MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7621 Mensagem por Marechal-do-ar » Sex Mar 09, 2018 12:53 am

Sterrius escreveu:refris de limão não importa a marca é tudo praticamente igual com pouquíssima variação. Logo o mais barato é a regra.
Eu sinto uma diferença enorme, para mim, a Soda é o único que presta.
Sterrius escreveu:Guarana não bebi nenhum intragável mas a uma boa diferença de sabor de 1 pro outro.
Já provou Dolly?



Um que provei esses dias e posso recomendar é a Itubaina groselha, tem uma outra bebida de guarana e açai feita por uma cooperativa que não é refri e também é muito boa, só não lembro o nome, se começarem a exportar para os EUA a Coca-Cola vai entrar em desespero.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7622 Mensagem por Matheus » Sáb Mar 10, 2018 11:50 pm

Sobre a carga tributária brasileira. 09/03/18.





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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7623 Mensagem por Juniorbombeiro » Dom Mar 11, 2018 6:44 pm

Hora vejam só... que tal mostrar esse vídeo para aquele pessoal do "chega de pagar o pato" e quetales, ah...esqueci que eles sabem.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7624 Mensagem por Bourne » Qua Mar 14, 2018 6:53 pm

Vamos as indicações da real dos candidatos. Começamos por Ciro Gomes.
MINHAS IMPRESSÕES SOBRE O DISCURSO DE CIRO GOMES NA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA

Ontem participei de uma conversa com Ciro Gomes na Universidade Católica de Brasília (UCB), o evento é parte de uma iniciativa do departamento de economia da UCB que pretende levar vários candidatos à presidência para debater as perspectivas da economia brasileira. Antes de relatar minhas impressões a respeito da conversa é útil dizer para o leitor que acompanho a trajetória de Ciro desde muito tempo, de fato participei da campanha de Ciro para prefeito de Fortaleza em 1988. Naquela época Ciro era o destaque de um grupo de empresários liderado por Tasso Jereissati, então governador do Ceará, que buscava modernizar a gestão e a economia do estado depois de anos de domínio dos “coronéis” Virgílio Távora, Adauto Bezerra e César Cals. Naquela eleição Ciro Gomes enfrentou e venceu o radialista Edson Silva que, salvo engano, era do PDT, atual partido de Ciro, e representava uma frente de esquerdas.

Muita coisa mudou de lá para cá. A trajetória de Ciro não foi exatamente linear, pelo contrário, nas muitas voltas de sua vida política Ciro Gomes ajudou a fundar o PSDB do Ceará, foi ministro de Itamar, se aliou ao PT, foi ministro de Lula e hoje está no PDT. Nesse trajeto Ciro se tornou líder de um grupo que sucedeu o grupo original de Tasso e que governa o Ceará há mais de década, até onde sei a ruptura com Tasso foi política, em termos de proposta de governo o grupo deu sequência ao trabalho iniciado por Tasso. O relato é importante para entender minha leitura das falas de Ciro ontem na Católica,

Na primeira parte do evento Ciro fez uma apresentação a respeito das perspectivas da economia brasileira. A leitura que ele faz é claramente influenciada pelo novo-desenvolvimentismo proposto por Bresser. O foco na necessidade de estimular a indústria e a firme crença que o desenvolvimento da indústria só é possível com uma ação estratégica do estado são presenças fortes no discurso de Ciro. O papel do câmbio na história ficou mais confuso, Ciro defendeu a tese que o câmbio valorizado foi um fator fundamental para o processo de redução da participação da manufatura do PIB no Brasil, a dita desindustrialização, mas vez por outra Ciro afirmava que desvalorização do câmbio implica em perda de poder aquisitivo. Mais de uma vez Ciro falou que não comemos dólares, mas comemos pão cujo o preço depende do dólar. Não ficou claro até que ponto Ciro estaria disposto a sacrificar poder aquisitivo da população para estimular a indústria. Uma pena, pois essa é uma questão que considero crucial.

Outro ponto importante da tese novo-desenvolvimentista que Ciro tratou explicitamente foi a necessidade de poupança interna. É um assunto importante, da minha parte não vejo como conciliar taxas de poupanças asiáticas com os seguros e a tributação características de um estado de bem-estar. Como aumentar a poupança do governo diante das crescentes demandas da sociedade por gasto social? Como aumentar a poupança das famílias e empresas que pagam impostos altos para financiar os seguros providos pelo estado? Até que ponto seguros e poupanças são substitutos? Questões importantes que, creio eu, os novos desenvolvimentistas ainda têm que explicar melhor. Mas essa é uma questão técnica que deve ser feita para os economistas que apoiam Ciro, principalmente porque eu só tinha direito a uma questão.

