grupo fortemente armado” que aproveitou a passagem daquela patrulha integrada na missão de paz na República Centro Africana para tentar vincar uma mensagem: “Nós mandamos aqui.” O gás lacrimogéneo e o poder de fogo dos militares portugueses acabaram por obrigar o grupo a dispersar — sem que houvesse baixas de qualquer dos lados.*

O ataque não foi uma surpresa. Nem sequer foi uma estreia, num país onde a violência atingiu um novo pico no último ano e meio. Em outubro do ano passado, a força portuguesa era chamada a participar numa “operação militar de grande envergadura na região de Bocaranga”. A operação serviu para “restabelecer a ordem e a segurança assim como a protecção da população” daquela zona, “através da expulsão do denominado grupo armado 3R (Retorno, Reclamação e Reabilitação), entre outros elementos e grupos armados”, informava o gabinete do Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas (CEMGFA).

Desde que os militares portugueses chegaram a este país africano, no início de 2017, houve vários momentos de tensão e casos em que os grupos armados que controlam algumas zonas de Bangui sofreram pesadas baixas no confronto direto com a força nacional equipada com os capacetes azuis da missão de paz. “Estão bem armados e bem preparados, são uma força especial”, resume fonte militar ao Observador.

Neste momento, 160 militares portugueses integram a Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA). São pára-quedistas, mas já foram comandos — coube sempre ao Exército a representação nacional naquele país africano. Compõem a Quick Reaction Force (ou Força de Reação Rápida), aquilo que fontes militares descrevem ao Observador como a “unidade de confiança” do general senegalês que comanda a missão, Balla Keïta.

https://observador.pt/especiais/militar ... -do-mundo/

* - Os militares Portugueses em 30 anos de missões fora têm uma capacidade muito especial, podem estar no pior TO do mundo, mas conseguem sempre a proeza de não matar ninguém... 8-] :lol:




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Re: República Centro Africana - MINUSCA

#341 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Abr 03, 2018 9:58 am

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Re: República Centro Africana - MINUSCA

#342 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Abr 03, 2018 12:04 pm

Paraquedistas atacados por mafiosos que controlam capital centro-africana

Marcelo Rebelo de Sousa elogiou "determinação e serenidade" da reação, com recurso a metralhadoras pesadas de 12,7 mm, contra os autores da emboscada

A vontade da ONU em acabar com os grupos criminosos que controlam o bairro comercial PK5, em Bangui, explica a emboscada feita aos 15 paraquedistas que sábado patrulhavam o local, disse ontem o porta-voz do Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA).

O comandante Coelho Dias explicou ao DN que o ataque - desencadeado ao princípio da noite por uma dúzia a duas dezenas de bandidos, escondidos atrás de mulheres e crianças - não constituiu uma surpresa, pois o chefe de um desses grupos criminosos já tinha anunciado há dias que os capacetes azuis iriam ser atacados se entrassem naquele bairro problemático da capital da República Centro-Africana (RCA).

A operação naquele bairro muçulmano, controlado por grupos mafiosos que exigem dinheiro aos comerciantes e habitantes a troco de segurança, foi planeada com base em informações do terreno e trajetos definidos. "Não era uma patrulha em vão" ou que de repente se viu perdida no PK5, frisou Coelho Dias. A primeira dessas ações tinha-se realizado na semana passada, traduzindo a decisão do comandante operacional da ONU na RCA, general Balla Keita (Senegal), de libertar os bairros de Bangui daqueles criminosos.

Este acabou por ser o primeiro ataque contra os militares da ONU no PK5, segundo a AFP, que citou o diretor de comunicação da MINUSCA a afirmar que "estes ataques (...) mostram a natureza criminosa dos grupos armados" naquele bairro. Hervé Verhoosel também lembrou que o líder do grupo envolvido no ataque, Nimery Matar Jamous, tinha alertado na passada quarta-feira que "atacaria os "capacetes azuis"".

Sem vítimas entre os portugueses e admitindo-se que alguns dos atacantes possam pelo menos ter sido feridos, a resposta dada pelos paraquedistas foi elogiada ontem pelo Presidente da República. O Comandante Supremo das Forças Armadas, que cinco dias antes andou a pé com o seu homólogo em Bangui, enalteceu a forma determinada e serena como agiram depois de "alvejados por tiros de armas ligeiras, disparadas por um grupo armado a coberto de mulheres e crianças".

"Os militares portugueses souberam reagir a esta situação complexa com determinação e serenidade, não tendo sofrido qualquer baixa" naquela que era "uma patrulha de rotina", realçou Marcelo Rebelo de Sousa, numa mensagem publicada na página online da Presidência da República.

