Paulo Bastos escreveu:PUTZ, GAZ Tigr no BOPE DENOVO????
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Agora sobre o
GRAN FINALE: a participação do Gaz Tigr nessa concorrência...
Esse negócio já deu tanto pano pra manga que, cansado de explicar várias e várias vezes a mesma coisa, fiz um texto padrão, técnico e, para desespero de alguns, despido de qualquer preconceito contra qualquer coisa, apenas apresento fatos, nomes e datas (
apesar de ter neguinho de muitos nomes que rasga o toba com a unha toda vez que o lê

):
"No final de 2008 o PMERJ apresentou a SeSeg (Secretaria de Estado de Segurança) um relatório sobre o desempenho de seus blindados táticos e a necessidade de veículos melhores para combater a criminalidade no Estado, já vislumbrando os grandes eventos que haveriam na cidade (Copa do Mundo e Olimpíadas). Com isso, no ano seguinte, a SeSeg começou os estudos para a aquisição de veículos modernos, não só para a PMERJ mas também para o CHOQUE e CORE, este ultimo da Polícia Civil, e começou a consultar diversos fabricantes e a solicitar veículos para avaliação e para criar os requisitos necessários para uma concorrência. Diversas empresas apresentaram essas informações e quatro delas enviaram cinco veículos para serem avaliados, conforme os que citei no inicio do texto. Dentre eles estava o
Gorkovsky Avtomobilny Zavod (GAZ) 233036 Tigr SPM-2.
Foi combinado que os testes com o veículo começariam em abril de 2010, porem, devido a diversos atrasos, a fábrica só conseguiu entrega-lo em 31 de agosto e foi imediatamente deslocado para o Centro de Manutenção de Veículos Blindados da PMERJ, na sede do Batalhão de Choque, e dois dias depois entregue ao BOPE. Ele recebeu a designação de VTL (Veículo Tático Leve) pela PMERJ, mas foi apelidado de “
Caveirovsky”
A empresa responsável pelo veículo no Brasil foi a
Tamasul Consultoria Administração Financeira e Corretagem Ltda, que era a representante da empresa russa, e que também tentou vende-lo para a Brigada Militar do Rio Grande do Sul, porem sem lograr sucesso. Nesse episódio a empresa tentou montar uma fábrica no Brasil, fato que foi amplamente divulgado pela imprensa, como investimento russo, porem a empresa vinculou uma compra mínima de 40 veículos pela BMRS, fato esse considerado totalmente fora da realidade.
Antes dessa entrega, o Coronel Paulo Henrique Moraes, na época comandante do BOPE, esteve na Rússia para conhecer o modelo, e solicitou algumas mudanças, como ar-condicionado e blindagem da caixa do motor, porem, como ainda não existia essa versão, o veículo que chegou ao Rio não as tinha. Por este fato veículo foi considerado perigoso para a tropa, e não foi testado em campo.
Um veículo escuro, sem ventilação, em um lugar onde a temperatura passa facilmente dos 40º, foi considerado insalubre para uma tropa que faz patrulhas por horas, o que fatalmente iria afetar seu desempenho, principalmente caso houvesse a necessidade desembarque e combate.
Além disso, a falta da blindagem no motor poderia expor a tripulação a um desembarque forçado, no meio de um tiroteio, caso um projétil atingisse o motor e o obrigasse a parar. Outra observação feita foi em relação a grande área envidraçada (blindada) que tinha muito menos resistência que o metal (ela pode para um tiro de fuzil, mas um segundo PODE atravessa-la).
Para suprir essas deficiências, foram tentadas algumas medidas paliativas e algumas modificações pela empresa na Rússia.
No caso do ar-condicionado, foi adaptado um modelo comercial do Brasil, específico para vans, que solucionou, ou ao menos melhorou a questão da temperatura interna do veículo, porem o mesmo, devido a ser uma alteração não planejada adequadamente (mesmo se passando mais de 8 meses), acabou roubando mais potência do que deveria do já anêmico motor Cummins do veículo enviado.
Detalhe: o envio do carro com o motor Cummins, uma das opções de motorização disponíveis para o veículo, foi uma decisão da empresa russa, pois, caso ela vencesse a concorrência, ela deveria dar suporte para a manutenção do mesmo aqui, e para ela, era muito mais fácil colocar um motor que existia no Brasil do que criar toda uma cadeia logística para algo novo. Portanto, novamente, foi uma decisão da EMPRESA e não do BOPE como alguns acham!!!!
Para o problema do da blindagem transparente, foi feita uma adaptação local, as presas, soldando-se chapas de aço bem rusticas na frente delas, como foi visto no veículo que estava exposto na LAAD 2011, e para a blindagem do motor, foi enviado um kit da fabrica, desenvolvido conforme as especificações do BOPE e depois adotado como opcional pela GAZ, que transformou o veículo no primeiro Tigr-M ou SPM-2M. Porem o peso adicional causado por essa blindagem, somado a potência roubada pelo ar-condicionado, colocou a manobrabilidade do veículo de ruim para sofrível.
Todas essas modificações duraram cerca de 8 meses, estando o veículo pronto para iniciar os testes em abril de 2011.
No dia 19/04/2011, foi realizado um teste para verificação da blindagem balística no estande de tiro do BOPE, no bairro de Laranjeiras, onde o veículo foi considerado apto, porem, em 04/06/2011, ele foi levado para avaliação de dirigibilidade em terreno acidentado no morro do Borel, onde ar-condicionado e o excesso de peso por conta de blindagem extra, aliado ao motor anêmico, cobraram seu preço e o veículo não conseguiu concluir esses testes, sendo o considerado inapto para as patrulhas e testes em situação normal, que viriam a seguir. Na semana seguinte foi enviado para o 24º BIB, do EB, e o mesmo também teve uma nota ruim no quesito manobra.
Depois disso o veículo ficou encostado no Rio, até a TAMASUL conseguir vende-lo, junto com mais dois, a
Guardia Metropolitana de Montevideo, no Uruguai, sem licitação ou testes, para aproveitar o crédito de exportação que esse país tinha com a venda de carnes a Rússia (que acabou comprando mais 3 no final do ano passado, mas sem a Tamasul).
A imagem do veículo ficou tão ruim, que nem a Tamasul ou a Rosoboronexport apresentaram propostas no Edital para aquisição de 8 blindados apresentada pela SeSeg no ano seguinte."