Escolhi uma pergunta que tentava puxar o lado reformista de Ciro. Existem duas características importantes na economia do Ceará que estão claramente associadas ao projeto político iniciado por Tasso e continuado pelo grupo de Ciro: o relativo equilíbrio das contas públicas e o sucesso das escolas públicas cearenses nas avaliações feitas pelo MEC. Sobre a questão fiscal falo mais na frente, dirigi minha pergunta para a questão da educação. No Ceará as transferências para os municípios dependem do desempenho das escolas do município nas avaliações nacionais. Outro ponto importante é que no Ceará as escolas usam um material didático que vem da secretaria de educação, ou seja, o professor não ensina o que e como quer, mas o que a secretaria determina. Os dois pontos costumam ser objetos de crítica da esquerda por atender a dita agenda reformista neoliberal, o primeiro por fazer referência a meritocracia e o segundo por supostamente minar a autonomia dos professores. Perguntei se uma vez presidente Ciro proporia medidas semelhantes para o Brasil, especificamente queria saber se Ciro apresentaria uma emenda constitucional para atrelar as transferências aos resultados das escolas dos estados e municípios.

Não tive minha resposta. Ciro preferiu falar de reformas em geral e focou na reforma da previdência. Confesso que a questão previdenciária era uma das perguntas que considerei fazer, só não fiz porque conheço o Flávio Ataliba e conseguia imaginar qual seria a resposta. Ciro propõe uma mudança para regime de capitalização com um colchão de proteção que garante um salário mínimo para cada brasileiro em condições de se aposentar que não tenha essa renda e uma transição suave e longa para brasileiros de baixa renda. Para o restante da população a transição seria feita por meio de títulos que poderiam ser descontados quando da qualificação para se aposentar ou negociados em mercado secundário. A proposta dos títulos é semelhante ao que Pinochet fez no Chile, minha dúvida, por isso chamei a proposta de ousada, é quanto a viabilidade política dessa transição. Não lembro de alguma democracia que tenha conseguido fazer algo semelhante, será preciso uma complexa engenharia política para viabilizar tal transição, não sei se mesmo um político experiente como Ciro teria condições para tanto. A parte que mais me incomodou da proposta é que regime de capitalização não seria feito em bancos ou fundos privados escolhidos pelos donos das contas. A gestão seria feita pelo setor público com participação de representantes de trabalhadores e, não lembro bem, outros representantes da sociedade. A experiência recente de fundos de pensão de estatais geridos de forma semelhante deveria deixar qualquer um preocupado com a proposta. Imagino que Ciro teria respondido a esse questionamento dizendo que não se pode matar a vaca por conta do carrapato, mas mesmo assim o sistema proposto me parece demasiado arriscado, especialmente em um país com a fragilidade institucional que temos.

Na parte fiscal Ciro foi incisivo e afirmou várias vezes que nunca governou com um dia de déficit primário. No lugar do “dá bilhão” ele falou que todo o gasto tem que ser questionado e avaliado, chegou a afirmar, talvez com força de retórica, que quando governador sabia até o preço que o governo pagava pelo Melhoral. De fato, o Ceará tem uma posição de destaque quando olhamos a situação fiscal dos estados, não que seja uma maravilha, mas, dado o cenário geral, o Ceará está muito bem. Recentemente foi colocado como o estado em melhor situação fiscal por um relatório elaborado pela Federação das Indústria do Rio de Janeiro. A parte negativa na questão do gasto foi a referência ao infame gráfico de pizza que junta juros e amortizações da dívida pública, é verdade que ele fez ressalvas, mas se eu fosse assessor de Ciro faria tudo que estivesse a meu alcance para convencê-lo a esquecer do tal gráfico, falar disso queima o filme.