Note-se que, em março de 2017, o Chefe do Estado já tinha publicado uma mensagem - na sequência do louvor dado pelo general Balla Keita - a elogiar os Comandos portugueses por terem revelado "competência, prontidão operacional e bravura", durante uma operação de combate para proteger civis e que "assim, são uma vez mais reconhecidos internacionalmente".

As G3 davam "pouco jeito"

Este ponto foi, aliás, reforçado há uma semana por Marcelo Rebelo de Sousa ao dirigir-se aos soldados portugueses - os da ONU e os que comandam a missão de treino da UE na RCA - em Bangui: "Aqui está também o Comandante Supremo das Forças Armadas, aquele que [...] se orgulha dos militares portugueses porque são militares portugueses, que são os melhores militares do mundo, foram sempre, mas são cada vez mais."

O porta-voz do EMGFA, citando um dos operacionais envolvidos na emboscada, referiu ao DN que o risco na RCA é significativo mas não tão significativo como as missões cumpridas no Iraque e no Afeganistão. No entanto, os paraquedistas emboscados tiveram de recorrer às metralhadoras pesadas Browning - com calibre 12,7 mm - porque as munições 7,62 das velhinhas G3 davam "pouco jeito".

Mas essenciais para a bem sucedida resposta foram os óculos de visão noturna e a blindagem dos carros de combate, adiantou o porta-voz do EMGFA, na medida em que lhes permitiu estar protegidos durante a fase em que não podiam disparar devido aos civis usados como escudos humanos. Depois, tendo recebido o apoio de 45 paraquedistas da Força de Reação Rápida, começaram por uma demonstração de força - tiros para o meio da rua - que incluiu o lançamento de granadas de gás lacrimogéneo.

A operação, que durou cerca de quatro horas, acabou com os militares a desobstruir as ruas bloqueadas com pedras, mobílias e até sanitas, com o objetivo de lhes dificultar a saída do bairro.
No meio do bairro de Browning ...porque não dava jeito! :mrgreen: [003]

Mesmo tiro-a-tiro... que razia!

Mais nada, FO#" esses gajos!!! [011]




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Re: República Centro Africana - MINUSCA

#343 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Abr 06, 2018 8:17 am

COMANDANTE DA FND PORTUGUESA NA RCA FALA AO OPERACIONAL
Por Miguel Machado

A força portuguesa na República Centro Africana foi há escassos dias alvo de um ataque, reagiu com o armamento ligeiro e pesado ao seu dispor, letal e não-letal, não houve baixas entre os nossos militares nem na população, mesmo naquela apoiante dos atacantes que fugiram. Este facto teve algum destaque na imprensa portuguesa, as coisas correram bem, a notícia rapidamente passou. Quisemos saber mais detalhes, perceber o que se está a passar com os nossos militares na RCA e falamos com o Tenente-Coronel Pára-quedista João Bernardino que comanda a 3.ª Força Nacional Destacada (Conjunta) na MINUSCA – (United Nations Multidimensional Integrated Stabilization Mission in the Central African Republic).

Imagem
A 3.ª FND portuguesa na MINUSCA – RCA está no terreno há exactamente 30 dias e missões não faltam. A actividade tem sido muito intensa e nesta entrevista com o comandante da Força passamos em revista os factos mais importantes deste primeiro de seis meses de missão

...

Sobre os acontecimentos de 31 de Março no Bairro PK5 de Bangui

O “baptismo de fogo” para os Pára-quedistas Portugueses na República Centro Africana

Operacional: Bangui é uma cidade talvez com 1 milhão de habitantes e a sua FND está aquartelada junto ao aeroporto internacional M’Poko. Pode dar-nos uma ideia da distância a que se encontra o dito bairro e da sua dimensão?

Comandante 3FND: Efetivamente o dito bairro encontra-se a cerca de 5 km do nosso Campo MPOKO e tem cerca de 20 Km quadrados de área.

Operacional: Os seus pelotões de pára-quedistas já tinham feito reconhecimentos diurnos e nocturnos no PK 5?

Comandante 3FND: Sim tínhamos feito durante a fase de aprontamento para atingir a FOC alguns reconhecimentos de zona, estando agora a efetuar reconhecimentos de área específicos.

Operacional: Nas lições aprendidas que as anteriores FND portuguesas foram passando – como aliás nos referiu durante a preparação em Alcochete – já havia alguma indicação de se poderem confrontar em Bangui com este tipo de situação?

