RÚSSIA
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Re: RÚSSIA
Vai ter volta Cabeça...
Vai vendo...
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Não se tem razão quando se diz que o tempo cura tudo: de repente, as velhas dores tornam-se lancinantes e só morrem com o homem.
Ilya Ehrenburg
Uma pena incansável e combatente, contra as hordas imperialistas, sanguinárias e assassinas!
Ilya Ehrenburg
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- cabeça de martelo
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Re: RÚSSIA
Agora fiquei com medo... men cá vai um video para fazermos as pazes...Ilya Ehrenburg escreveu:Vai ter volta Cabeça...
Vai vendo...
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Re: RÚSSIA
FOCUS 2017
The Norwegian Intelligence Service’s assessment of current security challenges
https://forsvaret.no/en/ForsvaretDocume ... LSK_v2.pdf
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- cabeça de martelo
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Re: RÚSSIA
https://www.defensenews.com/interviews/ ... ce-forces/Russia has been public about its desire to see Finland align itself with it and not with NATO or Western Europe. Do you see partnership with Russia as feasible in this environment?
I would say that no European nations are partnering with Russia. We have been keeping up a dialogue, a high-level political dialogue with Russia. And we just told a couple of weeks [ago] that we have activated a hotline to Russia. So we now have a hotline that is there in place just in case if something happens, we have a hotline where we can pick up the phone and we can ask them: “OK, what’s happening?” This is a very recent thing, only a couple weeks ago.
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Re: RÚSSIA
cabeça de martelo escreveu:https://www.defensenews.com/interviews/ ... ce-forces/Russia has been public about its desire to see Finland align itself with it and not with NATO or Western Europe. Do you see partnership with Russia as feasible in this environment?
I would say that no European nations are partnering with Russia. We have been keeping up a dialogue, a high-level political dialogue with Russia. And we just told a couple of weeks [ago] that we have activated a hotline to Russia. So we now have a hotline that is there in place just in case if something happens, we have a hotline where we can pick up the phone and we can ask them: “OK, what’s happening?” This is a very recent thing, only a couple weeks ago.
Até as pedras sabem que Finlândia, Suécia e até Suíça são "neutros" só da boca pra fora, na verdade são praticamente membros Honoris Causa da OTAN. E, junto com Alemanha, Noruega e Dinamarca, vão estar entre os primeiros a levar chumbo se a coisa engrossar. Portugal tem sorte, basta não deixar sequer a mais leve impressão de ter alguma nuke em seu território e vai estar entre os últimos a apanhar (se a OTAN vencer, talvez até escape indene)...
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: RÚSSIA
Com várias instalações da OTAN/EUA em território nacional acreditas mesmo nisso?! Eu não. Não esqueças também nos exercícios no Báltico, juntamente com os destacamentos da FAP nos ditos países.
- Túlio
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Re: RÚSSIA
Sei lá, é que tem muita gente forte no caminho: para atacar directamente Portugal primeiro teriam que passar por França e Espanha e, para sequer chegar a eles, teriam antes que passar por Polónia, Chéquia, Áustria, Hungria, Itália & quetales...cabeça de martelo escreveu:Com várias instalações da OTAN/EUA em território nacional acreditas mesmo nisso?! Eu não. Não esqueças também nos exercícios no Báltico, juntamente com os destacamentos da FAP nos ditos países.
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Re: RÚSSIA
Portugal, Espanha e Escócia fazem parte da estrutura logística que permitem fazer patrulhas e trazer equipamento da América do Norte. Ou seja, em uma guerra de fato e invasão da Europa, esses países possuem algum importantes. Não que vá acontecer uma ação terrestre, mas algumas bombas cairiam.
Isso considerando um cenário extremo. Atualmente é colocado em pauta operações localizadas na Europa Oriental, Central e pelos lados dos nórdicos. Não é paranoia. É algo que se encaminha para acontecer com confrontação na política interna desses países, militar com intervenção russa/ocidental, guerras civil e golpe de estado entre outros. A Ucrânia foi só um eventos de vários que devem vir. Não é um livro de Tom Clancy, mas a perspectivas são de coisas novas e surpreendentes acontecendo.
