NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
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- MAJOR FRAGUAS
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
Esta previsto começar outra equipe de projeto no detalhamento do SNA em fim de outubro. Projetistas e egenheiros da Genpro supervisonado pela marinha.
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
Dado o fato que já houve um teste com um modelo em escala, acreditava que a etapa de detalhamento já deveria ter sido cumprida. Todavia, segue com um fio de esperança a possibilidade de que veja o batismo deste submarino em vida...MAJOR FRAGUAS escreveu:Esta previsto começar outra equipe de projeto no detalhamento do SNA em fim de outubro. Projetistas e egenheiros da Genpro supervisonado pela marinha.
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O modelo do submarino nuclear revela no seu design inspiração nitidamente francesa:
Não se tem razão quando se diz que o tempo cura tudo: de repente, as velhas dores tornam-se lancinantes e só morrem com o homem.
Ilya Ehrenburg
Uma pena incansável e combatente, contra as hordas imperialistas, sanguinárias e assassinas!
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- alex
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
Então o que vai sobrar do projeto vai ser esta coisa amarela? Belo souvenir
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
É a cara da classe Rubis (2400-2600t)...desenvolvido na década de 70 e com entrada em serviço em 1983.Ilya Ehrenburg escreveu:Dado o fato que já houve um teste com um modelo em escala, acreditava que a etapa de detalhamento já deveria ter sido cumprida. Todavia, segue com um fio de esperança a possibilidade de que veja o batismo deste submarino em vida...MAJOR FRAGUAS escreveu:Esta previsto começar outra equipe de projeto no detalhamento do SNA em fim de outubro. Projetistas e egenheiros da Genpro supervisonado pela marinha.
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O modelo do submarino nuclear revela no seu design inspiração nitidamente francesa:
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Já o Barracuda...é bem diferente (inclusive no tamanho)...
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
O detalhamento agora é interno. O externo nao deve alterar mais.
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- knigh7
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
Por enquanto a MB anda postergando a data para o início da construção do sub nuclear (que vai ser caro pra caramba, 2 bilhões de Euros...). Para inicio em 2020.
Só que o lixo que é a esquadra de superfície (exceto a Barroso e o Bahia) vai ter de ser substituído naquela década. Por enquanto a MB pode montar grupos de trabalho para o projeto (no mesmo caso que ocorreu no NAe São Paulo). Mas no mesmo caso que ele, na hora de ter de colocar o grosso do dinheiro, não vai ter. É financiado, mas com juros altos para aquisição de equipamentos miliares e se tiver de alongar mais ainda o prazo de financiamento para além de 2027 a taxa vai ser mais cara ainda.
O desastre que foi a última Missilex foi consequência da falta crônica de orçamento que afeta o treinamento e a manutenção.
Só que o lixo que é a esquadra de superfície (exceto a Barroso e o Bahia) vai ter de ser substituído naquela década. Por enquanto a MB pode montar grupos de trabalho para o projeto (no mesmo caso que ocorreu no NAe São Paulo). Mas no mesmo caso que ele, na hora de ter de colocar o grosso do dinheiro, não vai ter. É financiado, mas com juros altos para aquisição de equipamentos miliares e se tiver de alongar mais ainda o prazo de financiamento para além de 2027 a taxa vai ser mais cara ainda.
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
Por favor podia esclarecer "o desastre que foi a última Missilex" ???knigh7 escreveu:Por enquanto a MB anda postergando a data para o início da construção do sub nuclear (que vai ser caro pra caramba, 2 bilhões de Euros...). Para inicio em 2020.
Só que o lixo que é a esquadra de superfície (exceto a Barroso e o Bahia) vai ter de ser substituído naquela década. Por enquanto a MB pode montar grupos de trabalho para o projeto (no mesmo caso que ocorreu no NAe São Paulo). Mas no mesmo caso que ele, na hora de ter de colocar o grosso do dinheiro, não vai ter. É financiado, mas com juros altos para aquisição de equipamentos miliares e se tiver de alongar mais ainda o prazo de financiamento para além de 2027 a taxa vai ser mais cara ainda.