Na parte da receita Ciro falou que aumentaria e criaria impostos. Especificamente ele propôs a criação de um imposto sobre dividendos, aumento do imposto sobre heranças e a volta da CPMF com isenção para os mais pobres. Tenho críticas as três propostas. É verdade que o Brasil é um dos poucos países do mundo que não taxa dividendos, mas isso não quer dizer que não taxamos as empresas, pelo contrário, além do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) temos a Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), ambos, apesar dos nomes, em vários casos incidem sobre faturamento. Taxar dividendos sem reduzir esses tributos é abusivo, taxar dividendos reduzindo tais tributos, de preferência eliminando a CSLL, pode ser um caminho, mas não vai resolver o problema fiscal posto que o ganho em um deve ser compensado com as perdas nos outros. Taxar herança é coisa para inglês ver, colocar uma alíquota alta, chegou-se a falar em 40%, sobre heranças da classe média é inadmissível, imagine pagar 40% do valor de um apartamento em bairro nobre do Rio ou São Paulo além dos custos com inventário. Em países com alíquotas altas o valor de isenção também é muito alto, o suficiente para só pegar quem tem como se proteger por meio de trustes e coisas do tipo. Espero que Ciro, e nenhum outro candidato, pretenda induzir que nossa classe média use trustes para proteger um apartamento de 100 metros quadrados na Asa Norte, se isso acontecer depois dos bens de luxo parcelados em 10 vezes sem juros vamos ter os trustes populares. A volta da CPMF também é um erro, aliás o próprio Ciro criticou as contribuições afirmando de forma correta que não é razoável taxar faturamento pois o sujeito acaba pagando imposto mesmo tendo prejuízo, o argumento é facilmente adaptável para a CPMF.

No final Ciro falou de metas de inflação e do tripé econômico. Ciro fez duras críticas ao tripé sugerindo que a combinação de superávits primários, câmbio flutuante e metas de inflação era uma anomalia da economia brasileira. A sugestão de fazer meta para o núcleo da inflação tem seu apelo, mas depois da criatividade contábil imagino o quão criativo seríamos para o cálculo do núcleo de inflação. A parte boa foi quando ele falou que a inflação ideal é zero, não sei se foi uma ironia, mas gostei de ouvir. Ciro também sugeriu que o combate a inflação pode ser feito por meio de aberturas as importações, uma tese questionável, mas que leva a um resultado bom. Mesmo que não reduza a inflação a abertura da economia se justifica por vários outros motivos, só não sei como ele vai conciliar isso com a turma dos desenvolvimentistas.

Para não dizer que não falei da parte política registro que Ciro fez uma boa defesa do Congresso ao questionar quais propostas que poderiam ter dado outro rumo ao Brasil não foram implementadas por conta dos deputados e senadores. Também merecer destaque a recusa de Ciro em referendar a tese que a Globo derrubou Dilma.

Enfim, Ciro fez um discurso articulado com fortes componentes de nacionalismo e desenvolvimentismo. Não é minha praia, mas se é para seguir por esse caminho recomendo olhar menos para a indústria automobilística e mais para Embraer. Políticas públicas para estimular empresas locais que desenvolvam tecnologia em parceira com centros de pesquisas nacionais não é exatamente algo que eu defenda, mas me parece fazer mais sentido que desvalorizar o câmbio e criar barreiras ao comércio para proteger filiais de multinacionais que, segundo o próprio Ciro, são useiras e vezeiras em importar tecnologias defasadas. Falar da Coreia é fácil, ter a poupança da Coreia, a educação da Coreia e lembrar que a Hyundai não é uma filial da General Motors é outra conversa. Não sei qual combinação de Ciro vai aparecer na campanha ou, se for o caso, na presidência. Da minha parte prefiro o governador do equilíbrio fiscal e que premia os municípios com melhor desempenho na educação, o ministro da Fazenda que deixou a economia mais aberta e não tentou mexer no câmbio e nos juros para agradar os compadres do que o candidato que defende as teses desenvolvimentistas da turma de Bresser.

Roberto Ellery

Imagem

http://rgellery.blogspot.com.br/2017/12 ... so-de.html
Conclusão: Ciro Gomes é um personagem; na real será mais neoliberal que os eleitores pensam. Sinal que vai decepcionar muito eleitores e o grupo desenvolvimentista, mas também não fará bobagens. Tem cara do Ciro pragmático.