A Europa é muito mais instável e propícia a escalada de confrontos do que a Coreia do Norte. Só olhar a movimentação dos países da linha de frente que fazem fronteira entre russos e ocidente, ações da Alemanha e UE de confrontação, como também da Russia. É uma questão de tempo.
Isso considerando um cenário extremo. Atualmente é colocado em pauta operações localizadas na Europa Oriental, Central e pelos lados dos nórdicos. Não é paranoia. É algo que se encaminha para acontecer com confrontação na política interna desses países, militar com intervenção russa/ocidental, guerras civil e golpe de estado entre outros. A Ucrânia foi só um eventos de vários que devem vir. Não é um livro de Tom Clancy, mas a perspectivas são de coisas novas e surpreendentes acontecendo.
A Europa é muito mais instável e propícia a escalada de confrontos do que a Coreia do Norte. Só olhar a movimentação dos países da linha de frente que fazem fronteira entre russos e ocidente, ações da Alemanha e UE de confrontação, como também da Russia. É uma questão de tempo.
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Re: RÚSSIA
Tu estás a descrever um ataque de uma força terrestre e eu não. SE fosse no tempo da guerra Fria, nós enviaríamos as nossas tropas para o Norte de Itália, hoje em dia estamos a reforçar essencialmente os dispositivos militares no Báltico. Tudo mudou, desde a forma como ambas as partes estão a comportar-se perante a outra, à área de confrontação e a agressividade. Acredito acima de tudo que algures pelo caminho perdeu-se grande parte do bom senso (de ambas as partes).Túlio escreveu:Sei lá, é que tem muita gente forte no caminho: para atacar directamente Portugal primeiro teriam que passar por França e Espanha e, para sequer chegar a eles, teriam antes que passar por Polónia, Chéquia, Áustria, Hungria, Itália & quetales...cabeça de martelo escreveu:Com várias instalações da OTAN/EUA em território nacional acreditas mesmo nisso?! Eu não. Não esqueças também nos exercícios no Báltico, juntamente com os destacamentos da FAP nos ditos países.
Já agora, a Finlândia estava no passado muito longe de ser uma espécie de Suiça ou Holanda, um exemplo disso era como eles compravam material bélico a ambas as partes.
Como sabes a Galil foi baseada na Rk 62, espingarda-automática em 7.62x39mm!
- cabeça de martelo
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Re: RÚSSIA
Também, mas não só. Em Espanha eles têm várias bases operacionais.Bourne escreveu:Portugal, Espanha e Escócia fazem parte da estrutura logística que permitem fazer patrulhas e trazer equipamento da América do Norte. Ou seja, em uma guerra de fato e invasão da Europa, esses países possuem algum importantes. Não que vá acontecer uma ação terrestre, mas algumas bombas cairiam.
Isso considerando um cenário extremo. Atualmente é colocado em pauta operações localizadas na Europa Oriental, Central e pelos lados dos nórdicos. Não é paranoia. É algo que se encaminha para acontecer com confrontação na política interna desses países, militar com intervenção russa/ocidental, guerras civil e golpe de estado entre outros. A Ucrânia foi só um eventos de vários que devem vir. Não é um livro de Tom Clancy, mas a perspectivas são de coisas novas e surpreendentes acontecendo.
A Europa é muito mais instável e propícia a escalada de confrontos do que a Coreia do Norte. Só olhar a movimentação dos países da linha de frente que fazem fronteira entre russos e ocidente, ações da Alemanha e UE de confrontação, como também da Russia. É uma questão de tempo.
Ex.:
https://www.thebalance.com/installation ... in-3344214
https://www.thebalance.com/installation ... in-3354741
Só nestas bases estamos a falar de milhares de militares e civis Norte-Americanos.