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
É pegadinha? Isso foi uma das coisas mais debatidas aqui nas últimas semanas, IMPOSSÍVEL não teres visto!!!JL escreveu:
Por favor podia esclarecer "o desastre que foi a última Missilex" ???
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
JL escreveu:Por favor podia esclarecer "o desastre que foi a última Missilex" ???knigh7 escreveu:Por enquanto a MB anda postergando a data para o início da construção do sub nuclear (que vai ser caro pra caramba, 2 bilhões de Euros...). Para inicio em 2020.
Só que o lixo que é a esquadra de superfície (exceto a Barroso e o Bahia) vai ter de ser substituído naquela década. Por enquanto a MB pode montar grupos de trabalho para o projeto (no mesmo caso que ocorreu no NAe São Paulo). Mas no mesmo caso que ele, na hora de ter de colocar o grosso do dinheiro, não vai ter. É financiado, mas com juros altos para aquisição de equipamentos miliares e se tiver de alongar mais ainda o prazo de financiamento para além de 2027 a taxa vai ser mais cara ainda.
O desastre que foi a última Missilex foi consequência da falta crônica de orçamento que afeta o treinamento e a manutenção.
Erraram os 3 mísseis lançados: 1 Penguin e 2 Exocet (embora na nota oficial da MB constasse apenas o lançamento de 1...).
A MB convocou os 2 fabricantes para a apuração. Mas o problema foi dela.
Não sei se vc percebeu, mas houve jornalistas de veículos que todo o ano faziam matérias sobre as Missilex anteriores neste ano calou a boca. Eu conversei com 2 desses jornalistas. Já que o assunto era sensível a MB, preferiram não escrever sobre o exercício.
- Túlio
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
Realmente eu não tinha lido o outro tópico tinha feito uma cirurgia e estava em recuperação, acabei lendo rapidamente o tópico agora. Dou a minha opinião quanto a falha do Penguim talvez esteja relacionada a fonte de IR colocada no navio, visto que, o alvo esta frio precisa adicionar algo para gerar IR e talvez isso tenha falhado, quando aos Exocet, bem mísseis são máquinas e histórias sobre falhas de mísseis são muitas, não dá para ter 100 % de confiança que um míssil lançado é um alvo atingido. Sirva de lição, quatro mísseis por fragata é muito pouco pois no mínimo tem que se lançar 2 ou 3 por alvo para se ter alguma garantia e que lançamentos reais são de suma importância veja o exemplo dos torpedos argentinos na Guerra das Malvinas, nunca haviam testado. Pena que nunca vamos saber o que aconteceu de verdade.
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
JL,JL escreveu:
Realmente eu não tinha lido o outro tópico tinha feito uma cirurgia e estava em recuperação, acabei lendo rapidamente o tópico agora. Dou a minha opinião quanto a falha do Penguim talvez esteja relacionada a fonte de IR colocada no navio, visto que, o alvo esta frio precisa adicionar algo para gerar IR e talvez isso tenha falhado, quando aos Exocet, bem mísseis são máquinas e histórias sobre falhas de mísseis são muitas, não dá para ter 100 % de confiança que um míssil lançado é um alvo atingido. Sirva de lição, quatro mísseis por fragata é muito pouco pois no mínimo tem que se lançar 2 ou 3 por alvo para se ter alguma garantia e que lançamentos reais são de suma importância veja o exemplo dos torpedos argentinos na Guerra das Malvinas, nunca haviam testado. Pena que nunca vamos saber o que aconteceu de verdade.
Os SST4 foram testados sim antes do conflito...
http://www.elsnorkel.com/2014/06/los-in ... stado.htmlAl llegar al país, para homologar el torpedo, se hicieron 19 lanzamientos de prueba (15 desde submarinos, 4 desde lanchas), de los cuales solamente ocho terminaron sin novedades. Ninguno de esos lanzamientos fue con torpedos con cabeza de combate.
Sin embargo, y pese al bajo índice de confiabilidad (cabe señalar, no muy diferente al de otras armas submarinas contemporáneas) el arma fue aceptada en servicio.
En el lapso que va desde diciembre de 1975 hasta mayo de 1980, no hubo lanzamientos, salvo tres de prueba y a muy corta distancia, para realizar diversas mediciones, efectuados en el año 1977.
