Arqueologia/antropologia/ADN

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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#76 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Jul 07, 2017 12:02 pm

O título está relacionado com o primeiro texto da autoria do nosso eterno "futuro prémio Nobel da Literatura"... também conhecido por António Lobo Antunes. Se a moderação entender alterar o título que não seja o actual, o mesmo não pode ser só arqueologia, já que o tema exposto é bastante mais alargado.




"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

O insulto é a arma dos fracos...

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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#77 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Jul 18, 2017 1:18 pm

ANTA DO ZAMBUJEIRO É A MAIOR NA PENÍNSULA IBÉRICA

A Anta Grande do Zambujeiro, em Évora, é uma das maiores da Europa e a maior na Península Ibérica, com 50 metros de diâmetro. Impressiona como a conseguiram erguer há 4 mil anos.

A serra tem hoje pouco movimento, as minas acabaram, muitos dos monumentos estão em ruína e a maioria destes sítios estão em lugares recônditos, com pouca ou nenhuma sinalização. É, aliás, curioso que, quando se procura um desses lugares, descobre-se caminho para outros sítios de interesse.

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Caminho para a Anta Grande do Zambujeiro créditos: Who Trips

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Anta Grande do Zambujeiro créditos: Who Trips

Este monumento tem 50 metros de diâmetro e a câmara funerária tem 6 metros de altura e mantém ainda sete esteios.

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Anta Grande do Zambujeiro créditos: Who Trips

Este espaço estava coberto com uma mamoa com cerca de 50 metros de diâmetro. É uma dimensão invulgar que é complementada com um corredor de 12 metros com pedras de dois metros de altura.

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Corredor de acesso créditos: Who Trips

Há uma porta de madeira no interior que impede o acesso à câmara funerária porque, por vezes, havia quem realizasse no interior fogos relacionados com rituais desconhecidos. No dia em que visitei, havia vestígios de uma fogueira no exterior.

A anta foi descoberta em 1965 e está classificada como Monumento Nacional. Na entrevista ao arqueólogo Henrique Leonor Pina percebe-se melhor o contexto da descoberta e dos trabalhos realizados.

:arrow: http://viagens.sapo.pt/viajar/viajar-po ... la-iberica




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#78 Mensagem por cabeça de martelo » Qui Ago 10, 2017 8:38 am

DESCOBERTO JOVEM PORTUGUÊS COM ADN DE CINCO CONTINENTES

Depois do sucesso mundial da primeira campanha "The DNA Journey", no ano passado, o site de viagens Momondo anunciou os 18 vencedores deste ano, entre os quais está um português.

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Carlos Sousa, 19 anos, Vila Nova de Gaia. Estuda Natureza e Património na Universidade dos Açores e é o grande vencedor, entre as 4.478 participações nacionais e as 67.000 mundiais, do concurso "The DNA Journey".

As expectativas de Carlos Sousa para o concurso eram baixas, porque julgava que a sua origem era exclusivamente portuguesa.

Os resultados genéticos revelaram que este jovem é um cidadão do mundo, com uma ancestralidade que remonta a cinco continentes – 92% da Europa, 6% de África, 1% da Ásia, 1% da Oceânia e ainda com genes de duas comunidades da América: Brasil e Cuba.

"Sinto-me roubado por ter vivido 19 anos na ignorância. Apercebi-me que cada vez mais as etnias estão todas misturadas e que no futuro é muito possível vir a existir apenas uma", comentou.

"Quando fui estudar para os Açores, toda a gente me achou louco, agora que vou dar a volta ao mundo em menos de 80 dias acham-me simplesmente doido", acrescentou, referindo-se ao prémio atribuído pela Momondo por ser um dos vencedores do concurso.

Fábio Pereira, responsável da Momondo para o mercado nacional, refere que "este projeto confirma que as nossas origens são um mistério para muitos nós. Hoje sabemos o quão diversificadas são as nossas origens e isso contribui para sermos mais tolerantes com os outros"

A primeira edição do concurso "The DNA Journey" levou João Narciso, um jovem português de 20 anos, a seis países e Manuel Martínez, um mexicano que venceu o concurso global, a 12, um dos quais Portugal.




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#79 Mensagem por cabeça de martelo » Qui Ago 17, 2017 11:13 am

A Casa Saloia

Calcorreando as ruas da velha Loures, vendo aqui e ali este e aquele casario típico da Estremadura, apercebemos nas suas nuances e comparando-as às descrições de crónicas e fotografias de há 100 anos atrás, como seria então a paisagem do Termo.

Casas chãs aglomeradas formando curtas ruas calcetadas, ou de terra batida que era o mais usual; casario isolado em meio de hortas e quintedos onde, destacado ou discreto, o solar apalaçado dum nobre ou o convento exíguo de alguma freiria de vocação ermitã abrilhantavam ainda mais o já de si soberbo quadro rural lourenho, cujo tipicismo peculiar ou singular é hoje lembrado pelos mais idosos com nostalgia e saudade.

