Eu acredito que isso tenha acontecido, principalmente vindo de um oficial das antigas em que o poder possa ter subido à cabeça, principalmente num palco a frente de inúmeras pessoas, em detrimento à capacidade argumentativa ou mesmo ética... isso era bem comum até poucos anos atrás, e ainda deve existir alguns dessa geração. Mas, por sorte, a equipe que faz uma avaliação de sistemas, seleção, relatórios técnicos e negocia contratos é formada por engenheiros do ITA, mestres, pessoal técnico, pilotos de ensaio e operacionais escolhidos a dedo, etc, baseados em normas e sem vínculo a ideologias.Túlio escreveu:Thor escreveu:
É colega, cada vez que eu vejo algum forista aqui comentar que os generais ou militares tem preconceito ou aversão a material russo por simples ideologia me dá uma pontada no estômago... tudo é analisado, não existe esse de eu não gosto, existem condições, metodologia, especificações, controle de qualidade, atendimento a normas internacionais, certificação reconhecida, confiabilidade e, também, desempenho.
E tanto faz se é chinês, russo, americano, europeu, etc.
Abraços
Peço-te um pouco de paciência conosco, Mestre. Para nós, aqui no Brasil, papel significa BUROCRACIA e quem nunca se incomodou por causa disso? Não temos conhecimentos como os teus e os do André Lemos sobre as minúcias dos contratos celebrados por uma Força, um ou mais grupos de empresas e dois ou mais governos, prevendo TUDO!
A esmagadora maioria aqui não tem a mínima experiência no cockpit de um caça, no dia a dia de sua manutenção e muito menos na Alta Administração da FAB e empresas do ramo da alta tecnologia aeronáutica. Para boa parte de nós a coisa parece assim: um governo qualquer, de alguma maneira e por razões que desconhecemos, encomenda um lote de caças a uma empresa (digamos, a França encomenda 12 Rafales à Dassault), é questão de alguns representantes do governo se reunirem com os da fábrica, assinar, o cara da fábrica leva os contratos embora e, no que o dinheiro começar a aparecer, manda ligar umas máquinas e PIMBA, os caças vão sendo fabricados.
Ou seja, ninguém dá muita bola para o FATO de que muita coisa tem que acontecer no permeio, como o governo receber solicitação justificada da Força sobre quantidade e modelo (antes disso a própria Força precisa concordar que este meio é mais vantajoso do que aquele, por causa disso, disso e daquilo), depois se entender internamente (e de olho no TCU, MPF, PGR & quetales, além da imprensa), a seguir com as principais empresas envolvidas e seus respectivos governos. As empresas, por sua vez, terão de se entender com seus fornecedores, porque nem a Dassault fabrica TUDO para o Rafale, nem a SNECMA fabrica TUDO para a M88 e por aí vai. Até o primeiro caça começar a ser montado, toneladas de papel tiveram que ser analisadas com cuidado e devidamente assinadas.
Só que isso não diz muito a um brazuca comum como eu, acostumado a ter aborrecimentos constantes por causa de uma BURROCRACIA desnecessária e mesmo onerosa. Quanto mais papel, mais entediado se fica; pior, mais desconfiado também, porque aqui papel e mais papel é aumento crescente de chances de alguém nos passar a perna. Assim, esquecemos o quão importantes são os contratos minuciosamente redigidos e, principalmente, cujos termos são rigorosamente observados. Isso evita constrangimentos como aquele fiasco da MB que, não ligando as turbinas porque não tinha previsto verba para seu combustível, quando tentou elas não funcionaram de acordo; daí foram acionar a garantia - que, pelo jeito, sequer tinham lido - e descobriram que deveriam ter seguido um determinado padrão de operação, claramente descrito no contrato de aquisição das referidas turbinas (LM-2500). Ou seja, existe a "burocracia do bem".
Agora, e peço antecipadamente desculpas, me dizer que NINGUÉM no topo tem completa aversão a material dessa ou daquela procedência me deixa BEM encabritado: já mencionei aqui várias vezes uma reunião da qual participei como membro do Portal onde um OG (4 stars) da FAB interrompeu, assim do nada, sua resposta a uma pergunta do VP Ops da AEL e começou a dizer cobras e lagartos sobre a Rússia e tudo o que viesse de lá. Não me contaram, eu estava vendo e ouvindo, a poucos metros do "hôme". Se ao menos ele tivesse mencionado, mesmo que de passagem, que não sabiam fazer contratos ou algo assim, eu teria notado e referido aqui mesmo. Mas não,era como ler uma edição das Seleções no auge da Crise dos Mísseis em Cuba.
Reitero minhas desculpas mas eu estava lá.
É claro que existem sistemas russos excelentes, no estado da arte, assim como existem particularidades ruins de americanos, franceses, alemães.
Mas (momento sem ética), de tudo que já vi na vida aeronáutica, em linhas gerais, americano nem tudo libera e impõe inúmeras restrições antes de fechar o acordo, mas aquilo que é permitido, vem com qualidade e assistência garantida, conforme combinado; o francês tem excelentes sistemas, vende e negocia inicialmente fácil, mas o pós-venda se transforma em extorquista, cobrando valores surreais para manter o equipamento operacional; o sueco cumpre exatamente o que promete, e se preocupa em melhorar, com valores justos; o brasileiro (Embraer) tem incorporado a cultura de seu povo, ou seja, quer se dar bem, com pouco, sempre usando o discurso de indústria nacional, mas com valores exorbitantes; o israelense transforma até a minha bicicleta em avião de caça, com aquelas cifras no brilho dos olhos; e o russo é sem noção, zero cultura operacional (pelada), zero documentação, controle de qualidade péssimo. Por exemplo, imagine que não há nenhum equipamento igual ao outro...e que uma simples peça padrão, ao retirar de um não encaixa no outro de mesmo modelo...consegue imaginar o seu carro, por exemplo, que teve o parabrisa trincado e que vai na autorizada e nenhum parabrisa encaixa?? que quando você tem uma pesquisa de pane, não há procedimento padrão para sanar a pane ou um guia de trabalho?? que não tem os limites estabelecidos para o voo?? que não há uma definição clara sobre as manutenções recomendadas pelo fabricante?? melhor parar por aqui... dá para voar assim? dá, mas é bem diferente do padrão de qualidade que estamos acostumados (mode ética on).
Então, acho que todos os equipamentos devem passar por avaliações completas de todos os sistemas, de performance, de confiabilidade, de atendimento a normas reconhecidas internacionalmente, da rastreabilidade dos itens e serviços na empresa, etc, para depois chegarmos a alguma conclusão, sem preconceitos. Acredito que assim fazem os países mais desenvolvidos do mundo, podemos pegar por IDH, por economia, etc, e verificaremos que essas análises são feitas.
Abraços, e desculpem a sinceridade na minha OPINIÃO pessoal. Pronto, fiz igual ao OG que o galdério falou...