Ya desde 1975, el Comando de la Fuerza de Submarinos le pedía a la DIAN (Dirección de Armas Navales) que se realice un lanzamiento de tiro de combate, requerimiento que se reiteró en el año 1977. En ambos casos la petición fue denegada.
En el período mayo de 1980 a marzo de 1982, se realizaron ocho lanzamientos de SST-4, con el resultado que solamente uno fue sin novedad, otro terminó con el torpedo perdido y en otras seis ocasiones hubo corte del cable de guiado. A la luz de estos resultados, se apreció que, durante este período, el arma se encontraba no operativa.
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Carlo M. Cipolla
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
Desculpe postado pela memória, sem pesquisa, mas parece que os Argentinos desconheciam a arma que tinham, isso é imperdoável. As vezes fico pensando se não valia a pena para países como nós, não valeria a pena ter um torpedo mais básico de fabricação nacional, algo como o que era usado na Segunda Guerra Mundial, mas com um pouco mais de aprimoramento, afinal para afundar um mercante por exemplo não se precisa de um filo-guiado super sofisticado e assim poderia ter um mix de torpedos embarcados em cada submarino. Se a Argentina tivesse um torpedo de corrida reta básico novinho em folha não precisaria por exemplo ter que ser abastecida com torpedos antigos pelo Peru, segundo algumas fontes. E lembrar que os nossos Tigerfish adquiridos depois também eram bem sujeitos a falhas. Aliás parece que projetar e desenvolver um torpedo é muito mais complicado que um míssil.
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
link de um especial da Carta Capital de 10 páginas sobre o projeto do submarino nuclear brasileiro.
- zela
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Re: NOTICIAS SUB NUCLEAR BRASILEIRO
Militar condenado na Lava Jato diz que foi preso por interesse internacional
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
07/11/2017 02h00
Acusado de receber propina de R$ 4,5 milhões de empreiteiras que tinham obras em Angra 3, o ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva ficou preso por dois anos e recebeu uma das maiores condenações da Lava Jato: 43 anos de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e organização criminosa.
Considerado um dos mais importantes cientistas brasileiros e o pai do programa nuclear do país, o almirante Othon, 78, como é conhecido, ficou isolado em uma cela e diz que aprendeu a comer com as mãos. Solto no mês passado, ele pouco sai às ruas e chora com frequência.
Nesta entrevista à Folha, o militar, que se recupera de um câncer de pele, alega inocência e diz ter um "forte sentimento" de que sua prisão foi feita sob os auspícios de "interesses internacionais".
*
Folha - Como o senhor se aproximou da empreiteira Andrade Gutierrez?
Almirante Othon - Em 1994, quando fui para a reserva, a primeira coisa que fiz foi prestar um concurso para o Instituto de Pesquisas Nucleares da Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear).
Havia duas vagas para pesquisador. Concorri com 16 doutores e tirei primeiro lugar.
Mas nós estávamos em 1994, numa fase de muita globalização. E eu não fui chamado. A minha cara é nacionalista. E eu sou mesmo.
Como não deu certo, montei uma empresa de consultoria, a Aratec. No início de 2004, um camarada da Andrade Gutierrez, o senhor Marcos Teixeira, apareceu lá.
E o que ele queria?
Ele disse: "Nós [construtora] temos um contrato de 1982 [para as obras civis da usina nuclear de Angra 3]. Mal começamos a mexer na fundação e ele foi interrompido".
Eles achavam que eu poderia ajudar [na retomada das obras], por ter influência militar. Eu disse "não tenho mais, saí [da Marinha] faz tempo". Aí veio a ideia de fazer um estudo para eles.
Eu não estava no governo e nem imaginava que ia voltar [Othon foi convidado para presidir a Eletronuclear um ano depois, em 2005].
O Ministério Público Federal considerou que o estudo assinado pelo senhor para a Andrade Gutierrez era simplório e entendeu que ele é fictício.
É um desconhecimento total ou uma vontade de não querer reconhecer [a importância do trabalho]. São anos de pensamento sobre o Brasil.
O que ocorreu no país, e sobre o que falava no meu estudo? O consumo de energia cresceu e o estoque de água das hidrelétricas estacionou na década de 80. Antes disso, o Brasil poderia passar por vários anos "secos" porque tinha estoque de água. Mas isso mudou e veio o apagão.