Tal quadro rural de Loures não será muito diferente do da Sintra Saloia de há não muitos anos atrás, como descreve Vitor Serrão (in Sintra (os aglomerados saloios). Editorial Presença, 1.ª edição, Lisboa, 1989): «A chamada Região dos Saloios – a região que integra os limites cistaganos do Município Olisiponense, ou seja, o território da península de Lisboa, cingido a norte pelos actuais concelhos de Torres Vedras e de Alenquer – tem no concelho de Sintra uma das suas zonas mais interessantes sob o ponto de vista de genuíno património edificado. São vários os núcleos que subsistem, com maior ou menor grau de integridade, característicos da arquitectura dos «saloios», isto é, autóctones moçárabes, herdeiros da cultura hispano-romana florescente nos agrido Município Olisiponense: são eles, entre outros, o casal de A-dos-Rolhados (freguesia de Algueirão), a aldeia de Broas – nos limites confluentes do concelho com o de Mafra –, o casal de Bolelas e, apesar das contaminações abusivas provocadas pelo urbanismo desordenado e sem critério, as aldeias de S. João das Lampas, Barreira, Cabrela, Azóia, Penedo, Ulgueira, e outras.

«A construção saloia, habitualmente com o seu lagar, fornos, adega, estábulos e curral, com as suas típicas coberturas de quatro águas, um peculiar sistema de aberturas, etc., reflecte sobretudo a actividade agrícola do homem saloio, que continua como os seus antepassados a ser o çahroi da época muçulmana, isto é, o trabalhador do campo

...

Dr. Vitor Manuel Adrião
(Professor e investigador)

Fonte : http://www.folclore-online.com/textos/v ... ZTHZL3TXqA




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#80 Mensagem por cabeça de martelo » Qua Set 20, 2017 10:50 am

Identifican a 19 descendientes vivos de Ötzi, el 'hombre de los hielos'

Científicos austríacos han logrado identificar a 19 descendientes vivos de Ötzi, el 'hombre de los hielos', que vivió hace 5.300 años y cuya momia fue hallada en 1991.

Imagem

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:arrow: https://actualidad.rt.com/ciencias/view ... 5.facebook




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#81 Mensagem por cabeça de martelo » Qui Set 28, 2017 11:12 am

Viking skeleton’s DNA test proves historians wrong

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The remains of a powerful Viking — long thought to be a man — was in fact a real-life Xena Warrior Princess, a study released Friday reveals.

The lady war boss was buried in the mid-10th century along with deadly weapons and two horses, leading archaeologists and historians to assume she was a man, according to the findings published in the American Journal of Physical Anthropology.

Wrong.

“It’s actually a woman, somewhere over the age of 30 and fairly tall, too, measuring around [5 feet 6 inches] tall,” archaeologist Charlotte Hedenstierna-Jonson of Uppsala University, who conducted the study, told The Local.

And she was likely in charge.

“Aside from the complete warrior equipment buried along with her — a sword, an ax, a spear, armor-piercing arrows, a battle knife, shields, and two horses — she had a board game in her lap, or more of a war-planning game used to try out battle tactics and strategies, which indicates she was a powerful military leader,” Hedenstierna-Jonson said. “She’s most likely planned, led and taken part in battles.”

The discovery marks the first genetic proof that women were Viking warriors, according to science publication Phys.org.

The Viking grave was first found and excavated by Swedish archaeologist Hjalmar Stolpe in the late 1800s.

But a few years ago, osteologist Anna Kjellström of Stockholm University noticed its skeleton had fine cheekbones and feminine hip bones, researches said.

They conducted DNA analysis and confirmed it was a female.

“This image of the male warrior in a patriarchal society was reinforced by research traditions and contemporary preconceptions. Hence, the biological sex of the individual was taken for granted,” Hedenstierna-Jonson and other researchers wrote in the report.

The research was led by the Stockholm and Uppsala universities.

:arrow: http://nypost.com/2017/09/08/viking-ske ... et_2036519




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#82 Mensagem por cabeça de martelo » Qua Out 11, 2017 9:27 am

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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#83 Mensagem por cabeça de martelo » Qua Out 11, 2017 12:37 pm

Os neandertais têm uma nova história (romântica) para contar e nós também entramos

Foi sequenciado o segundo genoma de um neandertal com elevada qualidade (com 52 mil anos), bem como os de quatro humanos modernos (com 34 mil anos). E assim soube-se um pouco mais sobre as relações entre os neandertais e a nossa espécie

Pode dizer-se que a relação entre os neandertais e os humanos modernos, a nossa espécie, é uma novela que teve os seus dramas. Já desde 2010 que tínhamos um grande plano das relações dos neandertais com a primeira sequenciação, com elevada qualidade, do genoma de um neandertal. Era de uma mulher que viveu na Sibéria (nos Montes Altai, Rússia) há 122 mil anos. Os realizadores dessa sequenciação concluíram que os pais dessa mulher eram meios-irmãos. Estávamos portanto perante um caso de incesto (se virmos essas relações aos olhos de hoje). Agora sequenciou-se o genoma de outro neandertal com grande qualidade, também de uma mulher, que viveu há 52 mil anos e foi encontrada na gruta de Vindija, na Croácia. Mas neste genoma já não se não se viram os mesmos padrões de incesto como no primeiro neandertal, pelo que as relações incestuosas não estariam disseminadas por todos os neandertais.