Por exemplo, descobriu que o câmbio desvalorizado e fechar a economia não funciona. De um lado, incentiva exportação de um tipo de bem com menor conteúdo importado (soja e minério, por exemplo), importação de tecnologia velha e o estrutura industrial que só monta no brasil (BMW, por exemplo). De outro, eleva o custo de bens consumidos internamente, reduz competitividade de setores que usam insumos e tecnologias importadas. Ou seja, a política do tipo da nova matriz econômica da Dilma não funciona porque reduz exportação de bens industriais, gera inflação por pressão de custos e reduz renda real, acentua o incentivo a especulação e uso de incentivos para elevar lucros.

A ideia de capitalização do sistema de previdência é algo estranho. Porque previdência é um sistema de seguridade social. Boa parte custeado por impostos voltado para população mais pobre e que cobra adicionais e penaliza quem quer ganhar mais que o mínimo. De qualquer forma, admitiu que tem que ter reforma e convergir os regimes público e privado em que custo não pode comer metade do orçamento. Só a forma que é estranha e não entendi direito. Então, imagina o operador de colheitadeira do interior do Mato Grosso.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7625 Mensagem por Grep » Sex Mar 16, 2018 7:14 pm


OPERAÇÃO CARNE FRACA

Governo suspende temporariamente exportações de carne de aves da BRF à Europa

Entidade do setor reage e diz que decisão comprometeria milhares de empregos


https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2 ... a-ue.shtml
Se isso não é deliberadamente destruir a economia do nosso país não sei o que é, nada vai me convencer que isso é não é uma jabuticaba estapafúrdia.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7626 Mensagem por Marechal-do-ar » Sex Mar 16, 2018 7:32 pm

Vamos fingir que a carne exportada é boa é reclamar na OMC quando alguém perceber que não é...




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7627 Mensagem por J.Ricardo » Seg Mar 19, 2018 11:01 am

Nego põem papelão na linguiça e a culpa é da PF...




Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil,
Vossos peitos, vossos braços,
São muralhas do Brasil!
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7628 Mensagem por nveras » Seg Mar 19, 2018 11:26 am

Túlio escreveu:
nveras escreveu:Acho que esse Frufru só tem no RS. Não tem aqui nas terras catarinenses. :twisted:
Grande kôza, nem Revolução VOSMEÇÊS sabem fazer sem nós... :twisted: :twisted: :twisted: :twisted:

EDIT - Piadinha de CTG:

P - O que leva um Catarina a visitar o RS?

R - O desejo de conhecer o Pai. [003] [003] [003] [003]
:lol: :lol: :lol: Ainda bem que meu pai morou em Quaraí.




Não é nada meu. Não é nada meu. Excelência eu não tenho nada, isso é tudo de amigos meus.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7629 Mensagem por Bourne » Qui Mar 22, 2018 7:18 am

O menino monarquista da equipe do Ciro tá otimista demais. Sobre a efetividade da PEC dos gastos já que na real ela não foi implementada na medida em que a reforma da previdência não andou. Também ignorar a situação internacional de "juro zero" com alguma indicação de mudança.
Nota sobre a decisão do Copom em 21/03/2018

O BCB acabou de anunciar uma nova redução de 0,25 p.p da taxa básica de juros após o término da reunião do COPOM, realizada ontem e hoje em Brasília. A meta da selic está agora em 6,5% a.a, o menor valor da série histórica. Ao anunciar a redução da meta da taxa selic, o BCB acenou com a possibilidade de uma nova redução da taxa de juros na reunião de maio. No comunicado após a reunião do COPOM, o BCB afirmou que a flexibilização adicional da política monetária é necessária para garantir a convergência da inflação com relação a meta de 4,5% a.a para a variação do IPCA em 2018 e 4,25% a.a em 2019.

A continuidade do ciclo de afrouxamento monetário é sintoma claro da fraqueza da recuperação do nível de atividade econômica. Apesar do “otimismo irracional” exibido pelo ministro-candidato Henrique Meirelles, dificilmente a economia brasileira vai apresentar um desempenho robusto ao longo do ano de 2018. Com efeito, há exatos oito meses consecutivos que a variação do IPCA acumulada nos últimos 12 meses roda abaixo do piso do centro da meta de inflação para 2018, igual a 3% a.a. Os dados do IBC – o índice de atividade do Banco Central – para o mês de janeiro deste ano apontaram para uma contração de 0,56% no nível de atividade no primeiro mês de 2018. Além disso, os contratos de aluguel com reajuste em março de 2018 apresentam variação negativa, indicando deflação nos preços dos aluguéis. Por fim, ainda existem quase 13 milhões de desempregados no Brasil e a Instituição Fiscal Independente estimou, em estudo publicado no início do corrente ano, que o hiato do produto existente no final de 2017 ainda se encontrava perto de 6% (http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/536764). Todos esses fatores apontam para a continuidade do quadro desinflacionário, o qual demanda uma política monetária expansionista.