O Brasil agora precisa de energia térmica de base.
Termelétricas têm que ser [movidas a] carvão ou [energia] nuclear. E nuclear é melhor para nós porque temos reservas [de urânio] correspondentes a 50% do pré-sal.
Nós temos que aproveitar o que a natureza nos dá.
Ah, se eu tivesse mais [usinas] nucleares. O custo do investimento é maior mas o do combustível é menor [do que o de outras alternativas].
No caso da hidrelétrica, o custo [do combustível, a água] é quase zero. E no caso da nuclear, é pequeno.
Se eu tiver a energia nuclear, eu economizo água e não chego nessa situação [de apagão]. A energia nuclear não compete com a hidrelétrica. Ela complementa. Era isso o que o estudo mostrava.
Depois o senhor foi para o governo e a obra de Angra 3 foi retomada.
Em julho [de 2005], eu soube que tinha uma lista [no governo Lula] para escolher o presidente da Eletronuclear. Eu não queria.
Mas aí eu fiz a grande bobagem da minha vida. Fui convidado. Bateu a vaidade e eu aceitei. Em outubro de 2005, assumi o cargo.
E como passou a receber dinheiro da empreiteira?
Tudo o que eu fazia na época [em que prestava consultoria] era na base do sucesso.
E coincidiu que fui para o governo e houve a decisão [de retomar Angra 3].
Quem decidiu foi o Conselho Nacional de Política Energética, do qual eu não fazia parte. Como presidente, eu apenas executei as diretrizes.
Mas passei a fazer jus [à remuneração] do trabalho [estudo para a Andrade] que eu fiz antes.
Quanto passou a receber?
Eu cobrei R$ 3 milhões, em valores de dezembro de 2004 [a Polícia Federal diz que o almirante recebeu R$ 4,5 milhões em valores atualizados].
Comecei a receber depois que houve a decisão da retomada das obras.
Como era um troço completamente diferente, eles falaram "vamos pagar através de outras empresas". Aí virou outro crime.
Se fosse hoje, eu exigiria deles [Andrade] um contrato de confissão de dívida para que me pagassem só depois que eu saísse. Eu não receberia no cargo.
Eu tinha direito, foi um trabalho que eu fiz antes. Não era imoral nem ilegal. Apenas com a experiência de hoje eu teria feito diferente.
O Ministério Público Federal e a Justiça consideraram que era propina.
Não era propina, não foi mesmo. Eu achava que tinha direito de receber. Agora, tive o cuidado de não tomar nenhuma decisão [que beneficiasse a empreiteira], não tem nenhum ato de ofício assinado por mim.
Tivemos [ele e a Andrade] inclusive um atrito inicial, porque eu exigi que o TCU aprovasse os detalhes do aditivo [para o pagamento do serviço nas obras de Angra 3].
Eles ficaram irritadíssimos. Fui uma decepção para eles. Houve outras divergências, chegaram a parar as obras. Oras, se eu tivesse ligação com eles, isso teria ocorrido?
Delatores da empresa afirmaram que o senhor, na verdade, cobrava percentual sobre os contratos de Angra 3.
A Andrade já tinha um ressentimento em relação a mim. E delação premiada é um processo muito danado. O cara acha que agrada [os investigadores] e senta a pua. Ele não tem compromisso.
O senhor diz que sua prisão interessa ao sistema internacional. Que evidência tem disso?
Como começou tudo isso? Num depoimento que o presidente de uma empreiteira fazia sobre um contrato com a Petrobras.
Ele mencionou que ouviu dizer algo sobre o presidente da Eletronuclear estar de acordo com um cartel.
Isso serviu de pretexto para os camaradas vasculharem a minha vida desde garoto. Havia um direcionamento.
Mas haveria um comando externo nas investigações?
Não comando, mas influência forte, ideológica. Não posso provar mas tenho um sentimento muito forte. Houve interesse internacional.
E por que haveria interesse internacional em sua prisão?
Porque tudo o que eu fiz [na área nuclear] desagradou. Qual o maior noticiário que tem hoje? A Coreia do Norte e suas atividades nucleares. A parte nuclear gera rejeição na comunidade internacional.