Avançando na acção da história evolutiva, uma outra equipa (que inclui um investigador português) acaba de anunciar a descodificação do genoma completo de quatro humanos modernos que viveram há 34 mil anos e pertenciam todos à mesma população. Tal como na mulher neandertal da Croácia, não se encontraram sinais de incesto nesses humanos modernos – assim, concluiu-se que esses representantes da nossa espécie já tinham nessa altura uma rede social complexa entre vários grupos, ao contrário do que se pensava antes.

Os neandertais surgiram há cerca de 400 mil anos na Europa e no Médio Oriente e extinguiram-se há 28 mil anos, na Península Ibérica. Mas é sobretudo o que aconteceu há cerca de 50 mil anos que muito se discute. Foi nessa altura que nós (Homo sapiens) saímos de África, espalhámo-nos até à Península Arábica e fomos para todo o continente euroasiático. Quando aí chegámos, já a maior parte da Eurásia estava colonizada por outros seres humanos, como os neandertais. “Estes humanos eram mais musculosos do que os sapiens, tinham cérebros maiores e estavam mais bem adaptados aos climas frios”, escreve Yuval Noah Harari no livro Sapiens: História Breve da Humanidade (edição portuguesa da Elsinore, de Julho deste ano). Os neandertais, além de ferramentas, também usavam o fogo, eram bons caçadores e já cuidariam dos doentes.

Têm existido sobretudo duas hipóteses sobre o “encontro imediato” entre nós e os neandertais. Uma é a teoria do cruzamento de espécies, que diz que os sapiens foram até às terras onde os neandertais viviam e procriaram com eles. Depois, há a teoria da substituição, que defende que os sapiens tomaram o lugar de todas as outras espécies humanas fora de África, sem se reproduzirem com elas.

O neandertal dentro de nós

Em 2010, abriu-se a caixa de Pandora quando foi publicada a sequenciação com grande qualidade do genoma da mulher neandertal. Na altura, os resultados mostravam que os humanos modernos (de origem não africana) tinham entre 1% e 4% de ADN neandertal. Isto queria dizer que, em parte, as duas teorias não estão nem completamente erradas nem certas. Ou seja, os neandertais e os sapiens fizeram a guerra entre si e também amor, o que, se pode dizer, foi todo um drama. Aliás, segundo um estudo de 2011 ficámos com um sistema imunitário mais forte por termos feito sexo com os neandertais.

Quanto ao fóssil da mulher neandertal de Altai cujo genoma foi divulgado em 2010, ele tinha sido descoberto na gruta Denisova, nos Montes Altai. Ela deixou-nos o osso de um dedo dos pés (mas não confundamos esse osso com outro, neste caso de um dedo da mão encontrado na mesma gruta e de uma outra espécie de humanos, os denisovanos).

Ao analisarem os genes dessa mulher neandertal, os cientistas tinham concluído que os seus pais podiam ter sido meios-irmãos, ou tio e sobrinha, ou tia e sobrinho, avô e neta ou ainda avó e neto. Esta consanguinidade estendia-se aos seus antepassados mais próximos. Além disso, compreendeu-se que as populações de neandertais eram muito pequenas e que os neandertais e os denisovanos partilhavam mais características genéticas do que os neandertais e nós. “Já sabemos que houve muitas misturas entre espécies de humanos diferentes – e poderá ter havido outras que ainda não descobrimos”, dizia na altura Montgomery Slatkin, da Universidade da Califórnia (EUA) e um dos autores do trabalho, que contava também com o famoso biólogo Svante Pääbo, do Instituto Max Planck para a Antropologia Evolutiva (Alemanha).

Até ao momento, já foram sequenciados cinco genomas de neandertais. Mas com boa qualidade só há a leitura do fóssil dos Montes de Altai e agora o da gruta Vindija. E é sobre este fóssil desta gruta da Croácia, encontrado em 1980, que foram apresentados resultados na última edição da Science.

“Inicialmente não foi reconhecida como um neandertal. Apenas foi identificada mais tarde com análises de ADN”, diz ao PÚBLICO Kay Prüfer, do Instituto Max Planck para a Antropologia Evolutiva e o autor principal do trabalho, coordenado por Svante Pääbo. “É raro encontrar um exemplar que tenha ADN suficiente e não esteja contaminado por ADN microbiano ou de humano moderno”, acrescenta Kay Prüfer.

Enquanto o ADN da neandertal de Altai mostrava sinais de incesto, a neandertal da gruta de Vindija não apresentava os mesmos padrões, o que indica que essas relações podem não estar todos os grupos destes humanos. Mesmo assim, partilhava um antepassado materno com dois dos três indivíduos daquela gruta onde foi encontrada. Este trabalho também sugere (como outros) que os neandertais viviam em populações isoladas, que tinham apenas cerca de três mil indivíduos.

