2 de agosto de 2017 at 16:17
INSIDER/Entrevista: 85 minutos com o almirante Eduardo Leal Ferreira, Comandante da MB (e algumas surpresas sobre os rumos que ele ainda pretende imprimir à Força)
Por Roberto Lopes, de Brasília
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ESTÁGIO ATUAL DO PROCESSO DE OBTENÇÃO DAS CORVETAS CLASSE TAMANDARÉ
INSIDER – Em que ponto está o processo de obtenção das corvetas classe Tamandaré?
CM – Emitimos um Request for Proposal e esperamos receber as propostas das empresas que retiraram o documento no decorrer desse segundo semestre e no início do próximo ano.
INSIDER – Não foi um erro fazer um “chamamento geral”, abrindo o RFP para 20 empresas? Não teria sido mais prático e, sobretudo, mais rápido convidar apenas alguns fornecedores que a Marinha sabe que estão habilitados para uma iniciativa desse tipo [fornecimento de navios de 2.750 toneladas]?
CM – Não. Sem o “chamamento” correríamos sempre o risco de expor o nosso processo de obtenção a uma contestação judicial, por parte de alguma empresa que não foi inicialmente convidada a participar da licitação.
INSIDER – Quantas propostas de corveta o senhor acha que a Marinha receberá?
CM – Oito ou nove.
INSIDER – E quantas serão selecionadas e chamadas a propor uma final and best offer?
CM – Três.
INSIDER – A Marinha já previu o quanto gastará na fabricação das quatro Tamandarés…
CM – Já, claro. Precisaremos investir 612 milhões Reais, anualmente, pelo período de oito anos.
INSIDER – E a Marinha terá esse dinheiro?
CM – Não sei (risos), vamos fazer todo o esforço para ter! Mas deixe que eu te diga: até bem pouco tempo o que a Força tinha para gastar na rotina operacional e nos seus projetos até o fim deste ano era 1,8 bilhão de Reais. Agora, com os últimos cortes, essa previsão já baixou para 1,1 bilhão…
INSIDER – O senhor não acha que a previsão de custo da corveta classe Tamandaré no patamar dos 450 milhões de dólares é algo muito elevado?
CM – É. E por isso estamos reduzindo essa previsão para alguma coisa em torno dos 350 milhões de dólares.
INSIDER – Um valor ainda alto, mas, afinal de contas, trata-se de um navio que, apesar de ser classificado como corveta, tem o porte, 2.750 toneladas, de uma fragata leve… ou estou enganado?
CM – Não, está certo. O porte é mesmo de uma fragata…
INSIDER – E estes valores que o senhor mencionou referem-se a navios sendo construídos no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro…
CM – Isso. Ou lá, ou em algum estaleiro do Nordeste. O Vard, de Pernambuco (foto abaixo), que é do grupo Fincantieri, e o Atlântico Sul, que também está se aliando a um parceiro estrangeiro, já demonstraram interesse no programa.
INSIDER – Não sabia dessa parceria envolvendo o Atlântico Sul…
CM – Com um sócio europeu, não sei se com a Navantia…
INSIDER – Ou até ser construído nas instalações do Complexo Industrial Naval de Itaguaí…
CM – Pelos nossos estudos, Itaguaí poderia, sim, construir navios de superfície até o porte de uma corveta. Exigiria alguns investimentos, mas não é muito. Mas isso, naturalmente, é assunto para o futuro, não para esse lote de corvetas que estamos começando a providenciar.
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abs.
arcanjo