E o Brasil ser potência nuclear desagrada. Disso eu não tenho a menor dúvida.
Há setores que acreditam que o Brasil deveria desenvolver a bomba atômica. O país fez bem em abrir mão dela?
Eu acho que fez. O artefato nuclear é arma de destruição de massa e inibidora de concentração de força. Mas, no nosso caso, se tivéssemos a bomba, desbalancearíamos a América Latina, suscitando apreensões.
E a última coisa que a gente precisa na América Latina é de um embate.
O país, no entanto, não abriu mão da tecnologia. Se necessário, em quanto tempo faríamos uma bomba?
Em uns quatro meses. Com a tecnologia de enriquecimento que nós usamos, podemos fazer a bomba com o plutônio, como a de Nagasaki, ou com o urânio, que foi a de Hiroshima. Temos os dois porque quem tem urânio enriquecido pode ter o plutônio também.
Voltando às investigações, o senhor foi acusado de contribuir para a desvalorização da Eletronuclear.
Quando assumi, ela era chamada de vaga-lume. Em poucos anos, passou a figurar entre as centrais de melhor desempenho do mundo.
As ações se valorizaram. Como então eu contribuí para desvalorizar as ações? Nada disso foi levado em conta no meu julgamento.
O meu passado serviu como agravante. Eu peguei cinco anos de cadeia a mais porque, se eu tinha aquele passado, eu tinha que ter um comportamento [exemplar]. É a primeira vez que antecedente virou agravante. Vida pregressa ilibada virou agravante.
Tá lá, escrito [na sentença]. É só ler. Eu li. Me deu uma revolta tão grande... [levanta da mesa, chora].
Como foi a história de sua tentativa de suicídio?
Como foi isso? [Chora mais. Toma água]. Eu estava preso e vi pela televisão que fui condenado a 43 anos de prisão. Pensei "os caras ficaram loucos". E mais 14 anos para a minha filha [Ana Cristina]. E ela não fez nada.
Tive um desespero... não é desespero. É revolta. Uma profunda revolta. Eu queria chamar a atenção. E pensei "vou fazer um ato de revolta".
Eu reuni os cadarços do calção e com eles eu ia me enforcar. Pela câmara, a oficial viu e [impediu]. Mais 15 minutos ela não pegava mais.
Na hora eu fiquei pau da vida. Mas depois eu vi que era bobagem. Me enterravam e em três dias tudo acabava. Vou bancar o japonês, confissão de culpa? Não. Hoje penso que tenho que ficar vivo e lutar.
O senhor resistiu à prisão?
Às 6h, eu estava dormindo, dois caras [policiais] entraram berrando no meu apartamento. Parti para cima. Fui treinado para isso a vida toda.
Disseram que eu estava armado. Não é verdade. Eu tenho arma, mas ela fica trancada em uma gaveta.
Mas eu não resisti. Se tivesse resistido, eu morria, mas pode ter certeza que um deles ia junto. Fiz treinamento na polícia de SP quando estava no programa [nuclear] secreto. Dava 200 tiros por semana.
E para onde levaram o senhor?
Primeiro para Curitiba e depois para o Rio. Cheguei a ser preso em Bangu.
Lá eu fiquei dois dias com [o bicheiro] Carlinhos Cachoeira [ri]. A gente conversava, via televisão, era ele, o [empresário Fernando] Cavendish, seis pessoas no total.
Depois fui transferido para a base de fuzileiros navais do Rio de Janeiro, onde fiquei um ano e pedrada.
O senhor ficou então sozinho?
Isolamento absoluto. De manhã, eu fazia 25 minutos de ginástica na cela. Depois andava 5 quilômetros, durante a hora de banho de sol a que eu tinha direito.
Um oficial me escoltava. Tirando esse momento, não falava com ninguém. Aí me ocorreu escrever um livro, à mão, com caneta e papel. Já terminei e pretendo lançá-lo.
Eu comia comida de praça com colher e garfo de plástico. É fogo, né? Aprendi a comer com a mão. Virei indiano. E comecei a ver novelas.
E como é estar de novo em liberdade?