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Re: RÚSSIA
Eu nao me importava de ser invadido por isto, mas lá está, o cabeça prefere as badochas ianques
Triste sina ter nascido português
- J.Ricardo
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Re: RÚSSIA
É só Portugal mandar a capital por Brasil como fez Dom João VI, viramos reino unido de novo e ninguém chamais poderá conquistar de fato Portugal.
Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil,
Vossos peitos, vossos braços,
São muralhas do Brasil!
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- Túlio
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Re: RÚSSIA
J.Ricardo escreveu:É só Portugal mandar a capital por Brasil como fez Dom João VI, viramos reino unido de novo e ninguém chamais poderá conquistar de fato Portugal.
Tá, mas com um porém: só aceito se El Rey for D. Sócas I, o rei ingenheiro.
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Re: RÚSSIA
Salários altos, temas obrigatórios e ordens para ver “House of Cards”. Como funciona a “fábrica” de trolls russos
A Agência de Pesquisa na Internet tem 13 colaboradores agora acusados pelo FBI, suspeitos de interferirem nas eleições. Os ex-trabalhadores contam como é o dia-a-dia a influenciar as redes sociais.
Os anúncios de emprego pedem “especialistas em redes sociais”, “operadores de internet”, “gestores de conteúdo” e “copywriters”. Na descrição das funções, conta uma investigação especial da cadeia de televisão finlandesa YLE, pedem-se pessoas “capazes de trabalhar na internet, de produzir conteúdo online para diferentes tipos de audiência e de reescrever textos”. É assim que se contratam trolls para a Agência de Pesquisa na Internet, a famosa “fábrica” em São Petersburgo, que teve 13 trabalhadores formalmente acusados pelo procurador-especial norte-americano Robert Mueller, encarregado de investigar possíveis ligações da campanha Trump ao Kremlin, or suspeitas de terem tentado influenciar as eleições presidenciais nos EUA.
A “fábrica” criou perfis falsos em redes sociais, escreveu posts, inundou caixas de comentários. O objetivo era o de influenciar as opiniões públicas internacionais, em especial a russa — num primeiro momento após o início da guerra na Ucrânia, depois em vésperas da eleição presidencial norte-americana. Ao todo, diz a revista Atlantic, 125 milhões de norte-americanos viram posts organizados pela “fábrica” no Facebook e mais de meio milhão interagiu com trolls russos. Mas como é ao certo o dia-a-dia de um troll na Agência de Pesquisa na Internet?
Os horários
A “fábrica” de São Petersburgo funciona 24 horas por dia, e há dois turnos de 12 horas a serem preenchidos pelos trabalhadores, que trabalham dois dias seguidos, descansam outros dois, e assim sucessivamente. “É preciso chegar precisamente a horas e trabalhar das nove da manhã às nove da noite”, revelou ao Washington Post um antigo funcionário, Marat Mindiyarov.
Já em 2015, uma antiga trabalhadora, Ludmila Savchuk, tinha dado esta informação à revista do New York Times, garantindo que fazia turnos de 12 horas. “Às nove da noite em ponto havia uma multidão a sair do edifício. Às nove da noite em ponto”, contou.
Os salários
Os salários parecem variar consoante a importância das funções ocupadas, mas é consensual entre os ex-trabalhadores e a investigação de Mueller que são bem pagos, tendo em conta a média na Rússia.
O valor mais alto foi mencionado ao New York Times pelo antigo funcionário Aleksei, que disse ter sido atraído por um ordenado um pouco acima dos mil dólares. “Eu era jovem e não pensei nas questões morais. Escrevia porque adorava escrever, não estava a tentar mudar o mundo”, explicou. No mesmo artigo, outro ex-trabalhador, Sergei, diz que recebia cerca de metade.