O genoma desta neandertal também nos dá informações sobre trocas genéticas entre esses humanos e a nossa espécie, que terão acontecido entre há 130 mil e 145 mil anos, antes da separação dos neandertais da Sibéria e os da Croácia. Falando de trocas genéticas, este novo estudo diz que as populações não africanas têm no seu genoma entre 1,8% e 2,6% de ADN neandertal, enquanto as estimativas anteriores apontava para um pouco menos (entre 1,5% e 2,1%).

Os cientistas encontraram ainda novas variantes genéticas que influenciaram os sapiens, relacionadas com os níveis de colesterol, vitamina D, perturbações alimentares, acumulação de gordura visceral, artrite reumatóide, risco de esquizofrenia e a resposta a drogas psicoactivas. Trabalhos anteriores já referiam que herdámos dos neandertais uma maior susceptibilidade para a depressão, o desenvolvimento de queratose actínica (sinais da pele que podem originar cancro), o vício do tabaco e a hipercoagulação do sangue.

E agora acaba de se juntar um outro artigo, publicado na última edição da revista American Journal of Human Genetics, que nota que herdámos ainda dos neandertais características ligadas à cor da pele e do cabelo, assim como os padrões de sono e as alterações de humor. Este trabalho coordenado por Janet Kelso, também do Instituto Max Planck, baseou-se no genoma da neandertal de Altai e no da Vindija. E compararam-se esses genomas com o ADN de mais de 112 mil pessoas actuais cujos dados estão do Biobanco do Reino Unido, que inclui informação sobre a aparência física, a dieta, a exposição ao sol, comportamentos e doenças.

“É importante esclarecer que não estamos a dizer que o ADN dos neandertais por si só é responsável por estas características”, salienta Janet Kelso. “A maioria das características é complexa e há variantes muito diferentes nos nossos genomas que contribuem para cada uma delas.” Ou seja, o ADN dos neandertais é apenas uma parte desse contributo.

Sapiens pouco endogâmicos

Avancemos agora até aos quatro humanos modernos de há 34 mil anos. Foram encontrados em Sunghir, um sítio arqueológico do Paleolítico Superior a cerca de 200 quilómetros a leste de Moscovo. Uma equipa coordenada pelas universidades de Cambridge (Reino Unido) e Copenhaga (Dinamarca), analisou esses quatro genomas (de dois adultos e dois adolescentes). “Pela primeira vez, temos dados de indivíduos que viveram ao mesmo tempo”, diz ao PÚBLICO Vítor Sousa, agora no Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (Ce3c), da Universidade de Lisboa, e que participou no estudo publicado também na Science.

O objectivo era compreender a relação entre esses quatro indivíduos, bem como de outros do mesmo sítio, outros sapiens do Paleolítico, os neandertais e nós. Entre os indivíduos de Sunghir estavam os dois adolescentes enterrados juntos e, até agora, pensava-se que eram irmãos ou familiares próximos. Surpreendentemente, as análises de ADN trocaram as voltas: afinal, eram primos em segundo grau, pelo que os seus avôs podiam ser irmãos. “Antes, havia a prova de que eram grupos isolados e tinham graus de parentesco elevados ou endogamia [consanguinidade elevada]. Encontrou-se oposto”, refere o português.

Isto significa que os vários grupos de humanos já comunicavam e acasalavam entre si. “Estes resultados sugerem que os primeiros humanos modernos procuravam voluntariamente parceiros sexuais para lá da sua família mais próxima”, lê-se num comunicado do Ce3c. “Provavelmente, os seus grupos sociais estavam ligados a uma rede mais ampla de grupos dentro dos quais os parceiros sexuais eram escolhidos, evitando assim a endogamia.”

Imagem
https://imagens.publicocdn.com/imagens. ... GENS&w=398

Vítor Sousa dá o exemplo das sociedades de caçadores-recolectores actuais, como os aborígenes australianos. “Tal como os antepassados do Paleolítico Superior, estas pessoas vivem em grupos bastante pequenos de cerca de 25 pessoas, mas também ligados a uma comunidade maior talvez de 200 pessoas, em que há regras de organização em que os indivíduos podem formar parcerias”, explica-se num comunicado da Universidade de Cambridge. Isto mostra que já há 34 mil anos existia uma organização social complexa.

“Os investigadores sugerem também que o desenvolvimento precoce destas redes sociais complexas pode explicar, pelo menos em parte, o motivo pelo qual os seres humanos modernos foram bem-sucedidos – enquanto que outras espécies rivais, como os neandertais, não o foram”, refere ainda o comunicado do Ce3c.

Para esses estudos futuros, será necessário ter genomas de mais neandertais e humanos modernos daqueles tempos. Aguardemos então pelos próximos capítulos da novela da nossa história evolutiva.

