Falando sobre o Gripen E e seu desenvolvimento, acabo volta e meia juntando ao assunto os E/R-99.
Os modelos E-99 atualmente estão passando por uma atualização de meia vida, de forma a dar-lhes mais uns 20 anos de uso. Conquanto, sabemos que estes modelos do ERJ-145 já contam com quase vinte anos de uso na FAB e dificilmente serão usados por muito mais tempo, dado que são poucas aeronaves, e cada missão executada cobra deles horas de voos muito longas e que, com o tempo, tendem a se tornar cada vez mais caras, visto a manutenção e especificidades de sistemas embarcados.
Ademais, por se tratar de um projeto já fora de linha há tempos, os ERJ-145 em mais 10 anos talvez, comecem a tornar sua operação cada vez mais complexa e custosa, pois a falta de peças ou a sua exiguidade no mercado irão elevar preços a níveis não recomendáveis. Se algo não for pensado no sentido de minorar esta questão, em breve eles poderão estar na mesma situação dos Búfalo, que minguaram até quase toda a frota estar fora de operação e impagável em termos de operação.
Mas um problema mais grave esta se associando a este, A venda da Embraer para a Boeing.
Isso a meu ver irá causar dois problemas: primeiro é a continuidade regular do apoio logístico da frota de E/R-99, visto a questão acima colocada, e segundo, a substituição em si destes vetores, que não deve ser feita somente quando da baixa dos ERJ-145.
Então, se os E-99 terão uma sobrevida estimada até 2038, há de se começar a pensar em um substituto a partir de 2028, no mínimo.
Aí segue-se a questão: usar ou não usar os vetores da Embraer, que deixará de ser uma marca nacional, junto ao seu portfólio de produtos da linha comercial? E se a opção for por uma aeronave da linha executiva, como o Legaxy 600E, que segurança teremos nesta escolha visto que a sobrevivência da área executiva e de defesa da empresa sempre esteve em relação umbilical à boa saúde da comercial?
Na minha visão, estaremos na prática limitados, ou nos limitando, ao gosto da gestão yankee da Embraer em fornecer-nos, ou não, qualquer dos vetores daquela empresa. Ou adequar-nos, mesmo que a contragosto, a uma aeronave da linha Boeing que nos queiram dispor. Neste sentido, mesmo que tenhamos aqui soluções em termos de sistemas embarcados, desde radares até comunicações e EW, tudo isso ficará na dependência da escolha de um vetor na prática estrangeiro.
A outra solução seria adotar uma aeronave da Airbus, Comac ou Irkut, na forma da família A-320, C-919 ou MS-21.
De qualquer forma, daqui a dez anos vamos estar nos colocando em posição muito mais desvantajosa da que estávamos quando da escolha dos ERJ-145 para o programa de aeronave AEW&C do SIVAM. Ao menos naquela época tínhamos uma empresa nacional oferecendo alternativas. Na próxima década, até disso teremos solicitamente aberto mão em pró dos interesses de mercado.
O Brasil, e seus interesses nacionais, que se dane. Afinal, para quem é um dos maiores exportadores de commodities do mundo, e segue firme na senda para se tornar o tão grande e esperado celeiro do mundo, exportar avião pra quê...
abs.