Depois de passar por tudo isso, a gente fica com uma certa insegurança, sabe? Sei lá, esperando alguma coisa inesperada que não sabe o que é [chora]. Eu estou me livrando dela agora.
E também a gente começa a ver o fim da vida chegando, né? [emocionado]. A vida toda eu trabalhei construindo alguma coisa. E disso eu sinto falta. Em todo lugar eu estive na frente de combate.
O que fez ao sair da prisão?
Saí duas vezes de casa apenas. Parecia que eu estava fazendo turismo no Rio. Em dois anos [em que esteve preso], a cidade mudou muito.
No primeiro dia em casa, eu senti muito vazio. A gente fica sempre procurando alguma coisa para fazer. De vez em quando penso "o que eu tenho mesmo que fazer agora?". E eu não tenho que fazer nada!
Estou aprendendo a ser livre de novo. É essa a sensação.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017 ... onal.shtml
MÔNICA BERGAMO
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07/11/2017 02h00
Acusado de receber propina de R$ 4,5 milhões de empreiteiras que tinham obras em Angra 3, o ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva ficou preso por dois anos e recebeu uma das maiores condenações da Lava Jato: 43 anos de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e organização criminosa.
Considerado um dos mais importantes cientistas brasileiros e o pai do programa nuclear do país, o almirante Othon, 78, como é conhecido, ficou isolado em uma cela e diz que aprendeu a comer com as mãos. Solto no mês passado, ele pouco sai às ruas e chora com frequência.
Nesta entrevista à Folha, o militar, que se recupera de um câncer de pele, alega inocência e diz ter um "forte sentimento" de que sua prisão foi feita sob os auspícios de "interesses internacionais".
*
Folha - Como o senhor se aproximou da empreiteira Andrade Gutierrez?
Almirante Othon - Em 1994, quando fui para a reserva, a primeira coisa que fiz foi prestar um concurso para o Instituto de Pesquisas Nucleares da Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear).
Havia duas vagas para pesquisador. Concorri com 16 doutores e tirei primeiro lugar.
Mas nós estávamos em 1994, numa fase de muita globalização. E eu não fui chamado. A minha cara é nacionalista. E eu sou mesmo.
Como não deu certo, montei uma empresa de consultoria, a Aratec. No início de 2004, um camarada da Andrade Gutierrez, o senhor Marcos Teixeira, apareceu lá.
E o que ele queria?
Ele disse: "Nós [construtora] temos um contrato de 1982 [para as obras civis da usina nuclear de Angra 3]. Mal começamos a mexer na fundação e ele foi interrompido".
Eles achavam que eu poderia ajudar [na retomada das obras], por ter influência militar. Eu disse "não tenho mais, saí [da Marinha] faz tempo". Aí veio a ideia de fazer um estudo para eles.
Eu não estava no governo e nem imaginava que ia voltar [Othon foi convidado para presidir a Eletronuclear um ano depois, em 2005].
O Ministério Público Federal considerou que o estudo assinado pelo senhor para a Andrade Gutierrez era simplório e entendeu que ele é fictício.
É um desconhecimento total ou uma vontade de não querer reconhecer [a importância do trabalho]. São anos de pensamento sobre o Brasil.
O que ocorreu no país, e sobre o que falava no meu estudo? O consumo de energia cresceu e o estoque de água das hidrelétricas estacionou na década de 80. Antes disso, o Brasil poderia passar por vários anos "secos" porque tinha estoque de água. Mas isso mudou e veio o apagão.
O Brasil agora precisa de energia térmica de base.
Termelétricas têm que ser [movidas a] carvão ou [energia] nuclear. E nuclear é melhor para nós porque temos reservas [de urânio] correspondentes a 50% do pré-sal.
Nós temos que aproveitar o que a natureza nos dá.
Ah, se eu tivesse mais [usinas] nucleares. O custo do investimento é maior mas o do combustível é menor [do que o de outras alternativas].
No caso da hidrelétrica, o custo [do combustível, a água] é quase zero. E no caso da nuclear, é pequeno.
Se eu tiver a energia nuclear, eu economizo água e não chego nessa situação [de apagão]. A energia nuclear não compete com a hidrelétrica. Ela complementa. Era isso o que o estudo mostrava.