:arrow: https://www.publico.pt/2017/10/11/cienc ... st_section




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#84 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Out 24, 2017 12:28 pm

Construction Worker Finds Incredible 600-Year-Old Sword in Bog

The sword is remarkably well-preserved considering it's been underwater for six entire centuries.

Imagem

Last month, an excavator operator was working in a peat bog in southeast Poland when he stumbled on a unique find: a rusted longsword from the 14th century. The discovery has kicked off an archaeological expedition to the area in the hope of finding more artifacts from the time period.

The sword itself, a 4-foot, 3.3-pound, two-handed longsword, is in remarkable condition considering it's 600 years old. The blade is almost fully intact, and the only part of the sword missing is the hilt, which was likely made from bone or wood.



:arrow: http://www.popularmechanics.com/science ... iscovered/




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#85 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Out 28, 2017 7:53 am

"Os uruguaios falam portunhol. Queremos que falem português"

Entrevista à ministra da Educação e Cultura do Uruguai, María Julia Muñoz

A ministra da Educação e da Cultura do Uruguai está em Portugal para manter vivos os laços entre os dois países e reforçar a cooperação na área do desenvolvimento científico e tecnológico, mas também no ensino do português. Ao DN, fala da abertura social dos uruguaios e do impacto que teve a eleição de José Mujica.

O Uruguai foi o primeiro país da América Latina a legalizar as uniões homossexuais, um dos primeiros a autorizar o aborto e é pioneiro mundial na legalização da marijuana. Porque é que é um país tão aberto socialmente?

O Uruguai tem fortes movimentos sociais que dinamizaram a política para os avanços nos direitos individuais. Foi o encontro dos movimentos sociais com a vontade política do governo da Frente Ampla que tornou realidade as uniões homossexuais, a adoção por parte de casais do mesmo sexo e a legalização da marijuana, que está em processo de comercialização em mais lugares que não só as farmácias, porque isso chocou com a legislação dos bancos dos EUA.

Há 16 farmácias que não têm problemas porque não têm contas bancárias, mas as outras têm. E a legislação federal dos EUA não permite que peçam empréstimos ou que as empresas possam trabalhar com elas. Então estamos a trabalhar para que locais mais pequenos, com uma economia mais diária, possam assumir a comercialização para as pessoas que já estão registadas e que têm um limite máximo para o consumo recreativo. Da mesma forma já se começa a comercializar a marijuana medicinal. Também há problemas no reconhecimento que fez o Uruguai em relação aos direitos das mulheres.

Fala do aborto? Há problemas com a Argentina ou o Brasil onde não é legal?

No Uruguai é legal e aplica-se com normalidade. Há discrepâncias com movimentos sociais que não concordam e com grupos minoritários que se unem aos países que pensam diferente.

Porque é que os grupos sociais uruguaios tiveram esse impacto e noutros países da região não?

O Uruguai, desde começos do século XX, tem separado a Igreja do Estado. Creio que é maioritariamente um país laico, apesar de haver religiosidade e religiões. Criou-se uma mentalidade muito laica.

Falámos do aborto, mas o atual presidente, Tabaré Vázquez, foi contra...

Ele é médico e diz que, por questões éticas, é preciso defender a vida desde o momento da conceção. Ele é um homem que está muito comprometido com a saúde das pessoas e que agora lidera um movimento muito importante na Organização Mundial da Saúde de luta contra as doenças crónicas não transmissíveis. O Uruguai foi o primeiro país da América Latina que proibiu fumar nos espaços fechados e que começou com a ideia dos maços de tabaco sem marca, sendo alvo de um processo da Philip Morris. Ganhámos esse processo com grandes debates internacionais e discussões. Agora começamos a trabalhar contra o consumo abusivo do álcool, educando a população mais jovem, proibindo a bebida a quem conduz, a taxa de alcoolemia é zero, aconselha--se as mulheres grávidas a não consumir álcool, assim como aos menores de 18 anos. E desde o primeiro governo de Tabaré Vázquez que é obrigatória a educação física nas escolas para promover o desporto em todas as idades. Estamos dedicados a lutar contra a obesidade infantil que já começa a ser preocupante.

Que impacto teve a eleição de José Mujica como presidente em 2010?

Mujica, que atualmente é senador, teve a capacidade de prestar atenção ao que a sociedade reclamava. Além disso, as características pessoais de Mujica fazem que seja um ex-presidente mundialmente conhecido. É uma pessoa muito franca. O que pensa diz de imediato, uma postura com que se identifica o cidadão comum que não tem retórica para apresentar os problemas.

Ainda tem influência?

Sim. Em primeiro lugar porque mantém uma relação muito estreita com o atual presidente, porque são do mesmo partido. Também porque Mujica continua a ser uma pessoa muito ouvida, um homem muito equilibrado e muito aberto ao diálogo. Sempre que há dois setores sociais em confronto é procurado para mediar.

Qual é o objetivo da sua visita a Lisboa?