Comandante 3FND: Sim. A força anterior já tinha efetuado patrulhamentos deste género, estando preparados para fazer face a situações similares. Foi-nos passada esta preocupação. Durante o aprontamento foi acautelado o treino para este tipo de ameaça.

Operacional: Como é que descreve o tipo de ataque que sofreram? Pode-nos fazer uma “fita de tempo”, mesmo que simplificada, do que se passou, explicando não só os factos na “frente” mas também como funcionou o “comando e controlo” da operação?

Comandante 3FND: Como é do conhecimento geral a Força no terreno, uma UEP(-) a 3 viaturas, (Unidade de Escalão Pelotão e (-) porque se trata de um pelotão reduzido) estava a efetuar uma patrulha de reconhecimento e segurança, em local definido superiormente – área urbana, tipo favela – , quando foi atacada por armas de fogo ligeiras, em 3 momentos sequenciais e distintos.

A patrulha respondeu ao fogo quando identificou positivamente a origem e autores dos disparos, através do uso de equipamento específico para o efeito, contrapondo fazendo uso do armamento orgânico da força, sendo de relevar a eficácia da MetPes Browning .50, na resolução do impasse de fogo criado já que os elementos do GA (Grupo Armado) que disparavam se encontravam protegidos por viaturas abandonadas. O comandante da Patrulha comunicou para o COT (Centro de Operações Táticas) da Força, que ativou e fez sair a IRF (Immediate Reaction Force – Força de Reacção Imediata) composta por nova UEP(-) a 3 viaturas, e mandou preparar um Pelotão com mais 6 viaturas.

De imediato a patrulha ficou envolta por população, favorável aos autores dos disparos, procurando criar bloqueios constantes a marcha da Força, através da colocação de obstáculos – sanitas, troncos, mobília, estruturas metálicas deformadas, e outros materiais disponíveis – e através de apedrejamento das viaturas e do militar na torre da viatura, de relevar a utilização de mulheres e crianças nesta mobilização popular designada na MINUSCA por “Flash Mobs”, que se constituíam como escudos humanos ao uso da força, para resolver esta situação a Força teve de efetuar um disparo de aviso para o ar e uso de gás lacrimogéneo de forma a dispersar a multidão.

A Força deslocou-se para local designado, juntando-se à IRF que tinha saído do Campo MPOKO, e juntos mantiveram o planeamento de patrulhar a área definida superiormente, tendo sido colocado diversos bloqueios no itinerário, semelhantes aos anteriores mas mais consistentes devido ao tempo de preparação e até mesmo com motas, que foram ultrapassados utilizando as viaturas, durante todo este processo o itinerário “ganhou vida” e milhares de pessoas vieram para a rua simular que estavam na sua atividade comercial normal, mas o objetivo desta multidão era inequivocamente escudar os elementos dos Grupo Armados, e os acessos às ruas que são o bastião destes, estavam bloqueados com camiões, mulheres e crianças, impossibilitando o novo acesso.

Face ao vivenciado o Pelotão de IRF recebe ordem de sair e juntar-se ao Pelotão que já estava no terreno, em local designado.

A Força unificou-se, com 2 Pelotões, foi reconhecida através de elementos com motas dos GA, e avançou novamente para o local de atrição, da mesma forma que milhares de pessoas estavam a simular a sua vida normal e escudavam os elementos do GA, quando esta nossa nova Força unificada se dirigia para o local, todo o itinerário estava deserto somente restando bloqueios de itinerário, e os acessos às ruas controladas pelo GA bloqueados.

Em termos de Controlo: No COT o acompanhamento das Operações consegue-se através das comunicações radio e sistema de geo-posicionamento em tempo real, permitindo ter a situação esclarecida, a par do conhecimento da área em questão.

Em termos de Comando: As missões e tarefas são assentes na intenção do Comandante, é algo há muito trabalhado nos paraquedistas, remontando à 2ªGGM – Auftragstaktik (“descentralização”, tradução livre do entrevistador). No 1BIPara (1.º Batalhão de Infantaria Paraquedista), os exercícios da série HIMBA – destinados às Unidade de Escalão Pelotão – que usualmente procuram, executar ações de nomadização, de forma a potenciar o isolamento da Força e inerentemente a ausência de ordens do escalão superior devendo os Pelotões através da intenção do Comandante executar as ações necessárias para o cumprimento da missão dada; em contexto da República Centro Africana as Forças que saem para exterior estão cientes da possibilidade de incidentes no decorrer da missão e reagem de acordo com o treino, TTP (Táticas Técnicas e Procedimentos) e segurança da Força. No entanto neste incidente toda a situação foi acompanhada e coordenada a partir do nosso COT (Centro de Operações Tácticas) de M´Poko.