Depois o senhor foi para o governo e a obra de Angra 3 foi retomada.
Em julho [de 2005], eu soube que tinha uma lista [no governo Lula] para escolher o presidente da Eletronuclear. Eu não queria.
Mas aí eu fiz a grande bobagem da minha vida. Fui convidado. Bateu a vaidade e eu aceitei. Em outubro de 2005, assumi o cargo.
E como passou a receber dinheiro da empreiteira?
Tudo o que eu fazia na época [em que prestava consultoria] era na base do sucesso.
E coincidiu que fui para o governo e houve a decisão [de retomar Angra 3].
Quem decidiu foi o Conselho Nacional de Política Energética, do qual eu não fazia parte. Como presidente, eu apenas executei as diretrizes.
Mas passei a fazer jus [à remuneração] do trabalho [estudo para a Andrade] que eu fiz antes.
Quanto passou a receber?
Eu cobrei R$ 3 milhões, em valores de dezembro de 2004 [a Polícia Federal diz que o almirante recebeu R$ 4,5 milhões em valores atualizados].
Comecei a receber depois que houve a decisão da retomada das obras.
Como era um troço completamente diferente, eles falaram "vamos pagar através de outras empresas". Aí virou outro crime.
Se fosse hoje, eu exigiria deles [Andrade] um contrato de confissão de dívida para que me pagassem só depois que eu saísse. Eu não receberia no cargo.
Eu tinha direito, foi um trabalho que eu fiz antes. Não era imoral nem ilegal. Apenas com a experiência de hoje eu teria feito diferente.
O Ministério Público Federal e a Justiça consideraram que era propina.
Não era propina, não foi mesmo. Eu achava que tinha direito de receber. Agora, tive o cuidado de não tomar nenhuma decisão [que beneficiasse a empreiteira], não tem nenhum ato de ofício assinado por mim.
Tivemos [ele e a Andrade] inclusive um atrito inicial, porque eu exigi que o TCU aprovasse os detalhes do aditivo [para o pagamento do serviço nas obras de Angra 3].
Eles ficaram irritadíssimos. Fui uma decepção para eles. Houve outras divergências, chegaram a parar as obras. Oras, se eu tivesse ligação com eles, isso teria ocorrido?
Delatores da empresa afirmaram que o senhor, na verdade, cobrava percentual sobre os contratos de Angra 3.
A Andrade já tinha um ressentimento em relação a mim. E delação premiada é um processo muito danado. O cara acha que agrada [os investigadores] e senta a pua. Ele não tem compromisso.
O senhor diz que sua prisão interessa ao sistema internacional. Que evidência tem disso?
Como começou tudo isso? Num depoimento que o presidente de uma empreiteira fazia sobre um contrato com a Petrobras.
Ele mencionou que ouviu dizer algo sobre o presidente da Eletronuclear estar de acordo com um cartel.
Isso serviu de pretexto para os camaradas vasculharem a minha vida desde garoto. Havia um direcionamento.
Mas haveria um comando externo nas investigações?
Não comando, mas influência forte, ideológica. Não posso provar mas tenho um sentimento muito forte. Houve interesse internacional.
E por que haveria interesse internacional em sua prisão?
Porque tudo o que eu fiz [na área nuclear] desagradou. Qual o maior noticiário que tem hoje? A Coreia do Norte e suas atividades nucleares. A parte nuclear gera rejeição na comunidade internacional.
E o Brasil ser potência nuclear desagrada. Disso eu não tenho a menor dúvida.
Há setores que acreditam que o Brasil deveria desenvolver a bomba atômica. O país fez bem em abrir mão dela?
Eu acho que fez. O artefato nuclear é arma de destruição de massa e inibidora de concentração de força. Mas, no nosso caso, se tivéssemos a bomba, desbalancearíamos a América Latina, suscitando apreensões.
E a última coisa que a gente precisa na América Latina é de um embate.
O país, no entanto, não abriu mão da tecnologia. Se necessário, em quanto tempo faríamos uma bomba?
Em uns quatro meses. Com a tecnologia de enriquecimento que nós usamos, podemos fazer a bomba com o plutônio, como a de Nagasaki, ou com o urânio, que foi a de Hiroshima. Temos os dois porque quem tem urânio enriquecido pode ter o plutônio também.