O Uruguai tem fortes laços com Portugal. A Colónia de Sacramento mantém toda a arquitetura portuguesa, de quando os portugueses estiveram no Rio da Prata, e temos interesse em manter vivo esse vínculo entre os países. Porque apesar de, numericamente, a população descendente dos portugueses ser menor do que a descendente de espanhóis ou italianos, existe uma colónia importante e laços afetivos e culturais. Ao Uruguai interessa tudo o que tem que ver com o desenvolvimento científico e tecnológico que fez Portugal. Queremos um maior desenvolvimento da investigação e interessa-nos ter convénios que permitam o intercâmbio de investigadores, de cientistas. Interessa também o relacionamento fluido em tudo o que tem que ver com o ensino do idioma. Já se incorporou o ensino do português em todas as escolas de fronteira com o Brasil, que é uma fronteira longa. Nós dizemos que os uruguaios falam portunhol, mas queremos que falem português.

https://www.dn.pt/mundo/interior/os-uru ... 72354.html




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#86 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Out 28, 2017 7:58 am

Túlio escreveu:Porto Alegre é conhecida até hoje como Porto dos Casais, dado ter sido fundada por uns 60 casais provenientes dos Açores. Ah, e HAMMERHEAD, tenhas em mente que palavras como "estol", brifim" e "pilofe" são aportuguesamentos de termos anglo-saxônicos, mas não foram criados por nós, civis, e sim pelos próprios Pilotos da FAB. Deste modo, Piloto brazuca algum irá dizer que o -390 teve "stall" e sim que "estolou"...
http://blogorigens3.blogspot.pt/2017/10 ... 9.html?m=1




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#87 Mensagem por Túlio » Sáb Out 28, 2017 11:49 am

O Uruguay chegou inclusive a fazer parte do Império do Brazil, sendo chamado de Província Cisplatina (aquém do Rio da Prata) e, por influência dos argies (sempre eles! :evil: ) e dos seus então grandes cupinchas, os Ingleses, a quem não convinha - Geopolítica - que o Império se estendesse até o citado rio, se rebelou e fez o que nós, Gaúchos do lado de cá da fronteira (eles também o são, só que falam língua de castelhano, uma grande pena), somos acusados até hoje de tentar imitar: separou-se do Brasil e se tornou uma República independente (ferrô-se o argie, pois seu próximo passo seria incorporá-lo, no que forram obstaculizados pelos "grandes amigos", os quais, pouco tempo depois, os botaram a correr de umas ilhas que já deram muita dor de cabeça e que se chamam Falklands: TOMA TOMA TOMA TOMA :twisted: ).

Frequentei muito aquelas fronteiras nos anos 80 e estranho isso de "botar escola para ensinar Português", pois o que eu mais via por lá era Uruguayo falando Português (não "portunhol") e Brasileiro falando castelhano (e novamente não "portunhol") simplesmente porque as cidades dos dois lados da fronteira ou praticamente são uma só, apenas com nomes diferentes (como Livramento e Rivera) ou separadas por uma curta ponte (como Quaraí e Artigas), ou seja, a população de ambas interage constantemente e para isso é preciso se comunicar de maneira inteligível. "Portunhol" falo eu, que não sou de lá, qualquer pessoa com QI superior ao de uma alface e que resida há pelo menos dez anos em um lugar desses é bilíngue (tenho cupinchas que mal têm um leve sotaque castelhano e olhe lá, e nunca precisaram de escola para aprender Português, era só fazer amigos do outro lado da rua ou da ponte e PIMBA, aprendia e ensinava).




“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”

P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#88 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Out 28, 2017 12:04 pm

Por aqui é igual, nas povoações fronteiriças. Eu sou de uma zona tradicionalmente muito patriótica e que antigamente via os Espanhóis como aqueles seres que de 200 em 200 anos tentam-nos conquistar e que de guerra não percebem a ponta de um corno. Imagina tu quando era adolescente, numa altura em que não havia nem metade das autoestradas que há actualmente e fomos ao norte do país, mesmo na fronteira com Espanha. Eles falavam Castelhano/Galego de um lado Português do outro naturalmente e não havia qualquer tipo desses sentimentos.




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#89 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Nov 10, 2017 8:38 am

Mais de mil descendentes de judeus obtiveram nacionalidade portuguesa desde 2015

Mais de mil descendentes de judeus expulsos de Portugal no século XV obtiveram nacionalidade portuguesa desde março de 2015, data da entrada em vigor da legislação que permite tal concessão, revelou hoje a Comunidade Israelita do Porto.

"Por força da legislação que permite aos judeus sefarditas portugueses solicitarem, pela sua condição, a nacionalidade portuguesa, foi conseguida uma reaproximação dos judeus sefarditas a Portugal", assinala, em comunicado, Dale Jeffries, vogal de apoio da Direção da Comunidade Israelita do Porto (CIP).

Para assinalar este feito, a CIP, segundo a qual "à data, mais de mil judeus sefarditas já adquiriam a nacionalidade portuguesa", promove dia 16 um concerto na Casa da Música do Porto.

Sefardita é o vocábulo que designa os descendentes dos judeus que viveram em Espanha e Portugal antes da perseguição religiosa que lhes foi movida a partir do final do século XV.