Operacional: O uso de gás lacrimogéneo na RCA já tinha sido usado anteriormente por outras forças ou é inédito?

Comandante 3FND: Nas nossas missões anterior como KTM (Tactical Reserve Manoeuver Battalion – Reserva Táctica do Comandante da KFOR/NATO) no Kosovo já tinha sido usado, aliás a experiência em CRC (Crowd and Riot Control – Controlo de Tumultos) que grande parte dos graduados que constituem a força têm demonstrou-se uma mais-valia. Aqui já foi empregue pelas unidades de polícia que constituem a componente policial da CJTFB.

Operacional: Como é que lidaram com a questão de haver população entre os atacantes?

Comandante 3FND: Lidamos da melhor maneira possível, com calma, serenidade, autodisciplina, deixando fluir o treino executado em Portugal. Aliás de acordo com o lema da escola dos paraquedistas ingleses “Knowledge dispels fear” (“o conhecimento afasta o medo”, em tradução livre do entrevistador) os paraquedistas durante as sessões de lançamento em paraquedas têm que estar, permanentemente, concentrados nas tarefas a efetuar e serem muito autodisciplinados. Só assim se compreende o número muito baixo de incidentes nas sessões de saltos em paraquedas.

Operacional: Tem noção que tipo de armamento foi usado contra as nossas forças?

Comandante 3FND: Armas ligeiras, AK47 certamente, pois são as armas que identificamos em alguns elementos do grupo.

Operacional: Na reacção ao ataque que equipamento/armamento foi usado?

Comandante 3FND: Armas ligeiras e as armas existentes nas torres dos nossos veículos.

Operacional: Tiveram algum apoio de forças do Exército ou da Polícia da RCA ou de outras forças da ONU?

Comandante 3FND: Obtivemos a informação que logo que foi compreendida a situação pelo nosso escalão superior foram enviadas forças militares e da policia FPU (Formed Police Unit) para a área. Confirmamos não ter havido danos colaterais na população e isso é o mais importante, porque de facto existiu uma postura muito precisa dos nossos militares para evitar atingir a população nomeadamente mulheres e crianças que estavam no local.

Operacional: As notícias que fomos tendo ao longo do último ano dava conta de problemas fora de Bangui com grupos rebeldes de cariz politico-religioso. Esta vossa intervenção significa que a MINUSCA está agora mais virada para os problemas que pelos vistos subsistem na Capital ou foi uma decisão pontual do comandante da MINUSCA para tentar resolver um caso concreto?

Comandante 3FND: A situação geral no país é idêntica aos dos anteriores contingentes. O que se alterou foi o facto de terem sido divulgados os relatórios dos Generais Da Cruz e Amoussou (*) bem como a nova visão operacional de acordo com a diretiva Operacional do Force Commander da MINUSCA para 2018-2019.
:arrow: http://www.operacional.pt/comandante-da ... eracional/




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Re: República Centro Africana - MINUSCA

#344 Mensagem por cabeça de martelo » Seg Abr 09, 2018 6:17 am

Militares portugueses envolvidos em confrontos na capital da República Centro Africana

República Centro Africana (MINUSCA) levou a efeito uma operação no 3º distrito na cidade de Bangui, capital da República Centro Africana, com a finalidade de neutralizar os grupos armados que atuam neste distrito e que no passado dia 31 de março atacaram uma patrulha portuguesa.

A Força de Reação Rápida portuguesa, (constituída na maioria por militares paraquedistas e por três militares da Força Aérea), que inclui para além de outras forças militares e policiais da MINUSCA, estiveram envolvidas na operação, tendo um dos militares portugueses ficado ligeiramente ferido na omoplata direita devido a um fragmento provocado pelo rebentamento de uma granada ofensiva.

O militar encontra-se bem e a recuperar favoravelmente.

Da ação determinada e proeficiente dos militares portugueses resultou a capturada de quatro elementos do grupo armado opositor, diverso material e a destruição de viaturas do inimigo.

"Que nunca por vencidos se conheçam"

Para mais informações: Porta-voz e Relações Públicas do Gabinete do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, Comandante Pedro Coelho Dias: 966 226 463




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Re: República Centro Africana - MINUSCA

#345 Mensagem por FCarvalho » Seg Abr 09, 2018 7:06 pm

Pois é. E ainda querem a gente na RDC. Vai entender.

abs.




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