Em 2015, um artigo do jornal Guardian sobre a “fábrica” dizia que o salário mais alto era de cerca de 900 euros, pago apenas aos trolls que escrevia em língua inglesa. Já Savchuk, a ex-funcionária que falou com a revista do New York Times, garante que o seu salário era de cerca de 600€, “quase tanto como ganha um professor universitário”. Nenhum trabalhador tinha contrato escrito, mas todos assinaram um acordo de confidencialidade.
As tarefas
Savchuk explica que na “fábrica” os funcionários estão distribuídos por departamentos que tratam de cada rede social: LiveJournal, VKontakte (estas duas populares na Rússia), Facebook, Twitter, Instagram e caixas de comentários. A antiga trabalhadora conta que a sua função no departamento de Projetos Especiais era a de criar personagem virtuais no LiveJournal, que deveriam parecer pessoas reais. Para isso, postava sobre temas mundanos como dietas ou feng shui e, pelo meio, opinava sobre política. “A cada dois turnos, tinha de atingir uma quota de cinco posts políticos, dez posts não políticos e 150 a 200 comentários em posts de outros funcionários.”
Marat, que falou ao Washington Post, corrobora agora esse relato de 2015, dizendo que tinham instruções específicas como o número de comentários que tinham de fazer por dia (135) e o número de caracteres que cada um deveria ter (200). Para além disso, havia uma lista com os tópicos que deveriam ser abordados nesse dia: “O Presidente Vladmir Putin ou o Presidente Barack Obama, ou os dois juntos; a Ucrânia; o heroísmo do ministro da Defesa russo; a guerra na Síria; a oposição russa; o papel da América na difusão do vírus Ébola”, ilustra o New York Times.
Em 2015, o Guardian contava que os funcionários deveriam basear-se na informação disponível no site Ruxpert, definido como uma Wikipédia russa “patriótica”.
Primeira fase: a guerra na Ucrânia
De acordo com os relatos de ex-trabalhadores e a investigação de vários media, no início a “fábrica” tinha como principais objetivos promover uma visão do mundo de acordo com os interesses do Kremlin, sobretudo na sequência da invasão da Crimeia e da guerra no leste da Ucrânia. Em 2015, por exemplo, um antigo funcionário contava uma instrução que recebeu para fazer um post que ilustrasse como Putin se apressou a prestar condolências a François Hollande, na sequência do ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo.
A investigação da YLE também descobriu outros exemplos, como uma história partilhada de forma viral sobre um alegado avião ucraniano que teria sido o responsável pela queda do avião da Malaysia Airlines no leste do país — a foto utilizada para ilustrar o artigo era falsificada. E recolheu várias das frases repetidas em diversos posts e comentários, como o uso da palavra “fascistas” para descrever os soldados ucranianos.
Segunda fase: as eleições nos EUA
A Agência de Pesquisa na Internet percebeu rapidamente o potencial de se focar nos internautas norte-americanos e aproveitou as eleições presidenciais para tentar desestabilizar o eleitorado. Marat, o trabalhador que falou com o Washington Post, recorda que tentou transferir-se para o departamento do Facebook — onde o salário era mais alto –, mas não conseguiu porque os seus conhecimentos de inglês não eram suficientes.
Segundo o jornal russo RBC, citado pelo Vox, cerca de 90 trabalhadores foram colocados na “secção EUA” no outono passado. Também o jornal russo em língua inglesa Moscow Times confirmou a existência deste departamento, explicando que as instruções dadas passavam por lições de gramática inglesa e ordens para assistir à série “House of Cards”.
Entre os tópicos abordados pelos trolls deste departamento, rapidamente os ataques a Hillary Clinton se tornaram regra, de acordo com a investigação do FBI. O New York Times conta que as hashtags #Trump2016, #TrumpTrain [O Comboio de Trump], #MAGA [sigla do slogan de campanha “Make America Great Again”] e #Hillary4Prison [Hillary para a Prisão] foram várias vezes usadas pelos trolls russos. Outros exemplos são a publicação de posts que comparam Clinton a Hitler ou as fotomontagens com Bin Laden. A acusação garante que os próprios trolls criaram uma conta falsa de Twitter para representar o Partido Republicano no Tennessee, que chegou a ter mais de 100 mil seguidores e cujos posts foram retweetados por Michael Flynn e Kellyanne Conway. Já para não falar do próprio Donald Trump.