Segundo o responsável, o Concerto da Memória Sefardita é "uma forma de agradecimento" ao Estado português, por permitir o reencontro da comunidade "com os descendentes daqueles que já viviam neste território, desde antes da fundação da nacionalidade."

"Tradição e Modernidade -- Tributo à nossa herança musical judaica" é o mote do concerto que terá lugar na Casa da Música do Porto e que contará com a atuação das cantoras líricas Linet Saul (soprano) e Judit Rajk (contralto), ambas judias sefarditas de origem portuguesa, que interpretarão diversas peças musicais, acompanhadas pela Orquestra da ESMAE -- Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo.

Em "destaque" durante o concerto estará, diz a CIP, o ladino, uma mistura dos idiomas português, castelhano e outros, sendo falado e cantado, ainda hoje, em muitos países, por mais de 150 mil judeus de origens portuguesa e castelhana.

"A Comunidade Israelita do Porto não tem apenas fins de cariz religioso. A promoção da cultura e da história hebraicas, o que aliás nos leva a ter um museu judaico em funcionamento e a receber anualmente na sinagoga milhares de alunos de escolas portuguesas e estrangeiras, são outras das prioridades em que muito nos empenhamos", acrescenta Dale Jeffries.

O Concerto da Memória Sefardita é composto por sete momentos que incluem Psalm of The Distant Dove de Hugo Weisgall, três excertos da versão hebraica de Esther de Händel, excertos de Seven Sephardic Folk Songs de Shimon Cohen, The Exodus Song de Ernest Gold e Tema da Memória Sefardita da autoria do maestro e clarinetista António Saiote-

"Embora a 'arte do museu' não seja permitida nas sinagogas, é interessante notar que a arte e a música são a essência da oração judaica. Quase todas as orações são feitas com uma base musical", destaca Dale Jeffries.

Em abril de 2013, foi aprovada pelo parlamento uma alteração à Lei da Nacionalidade, que previa a concessão da nacionalidade por naturalização aos descendentes de judeus sefarditas portugueses e, em julho do mesmo ano, foi publicada a lei que deveria ter sido regulamentada num prazo de 90 dias.

Contudo, só no final de agosto de 2014 o Ministério da Justiça apresentou às comunidades israelitas de Lisboa e do Porto um projeto de decreto-lei para a regulamentação e o decreto-lei que regulamentou a concessão da nacionalidade portuguesa, por naturalização, a descendentes de judeus sefarditas foi aprovado pelo Governo em janeiro de 2015.

O decreto-lei foi promulgado pelo então Presidente Aníbal Cavaco Silva e publicado em Diário da República no final de fevereiro de 2015, entrando em vigor a 01 de março do mesmo ano.

LIL // MSP

Lusa/Fim




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Re: O que é feito da tua irmã gémea que abandonaste ao nascer?

#90 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Nov 28, 2017 9:41 am

Papa chega esta segunda-feira ao Myanmar, onde o catolicismo sente em português

Filipe d'Avillez

São algumas centenas de milhares os católicos birmaneses, quase todos descendem de portugueses. Entre as poucas poucas coisas que os ligam a Portugal inclui-se a fé, o chouriço e um enorme orgulho nas raízes.

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As aldeias católicas do Myanmar estão vazias por estes dias, quase toda a população viajou para Rangum, a principal cidade do país, para poderem concretizar o sonho de ver o Papa Francisco.

“As pessoas estão muito entusiasmadas. Para eles é quase um milagre. A maioria não tem dinheiro para viajar até Roma e agora o Papa vem ter com eles. Vão ver tudo à distância, mas estão muito entusiasmados”, explica James Swe, um birmanês católico radicado no Canadá há 42 anos mas que voltou ao seu país natal para poder participar neste evento.

Mas se os bayingyi, como são conhecidos os católicos deste país, estivessem ainda nas suas aldeias, é muito possível que estivessem a fazer chouriço. A iguaria é uma das poucas heranças gastronómicas que sobrevive dos seus antepassados, os portugueses que estiveram naquela parte do mundo e que por lá casaram, e ficaram, há cinco séculos.

James Swe, que também pertence a esta comunidade e escreveu um livro sobre a presença portuguesa na Birmânia, que vai ser publicado em português no próximo ano, explica que os seus correligionários nem sequer conseguiriam encontrar Portugal num mapa, “mas têm muito orgulho no facto de serem descendentes dos portugueses. A expansão da Birmânia em termos de poder e de influência deve-se aos portugueses e seus descendentes, que serviram os reis birmaneses como artilheiros”.

Muitos dos bayingyi têm ainda feições caucasianas, ou olhos claros. De resto, “na maioria das aldeias sabem fazer chouriço, como os portugueses faziam há centenas de anos”, mas o mais importante, o que dá identidade ao grupo, é a fé. “Todos os católicos são descendentes dos portugueses. Mesmo o primeiro cardeal da Birmânia, Charles Bo, é descendente deles. O catolicismo é uma parte fundamental da nossa cultura, somos muito conservadores”, afirma James Swe.

