FCarvalho escreveu:
hã... deixa ver se eu entendi. O material pesado então vai de navio antes, vai levar umas duas semanas para chegar lá, e depois mais 2 ou 3 dias andando pelas "estradas" de Camarões, até chegar na RCA, aí sim o pessoal sai daqui? É isso?
E se a ONU disser que temos de estar lá "pra ontem" de mala e cuia?
ps: quem vai garantir a segurança do comboio até chegarmos à RCA, e depois, lá estando, quem garante que vamos chegar incólumes até o TO de ação?
abs
Carvalho,
creio que vc não "pegou" a dimensão, a quantidade de material que um batalhão necessita.
Como exemplo, usemos o retorno do Haiti, onde foi fretado um navio mercante gigantesco para trazer as tralhas importantes, pois o de menor valor, ou sem valor militar, foi doado ao governo haitiano.
Agora falar que para a Missão em Angola foi "só atravessar o Atlântico", você está sendo leniente, pois além de "só atravessar o Atlântico" havia que deslocar
TODO o material por via rodoviária por quase 2.000 km até o local da Base do BRABATT, em estradas que nem mereciam este nome, após mais de 25 anos de guerra fratricida.
Dizer que a Missão de Angola foi light é sem fundamento, é desconhecimento de causa.....
Foi uma missão no auge da Guerra, onde houve por 2 ou 3 meses um cessar fogo oficial, que contudo não foi cumprido. É desconhecer que de lá voltaram diversos militares brasileiros em "sacos de plástico preto" como costumam dizer aqui no DB. É desconhecer que houveram diversos militares que retornaram antecipadamente ao Brasil por ferimentos, seja em combate, seja por acidente com viaturas, seja por explosão de minas terrestres. Exemplo: fui do 3º Contingente, e no rodízio para o 4º, na segunda semana deles, uma viatura Xingu dos Fuzileiros Navais ignorou as ROE (Rules of Engagement) da ONU, também o bom senso e foi no lema "Somos fodões, e tudo podemos". Resultado: um sargento e um cabo ensacados, e um cabo removido para um hospital da África do Sul, quando não pararam a viatura para uma simples cordinha vermelha atravessada na estrada, que os guerrilheiros colocaram para sinalizar o check-point deles. E estes abriram fogo com seus AK's!
Creio que podes ter agora uma leve imagem do que foi a Missão de Angola, onde os nossos Cascavéis 90mm, tão criticados aqui no DB, troaram em tiros direto contra posições dos guerrilheiros, onde nossos morteiros 80mm, os nossos Can S/R 106mm fizeram por merecer. Aliás, não esqueça que a imprensa nem sempre noticia tudo, bem como não tem acesso total ao TO das tropas, bem como não recebe as informações na íntegra.
Exemplo: foi sempre noticiado que no Haiti o armamento mais pesado eram pistolas. Mas, e o nosso tenente que perdeu o movimento do braço atingido por um projétil 7,62 que antes atravessou a emenda da porta do Urutu com a blindagem. Foi de pistola?
Então, para terminar, experiência já temos, e não vai ser a ONU que irá dizer quando lá deveremos estar. Ela sugere uma data, e nós tentamos estar lá nesta data. Se não der, chegaremos depois.
Perguntas quem irá fazer a segurança dos nosso comboio??... Ora, o nosso pessoal, embarcado nos Guarani, Urutu ou Cascavel, seja qual for. Foi assim que fizemos anteriormente, e faremos de novo, e de novo...... E provavelmente pela RN3!
O pessoal pode perfeitamente sair daqui em data aproximada da chegada do equipamento no TO. O pessoal necessário para o transporte e escolta do comboio vai embarcado nos nossos navios de apoio logístico. Os demais, em aeronave, e ficam localizados numa Base de Transição que a ONU sempre monta no porto, ou aeroporto, por onde as tropas e material costumam ingressar no país da missão. E depois, são conduzidos, via de regra, por aeronave L-100 ou C130 da ONU para o destino final. Quando isso não é possível ou viável, embarca em viaturas e deslocam por meios próprios. E consequentemente se faz como os tugas fizeram naquele vídeo aqui postado, onde pernoitaram em algum ponto durante o deslocamento, e depois são armadas as barracas para a instalação da Base, inicialmente.
Podes ver então que não faremos voo direto, e nem com air refueling. Não temos tanta pressa de lá chegar.