Os truques tecnológicos
A acusação de Mueller também destapou os meios tecnológicos avançados utilizados por esta agência. De acordo com o FBI, a “fábrica” roubava números de Segurança Social norte-americanos que combinava com fotos falsas e contas PayPal, para dar a ilusão de que muitas contas pertenciam a pessoas reais. O site The Verge conta ainda que os trabalhadores utilizavam VPN (redes privadas virtuais) que davam a ilusão de estarem a utilizar a internet através de uma rede norte-americana e não a partir da Rússia.
Dentro do edifício de São Petersburgo, os computadores estavam programados para todos os posts serem encaminhados para todas as contas falsas da rede, que abririam os posts, a fim de criar números de visualizações de página mais altos e interferir com os algoritmos das redes sociais.
Quem financia a Agência?
A investigação do FBI aposta em Evgeny Prigozhin, um oligarca russo conhecido como “chef do Kremlin” pelas suas ligações a serviços de catering da presidência. Os media russos já avançavam com essa suspeita desde pelo menos 2015, tendo uma jornalista do Novaya Gazeta descoberto que um dos gestores de equipa era empregado da Concord, uma holding de Prigozhin. Para além disso, há uma fuga de emails que dá conta de alegados pagamentos diretamente da Concord para a Agência.
O ambiente de trabalho na “fábrica”
Os antigos trabalhadores são unânimes nas queixas, ou não tivessem acabado por sair — uns, como Savchuk, desiludidos, outros, como Sergei, simplesmente esgotados com o ritmo de trabalho. A maior parte queixa-se do ambiente de trabalho. “Pintam um cenário de um local sem graça e draconiano, com multas para os que chegam atrasados ou que não atingem um determinado número de posts por dia”, relatava já o Guardian em 2015.
“É como uma linha de produção, toda a gente está ocupada a escrever alguma coisa. Há a sensação de que se chegou a uma fábrica e não a um lugar criativo”, ilustrou Marat Mindiyarov. “Cheguei lá e senti-me imediatamente como uma personagem do 1984 de George Orwell — um lugar onde se tem de escrever que o branco é preto e que o preto é branco.”
http://observador.pt/2018/02/20/salario ... ls-russos/
A Agência de Pesquisa na Internet tem 13 colaboradores agora acusados pelo FBI, suspeitos de interferirem nas eleições. Os ex-trabalhadores contam como é o dia-a-dia a influenciar as redes sociais.
Os anúncios de emprego pedem “especialistas em redes sociais”, “operadores de internet”, “gestores de conteúdo” e “copywriters”. Na descrição das funções, conta uma investigação especial da cadeia de televisão finlandesa YLE, pedem-se pessoas “capazes de trabalhar na internet, de produzir conteúdo online para diferentes tipos de audiência e de reescrever textos”. É assim que se contratam trolls para a Agência de Pesquisa na Internet, a famosa “fábrica” em São Petersburgo, que teve 13 trabalhadores formalmente acusados pelo procurador-especial norte-americano Robert Mueller, encarregado de investigar possíveis ligações da campanha Trump ao Kremlin, or suspeitas de terem tentado influenciar as eleições presidenciais nos EUA.
A “fábrica” criou perfis falsos em redes sociais, escreveu posts, inundou caixas de comentários. O objetivo era o de influenciar as opiniões públicas internacionais, em especial a russa — num primeiro momento após o início da guerra na Ucrânia, depois em vésperas da eleição presidencial norte-americana. Ao todo, diz a revista Atlantic, 125 milhões de norte-americanos viram posts organizados pela “fábrica” no Facebook e mais de meio milhão interagiu com trolls russos. Mas como é ao certo o dia-a-dia de um troll na Agência de Pesquisa na Internet?
