Zeca, o que se busca em todas as ffaa's pelo mundo afora hoje é a integração das operações, dos custos, da manutenção e da logística. Em todo caso, isso é perseguido de forma a conseguir o máximo de comunalidade material, formação e treinamento de pessoal. Acontece também via comandos conjuntos sob determinadas condições e situações e por aí vai. Independência todas as forças sempre irão querer ter, porque isso lhes favorece a própria identidade e capacidade de ação. Mas integrar o trabalho delas é ofício de um MD forte e consciente de seu papel institucional. Óbvio que não temos isso aqui.Zeca escreveu:Eu penso de forma contrária. Na minha visão, quando uma força busca tornar-se independente da outra, isso chama-se desintegração. Eu acho que a relação entre as forças precisa ser repensada, parece que cada força atira pra um lado. Veja o caso dos 3 planos estratégicos, não serviu pra nada, mas deixou claro que cada força pensa sua própria operação independente da outra. Sobre retornar a um modelo que não deu certo, na verdade, eu proponho um modelo novo, um modelo integrado de uma forma nunca feita antes. Eu acho que a MB e o EB têm razão em reclamar, eles não abrem mão de sua aviação porque a FAB deixou a desejar. Eu cansei de ver Caravans apodrecendo em bases aéreas Brasil a fora enquanto os pelotões de fronteira na amazônia sofriam pela falta de suprimento aéreo. A própria FAB resiste a ideia de tornar-se prestadora de serviços aéreos militares com medo de tornar-se secundária. O final, parece ser uma discussão mais corporativista do que operacional. Eu só acho que a solução não passa pela criação de 3 mini ministérios da defesa, o caminho é justamente o lado contrário.FCarvalho escreveu: Este modelo não nos serve. Tanto é que EB e MB não abrem mão de suas própria aviações, seja pela especificidade das necessidades de cada uma, seja pela abrangência de sua operações que não podem ser atendidas integralmente pela FAB...
O planejamento estratégico da defesa cabe ao MD que deveria, em tese, dirigir e determinar as ações das ffaa's segundo o planejamento governamental. Mas fato é que não temos um MD capaz disso, e ffaa's muito retiscentes em aceitar esse papel do MD, além de, governos que nunca em tempo algum deram a defesa o real crédito e importância que ela deveria ter como política de Estado. Neste cenário é muito difícil fazer um trabalho de integração com ffaa's que historicamente sempre foram concorrentes e independentes entre si. No resumo, cada um aqui sempre olhou para o seu próprio umbigo desconfiando do outro. Como diria o ditado popular "pouca farinha, meu pirão primeiro."
Quanto ao corporativismo da ffaa's eu concordo com você. Como disse antes, nossos militares - e aqui não somos uma exceção ao mundo - via de regra são concorrentes, personalistas e extremamente fisiológicos do ponto de vista de cada ffaa. É muito complicado lidar com essas características dos militares, mas este é um desafio que tem de ser enfrentado cotidiana e continuamente. É mais fácil mudar doutrinas do que o pensamento das pessoas.
Por fim, é no mínimo contraditório a FAB temer se tornar algo que ela na prática já é desde a sua crianção: uma prestadora de serviços as demais forças e, principalmente, ao poder público. Porque o que a FAB mais fez e faz nestes últimos 75 anos é prestar serviços. E nunca vi ninguém no alto comando reclamar que a aviação que mais voa e tem privilégios logísticos, orçamentários e materiais é justamente a de transporte. Jamais a caça, que deveria ser, na teoria, a o motivo e a razão de sua existência. Até mesmo a missão da FAB foi modificada nesta última reforma organizacional e acresceu a defesa do espaço aéreo nacional a integração nacional. Bem, pelo histórico da FAB, e das suas prioridades, é mais do que compreensível.
abs.