Poucos são os católicos birmaneses que tiveram a sorte de visitar Portugal, mas James fê-lo quando pesquisava o seu livro. “A primeira sensação que tive quando cheguei a Portugal foi de reunificação. Há 400 anos que os meus antepassados não sabiam se alguma vez voltariam a Portugal, mas passado este tempo todo eu, enquanto herdeiro espiritual, estava a regressar a Portugal. Foi isso que senti. Posso não parecer português, mas sinto-me português, foi como regressar a casa”

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Reis, soldados e piratas

A história da presença portuguesa no Myanmar remonta ao século XVI, mas ao contrário do que se poderia pensar, a chegada dos primeiros aos reinos que ocupavam o que é agora o Myanmar, não foi organizada.

Um exemplo é Sebastião Tibau, um militar que mal chegou à Índia desertou e foi procurar fortuna e glória para os lados de Arracão, hoje o estado birmanês de Rakhine, onde ocorre a situação humanitária com os rohingya, que se dizem perseguidos pelo regime e pelas forças armadas do país.

“Ele transforma-se lentamente num rei pirata da ilha de Sundiva. Depois é claro que com tantas traições e mudanças de campo acabou por ser destruído pelos birmaneses. Mas há depois o famosíssimo Rei do Sirião, ou rei do Pegú, que é um Filipe Brito de Nicote, que era também um mercenário, que ganhou tanto relevo que acabou por ser investido como Senhor do Sirião”, explica o historiador Miguel Castelo Branco, especialista na presença portuguesa na Ásia.

Mas para além destes dois casos isolados, há uma presença mais consolidada, que acabará por dar origem aos birmaneses que actualmente se chamam bayingyi. “Onde há portugueses à solta, que era o nome que se lhes dava, geravam espontaneamente comunidades ditas portuguesas. Casavam com mulheres locais, os filhos recebiam educação portuguesa e a religião dos portugueses. Por conseguinte, ao fim de 20 ou 30 anos geravam-se os chamados bandéis, que são povoados inteiramente ocupados por esta população mista, neste caso luso-birmanesa.”

“Eram comunidades espontâneas que desabrochavam espontaneamente e que eram especializadas, isto é, estas comunidades tinham uma função no quadro das monarquias locais. Eram soldados, eram intérpretes, não nos esqueçamos que o português era a língua franca internacional”, explica o funcionário da Biblioteca Nacional.

O que se passou no Myanmar passou-se também nos estados vizinhos. Os portugueses serviam os reis locais e nas guerras eram sempre um alvo cobiçado pelos inimigos, que os tentavam capturar em vez de matar.

A lealdade aos reis budistas da Birmânia, neste caso, era inquestionável. “No Século XIX quando os ingleses chegaram para invadir pela primeira vez a Birmânia, a população católica acompanhou os seus reis até Mandalay”, explica o historiador.

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Esquecidos pelas “Necessidades”

James Swe não tem conhecimento de tentativas de contacto por parte do Estado português com a sua comunidade, até que há alguns anos o embaixador de Portugal para o Myanmar, que acumula funções como representante na Tailândia, onde reside, visitou o país. O actual embaixador também já demonstrou interesse.

Para Miguel Castelo Branco esta é uma questão que devia preocupar mais as autoridades. “Da mesma forma que a Assembleia da República, há cerca de um ano, aprovou a concessão da nacionalidade portuguesa a judeus sefarditas que façam testemunho e prova da sua ancestralidade portuguesa, julgo que se deveria estudar uma forma, mesmo que fosse simbólica, de restituir parte da cidadania portuguesa” aos descendentes dos portugueses nos países asiáticos.

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“Até ao século XIX a cidadania antiga portuguesa era todo aquele que fosse católico, vivesse ou não em domínio português e que fosse leal, de uma certa forma, ao Rei de Portugal, que era o responsável pelo padroado português no Oriente. Todos eles se consideravam portugueses. Subitamente há uma revolução em 1820, fazem uma Constituição escrita a dizer que são portugueses os cidadãos nascidos em Portugal, essa gente sofre desde então uma certa orfandade, porque eles consideram-se, e legitimamente, na sua perspectiva, portugueses”, explica.

Na sua experiência qualquer gesto tende a ser bem recebido pelos locais, e recorda o caso de uma professora que foi ensinar português para Malaca, onde rapidamente reuniu centenas de alunos. “Poderiam enviar uns 20 professores de português básico para o Bangladesh; para as comunidades portugueses no Myanmar; para os bairros católicos de Banguecoque, para tanto lado onde há uma fome imensa de aprendizagem da língua portuguesa, porque eles consideram-se portugueses.”

“São portugueses, mas não têm cidadania, não são ouvidos, nem se quer – julgo eu, para nosso mal – haverá muitas pessoas no Palácio das Necessidades que tenham sequer a percepção de que este problema existe”, conclui Miguel Castelo Branco.

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:arrow: http://rr.sapo.pt/noticia/99383/papa-ch ... -portugues




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