Ao contrário do ocorrido em outros momentos da história recente do país (por exemplo, após a eclosão da crise financeira internacional de 2008), a política monetária tornou-se a única política que se encontra num estado claramente expansionista. Com efeito, desde meados de 2016 que o crédito concedido pelo BNDES está sendo contraído devido a política de redução do tamanho do banco, implementada no governo Temer, por intermédio da devolução dos empréstimos do Tesouro a essa instituição de fomento. Além disso, a aprovação da emenda constitucional do teto dos gastos (EC 95) impede a adoção de uma política fiscal expansionista. Como a política de crédito e a política fiscal estão no campo contracionista ou neutro, não resta outra opção para se estimular a atividade econômica que não a redução agressiva da taxa básica des. Essa é a razão pela qual a Selic (nominal) se encontra em sua mínima histórica, sem que ainda se observe pressões inflacionárias consistentes que sinalizem a reversão do ciclo atual de flexibilização da política monetária.

Nesse contexto, não é improvável que o BCB continue o ciclo de redução da taxa básica de juros levando-a a um patamar inferior a 6% a.a. Ao que tudo indica os juros baixos vieram para ficar, ao menos por um bom tempo.

https://jlcoreiro.wordpress.com/2018/03 ... 1-03-2018/




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7630 Mensagem por Marechal-do-ar » Qui Mar 22, 2018 9:28 pm

E com o DI futuro de 2023 em 9%...




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7631 Mensagem por Túlio » Qui Mar 22, 2018 9:38 pm

Tá, mas não vamos esquecer de uma coisa: boom de commodity é cíclico, cedo ou tarde vai dar de novo. Claro, provavelmente vão fazer o mesmo, torrar tudo em assistencialismo politiqueiro e corrupção, mas vai que...




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7632 Mensagem por Juniorbombeiro » Qui Mar 22, 2018 11:51 pm

Petróleo Brent ontem e hoje estava em mais de 69 Trumps. Preparem-se, prevejo um aumento dos combustíveis para amanhã, a não ser que o Drácula resolva desdizer a política de preços "independentes" da Petrobras.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7633 Mensagem por Juniorbombeiro » Qui Mar 22, 2018 11:57 pm

Putz, cheguei atrasado, já foi, mas não desanimem, pode ser que amanhã tenha de novo.
https://g1.globo.com/economia/noticia/p ... eses.ghtml




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7634 Mensagem por Túlio » Sex Mar 23, 2018 11:37 am

Juniorbombeiro escreveu:Putz, cheguei atrasado, já foi, mas não desanimem, pode ser que amanhã tenha de novo.
https://g1.globo.com/economia/noticia/p ... eses.ghtml
Não sei se é tão ruim assim, cupincha véio: para um país em recessão qualquer pedacinho de inflação ajuda a não dar muito na vista e manter o tale de "mercado" sossegado. De resto, se estivermos no limiar de um novo boom petrolífero, o Pré-Sal pode - eu disse pode - deslanchar de vez...




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7635 Mensagem por Juniorbombeiro » Sex Mar 23, 2018 3:37 pm

Túlio escreveu:
Juniorbombeiro escreveu:Putz, cheguei atrasado, já foi, mas não desanimem, pode ser que amanhã tenha de novo.
https://g1.globo.com/economia/noticia/p ... eses.ghtml
Não sei se é tão ruim assim, cupincha véio: para um país em recessão qualquer pedacinho de inflação ajuda a não dar muito na vista e manter o tale de "mercado" sossegado. De resto, se estivermos no limiar de um novo boom petrolífero, o Pré-Sal pode - eu disse pode - deslanchar de vez...
Túlio, inflação boa é por excesso de demanda e não por variação artificial de preços, se tivéssemos com nosso parque de refino saturado eu concordaria parcialmente contigo.
Quanto ao pré sal, ele não precisa de preços maiores que isso para ele bombar.




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