Os horários
A “fábrica” de São Petersburgo funciona 24 horas por dia, e há dois turnos de 12 horas a serem preenchidos pelos trabalhadores, que trabalham dois dias seguidos, descansam outros dois, e assim sucessivamente. “É preciso chegar precisamente a horas e trabalhar das nove da manhã às nove da noite”, revelou ao Washington Post um antigo funcionário, Marat Mindiyarov.
Já em 2015, uma antiga trabalhadora, Ludmila Savchuk, tinha dado esta informação à revista do New York Times, garantindo que fazia turnos de 12 horas. “Às nove da noite em ponto havia uma multidão a sair do edifício. Às nove da noite em ponto”, contou.
Os salários
Os salários parecem variar consoante a importância das funções ocupadas, mas é consensual entre os ex-trabalhadores e a investigação de Mueller que são bem pagos, tendo em conta a média na Rússia.
O valor mais alto foi mencionado ao New York Times pelo antigo funcionário Aleksei, que disse ter sido atraído por um ordenado um pouco acima dos mil dólares. “Eu era jovem e não pensei nas questões morais. Escrevia porque adorava escrever, não estava a tentar mudar o mundo”, explicou. No mesmo artigo, outro ex-trabalhador, Sergei, diz que recebia cerca de metade.
Em 2015, um artigo do jornal Guardian sobre a “fábrica” dizia que o salário mais alto era de cerca de 900 euros, pago apenas aos trolls que escrevia em língua inglesa. Já Savchuk, a ex-funcionária que falou com a revista do New York Times, garante que o seu salário era de cerca de 600€, “quase tanto como ganha um professor universitário”. Nenhum trabalhador tinha contrato escrito, mas todos assinaram um acordo de confidencialidade.
As tarefas
Savchuk explica que na “fábrica” os funcionários estão distribuídos por departamentos que tratam de cada rede social: LiveJournal, VKontakte (estas duas populares na Rússia), Facebook, Twitter, Instagram e caixas de comentários. A antiga trabalhadora conta que a sua função no departamento de Projetos Especiais era a de criar personagem virtuais no LiveJournal, que deveriam parecer pessoas reais. Para isso, postava sobre temas mundanos como dietas ou feng shui e, pelo meio, opinava sobre política. “A cada dois turnos, tinha de atingir uma quota de cinco posts políticos, dez posts não políticos e 150 a 200 comentários em posts de outros funcionários.”
Marat, que falou ao Washington Post, corrobora agora esse relato de 2015, dizendo que tinham instruções específicas como o número de comentários que tinham de fazer por dia (135) e o número de caracteres que cada um deveria ter (200). Para além disso, havia uma lista com os tópicos que deveriam ser abordados nesse dia: “O Presidente Vladmir Putin ou o Presidente Barack Obama, ou os dois juntos; a Ucrânia; o heroísmo do ministro da Defesa russo; a guerra na Síria; a oposição russa; o papel da América na difusão do vírus Ébola”, ilustra o New York Times.
Em 2015, o Guardian contava que os funcionários deveriam basear-se na informação disponível no site Ruxpert, definido como uma Wikipédia russa “patriótica”.
Primeira fase: a guerra na Ucrânia
De acordo com os relatos de ex-trabalhadores e a investigação de vários media, no início a “fábrica” tinha como principais objetivos promover uma visão do mundo de acordo com os interesses do Kremlin, sobretudo na sequência da invasão da Crimeia e da guerra no leste da Ucrânia. Em 2015, por exemplo, um antigo funcionário contava uma instrução que recebeu para fazer um post que ilustrasse como Putin se apressou a prestar condolências a François Hollande, na sequência do ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo.
A investigação da YLE também descobriu outros exemplos, como uma história partilhada de forma viral sobre um alegado avião ucraniano que teria sido o responsável pela queda do avião da Malaysia Airlines no leste do país — a foto utilizada para ilustrar o artigo era falsificada. E recolheu várias das frases repetidas em diversos posts e comentários, como o uso da palavra “fascistas” para descrever os soldados ucranianos.
