Não tergiversei nada, meu caro. Para início de conversa, eu ainda quero que comprovem que há "erros toscos e bizarros" nos produtos russos. Como eu sempre digo, quem acusa tem que provar (e não o contrário). O Juarez eu não acredito em absolutamente uma só palavra que diz. O Thor eu fiz uma pergunta a ele, como que eles tem uma opinião tão forte e definida sobre os russos se a experiência brasileira com os mesmos se resume a alguns Iglas e um pequeno lote de helicópteros? E quanto ao Su-34 eu já respondi a você. Você está dando importância a um lote de pré-série de 16 aeronaves sendo que já existem umas 100 voando pela Rússia (e na Síria também, em operações reais). Sinto muito, meu caro, que está sendo desonesto intelectualmente aqui não sou eu. Eu dei um dado, não é uma evidência anedótica, não ouvi falar, nem nada, de que a Rússia é a segunda nação que mais exporta armamento, logo atrás dos EUA, com 27% do mercado (dados do ano passado). Portanto, isso deixa por terra a teoria de que são "amadores, toscos" e coisa do tipo. Imagina então se fossem profissionais? Dominariam então 100% do mercado.Galina escreveu:Para que não se perca o foco da questão: continua sem desconstituir o que foi dito por Thor, Juarez, Hunter e outros. Tergiversou e não mostrou onde estariam enganados. Erros toscos e bizarros (usando seu adjetivo) e uma inaceitável falta de padronização num produto que é uma fina flor da engenharia aeronáutica. Acresci a questão dos 16 SU-34 recebidos e operacionais na Força Aérea Russa. Não vejo nada de relevante em mostrar vendas para Bangladesh, Belarus, Myanmar, Argélia e outros. Já pensou que eles simplesmente poderiam não ter outras opções ? Aliás a China está chegando no páreo para competir duramente com os produtos russos. Embora ame geografia, não conheço a realidade de todos esses países; mas a Bolívia, por exemplo, comprou aviões chineses (treinamento/caça) pela falta de condições financeiras associada com o fato de que nem EUA nem Europa venderia caças avançados para esse país.
Pessoal, os problemas com os aviões russos, ora debatidos, são de conhecimento público e notório ao redor do globo. Como o avião é bom e barato, alguns países, toparam assumir o risco de enfrentar esse vespeiro, fazendo uso de aviônica e engenharia ocidental. Foi o caso da Índia. Agora, pergunto: no atual contexto, tendo eles experimentado aviões americanos, e tendo os EUA liberado a venda de caças aos hindus, será que teriam hoje a mesma decisão ?
Sabe, vamos ser intelectualmente honestos. A Rússia é hoje uma economia capitalista, e inexistiam óbices comerciais e legislativos para qualquer país adquirir seus aviões de caça. Hoje tem a questão da Ucrânia, que poderia prejudicar, mas isso não havia à época em que várias concorrências foram feitas e em que caças russos foram derrotados por aviões ocidentais. Israel tem parceria com os russos em UAV-UCAV, a ocidentalíssima (OTAN) Itália co-desenvolveu com os russos o Yak-130/M346, são alguns exemplo que me vem a mente, para mostrar o óbvio: que ninguém rasga dinheiro; se é bom e barato, algo de muito ruim tem de haver para que exista algum tipo de reserva quanto ao produto.
Há um ditado caipira, que gosto muito, e que diz: laranja madura na beira da estrada, ou tem maribondo ou é azeda…
Outra coisa que eu percebo é que você dá um valor mínimo, senão irrisório ao fator geopolítico nas grandes compras militares. Na minha opinião, o fator geopolítico é a prioridade 1, 2 e 3 numa compra militar. Você citou alguns países, ditos por você com forças aéreas profissionais e de referência (eu discordo bastante dessa afirmação), mas vamos analisa-los. Israel tem um alinhamento quase automático aos EUA (talvez seja até o contrário, não é a toa que os EUA tem uns 80 vetos no Conselho de Segurança a favor de causas de Israel). Na África do Sul, se não me engano, concorreu o MiG-29 que, ao meu ver, na época, estava bem atrás dos outros caças como F-16C, Mirage 2000 e Gripen (nem vou comentar sobre a suposta propina paga pela BAE que fez o Gripen vencer). O que dizer então daquelas compras de armamento por parte das monarquias árabes? O acordo árabe-britânico de Al Yamamah nos anos 80 é um padrão seguido até hoje.
Quanto aos países do leste europeu, logo após o fim da Guerra Fria, correram, por iniciativa própria, aos braços da União Européia e da OTAN. Portanto, acharia é muito estranho caso continuassem a adquirir caças russos, sobretudo que a Rússia é considerada pelos EUA e pela OTAN a ameaça número 1. Isso, alias, só confirma meu ponto: de que a geopolítica tem um peso muito grande, sendo primordial. Alias, as vezes é necessário apelar a extremos para entender isso. A China poderia comprar um F-35? A Rússia venderia um Su-35 a algum país da OTAN? Lógico que não. Agora, quando um país como o Cazaquistão (membro da CIS, OCX etc), comprar o Su-30 é porque não tiveram opção. Quando algum país membro da OTAN, como sei lá, a Romênia, compra o F-16 é porque tiveram toda a liberdade para isso. Pera lá, estão usando duas narrativas diferentes para falar exatamente a mesma coisa.
Ps.: legal que você ama geografia. Eu sou geógrafo.