Voltando às investigações, o senhor foi acusado de contribuir para a desvalorização da Eletronuclear.
Quando assumi, ela era chamada de vaga-lume. Em poucos anos, passou a figurar entre as centrais de melhor desempenho do mundo.
As ações se valorizaram. Como então eu contribuí para desvalorizar as ações? Nada disso foi levado em conta no meu julgamento.
O meu passado serviu como agravante. Eu peguei cinco anos de cadeia a mais porque, se eu tinha aquele passado, eu tinha que ter um comportamento [exemplar]. É a primeira vez que antecedente virou agravante. Vida pregressa ilibada virou agravante.
Tá lá, escrito [na sentença]. É só ler. Eu li. Me deu uma revolta tão grande... [levanta da mesa, chora].
Como foi a história de sua tentativa de suicídio?
Como foi isso? [Chora mais. Toma água]. Eu estava preso e vi pela televisão que fui condenado a 43 anos de prisão. Pensei "os caras ficaram loucos". E mais 14 anos para a minha filha [Ana Cristina]. E ela não fez nada.
Tive um desespero... não é desespero. É revolta. Uma profunda revolta. Eu queria chamar a atenção. E pensei "vou fazer um ato de revolta".
Eu reuni os cadarços do calção e com eles eu ia me enforcar. Pela câmara, a oficial viu e [impediu]. Mais 15 minutos ela não pegava mais.
Na hora eu fiquei pau da vida. Mas depois eu vi que era bobagem. Me enterravam e em três dias tudo acabava. Vou bancar o japonês, confissão de culpa? Não. Hoje penso que tenho que ficar vivo e lutar.
O senhor resistiu à prisão?
Às 6h, eu estava dormindo, dois caras [policiais] entraram berrando no meu apartamento. Parti para cima. Fui treinado para isso a vida toda.
Disseram que eu estava armado. Não é verdade. Eu tenho arma, mas ela fica trancada em uma gaveta.
Mas eu não resisti. Se tivesse resistido, eu morria, mas pode ter certeza que um deles ia junto. Fiz treinamento na polícia de SP quando estava no programa [nuclear] secreto. Dava 200 tiros por semana.
E para onde levaram o senhor?
Primeiro para Curitiba e depois para o Rio. Cheguei a ser preso em Bangu.
Lá eu fiquei dois dias com [o bicheiro] Carlinhos Cachoeira [ri]. A gente conversava, via televisão, era ele, o [empresário Fernando] Cavendish, seis pessoas no total.
Depois fui transferido para a base de fuzileiros navais do Rio de Janeiro, onde fiquei um ano e pedrada.
O senhor ficou então sozinho?
Isolamento absoluto. De manhã, eu fazia 25 minutos de ginástica na cela. Depois andava 5 quilômetros, durante a hora de banho de sol a que eu tinha direito.
Um oficial me escoltava. Tirando esse momento, não falava com ninguém. Aí me ocorreu escrever um livro, à mão, com caneta e papel. Já terminei e pretendo lançá-lo.
Eu comia comida de praça com colher e garfo de plástico. É fogo, né? Aprendi a comer com a mão. Virei indiano. E comecei a ver novelas.
E como é estar de novo em liberdade?
Depois de passar por tudo isso, a gente fica com uma certa insegurança, sabe? Sei lá, esperando alguma coisa inesperada que não sabe o que é [chora]. Eu estou me livrando dela agora.
E também a gente começa a ver o fim da vida chegando, né? [emocionado]. A vida toda eu trabalhei construindo alguma coisa. E disso eu sinto falta. Em todo lugar eu estive na frente de combate.
O que fez ao sair da prisão?
Saí duas vezes de casa apenas. Parecia que eu estava fazendo turismo no Rio. Em dois anos [em que esteve preso], a cidade mudou muito.
No primeiro dia em casa, eu senti muito vazio. A gente fica sempre procurando alguma coisa para fazer. De vez em quando penso "o que eu tenho mesmo que fazer agora?". E eu não tenho que fazer nada!
Estou aprendendo a ser livre de novo. É essa a sensação.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017 ... onal.shtml