Segunda fase: as eleições nos EUA
A Agência de Pesquisa na Internet percebeu rapidamente o potencial de se focar nos internautas norte-americanos e aproveitou as eleições presidenciais para tentar desestabilizar o eleitorado. Marat, o trabalhador que falou com o Washington Post, recorda que tentou transferir-se para o departamento do Facebook — onde o salário era mais alto –, mas não conseguiu porque os seus conhecimentos de inglês não eram suficientes.
Segundo o jornal russo RBC, citado pelo Vox, cerca de 90 trabalhadores foram colocados na “secção EUA” no outono passado. Também o jornal russo em língua inglesa Moscow Times confirmou a existência deste departamento, explicando que as instruções dadas passavam por lições de gramática inglesa e ordens para assistir à série “House of Cards”.
Entre os tópicos abordados pelos trolls deste departamento, rapidamente os ataques a Hillary Clinton se tornaram regra, de acordo com a investigação do FBI. O New York Times conta que as hashtags #Trump2016, #TrumpTrain [O Comboio de Trump], #MAGA [sigla do slogan de campanha “Make America Great Again”] e #Hillary4Prison [Hillary para a Prisão] foram várias vezes usadas pelos trolls russos. Outros exemplos são a publicação de posts que comparam Clinton a Hitler ou as fotomontagens com Bin Laden. A acusação garante que os próprios trolls criaram uma conta falsa de Twitter para representar o Partido Republicano no Tennessee, que chegou a ter mais de 100 mil seguidores e cujos posts foram retweetados por Michael Flynn e Kellyanne Conway. Já para não falar do próprio Donald Trump.
Os truques tecnológicos
A acusação de Mueller também destapou os meios tecnológicos avançados utilizados por esta agência. De acordo com o FBI, a “fábrica” roubava números de Segurança Social norte-americanos que combinava com fotos falsas e contas PayPal, para dar a ilusão de que muitas contas pertenciam a pessoas reais. O site The Verge conta ainda que os trabalhadores utilizavam VPN (redes privadas virtuais) que davam a ilusão de estarem a utilizar a internet através de uma rede norte-americana e não a partir da Rússia.
Dentro do edifício de São Petersburgo, os computadores estavam programados para todos os posts serem encaminhados para todas as contas falsas da rede, que abririam os posts, a fim de criar números de visualizações de página mais altos e interferir com os algoritmos das redes sociais.
Quem financia a Agência?
A investigação do FBI aposta em Evgeny Prigozhin, um oligarca russo conhecido como “chef do Kremlin” pelas suas ligações a serviços de catering da presidência. Os media russos já avançavam com essa suspeita desde pelo menos 2015, tendo uma jornalista do Novaya Gazeta descoberto que um dos gestores de equipa era empregado da Concord, uma holding de Prigozhin. Para além disso, há uma fuga de emails que dá conta de alegados pagamentos diretamente da Concord para a Agência.
O ambiente de trabalho na “fábrica”
Os antigos trabalhadores são unânimes nas queixas, ou não tivessem acabado por sair — uns, como Savchuk, desiludidos, outros, como Sergei, simplesmente esgotados com o ritmo de trabalho. A maior parte queixa-se do ambiente de trabalho. “Pintam um cenário de um local sem graça e draconiano, com multas para os que chegam atrasados ou que não atingem um determinado número de posts por dia”, relatava já o Guardian em 2015.
“É como uma linha de produção, toda a gente está ocupada a escrever alguma coisa. Há a sensação de que se chegou a uma fábrica e não a um lugar criativo”, ilustrou Marat Mindiyarov. “Cheguei lá e senti-me imediatamente como uma personagem do 1984 de George Orwell — um lugar onde se tem de escrever que o branco é preto e que o preto é branco.”
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